22 fevereiro, 2011

É Senegal... Ninguém Leva a Maal!


O trocadilho é desculpável... Porque vem aí o Carnaval, mas ainda muito mais importante do que isso é a música do... Senegal!!! Aqui, para si e mais uma vez em textos recuperados do arquivo da "Time Out", apresentamos os álbuns mais recentes dos senhores Carlou D, Baaba Maal (na foto), Nuru Kane e Cheikh Lô.


Cheikh Lô
"Jamm"
World Circuit/Megamúsica

O senegalês Cheikh Lô é, possivelmente, um dos cantores e músicos africanos que mais géneros usa, sem limites nem fronteiras, no seu incansável trabalho de congregador de diferentes sonoridades: mbalax do Senegal, highlife do Gana, rumba congolesa, reggae, blues, jazz, funk, flamenco e muitos outros géneros convivem harmoniosamente na sua música, uma música que nunca esquece no entanto de onde vem e quais são os seus pilares. Por exemplo, no seu novo álbum, "Jamm", Cheikh Lô faz uma versão maravilhosa de “Il N'Est Jamais Trop Tard” uma das poucas canções que não é cantada em wolof, ao lado de um tema também em francês e outro parcialmente interpretado em espanhol), um clássico com quase 50 anos dos Bembeya Jazz National. E o resto das canções, por ele compostas, trazem também esse ou outros lastros brilhantes. (*****)



Baaba Maal
"Television"
Palm Pictures

Príncipe da música senegalesa (o rei é Youssou N'Dour!) e do mbalax na sua forma mais moderna, vanguardista e excitante – porque também há um mbalax apimbalhado e esse até é melhor... não conhecer -, Baaba Maal está de regresso com mais um excelente álbum. Com o apoio do produtor Barry Reinolds e dois dos Brazilian Girls – o teclista Didi Gutman e a vocalista Sabina Sciubba -, que dão parte da base instrumental, para além de Sabina ajudar bastante nos coros e voz dialogante, "Television" está muito longe de ser um álbum de música tradicional africana. Nele está lá a voz de Maal (a cantar em pulaar) e as percussões tradicionais mas também flamenco, trip-hop, música irlandesa, guitarras indie-rock ou tecno, tudo irmanado numa grande festa global, tal como celebrada na canção “International”. (****)


Carlou D
"Muzikr"
World Village/Harmonia Mundi

Saído de um dos mais conhecidos e respeitados grupos de hip-hop africanos, os Positive Black Soul, o senegalês Carlou D assina agora um extraordinário álbum a solo em que o hip-hop surge, musicalmente, apenas a espaços – embora a sua influência seja decisiva, isso sim, nas letras (muitas delas de características interventivas e assombradas pela fé Baye Fall, já que Carlou é um dos seguidores do Cheikh Ibra Fall). De resto, este é um disco em que Carlou D canta e mergulha de cabeça na tradição da música mandinga (há aqui uma kora e uns balafons quase sempre), nos blues, em aproximações à música árabe ou ao reggae, no jazz e na soul. "Muzikr" é um álbum absolutamente surpreendente e imediatamente candidato a um dos melhores do ano. (*****)


Nuru Kane
"Number One Bus"
Iris Music/Harmonia Mundi

Segundo álbum do senegalês Nuru Kane, "Number One Bus" é a continuação natural de "Sigil",mas agora com um grau de verdade e sofisticação – embora uma sofisticação que passa mais pela simplicidade de processos do que por um “abarrocamento” das harmonias – muito superior ao do primeiro. De resto, está tudo lá: a luta política, a fé Baye Fall, o mbalax, a sua paixão pela música gnawa desenvolvida na Argélia (Kane, para além de guitarra e baixo, também toca guimbri e no seu grupo BFG há vários músicos do norte de África), os blues, a pop e o rock, o reggae... E, apesar de "Number One Bus" ser um álbum variado e em que cada tema tem o seu lugar, sente-se que todas estas influências estão agora incrivelmente bem digeridas. (*****)

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto muito de todos!
Bjs.