28 dezembro, 2006

Cromos Raízes e Antenas VIII



Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo VIII.1 - GAC - Vozes na Luta


O Grupo de Acção Cultural (GAC) - Vozes na Luta é um exemplo único em Portugal de uma alargada formação musical - chegou a contar com 60 elementos - ao mesmo tempo fortemente empenhada politicamente (o grupo estava conotado com a UDP) e com uma ligação às raízes tradicionais indelével. Formado em 1974, pouco depois da Revolução de Abril, por José Mário Branco, o GAC teve nas suas fileiras e ainda numa fase embrionária, José Afonso e Fausto, mas foi sob a liderança de José Mário Branco (que compôs muitas das canções do GAC) e o empenhamento de vários músicos e muitos cantores recrutados em coros da zona de Lisboa que o GAC traçou boa parte da sua importantíssima carreira na canção de intervenção. Álbuns obrigatórios, se se conseguirem encontrar, em qualquer discoteca básica da música portuguesa (e não só a popular ou a de intervenção): «A Cantiga é Uma Arma», «Pois Canté!!», «E Vira Bom» e «Ronda da Alegria». Há muitos anos que se espera a sua reedição em CD.


Cromo VIII.2 - Emmylou Harris


Emmylou Harris (nascida a 2 de Abril de 1947, no Alabama, Estados Unidos) é talvez a cantora mais importante da country norte-americana das últimas décadas. Com uma voz única e maravilhosa, Emmylou tem uma respeitadíssima carreira a solo (ela é também compositora de muitas das canções que interpreta) e colaborou ao longo das últimas três décadas com nomes tão variados como Gram Parsons, Neil Young, Bob Dylan, Dolly Parton, Mark Knopfler, Linda Ronstadt, Willie Nelson ou gente mais nova que a venera como a uma Deusa: Conor Oberst (aka Bright Eyes) ou Ryan Adams. O seu álbum de estreia, «Gliding Bird», foi editado em 1970, e muitos outros se seguiriam, numa trajectória pessoal e artística imparável. Álbuns aconselhados: «Blue Kentucky Girl», «Roses in The Snow», «Trio» (com Linda Ronstadt e Dolly Parton), «Bluebird» e, principalmente, «Wrecking Ball», disco edtado em 1995, com produção de Daniel Lanois, em que Emmylou canta temas de Neil Young, Jimi Hendrix e Steve Earle, entre outros.

Cromo VIII.3 - Baba Zula


A música turca está cheia de bons exemplos de fusão entre os sons locais e outras formas musicais (de Mercan Dede aos Oojami), mas foram os Baba Zula os primeiros a expandir globalmente essa fusão. No seu caso, uma mistura explosiva de música tradicional turca (incluindo o sempre excitante piscar de olho à dança do ventre), rock, electrónicas, reggae e dub. O álbum de estreia, «Tabutta Rovasata», foi editado em 1996, seguindo-se «3 Oyundan 17 Muzik», «Psyche-belly Dance Music», «Duble Oryantal» (estes dois produzidos pelo mestre do dub Mad Professor), «Dondurmam Gaymak» (banda-sonora) e o mais recente «Roots», este último uma homenagem a dois dos mais emblemáticos instrumentos tradicionais turcos, o saz e as colheres de madeira (usadas como percussões). Entre os colaboradores dos Baba Zula contaram-se, ao longo dos anos, gente do calibre de Sly Dunbar e Robbie Shakespeare (a secção-rítmica maravilha da Jamaica), Alexander Hacke (dos Einsturzende Neubauten) ou a diva turca da ópera Semiha Berksoy.


Cromo VIII.4 - Issa Bagayogo


Cantor e músico maliano, Issa Bagayogo é um dos mais importantes nomes da África Ocidental a fundir sons de raiz com outras músicas, nomeadamente com programações electrónicas. Fazendo-se acompanhar pelo seu característico kamele n'goni (que parece uma kora mas não o é: o kamele n'goni tem apenas seis cordas e é característico da música de Wassoulou, no sul do Mali), Bagayogo canta a terra, a paz e a amizade sem nunca esquecer as suas origens camponesas, em Korin. As suas primeiras gravações foram feitas em Bamako, no início dos anos 90, sem grande sucesso, o que o obrigou a conduzir autocarros durante algum tempo. Mas no final dos anos 90, finalmente, a sua estrela começa a brilhar. Em 1999 sai o álbum «Sya», um grande sucesso no Mali, seguindo-se depois três álbuns que o lançaram ao mundo: «Timbuktu», «TassouMaKan» e «Mali Koura».

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