13 setembro, 2007

Cromos Raízes e Antenas XXV


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XXV.1 - Ali Farka Touré



Um dos maiores músicos e cantores das últimas décadas, Ali Farka Touré (Ali Ibrahim «Farka» Touré, nascido a 31 de Outubro de 1939, em Kanau, Mali, de etnia djerma/songai, e falecido a 7 de Março de 2006 em Bamako, Mali) foi o homem que fez a ponte entre a música tradicional da África ocidental e os blues, demonstrando - na prática e não só na teoria - onde nasceu a grande música negra norte-americana. Instrumentista de génio - na njarka e nas guitarras acústicas e eléctricas-, Ali Farka foi também um homem de acção, tendo contribuído decisivamente para o desenvolvimento da sua localidade de residência, Niafunké (o seu nascimento, vida e morte sempre balizados pelas margens do rio Niger). Para a história ficam muitos álbuns gravados a solo ou em parceria com gente como Ry Cooder, Toumani Diabaté ou Taj Mahal, e um concerto extraordinário e inesquecível no África Festival, em Lisboa, em 2005.


Cromo XXV.2 - Blowzabella



Pergunte-se a qualquer músico (ou quase) do circuito de recuperação das danças tradicionais europeias qual o grupo que mais o influenciou e a resposta só pode ser uma: os Blowzabella, grupo inglês nascido em 1978, em Whitechapel, Londres, pelas mãos de dois gaiteiros e flautistas (o australiano Bill O’Toole e o inglês Jon Swayne). Destes dois, foi Swayne que continuou a banda ao longo destas três décadas, tendo os Blowzabella sofrido numerosas mudanças de formação até ao actual line-up, um super-grupo formado, veja-se só, por Andy Cutting, Jo Freya, Paul James, Gregory Jolivet, David Shepherd, Barn Stradling e o próprio Jon Swayne. Ferozmente acústicos, usando e abusando de gaitas-de-foles, sanfonas e violinos, muitos tradicionais recuperados e muitíssimos originais entretanto compostos pelo grupo recriaram e criaram um reportório que agora é comum a milhares de outros músicos. Siga a dança!

Cromo XXV.3 - Esquivel



Esquivel - ou Esquivel!, com ponto de exclamação -, de nome completo Juan García Esquivel (nascido em Tampico, Tamaulipas, México, a 20 de Janeiro de 1918, falecido a 3 de Janeiro de 2002) foi um dos maiores representantes da música exotica e da música lounge, baptizado com epítetos como «The King of Space Age Pop» ou «The Busby Berkley of Cocktail Music». Pianista, fortemente influenciado pela música do seu país e de outros territórios da América Latina, Esquivel era também um apaixonado pelo jazz e pelo experimentalismo sonoro, nomeadamente com as possibilidades da emergente estereofonia. Tudo junto contribuiu para a sua criação de uma música nova e excitante que ficou conhecida como «Space Age Bachelor Pad Music». Em meados dos anos 90, e depois de décadas de apagamento, Esquivel foi reabilitado por muitos novos músicos das correntes electrónicas e ambientais que viram nele um dos seus maiores gurus.


Cromo XXV.4 - Nouvelle Vague



Os Nouvelle Vague são um dos melhores exemplos de como a pop pode coabitar pacificamente, de forma coerente e com frutos saborosos, com a chamada world music. A fórmula é simples: pegar em temas punk, new wave e pós-punk, todos eles emblemáticos, de finais dos anos 70 e dos anos 80 - de gente como os Joy Division, The Clash, Buzzcocks, Blondie, Depeche Mode, Tuxedo Moon, Dead Kennedys, The Cure, XTC, Echo and The Bunnymen, Cramps, etc, etc... - e afogar tudo em arranjos que vão beber essencialmente à bossa-nova brasileira mas também, pontualmente, a outros géneros latino-americanos. O resultado é quase sempre de elevadíssimo bom-gosto e faz justiça aos seus inventores, na primeira metade desta década: os franceses Marc Collin e Olivier Libaux, bem acolitados por excelentes cantoras como Anaïs Croze, Camille, Phoebe Killdeer, Mélanie Pain ou Marina Celeste.

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