16 agosto, 2010

Cacharolete de Discos - Rupa & The April Fishes, Yasmin Levy, Balkan Beat Box e Victor Démé


Mais um cacharolete de críticas a discos sem ligação óbvia, estilística ou outra, e publicadas originalmente na "Time Out": os álbuns mais recentes de Rupa & The April Fishes, Yasmin Levy, Balkan Beat Box e Victor Démé (na foto).


Rupa & The April Fishes
"Este Mundo"
Cumbancha/Leve Music

O segundo álbum de Rupa & The April Fishes, "Este Mundo", não entra no ouvido tão depressa quanto a fabulosa estreia "Extraordinary Rendition". E, muitas vezes, principalmente quando se escutam as canções em espanhol, a tentação é começar logo a compará-las com canções de Lhasa, Lila Downs ou Amparanoia. Mas, ouvindo-se melhor o disco, percebem-se então as subtilezas presentes neste álbum. E são muitas! Uma festa global que pode misturar reggae com sopros aciganados, chanson com klezmer lá pelo meio ou uma cumbia infectada por ska e hip-hop (cortesia Boots Riley, MC dos Coup) ou uma raga movida a acordeão musette. Para além disso, o talento de Rupa como compositora, letrista e cantora – e a coesão extraordinária de toda a banda – saem bastante reforçados n'"Este Mundo". (****)




Yasmin Levy
"Sentir"
World Village/Harmonia Mundi


A intérprete de música sefardita mais reconhecida internacionalmente – embora Mor Karbasi já lhe esteja, de certa forma, a “morder os calcanhares” -, a israelita Yasmin Levy chega, ao quinto álbum, a um patamar dificílimo de igualar: "Sentir" é um álbum de uma cantora no seu pico absoluto de forma, com uma fórmula musical perfeitamente estabelecida (a mistura da música sefardita, árabe e flamenco) e um naipe de músicos invejável. E boa parte da “culpa” deve-se à brilhante produção de Javier Limon, o produtor que já nos acostumou a arrancar a alma das cantoras pela boca, sejam Concha Buika, Mariza ou Yasmin Levy. Com tradicionais sefarditas cantados em ladino, originais da própria Yasmin ou temas de Leonard Cohen (“Hallelujah”) e Limon, "Sentir" é um álbum absolutamente maravilhoso. (*****)




Balkan Beat Box
"Blue Eyed Black Boy"
Crammed Discs/Megamúsica


Terceiro álbum de originais dos Balkan Beat Box, "Blue Eyed Black Boy" é um enorme salto em frente na carreira deste grupo formado originalmente pelos israelitas Tamir Muskat e Ori Kaplan, aos quais se juntou logo de seguida o magnífico MC Tomer Yosef. E se os dois anteriores (mais o álbum de remisturas "Nu Med") já eram muito bons, o novo disco tem, a juntar às habituais electrónicas – aqui muito menos evidentes, por motivos que se vão perceber já a seguir – e às fanfarras balcânicas de metais, um som orgânico, de “banda”, que não existia nos álbuns anteriores. Os arranjos e as orquestrações ganham assim uma nova riqueza onde convivem reggae e klezmer, rebemtika e surf rock, ciganadas de Leste e hip-hop, dub e vozes búlgaras. E dois hinos para a paz israelo-árabe: “Buhala” e “War Again”. (****)


Victor Démé
"Deli"
Chapa Blues/Massala


Depois do fantástico "Burkina Mousso", álbum de estreia do cantor e guitarrista Victor Démé, do Burkina Faso, chega agora o segundo e muito aguardado álbum, "Deli". Mais sofisticado do que o álbum de estreia – quanto mais não seja pela profusão de instrumentos ocidentais (violino, acordeão...) que se juntam à guitarra, à voz, à kora, às percussões... mas a sensação de que estamos perante um dos maiores fenómenos musicais surgidos nos últimos anos depois de décadas de anonimato (o primeiro álbum de Démé foi editado já ele tinha muito mais de quarenta anos) mantém-se intacta. A sua mistura de música mandinga, blues, música latino-americana, aproximações ao flamenco, à música árabe e a várias tipologias tradicionais europeias é única e belíssima. (*****)

1 comentário:

Anónimo disse...

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