30 abril, 2009

ImigrArte - Este Fim-de-Semana em Lisboa e Arredores...


Portugal, terra de milhões de emigrantes, também tem por cá muitos imigrantes. E de todos os cantos do mundo. E é para eles - e para nós - que é feita a terceira edição do Festival ImigrArte, que decorre este fim-de-semana em Lisboa e nas suas proximidades. O comunicado - e o programa - a seguir:

«O Festival ImigrArte, o festival dos imigrantes, irá decorrer nos dias 1, 2 e 3 de Maio em vários locais de Lisboa, Almada e Cascais. Para valorizar artistas imigrantes, decidimos promover a interactividade entre todos, sem qualquer distinção, num autêntico laboratório de criatividade, num espaço de vivências.

Defendemos o espiríto do custo zero, porque pretendemos valorizar o voluntariado, a solidariedade e o livre acesso à cultura, também porque estamos todos engajados na mesma luta!

Organizado pela Associação Solidariedade Imigrante, este festival pretende partilhar com a cidade a diversidade étnica e cultural de gentes de várias origens com saberes, vivências e realidades diversificadas. A programação junta diversas expressões artistícas como a música, a dança, o teatro, o cinema, as artes plásticas, a poesia, as oficinas e a gastronomia.

As actividades decorrem nos dias 1, 2 e 3 de Maio na Praça Martim Moniz, no Jardim das Amoreiras... Iniciativa realizada em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e com a participação da Casa do Brasil, a Associação Cabo-verdiana, a Associação Bulgari, o GAIA, a Santa Casa da Misericórdia, o Gaffe, a Associação Brasilica, o Colectivo Mumia Abu Jamal, a Associação Sobor, a Associação dos Amigos da Mulher Angolana, a Inde...

Dia 1 de Maio (Sexta-feira)

Filme "Bab Sebta" e debate na Casa do Brasil às 20 horas

"Bab Sebta" é um documentário que reúne testemunhos contados na primeira pessoa, dos milhares de africanos que rumam a Norte todos os anos, caminhando quilómetros, atravessando desertos, até finalmente chegarem à fronteira com Ceuta - a “Península Fortaleza” e porta para a Europa. Este trabalho realizado por Pedro Pinho, Frederico Lobo e Luísa Homem, é apoiado desde o início pela INDE.

Festa Árabe no Centro Social da Mouraria às 21 horas
Festa árabe com cuscus, projecção do filme "As cores do chá" e viagens pelo som com DJ Chucurucho, organizado com o Gaia.


Festa "Balkan" no bar Planeta de Cascais às 20 horas

Festa balcânica com gastronomia e música de Bulgária, Turquia e Grécia vai ser realizada na Marina de Cascais (ao pé dos barcos de pesca), organizada com a Associações Bulgari.


Dia 2 de Maio (Sábado)

Ritmos do Mundo na Praça Martim Moniz 14.00 - 18.00 horas. Apresentações de grupos de dança: Meninas Alegres, Chaotick, As Flores da Kova, Capoeira, Grupo da Associação Cultural de Pedreiros Húngaros, Bazás d´Lum, Ritmo das Ilhas


Mundo à parte na Praça Martim Moniz às 18.00 horas

Hip-hop de intervenção: Grupo feminino da Escola de Dança Nilma Moniz, GrupoKSP, Ritchaz e Kéke, Opp Squad e o Soldado Revolucionário, Black MC´s, Mac 10, Mas Ki As, Mentisafro, Nós ki Nasiómi Ki Támoriómi..

Workshops de dança na Casa Amarela de Almada às 15.00 horas

Cursos e apresentações de dança de vários grupos, entre outros: Balé Brasil, dança afro-tribal, salsa, Dança Brasílica Fusão, hip-hop. A seguir festa de samba organizada pela Samba Brasílica. A festa continua!!!

Jantar Ucraniano na Solidariedade Imigrante às 20.00 horas

Jantar típico ucraniano com música, organizado com a Associação Sobor. A seguir festa de aniversário de 10 anos da imigração ucraniana em Portugal! Entrada: 5 Euros que inclue o jantar e uma bebida.)

Artes da Lusofonia no Espaço da Santa Casa às 15.00 horas

Vernissage da exposição de pintura, fotografia dos artistas Júlia Melão, Ilídio Jordão, Verônica Volpato, João Lemos. Será apresentado o workshop de teatro, que irá ocorrer nos dias 4, 11, 18 e 25 de Maio, com Élmer Veckio Mendoza.

Danças do Brasil na Casa do Brasil às 18.00 horas

18.00 - Workshop de forró
19.30 - Workshop de dança do ventre
21.30 - Contabandistas - cantos e contos


Dia 3 de Maio (Domingo)


Jardim das crianças no Jardim das Amoreiras às 14.00 horas
Actividades para crianças toda a tarde, entre outros: palhaços, contos, filme, marionetas, pinturas faciais, workshop de pintura com as mãos...

Convívio na Horta Popular da Mouraria às 16.00 horas
Vamos trocar e conviver, no jardim de todos. Traz o teu pic nic, as tuas leituras preferidas, poesias e anedotas...
Visita guiada da horta.

Debate na Associação Cabo-verdiana às 15.00 horas
Debate sobre as prisões, Colectivo Munmia Abu Djamal.


Festa de Encerramento na Praça Martim Moniz às 17.00 horas


Teatro Ucraniano, Apresentação da Associação Sobor,

Dinho e Rafá, Apresentação projecto Atlântida, Afro Doce de Caxias,

Galissa, Maio Coopé, Chalô, Arlindo e outros! A festa continua!!!»


29 abril, 2009

Mor Karbasi, Portico Quartet, Rupa and The April Fishes e Alamaailman Vasarat no FMM de Sines


Mais quatro nomes confirmados para o FMM de Sines: Mor Karbasi (na foto) e Portico Quartet confirmados pela organização do festival e Rupa and The April Fishes e Alamaailman Vasarat (estes num regresso que se saúda ao FMM!)avançados pelas imparáveis Crónicas da Terra. O comunicado oficial do FMM acerca dos primeiros dois nomes (e as datas dosoutros dois a seguir):

«Mor Karbasi, cantora israelita radicada no Reino Unido, e Portico Quartet, a revelação do jazz britânico em 2008, são as duas novas confirmações do Festival Músicas do Mundo de Sines 2009. Actuam ambos, no Centro de Artes de Sines, na noite de 20 de Julho.

Mor Karbasi

Na linha de Ofra Haza e Yasmin Levy, Mor Karbasi é o novo milagre da galeria dourada das vozes femininas do mundo judaico.
Com pouco mais de 20 anos, esta cantora israelita radicada no Reino Unido seduz o espectador com o poder delicado do seu desempenho vocal e com a riqueza das suas canções em hebraico, castelhano e Ladino, a língua extinta dos judeus da Península Ibérica.
A fonte de inspiração é a música dos judeus sefarditas, cabendo no seu repertório temas tradicionais do séc. XV e novas canções baseadas no Ladino compostas por si.
O flamenco é também referência, presente nos melismas da sua voz e na filigrana da guitarra de Joe Taylor.
Instrumentista e director musical, este artista britânico foi decisivo para a consistência que Mor Karbasi revela no seu álbum de estreia - “The Beauty and the Sea” (2008) - e mostra nos seus espectáculos ao vivo, ao mesmo tempo intimistas e electrizantes.
Quando já trabalha no segundo disco, Mor Karbasi chega ao FMM Sines com o estatuto firmado de “uma das grandes jovens divas da cena musical global” (The Guardian).



Portico Quartet

Nomeado para o Mercury Prize e considerado o melhor álbum de jazz, “world music” e folk pela revista Time Out, o disco “Knee-Deep In The North Sea” foi um dos fenómenos da música britânica em 2008.
O seu “som original” (The Times) é a criação inimitável do Portico Quartet, um quarteto de músicos na casa dos 20 anos com aspecto de banda “indie” que toca uma música que busca elementos sobretudo no jazz, mas também no rock, no minimalismo e em várias matrizes tradicionais do mundo.
Formado em 2005, o grupo foi descoberto a tocar na rua frente ao National Theatre de Londres pelo clube The Vortex, que criou uma etiqueta discográfica só para lançar a sua música.
O alinhamento é composto por Jack Wyllie, nos saxofones e na electrónica, Duncan Bellamy, na bateria e no “glockenspiel”, Milo Fitzpatrick, no contrabaixo, e Nick Mulvey, no “hang”, um instrumento de percussão criado em 2000 na Suíça que domina o som do grupo com a sua sonoridade exótica, entre os “steel drums” das Caraíbas e os gamelões indonésios.
Depois de Lee “Scratch” Perry (Jamaica), Chucho Valdés Big Band (Cuba), Debashish Bhattacharya (Índia) e James Blood Ulmer (EUA), Mor Karbasi (Israel / Reino Unido) e Portico Quartet (Reino Unido) são os quinto e sexto nomes oficialmente confirmados da programação do Festival Músicas do Mundo 2009, onde está prevista a realização de 36 espectáculos e iniciativas paralelas.
Realizado todos os meses de Julho, em vários espaços da cidade e do concelho de Sines, o FMM é o maior evento nacional no seu género, tendo já acolhido um total de 164 projectos musicais, vistos por mais de 325 mil espectadores, ao longo de dez anos.
A edição 2009 realiza-se entre 17 e 25 de Julho».

Por sua vez, os norte-americanos Rupa and The April Fishes (ver «Cromo Raízes e Antenas» referente a este projecto um pouco mais abaixo neste blog) actuam a 17 de Julho, no dia inaugural do festival, enquanto os absolutamente delirantes finlandeses Alamaailman Vasarat tocam no último dia, a 25 de Julho.

28 abril, 2009

DJing em Maio e Junho - Muita World Dançável em Lisboa, Porto e Loulé


E mais seis sessões de DJ minhas confirmadas, desta vez em três locais diferentes de Lisboa e também no Porto e em Querença (Loulé):

- Dia 2 de Maio no Love Supreme (terraço do Ateneu Comercial de Lisboa), em conjunto com Toni Polo (aka DJ Cucurucho), depois do concerto dos Latin & Brasil.

- Dia 10 de Maio no Onda Jazz, em conjunto com Toni Polo (aka DJ Cucurucho) e numa parceria inédita com Tam Tam Zaiko (isto é, os dois DJs com percussões ao vivo).

- Dia 16 de Maio no Chapitô, em conjunto com Toni Polo (aka DJ Cucurucho), depois do concerto d'Uxu Kalhus.

- Dia 23 de Maio, novamente no Love Supreme (terraço do Ateneu Comercial de Lisboa), depois de banda a anunciar.

- Dia 9 de Junho no Festival de Dança de Querença, Loulé, um novo evento organizado pela imparável Pé de Xumbo.

- Dia 12 de Junho no Festival Granitos Folk, Contagiarte, Porto , na mesma noite em que actuam os Melech Mechaya (reencontro!) e os franceses dJAL na concha acústica do Palácio de Cristal. Nestas duas últimas vão ouvir-se umas poucas mazurkas e valsas, algum neo-swing, jazz manouche, klezmer, balcanadas e o que mais vier à rede...

E, para relembrar: lá mais para a frente haverá sessões de muita música variada na Fábrica do Braço de Prata, em Lisboa (com Toni Polo, se entretanto ele não «fugir» para o Mali), dias 5, 12, 19 e 26 de Setembro e dia 3 de Outubro.

22 abril, 2009

Música da República Dominicana - A Bachata está em Alta!


As músicas tradicionais da República Dominicana estão a viver um revivalismo saudável. Para descobrir (ou redescobrir) a sua bachata, o seu merengue e o seu son.












Vários - «Bachata Roja - Acoustic Bachata From The Cabaret Era» (iASO/Megamúsica)
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Super Uba - «Tierra Lejana» (iASO/Megamúsica)
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Puerto Plata - «Mujer de Cabaret» (iASO/Megamúsica)
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Desde sempre lugar de cruzamentos de viajantes e imigrantes, escravos e senhores, a República Dominicana (metade da Ilha Hispaniola, sendo a outra metade o Haiti) é a pátria original de dois dos estilos musicais mais importantes das ilhas do Caribe e, por extensão, de toda a América Latina: o merengue e a bachata. Géneros híbridos eles também - o merengue, nascido no Séc. XIX, terá as suas origens na música africana, espanhola e dos índios arahuacos (idos do continente sul-americano ali mesmo ao lado) enquanto a bachata, surgida já no Séc. XX, poderá ser uma mistura feliz de bolero, merengue, son cubano, tango argentino e ranchera mexicana -, contribuíram depois grandemente para o surgimento de outras músicas, tendo-se espalhado por todo o lado (há inúmeros exemplos de merengue feito por grupos africanos ou cubanos, por exemplo, na última metade do Séc. XX).

Mas - e apesar da República Dominicana ter uma grande vedeta musical, o cantor Juan Luis Guerra -, a verdade é que não se fala muito deste país quando se fala da música feita nas Ilhas do Caribe, «afogada» que está entre grandes potências da chamada world music como Cuba, a Jamaica (o reggae foi um dos primeiros fenómenos de popularidade mundial e de globalização de músicas periféricas) e até Trinidad e Tobago (com as suas steel bands). Mas, com a edição destes três discos, todos editados pela iASO Records, talvez se comece a conhecer melhor toda a riqueza musical da República Dominicana. A começar logo pela fabulosa colectânea «Bachata Roja - Acoustic Bachata From The Cabaret Era», que reúne 14 temas de outros tantos intérpretes míticos de bachata dos anos 60 aos 80: entre eles, os cantores Blas Duran, Eladio Romero Santos e Leonardo Paniagua, para além de guitarristas como Augusto Santos ou Edilio Paredes, isto é, nomes que faziam a bachata à base de voz de guitarra acústica antes da sofisticação instrumental dos novos intérpretes deste estilo (como por exemplo, o já referido Juan Luis Guerra), não deixando por isso de ser altamente dançável.

Os outros dois álbuns desta leva - ambos igualmente excelentes! - são, por sua vez, assinados por dois cantores e guitarristas que, não se restringindo à bachata, levam a sua música também a outros géneros, mas também tendo a simplicidade de processos e um som acústico como marca: «Tierra Lejana», de Super Uba aka Ubaldo Cabrera, uma viagem pelo merengue, son, bolero e bachata; e o álbum de estreia (aos 84 anos!) de Puerto Plata aka José Manuel Cobles (na foto), «Mujer de Cabaret», um fabuloso intérprete de vários dos géneros já referidos, mas, essencialmente, do son cubano. E com uma alma tão grande que ele só não terá entrado - e isto sou eu a supor - no «Buena Vista Social Club» porque nasceu no país «errado».

(texto editado originalmente na «Time Out Lisboa»)

21 abril, 2009

Os Poderes do Povo...


Folk-Lore 4 - Experiências para - Mandrake from Tiago Pereira on Vimeo.

Agora que se aproximam mais umas comemorações do 25 de Abril de 1974, se calhar é bom não esquecer que há outros, e estes permanecem mesmo!, «poderes do povo» - chamem-lhes magia, paganismo, bruxaria, sabedoria, mezinharia, ciência popular, o que se quiser... Veja-se aqui, neste novo e fabuloso micro-filme de Tiago Pereira (e pontuado, às vezes, pela rabeca dos Galandum Galundaina), no episódio número quatro da série Folk-lore.

07 abril, 2009

Procura-se o Autor Desta Foto! (Repost)

Encontrados já os autores das outras três fotos (da Banda do Casaco, Carlos Paredes e Farinha Master), fica só a faltar a do José Afonso... Assim, prezados leitores do Raízes e Antenas! Se alguém souber qual é o autor desta foto (ou tenha algum palpite sobre quem poderá ser ou... saber), por favor contacte-me na caixa de comentários deste post ou através do meu e-mail: pires.ant@gmail.com

Não é um concurso nem passatempo, mas é importante (a seu tempo revelarei a razão). Muito obrigado!


José Afonso - uma dica, foi a partir desta foto que foi desenhado o logotipo da AJA (Associação José Afonso).

06 abril, 2009

Debashish Bhattacharya e James Blood Ulmer Também em Sines


E mais dois nomes a juntar ao rol de artistas alinhados para a edição deste ano do FMM de Sines: o indiano Debashish Bhattacharya (na foto) e o norte-americano James Blood Ulmer. O comunicado da organização:


«Debashish Bhattacharya (Índia)

Desde que descobriu a “slide guitar”, com apenas três anos, Debashish Bhattacharya (n. 1963) tem devotado a sua vida a tornar-se um dos melhores intérpretes deste instrumento, com grande tradição na Índia, sendo hoje reconhecido como um dos seus “pandit” (mestre). Melhor artista da Ásia / Pacífico nos BBC Radio 3 World Music Awards 2007, Debashish transformou a “slide guitar”, criando versões adaptadas que usa como veículo para incursões de profundidade rara pela raga indiana. Ao lado do seu irmão Subhasis, na tabla, e das únicas mulheres indianas que tocam as percussões tradicionais “pakhawaj” e “mridangam”, Chitrangana Agle Reshwal e Charu Hariharan, Debashish apresenta-se em Sines com um espectáculo baseado nos seus últimos dois discos, “Calcutta Chronicles” (que lhe valeu uma nomeação para um Grammy em 2008) e “O Shakuntala”.


James Blood Ulmer (EUA)

O guitarrista e vocalista James Blood Ulmer (n. 1942) tem um percurso ligado a praticamente todos os géneros da música afro-americana. Guitarrista desde os 4 anos (o pai, pastor, ofereceu-lhe um instrumento com o objectivo de prepará-lo para a pregação), começou a carreira profissional trabalhando em grupos de R&B e funk. Desde muito cedo atraído pelo jazz, conhece e toca com Ornette Coleman, cuja subversão da componente harmónica em favor da improvisação livre, atonal, terá grande influência na sua produção dos anos 70 e 80. Hoje a sua música é mais estruturada e tem vindo a ganhar ascendência a rica história dos blues e a tradição que o rock tem no seu instrumento. O seu último disco, “Bad Blood in the City: The Piety Street Sessions” (2007), produzido por Vernon Reid, evoca a tragédia do Katrina e é o melhor exemplo do James Blood Ulmer actual, “bluesman” de corpo inteiro que teremos o privilégio de ouvir na última noite de música no Castelo».

03 abril, 2009

Group Doueh e Omar Souleyman na Gulbenkian


Olha que bela notícia! O Juramento Sem Bandeira avança com a informação de que o Group Doueh (na foto) e Omar Souleyman actuam dia 21 de Junho, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, num concerto organizado pela Filho Único. Atenção - o espectácculo (seguido de sessões dos DJs Hisham Mayet, Alan Bishop e Mark Gergis) começa às... 19h00. O texto do Vítor:

«Entre as datas conjuntas que o Group Doueh e Omar Souleyman vão fazer na Europa, há uma para Lisboa, a realizar na Fundação Calouste Gulbenkian, com mão da Filho Único: 21 de Junho. Group Doueh é um dos nomes mais relevantes (e em actividade, diga-se de passagem) do catálogo Sublime Frequencies, o selo norte-americano que desde há meia-dúzia de anos tem vindo a editar gravações mais ou menos obscuras de artistas mais ou menos obscuros de paragens mais ou menos obscuras dos continentes africano e asiático. Há dois anos, a Sublime Frequencies deu a conhecer ao mundo mais atento este grupo de guitarras eléctricas do Sahara Ocidental através do LP de edição limitada "Guitar Music from the Western Sahara", excelente como documento, embora o péssimo som lhe manche a ambição de objecto de entretenimento que se encontra noutros trabalhos recentes também vindos do Norte de África, onde também blues, guitarras eléctricas e deserto costumam ser as quatro palavras mais citadas nos textos sobre eles discorridos. Não deixa, porém, de ser um documento fantástico. E também ali se assiste a uma contaminação interessante de influências ocidentais nas tradições locais, em proporções muito semelhantes aos grupos antes citados de rés-vés. Vai ser interessante deixar para trás a imaginação que o disco proporciona e comprovar ao vivo o valor do Group Doueh. A acompanhá-los vai estar outro nome do catálogo da SF, o sírio Omar Souleyman. Meio folk, meio pop, completamente chunga, está para a folk local quase como o fasil das pistas de dança actual está para o fasil turco antigo, ou como o Bhangra Pop está para a folk indiana. Não há como perder esta noite».

Mais informações aqui.

02 abril, 2009

Cromos Raízes e Antenas L


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)

Cromo L.1 - Khaled


Outrora conhecido como Cheb Khaled («cheb» significa «jovem» e não é um nome próprio, sendo comum a outros artistas norte-africanos como Cheb Mami ou Cheb i Sabbah), o cantor, compositor e multi-instrumentista argelino Khaled é um dos artistas mais representativos do género tradicional rai, na sua forma modernizada. De nome completo Khaled Hadj Brahim (nascido a 29 de Fevereiro de 1960, em Sidi-El-Houri, Argélia), Khaled mistura na sua música as raízes do rai com muitos outros géneros como o jazz, o funk, a pop, o r'n'b, as electrónicas, onde instrumentos tradicionais como o ney (flauta) ou a darabuka se fundem com sintetizadores, instrumentos eléctricos e uma secção de metais. Khaled - que toca banjo, acordeão, bateria, teclados, guitarra... - começou a sua carreira com apenas catorze anos, no grupo Les Cinq Étoiles e, ainda na Argélia, foi perseguido pelo teor da sua música, considerada demasiado ocidentalizada e com letras impróprias. Fixou-se em França em 1986 e, a partir daí, a sua fama nunca mais parou de crescer. Audição aconselhada: «Khaled» (1992), «1, 2, 3 Soleils» (1999; em parceria com Rachid Taha e Faudel) e «Ya-Rayi» (2004).


Cromo L.2 - Los de Abajo


Exemplo maior entre os maiores de uma música viva, dinâmica, empenhada politicamente e onde muitas músicas se cruzam sem que, por isso, a música final perca um pingo de identidade própria, o grupo Los de Abajo (formado na capital mexicana, Cidade do México, em 1992) é capaz de misturar ska, punk, cumbia, mariachi, son jarocho e muitos outros géneros de uma forma fluida, natural, orgânica. Também activos social e politicamente, ao longo do seu trajecto Los de Abajo defenderam causas como a do EZLN (Ejército Zapatista de Liberación Nacional), dos Jóvenes en Resistencia Alternativa e a dos presos políticos de Atenco. Gostando de caracterizar o seu som como «tropipunk», Los de Abajo já se encontraram criativamente com o catalão Macaco e, mais recentemente, com Neville Staples (Fun Boy Three) e a dupla Neil Sparkes/Count Dubulah (os Temple of Sound), no álbum de remisturas «LDA v The Lunatics» (2006). Outro álbum aconselhado: o histórico «Cybertropic Chilango Power» (2002).


Cromo L.3 - Gigi Shibabaw


Gigi (aka Ejigayehu Shibabaw) é uma cantora e compositora etíope que chegou à fama internacional através da mão de Bill Laswell - Gigi, aliás, viria a casar com este activíssimo produtor e músico - e de outro nome mítico da música, Chris Blackwell, patrão da editora Palm Pictures e o antigo responsável pela fama de muitos grandes artistas de reggae (como Bob Marley), quando liderava a Island Records. E, apesar de ter chegado a gravar anteriormente nos Estados Unidos, Gigi chegou ao sucesso internacional com os álbuns editados pela Palm Pictures: «Gigi» (2001), «Zion Roots» (assinado pelo grupo Abyssinia Infinite; 2003) e «Gold & Wax» (2006), onde à música de raiz - muitas vezes inspirada pelas Genna, celebrações do Natal na Etiópia - se juntam electrónicas, dub, funk, rock ou jazz (em «Gigi», ela foi acompanhada por nomes graúdos do jazz como Herbie Hancock, Wayne Shorter e Pharoah Sanders). Outros artistas com quem já se cruzou: Buckethead, Karsh Kale, Tabla Beat Science, Nils Petter Molvaer, Foday Musa Suso e Jah Wobble.


Cromo L.4 - The Zydepunks


Nova Orleães, é sabido, foi há cerca de cem anos o berço ideal de uma música nova, o jazz, onde muitas outras músicas - africanas e europeias - namoravam entre si: os blues, o gospel, o ragtime, as valsas, o klezmer, etc, etc... E é, agora, o berço de uma banda singular, os Zydepunks - onde também muitas músicas convergem: o zydeco e o cajun originários da Louisina, o punk, a country, a música cigana dos Balcãs, a música «celta» revista pelos Pogues, o klezmer... e cantando em seis línguas diferentes. Criados em 2003, os Zydepunks usam um baixo eléctrico (mas não guitarras) e baseiam o seu som num violino e num acordeão endiabrados, voz e bateria. E - conta a lenda - são capazes de dar concertos absolutamente arrebatadores. Formados por Denise Bonis (violino, voz), Juan Christian Küffner (acordeão, rabeca, voz principal), Joe Lilly (bateria, voz), Scott Potts (baixo, voz) e Eve (acordeão, melódica, voz), os Zydepunks lançaram até agora os álbuns «9th Ward Ramblers», «...And The Streets Will Flow With Whiskey», «Exile Waltz» e «Finisterre».

Nota: A primeira série dos «Cromos Raízes e Antenas» termina aqui. São 50 «carteirinhas» de quatro Cromos cada, o que soma o bonito número de 200 entradas. Os meus agradecimentos a quem sugeriu nomes, fez reparos, emendou gralhas e asneiras... Se tudo correr bem, uma nova série se seguirá...

01 abril, 2009

Rokia Traoré - Concertos no Porto e em Lisboa


Depois do maravilhoso espectáculo na noite de encerramento do FMM de Sines do ano passado, a cantora maliana Rokia Traoré regressa ao nosso país para espectáculos no Porto (Casa da Música, dia 27 de Maio) e Lisboa (Lux, um dia depois), ainda em apresentação do novo álbum «Tchamantché». O comunicado da organização:


«Rokia Traoré Ao Vivo

É uma das vozes mais importantes do continente africano, mas é a universalidade que faz dela uma artista de eleição.

Rokia Traoré em Portugal numa produção Mandrake.

Rokia Traoré alcançou, definitivamente, um estatuto só ao alcance dos artistas mais prodigiosos. Com «Tchamantché», o 4º álbum de originais, a cantora, compositora e guitarrista do Mali arrastou o culto para fora das fronteiras tradicionais da «world-music» e agarrou com elegância a crítica e público de todos os quadrantes.

A música de Rokia Traoré, sublime na sua transversalidade, não se limita aos ritmos tradicionais do Mali, vai mais além: o Funk, o Blues, o Jazz e o Rock, são géneros em destaque numa sonoridade original e muito sofisticada. Ao vivo, Rokia Traoré começa lentamente a conquistar a audiência com ritmos jazz para, gradualmente, dar lugar a ritmos mais festivos que facilmente passam do palco para a plateia.

A guitarra eléctrica «Gretsch», a harpa, o «N’Goni» (guitarra maliana), a voz sussurrante, as letras na língua Bambara, os instrumentos clássicos, tudo em perfeita harmonia, criam uma atmosfera fabulosa que não deixa ninguém indiferente e, muito menos, parado.

A festa fica marcada para os próximos dias 27 de Maio, na Casa da Música, Sala 2, no Porto, e 28 de Maio em Lisboa, no Lux. Pela primeira vez, Rokia Traoré apresenta-se em Portugal em concerto próprio e o entusiasmo é enorme para ver e ouvir esta genial intérprete, tantas vezes elogiada pelo seu conterrâneo Ali Farka Touré.

PORTO | CASA DA MÚSICA – SALA 2 | 27 MAIO – 21H30 | 22 EUROS

LISBOA | LUX | 28 MAIO – 22H00 | 22 EUROS»