31 março, 2009

Sky Fest - Com Lila Downs, Nneka, Edson Cordeiro e The Dynamics


Na sua segunda edição, o Sky Fest, mini-festival que decorre no Casino de Lisboa, de 14 a 17 de Maio, apresenta desta vez concertos com Lila Downs, Nneka (na foto), Edson Cordeiro e The Dynamics. Não se sabe ainda se, à semelhança do ano passado, haverá outros nomes nas primeiras partes, mas seria desejável que sim. O texto de apresentação do festival:


«SKY FEST - 14 a 17 MAIO - Casino Lisboa

Horário

Concertos às 22h

Preço

25€ e 30€

Local de Venda


Casino Lisboa, FNAC, Worten, El Corte Inglés, Bliss, Bulhosa, Abreu, Megarede
WWW.TICKETLINE.SAPO.PT
RESERVAS 707 234 234


Depois do sucesso em Abril de 2008, o SKY FEST está de regresso ao Casino Lisboa para uma 2ª edição.

Um festival multicultural que junta o Jazz, a World Music e o Blues no mesmo espaço, o SKY FEST reúne nomes consagrados com novos talentos, garantindo grande abrangência de sonoridades e revelação de novas tendências nas áreas musicais em destaque.

14 Maio - Edson Cordeiro & Klazz Brothers
Auditório dos Oceanos

Edson Cordeiro é um daqueles casos raros de sucesso, considerado por muitos um "músico de culto", devido à sua abrangência e à-vontade em géneros tão diversos como a ópera, o rock, a MPB, o funk, o gospel, o jazz, o flamenco e o samba, cantando em português, inglês, francês, espanhol e alemão. Com os Klazz Brothers, 3 virtuosos músicos de Dresden, Edson Cordeiro apresenta um espectáculo de fusão onde Konigin der Nacht, de Mozart, e Garota de Ipanema, de Jobim, se harmonizam com grande perfeição num alinhamento surpreendentemente encantador.


15 Maio - Nneka
Auditório dos Oceanos

Cantora e compositora, a nigeriana Nneka está de regresso com um novo álbum, No Longer at Ease, um projecto que evidencia os seus instintos criativos, explorando-os num vasto leque de sonoridades inovadoras, numa verdadeira odisseia Afrobeat. Com produção de DJ Farhot, este álbum é muito pessoal e, apesar de musicalmente mais ambicioso, não se afasta do estilo ou rumo habituais de Nneka.


16 Maio - The Dynamics
Arena Lounge - Entrada gratuita

Existem desde 2004 e o seu sucesso internacional já bateu recordes. Com origem em Lion, França, a música dos Dynamics é fortemente marcada pelo soul americano harmonizado com os ritmos jamaicanos. O seu estilo único caracteriza-se pela fusão de sonoridades estabelecidas com as mais modernas técnicas de produção, permitindo um sabor vintage que surpreende qualquer público, por muito exigente que seja.


17 Maio - Lila Downs
Auditório dos Oceanos

De origem mexicana, Lila Downs é um fenómeno internacional. Em parceria com o músico e produtor americano, Paul Cohen, Lila Downs assina as próprias composições caracterizadas pela mescla perfeita entre o tradicional folclore mexicano (charangos, kenachos e zampoñas) e os sons modernos das guitarras eléctricas, baixos e baterias. Com 7 álbuns editados, Lila Downs tem conseguido anular fronteiras, apresentando-se como uma cantora e compositora global capaz de esgotar salas por todo o mundo. No Auditório dos Oceanos no Casino Lisboa, apresenta Ojo de Culebra, o seu mais recente projecto.

30 março, 2009

Tiago Gomes - Novo Livro, Poesia e DJing no Museu do Fado


«Auto-Ajuda», de Tiago Gomes, é uma colectânea que reúne os seus quatro livros de poesia: «Caixa Negra de Avião Desviado por Ataque Terrorista», «Homem Vago em Cinzento», «Brincadeiras com Cianeto» e «Viola-me Eléctrica». O livro, editado pela Mariposa Azual, tem o seu lançamento marcado para sábado, dia 4 de Abril, no Restaurante e Esplanada do Museu do Fado, em Alfama, Lisboa, com leitura de poesia e DJs - um deles o responsável por este Raízes e Antenas.

O texto de apresentação do evento:

«Auto-Ajuda
Antologia de poesia de Tiago Gomes
Tiago Gomes

Autor, performer, morador, activista, peão, poeta, vivo, um homem que viaja no lugar do morto e editor da revista Bíblia. Podemos acrescentar actor, produtor, escritor de canções, sempre envolvido nas coisas da cultura, dos editores, dos livros, com amigos em Espanha, e no porto e no Barreiro e, claro, em todas as esquinas da sua cidade.

Com este BI se apresentava Tiago Gomes em 1998, na capa do seu livro Viola-Me Eléctrica, editado pela Fenda. Nesse ano fértil, Tiago Gomes já tinha editado Brincadeiras Com Cianeto. Mais para trás, em1995, escreveu e publicou Homem Vago Em Cinzento e em 1993,o primeiro livro, a dar o tom: Caixa Negra De Avião Desviado Por Ataque Terrorista.

Podemos acrescentar: actor, produtor, escritor de canções, com amigos em Espanha, e no Porto e no Barreiro e, claro, em todas as esquinas de Lisboa. E poeta. Que escreve poesia urbana, contemporânea. Às vezes pop, às vezes com saudades do surrealismo, às vezes combativa, interventiva, às vezes desanimada, às vezes apaixonada. Sempre irónica e quase sempre de Lisboa».

27 março, 2009

Festim - Um Grande Festival Espalhado Por Sete Municípios


Mais uma iniciativa saída da cabeça da d'Orfeu, o Festim é um novo festival que desenvolve e alarga algumas das iniciativas que esta associação de Águeda tem apresentado nos últimos anos, espalhando-as também pelos municípios vizinhos. O programa oficial:

«festim - festival intermunicipal de músicas do mundo

29 Maio a 24 Julho 2009 | 1ª edição
20 concertos em 7 municípios

Hermeto Pascoal (Brasil; na foto) | Kepa Junkera (País Basco, Espanha) | Manecas Costa (Guiné-Bissau) | Le Vent du Nord (Québec, Canadá) | Musafir - Gypsies of Rajasthan (Índia) | Amsterdam Klezmer Band (Holanda) | Antonio Rivas & sus Vallenatos (Colômbia)

ÁGUEDA - SEVER DO VOUGA - ESTARREJA – OVAR
OLIVEIRA DO BAIRRO - ALBERGARIA-A-VELHA - AVEIRO



O festim - festival intermunicipal de músicas do mundo, em 1ª edição, chega ao público de 29 de Maio a 24 de Julho, com um cartaz partilhado que inclui nomes grandes vindos de vários continentes. O festival percorrerá, durante dois meses, os municípios de Águeda, Sever do Vouga, Estarreja, Ovar, Oliveira do Bairro, Albergaria-a-Velha e Aveiro, numa iniciativa da d’Orfeu Associação Cultural em parceria com as autarquias envolvidas.

Este novo festival intermunicipal recebe a herança dos festivais temáticos de músicas do mundo - uma área de paixão nas programações d’Orfeu -, que esta associação vinha programando em Águeda desde 2002. O festival doravante em rede, estrutura-se numa programação partilhada entre municípios vizinhos - Águeda, Sever do Vouga, Estarreja e Ovar são os pioneiros, num projecto a quatro anos -, a que se juntam mais três municípios nesta edição de 2009 (Oliveira de Bairro, Albergaria-a-Velha e Aveiro). Um cartaz à escala mundial promete singular festa em toda a região: a programação inclui, nesta 1ª edição, grandes nomes vindos do Canadá, Colômbia, Brasil, Holanda, Espanha, Guiné-Bissau e Índia.

O festim - festival intermunicipal de músicas do mundo, que decorrerá anualmente nos meses de Junho e Julho, é fruto de uma parceria abrangente com as quatro autarquias principais, suportada por um Acordo Tripartido com o Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes. O objectivo é expandir o know-how cultural da d’Orfeu a um tecido de municípios vizinhos, incluindo Águeda como origem incontornável e principal beneficiária do projecto, e aplicar no terreno as suas teses de trabalho em rede, nomeadamente na extensão dos seus formatos e largamente reconhecidas práticas culturais.

O novo festival intermunicipal é o laço que une esta parceria intermunicipal.
Vem aí um verdadeiro festim!




PROGRAMAÇÃO 2009

Hermeto Pascoal
(Brasil)

O multi-instrumentista Hermeto Pascoal é uma autêntica força da natureza. Homem dos sete instrumentos, a sua criatividade é inesgotável. Valendo-se de todo e qualquer objecto capaz de produzir sons - além de tocar instrumentos convencionais como o piano, as flautas ou os cordofones, todos magistralmente apresenta um incrível carácter experimental. O inesperado acontece sempre nos concertos deste mago brasileiro que, no festim, se apresenta em duo com Aline Morena. Mais que da música do mundo, Hermeto é figura maior do mundo da Música!


Kepa Junkera
(País Basco, Espanha)

O notável músico de Bilbau, mago da concertina basca - a trikitixa -, regressa a
território luso, mais propriamente à terra que mais se deslumbrou, alguma vez, com as suas vertiginosas performances. Kepa Junkera reproduz uma música sem fronteiras, mas orgulhosamente basca, na qual despontam os diálogos com a txalaparta, instrumento composto de toros de madeira tocado a quatro mãos. Kepa, além de grande compositor, é dono de um virtuosismo ímpar. Os dedos do basco vão entrar, outra vez, pelo público dentro.


Manecas Costa
(Guiné-Bissau)

Manecas Costa é uma das mais belas vozes de origem africana na actualidade, um brilhante compositor e virtuoso guitarrista da Guiné-Bissau. A sua música carrega as vibrações quentes e a sensualidade do “gumbe”, música crioula nascida em Bissau. Um dos seus grandes êxitos, o álbum “Paraíso di Gumbe”, de edição britânica, reúne os sons vibrantes e crus do seu país natal, com uma virtuosa técnica na guitarra acústica e uma voz carismática e apaixonada. São concertos imperdíveis, os do grande embaixador musical da Guiné-Bissau para o mundo, Manecas Costa.


Le Vent du Nord
(Québec, Canadá)

Le Vent du Nord retrata a excelência da actual música folk do Québec, com
fortíssimas influências da música celta irlandesa e da Bretanha francesa. Assistir a um concerto destes quatro virtuosos é deixar-se envolver numa teia de raízes sonoras em constante viagem entre a herança europeia e a velho Canadá francófono, onde a percussão com os pés é imagem singular. ‘Le Vent du Nord’, cuja curta carreira conta já inúmeros prémios, representa o mais genuíno e empolgante folk do Atlântico Norte!


Musafir - Gypsies of Rajasthan
(Índia)

Das paisagens exóticas da Índia, os Musafir trazem-nos uma quente e inovadora interpretação dos ritmos e sonoridades milenares da cultura hindu, num espectáculo que ultrapassa o espectro musical. O grupo desvenda as mais profundas raízes do Rajastão. Encantadoras de cobras, acrobacias com fakirs, engolidores de sabres e cuspidores de fogo. A palavra “musafir” que significa em sentido literal itinerância”, reflecte o modo de vida que inspira estes músicos ciganos vindos do deserto indiano: o transe das tablas é festa para todos.


Amsterdam Klezmer Band
(Holanda)

Os holandeses prometem um espectáculo electrizante, num cocktail sonoro de música cigana dos Balcãs e sonoridade Klezmer. Esta é a imagem de marca da Amsterdam Klezmer Band, formação holandesa de talentosos músicos com raízes judias que dá um novo brilho às músicas de leste. Tal como indica o título do seu último álbum “Zaraza”, que em língua eslava significa “contagiante”, também durante os enérgicos concertos do grupo só restará ao público uma opção: dançar até cair.


Antonio Rivas & sus Vallenatos
(Colômbia)

O som da ‘cumbia’ colombiana por um dos seus mais virtuosos instrumentistas. Antonio Rivas, à concertina, apresenta-se com ‘sus Vallenatos’, característica formação de sexteto latino preparada para concertos de festa contagiante. Além da sedutora presença musical de Rivas, no palco explodem as prestações rítmicas da típica “guacharaca” e da “caja vallenata”, numa orquestra que promete grandes noites de festim!


PROGRAMA COMPLETO


Sex 29 Maio Manecas Costa ESTARREJA
Sex 5 Jun Antonio Rivas OVAR
Sáb 6 Jun Antonio Rivas SEVER DO VOUGA
Qua 10 Jun Amsterdam Klezmer Band ESTARREJA
Sex 12 Jun Amsterdam Klezmer Band OVAR
Sáb 13 Jun Amsterdam Klezmer Band SEVER DO VOUGA
Qui 18 Jun Hermeto Pascoal ESTARREJA
Sex 19 Jun Hermeto Pascoal OVAR
Sáb 20 Jun Hermeto Pascoal SEVER DO VOUGA
Sex 26 Jun Le Vent du Nord OVAR
Sáb 27 Jun Le Vent du Nord SEVER DO VOUGA
Sex 3 Jul Musafir - Gypsies of Rajasthan ESTARREJA
Sáb 4 Jul Musafir - Gypsies of Rajasthan SEVER DO VOUGA
Qui 9 Jul Kepa Junkera ÁGUEDA
Qua 15 Jul Manecas Costa OLIVEIRA DO BAIRRO
Qui 16 Jul Manecas Costa ÁGUEDA
Sex 17 Jul Manecas Costa OVAR
Sáb 18 Jul Manecas Costa ALBERGARIA-A-VELHA
Qui 23 Jul Amsterdam Klezmer Band ÁGUEDA
Sex 24 Jul Amsterdam Klezmer Band AVEIRO

Informações:

http://www.dorfeu.com/
http://dorfeu.blogspot.com/»

26 março, 2009

Cromos Raízes e Antenas XLIX


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)

Cromo XLIX.1 - Serge Gainsbourg


Polémico, provocador, alcoólico, pianista, pederasta, poeta genial, namorado de algumas das mulheres mais bonitas do mundo, realizador de cinema, fumador compulsivo, pintor, actor, compositor de muitas e desvairadas músicas (e com flirts... musicais variadíssimos, da chanson ao rock, ao reggae e ao jazz), Serge Gainsbourg (de verdadeiro nome Lucien Ginsburg, nascido a 2 de Abril de 1928; falecido a 2 de Março de 1991) foi uma das personagens mais importantes da música francesa do Séc.XX. Nascido numa família de judeus russos exilados em França, Gainsbourg iniciou a sua carreira como pianista em bares mas, durante os anos 60 e 70, firmou o seu nome como um dos cantores e, principalmente, compositores mais criativos da sua geração. Compôs - e com elas por vezes fez duetos e com elas, muitas vezes, se envolveu sentimentalmente - para cantoras e actrizes como Brigitte Bardot, Jane Birkin, Juliette Gréco, Françoise Hardy, Catherine Deneuve, Vanessa Paradis e, para disfarçar, para alguns homens como Alain Bashung ou Jacques Dutronc. Canções inesquecíveis: a sexualmente explícita «Je T'Aime... Moi Non Plus», «Bonnie and Clyde», «La Javanaise» ou a sua versão reggae, «Aux Armes et cetera», do hino francês.


Cromo XLIX.2 - «Il Canto di Malavita»


Envolta em controvérsia quando foi editada em Itália (e também, junto da comunidade italo-americana, nos Estados Unidos) por alegadamente fazer a apologia da Máfia, a colectânea «Il Canto de Malavita - La Musica Della Mafia» não deixa, por isso, de ser um extraordinário mostruário de uma música antiga, secreta, também ela cheia de códigos internos - à semelhança da organização que canta - e, sempre, de uma grande beleza. Feitas de raiva e tristeza, vingança e amor, sangue e honra, interpretadas muitas vezes num calão próprio, as canções de «Il Canto di Malavita» (editada em 2000 pela PIAS) foram resgatadas às ruas, casas e caves da Calábria pelos produtores Francesco Sbano, Maximillian Dax e Peter Cadera. Em «Il Canto di Malavita» ouvem-se ecos de tarantelas e canções napolitanas, rembetika e fado, amplificados pela voz de alguns intérpretes extraordinários como El Domingo, F. Cimbalo, Franco Caruso ou Salvatore Macheda. Uma segunda colectânea com a mesma temática, «Omertà, Onuri e Sangu — La Musica della Mafia Vol.2», foi editada dois anos depois.


Cromo XLIX.3 - DJ Dolores


Na música do brasileiro DJ Dolores, os géneros musicais do seu país, tradicionais ou não - frevo, baião, forró, maracatú, emboladas, música brega, ciranda, tropicalismo, samba, bossa-nova e muito mais... - cruzam-se com géneros exteriores - reggae, funk, rock, hip-hop, dancehall, surf music, klezmer, dub, house... - como se tivessem surgido, desde sempre!, para se cruzarem assim. DJ Dolores (de seu verdadeiro nome Helder Aragão) é DJ, produtor, compositor, chefe de «orquestra» - são inesquecíveis as suas actuações com a Orquestra Santa Massa - e faz isso tudo por igual e muitíssimo bem. Começando a sua carreira, no Recife, como designer gráfico, produtor de cinema e autor de bandas-sonoras, foi como DJ que o seu nome se tornou mundialmente conhecido, tendo - para além da sua obra em nome próprio - feito remisturas para nomes como os Taraf de Haidouks, Gilberto Gil, Fernanda Porto ou Tribalistas. Audição aconselhada: os álbuns «Contraditório» (2002), «Aparelhagem» (2005) e «1 Real» (2008).


Cromo XLIX.4 - L'Ham de Foc



Objecto raro e originalíssimo no meio da folk feita em Espanha, o duo valenciano L'Ham de Foc atirou-se com saber e mestria - e sempre ao longo dos seus vinte anos de existência - a uma música que vai beber a sua inspiração à música medieval, árabe, grega e sefardita transportando-as para a modernidade, podendo ser encontrados vários pontos de contacto entre o grupo e os Dead Can Dance, os Hedningarna ou até os Corvus Corax. Criados em 1998, em Valência, pela cantora e multi-instrumentista Mara Aranda e o multi-instrumentista Efrén López, os L'Ham de Foc fizeram um percurso sempre ascendente nos meandros da folk europeia, mercê da sua coerência na utilização apenas de instrumentos acústicos - sanfonas, alaúdes, sitar, harpa, vários saltérios e gaitas-de-foles a inúmeras percussões, europeias, asiáticas ou norte-africanas (num total de mais de trinta instrumentos). Em 1999 editaram o álbum de estreia, «U», seguido por «Cançó de Dona i Home» (2002) e «Cor de Porc» (2005). Desfeita a dupla, os seus membros encontram-se agora ligados a grupos como os Aman Aman, Sabir, Saba, Capella de Ministrers, Mara Aranda & Solatge ou Al Andaluz Project. (1)

(1) - Texto adaptado de um outro escrito por mim para o Festival MED de 2007.

25 março, 2009

Ferro Gaita - O Melhor Funaná no Armazém F


O mais importante grupo de rejuvenescimento do funaná, os Ferro Gaita, é o convidado especial de mais uma Gala Kretcheu, a decorrer depois de amanhã, dia 27, no Armazém F, em Lisboa. E também se pode jantar cachupa (nham!!!) e ouvir batuque... O comunicado:

«GALA KRETCHEU
NOITE MEMORÁVEL COM OS FERRO GAITA

Cabo Verde em destaque!

O Grupo Ferro Gaita, as Batucadeiras, e um jantar típico preparado com toda a sabedoria por um cozinheiro Cabo-verdiano, em mais uma festa Kretcheu no dia 27 de Março no Armazém F.

Porque é um concerto único, que não vai deixar de querer assistir, faça já a sua reserva!

O número de jantares é limitado.

Formados em 1996, o grupo Ferro Gaita , descobriram na gaita, no ferro e na viola baixo, novos caminhos para a música tradicional de Cabo Verde. Estarão em Lisboa a apresentar o quarto álbum do Grupo que comemora, este ano, 12 anos de existência. Trazem sonoridades já características como o Funana Rápido, o lento e o Sambado, Tabanka e Batuque e uma das novidades é a gravação de um “Talaia Baxu” estilo tradicional da ilha do Fogo.

Programa:

Das 20:00hrs até às 23:00hrs é servido o jantar tradicional:

- Entrada+catchupa+1bebida+sobremesa+café

Segue-se a animação das Batucadeiras
À meia-noite e meia início do concerto dos Ferro Gaita.

Preços:

Jantar+concerto= 25€
Concerto= 10€

Inf e reservas: 963660756 ou gala.kretcheu@gmail.com

Armazém F (r cintura porto de lx, 65, santos)

Uma Noite com o sabor, os ritmos e as cores de África!».

24 março, 2009

Fest-i-Ball - Há Mais Bailes no Teatro da Luz


Siga o baile!! É já este fim-de-semana, no Teatro da Luz, em Lisboa, e com um elenco de luxo: em mais uma edição, o Fest-i-Ball conta desta vez no programa com as francesas Les Zéoles (na foto), Uxu Kalhus, Toques do Caramulo, Punto Sem Nó e o duo de Luís Peixoto e Vasco Ribeiro Casais (dos Dazkarieh). O comunicadao oficial:

«No ano que celebra quatro aninhos, a Tradballs organiza pela 7ª vez o FEST-I-BALL, um pequeno e grande festival dedicado à Dança e à Música Tradicional, no Teatro da Luz em Lisboa.

Tal como aconteceu nas edições anteriores os dias serão preenchidos com workshops de dança e música e as noites com bailes de fazer estremecer o chão.

O Festival arranca dia 27 (sexta) com as francesas Zéoles e as suas composições agri-doces e cheias de vida inspiradas nas músicas tradicionais francesas. Logo a seguir sobem ao palco os energéticos Uxu Kalhus que prometem arrancar das cadeiras até os mais persistentes pés-esquerdos.

Sábado, após o almoço, nada como uma tarde preenchida com workshops de dança que irão levar os participantes do Minho à Galiza com passagem pela França.

Para os que têm um instrumento escondido em casa, haverá um workshop de música ensemble pelas mãos dos Toques de Caramulo que mostram que o novo e o velho combinam que é uma maravilha. Os que não ficarem convencidos poderão comprovar tal facto, às noite, no baile dado por eles onde o repertório da Serra do Caramulo tem um papel de destaque.

Mas antes, pouco depois do jantar, os Punto Sem Nó, os galegos mais alfacinhas das redondezas, dão o ar de sua graça e irão mostrar que os pontos não têm nós e que em truques com os pés ninguém os bate.

As Zeóles encerram a noite subindo novamente ao palco para voltarem a encher o teatro com suaves e alegres melodias.

No domingo o ritmo mantém-se.Os amantes da música poderão acompanhar o workshop dedicado à composição modal. Enquanto isso, os mais dados aos pés aprendem que o acto rodar tem muito que se lhe diga na dança, quer seja sob o efeito de uma Scottisch ou de uma Polska. Memória, recordação, repetição, transmissão, são todas elas usadas para definir o que é tradição, por isso, porque não recriá-la ao final da tarde no último workshop do festival?

O FEST-i-BALL encerrará as portas ao som do Duo Vasco Casais & Luis Peixoto cujos instrumentos falam por si: bandolim, bouzoki, cavaquinho, nyckelharpa, gaita de foles...»

E o programa detaalhado:


«VII FEST -i- BALL
27, 28, 29 Março '09
Teatro da Luz, Lisboa
PROGRAMA

sexta, 27 Março

22H00: LES ZÈOLES (França) - www.myspace.com/leszeoles
24H00: UXU KALHUS - www.mypace.com/uxukalhus

sábado, 28 Março

Workshops de Dança
14H30: Minhotas - Ana Lage
16H00: Danças A Pares - Les Zéoles
17H30: Galegas - Rita Duarte

Workshops de Música
15H30 às 17H30: Musica Ensemble - Toques do Caramulo

21H30: PUNTO SEM NÓ
22H00: TOQUES DO CARAMULO - www.myspace.com/toquesdocaramulo
24H00: LES ZÉOLES

domingo, 29 Março

Workshops de Dança
14H30: Mudanças de Rotação p/ Scottisch - Koen Dhondt
16H00: Polskas - Matias
17H30: Tradição Recriada - Patricia Vieira & Susana Rodrigues

Workshops de Música
15H30 às 17H30: Composição Modal - Paulo Pereira (a confirmar)

19H00: Duo Vasco Casais & Luis Peixoto ( www.myspace.com/bandolim , ww.myspace.com/omirisound)

Nota: o programa pode sofrer alterações.

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Bilheteira FEST-i-BALL:


Horário de abertura da Bilheteira:

- Sexta: 21h30m

- Sábado e Domingo: 14h

Nota:

Não se aceitam reservas de bilhetes.

Só é possivel comprar bilhetes a partir de sexta na bilheteira do festival.

Os preços não serão alterados até à hora de fecho do festival.

Crianças até aos 12 anos não pagam.

A organização reserva-se ao direito de encerrar a entrada, caso seja excedida a lotação máxima do espaço

Bilhetes:

Sexta 27 - 13 balls
Sábado 28 (dia+noite) - 20 balls
Sábado 28 (noite) - 15 balls
Domingo 29 - 13 balls
Geral (3 dias) - 30 balls.

Como chegar ao Teatro da Luz:

Morada: Largo da Luz, Carnide – Lisboa

Transportes:

Autocarros: 767, 726,768, 3, 202 ( www.carris.pt )

Metro: Colégio Militar ou Carnide

www.deboleia.com

Mais informações em:

Site: www.tradballs.com
E-mail: tradballs@gmail.com

Apoios: Associação Pédexumbo - Circulo de Dança de Lisboa».

20 março, 2009

E Mais Um (Grande) Nome Para Sines: Chucho Valdés no FMM!


Pois!!!!...

«A “big band” do pianista cubano Chucho Valdés, um dos nomes fundamentais do jazz latino dos últimos cinquenta anos, é a segunda confirmação oficial do programa do Festival Músicas do Mundo de Sines 2009. Apresenta-se no Castelo de Sines no dia 23 de Julho.

Filho de Bebo Valdés, um dos mais destacados pianistas e compositores cubanos do século XX, Chucho não é menos importante na história da música cubana das últimas décadas, com mais de 50 discos gravados e cinco Grammys conquistados, entre 14 nomeações.

Nascido em Quivicán, província de Havana, em 1941, Chucho começou a tocar piano de ouvido aos 3 anos de idade e formou o seu primeiro trio de jazz aos 15 anos.

Gravou o seu primeiro disco, “Chucho Valdés y su Combo”, em 1963, e sete anos mais tarde, em 1970, é considerado um dos cinco melhores pianistas de jazz do mundo, juntamente com Bill Evans, Oscar Peterson, Herbie Hancock e Chick Corea.

Em 1973, funda o grupo mítico do jazz cubano, Irakere, sendo seu pianista, compositor, arranjador e director até aos dias de hoje.

Contando na sua formação inicial com músicos do calibre de Arturo Sandoval e Paquito d’Rivera, Irakere foi o primeiro grupo cubano a ganhar um Grammy, em 1980, e foi no seu seio que Chucho Valdés consolidou a sua carreira nos melhores palcos de todo o mundo.

Em 1996, integrado numa banda chamada Crisol, que formou com o trompetista Roy Hargrove, ganhou, com o disco “Habana”, o seu segundo Grammy.

Num outro agrupamento, o quarteto que formou em 1998, gravou quatro discos para a Blue Note (“Bele Bele en La Habana”, “Briyumba Palo Congo”, “Live at the Village Vangard” e “New Conceptions”), todos eles nomeados para Grammys e dois deles vitoriosos.

O quinto Grammy foi obtido em 2002 com o disco “Canciones Inéditas”, álbum a solo com obras da sua autoria gravado para a editora Egrem.

Detentor das principais distinções culturais concedidas pelo seu país, incluindo a máxima, a Medalha Felix Varela, Chucho Valdés tem as chaves das cidades de Ponce (Porto Rico), Los Angeles, San Francisco, Nova Orleães e Madison, nos EUA, e, numa cerimónia realizada em Los Angeles, junto a Tito Puente, Eddie Palmieri e Lalo Shiffrin, foi inscrito no “Hall of Fame” do Jazz Latino.

No concerto de Sines será acompanhado pela voz de Mayra Valdés, o baixo de Lázaro Alarcón, a bateria de Juan Carlos Castro Rojas, a percussão de Yaroldi Abreu, o sax alto de German Velazco , o sax tenor de Carlos Manuel Miyares Hernandez e os trompetes de Alexander Abreu e Maikel Gonzalez.

Depois de Lee “Scratch” Perry (Jamaica), Chucho Valdés Big Band (Cuba) é o segundo nome oficialmente confirmado da programação do Festival Músicas do Mundo 2009.

Realizado todos os meses de Julho, em vários espaços da cidade e do concelho de Sines, o FMM é o maior evento nacional no seu género, tendo já acolhido um total de 164 projectos musicais, vistos por mais de 325 mil espectadores, ao longo de dez anos».

19 março, 2009

Cromos Raízes e Antenas XLVIII


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)

Cromo XLVIII.1 - Rupa and The April Fishes


Ainda só têm um álbum editado no circuito internacional, mas são já uma das maiores promessas - OK, são já uma certeza! - daquilo que de melhor e mais abrangente se pode esperar de um grupo de «world music». E, aqui, o termo até está bem aplicado. Com base em San Francisco, Estados Unidos, Rupa and The April Fishes são liderados pela compositora, cantora e guitarrista Rupa, sendo os April Fishes formados por Marcus Cohen (trompete), Isabel Douglass (acordeão e voz), Aaron Kierbel (percussões), Safa Shokrai (contrabaixo) e Ara Anderson (trompete). Com influências que vêm da música indiana (Rupa, que é médica de profissão, tem as suas raízes no Punjab e viveu alguns anos em França), do tango, da canção francesa, do jazz (inclusive na sua variante cigana à Django, o jazz manouche), da cumbia, da pop... Rupa and The April Fishes lançaram em 2008 o álbum de estreia «eXtraOrdinary rendition», e já fazem parte, por direito próprio, do firmamento mais brilhante da música actual.


Cromo XLVIII.2 - Franco


Franco (aka Franco Luambo, François Luambo Makiadi e L'Okanga La Ndju Pene Luambo Lwanzo Makiadi; nascido a 6 de Julho de 1938, em Sona Bata, no Congo Belga, actual Zaire; falecido a 12 de Outubro de 1989) foi o mais importante compositor, cantor e guitarrista congolês do Séc. XX. Ao longo da sua carreira, deixou - em discos a solo ou com os grupos OK Jazz e TPOK Jazz - mais de mil canções gravadas, espalhadas por cerca de 150 álbuns. Com um estilo muito pessoal de tocar guitarra - era cognominado «O Feiticeiro da Guitarra» -, Franco misturou na sua música sonoridades africanas, jazz, ritmos latino-americanos (muito em especial a rumba), funk e soukous. Um fenómeno musical desde a adolescência - Franco gravou o seu primeiro single, «Bolingo Na Ngai Beatrice», com apenas 15 anos -, em 1956 fundou o OK Jazz (mais tarde rebaptizado TPOK Jazz), que rapidamente se tornou o grupo mais importante do Congo e com o qual tocou até à sua morte. Era um ídolo no seu país (e noutros países de África) e o seu funeral foi acompanhado por dezenas de milhares de pessoas.


Cromo XLVIII.3 - DJ Click


Membro do colectivo electro-jazz-world UHT, director da editora No Fridge, DJ e remisturador apaixonado por inúmeras músicas do mundo - e como ele as conhece bem! -, o francês DJ Click é um dos melhores, talvez mesmo o melhor, exemplo de como se podem transportar muitas músicas tradicionais para um futuro em que a música de judeus e muçulmanos, de ciganos espanhóis e do leste da Europa, de negros, de brancos e de mestiços de várias origens conseguem conviver, cruzar-se e obrigar toda a gente a dançar numa nave espacial utópica e cheia de músicas novas. E em que músicas novas como o dub, o electro ou o drum'n'bass e músicas antigas como o gnawa, o klezmer ou a música cigana dos Balcãs têm o mesmo espaço e importância. Com DJ Click já se cruzaram (em remisturas ou colaborações) nomes como Mitsoura, Gnawa Njoum Experience, Transglobal Underground, Rachid Taha, Leontina Vaduva, Burhan Öçal, Recycler, Tziganiada ou Estelle Goldfarb. (1)


Cromo XLVIII.4 - Pentangle


Um dos mais importantes grupos da folk britânica de sempre, os Pentangle nasceram em 1967, em Londres, à volta de Bert Jansch e John Renbourn - dois guitarristas geniais que já tinham um passado comum na folk -, uma cantora apaixonada pela tradição, Jacqui McShee, e dois músicos de jazz, Danny Thompson (baixo) e Terry Cox (bateria). E o resultado desse encontro foi explosivo: canções que iam à folk, aos blues, ao psicadelismo, ao jazz, ao rock progressivo ou à música barroca; canções que se encaixavam perfeitamente na música do seu tempo mas que também deixavam - pelo grau de abertura que demonstravam - muitas pistas para o futuro. Os Pentangle separaram-se em 1973 e ressurgiram nos anos 80, tendo passado inúmeros outros músicos pelas suas várias formações. E em 2007 os cinco membros fundadores voltaram a reunir-se para receber o Prémio Carreira dos Folk Awards atribuídos pela BBC Radio 2 e, no ano seguinte, fizeram uma digressão de enorme sucesso pelas Ilhas Britânicas. Audição aconselhada: os álbuns «The Pentangle», «Sweet Child», «Basket of Light» e «Solomon's Seal».

(1) - Texto adaptado de uma prosa anterior minha acerca do álbum «Flavour», de DJ Click.

18 março, 2009

Dazkarieh - «Hemisférios» Apresentado Hoje à Noite


Os Dazkarieh são, cada vez mais, uma das mais importantes bandas folk (e usa-se aqui a palavra folk apenas por facilidade de designação) portuguesas. O seu novo álbum, «Hemisfèrios», é um duplo que apresenta no primeiro CD vários temas originais e, no segundo, versões de tradicionais portugueses reinventados pela pulsão eléctrica do grupo. Hoje, quarta-feira, à noite, o álbum é apresentado num concerto no Cinema S.Jorge, em Lisboa. O comunicado oficial:

«Os Dazkarieh comemoram 10 anos com “Hemisférios”, disco duplo que é o 4º álbum de originais da banda e o seu trabalho mais ambicioso até à data, que será apresentado dia 18 de Março no Cinema S. Jorge, pelas 21h30m.

“Hemisférios” que será mais uma vez editado pela HEPTA, surge agora como uma revisão do caminho percorrido nos últimos 10 anos. Tendo inicialmente vivido em exclusivo dos seus originais, o grupo avançou em 2006 para a revisão de tradicionais portugueses que representam hoje em dia praticamente metade do seu repertório ao vivo. Surgiu assim a ideia, em jeito de comemoração, de fazer um disco duplo, em que num dos lados estariam as composições originais, uma imagem de marca, e no outro as recriações de tradicionais portugueses, de regiões ainda não trabalhadas pelo grupo.

Nos últimos 3 anos a banda fez concertos um pouco por todo o mundo, em salas e festivais de Espanha, Andorra, Bélgica, Alemanha, Polónia, República Checa, Suíça, Áustria, Estónia, Canadá, México e Cabo Verde.

2009 marcará ainda mais essa vertente internacional com uma grande digressão Alemã (com 21 concertos marcados até à data e onde tocarão em Berlim pela primeira vez) e espectáculos em países como a Malásia, Singapura, Croácia, Itália, Estónia e Áustria.

Complicado será agora definir em que género musical se inserem. A procura de um rótulo deixará insatisfeitos uns e outros porque não será fácil definir um som que ecoa a espaços tradicional e etéreo, resvalando muitas vezes para um rock poderoso condimentado com fortes ritmos que no fundo são apenas tocados em instrumentos acústicos de forma não tradicional.

Mais importante será pensar que após 10 anos, os Dazkarieh criaram o seu som, a sua abordagem única à música portuguesa, de raiz ou não, isso pouco importa quando estamos perante um dos mais internacionais e criativos grupos portugueses».

13 março, 2009

Cromos Raízes e Antenas XLVII


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)

Cromo XLVII.1 - Billy Bragg


Não são raros os exemplos de punks britânicos que se viraram depois para a folk ou para a «world» - os Pogues, os Chumbawamba e até Joe Strummer (dos Clash) são alguns desses exemplos, entre muitos outros... -, mas Billy Bragg é, sem dúvida, um dos maiores expoentes dessa tendência. Billy Bragg (Stephen William Bragg, nascido a 20 de Dezembro de 1957, nos subúrbios de Londres, Inglaterra) começa a sua carreira em 1977, na banda punk Riff Raff, com a qual não obtém sucesso. Mas em 1981 inicia uma profícua trajectória musical a solo em que os seus extraordinários dotes de cantautor (inspirado pela folk britânica e norte-americana mas sem nunca esquecer o seu passado punk) e o seu activismo político anti-fascista e anti-racista também o levaram a colaborações memoráveis com músicos dos R.E.M., Johnny Marr (The Smiths), Michelle Shocked, Kirsty MacColl ou, mais recentemente, o projecto The Imagined Village. É uma referência incontornável.


Cromo XLVII.2 - Cornershop

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A cantora Sinéad O'Connor teve o seu pico de projecção mediática quando queimou uma fotografia do Papa João Paulo II. E o grupo indo-britânico Cornershop - uma referência às «lojas de esquina» dos imigrantes indianos e paquistaneses em Inglaterra - deram visibilidade à sua música quando queimaram uma foto de Morrissey, depois deste cantor ter assumido ideias racistas (inclusive nas letras de algumas canções). Surgidos em Leicester, Inglaterra, em 1992 - e ainda hoje em actividade -, os Cornershop, desde sempre liderados por Tjinder Singh e Ben Ayres, caracterizam-se por uma fusão consistente de canções infecciosamente pop, algumas electrónicas e referências discretas à música indiana (instrumentos como a sitar, harmonium, dholaki, tamboura e tablas fazem parte do seu «kit» habitual). O seu tema «Brimful of Asha» (de 1997; uma homenagem a Asha Bhosle) e a respectiva remistura de Fatboy Slim vão ficar para sempre na história da world music.


Cromo XLVII.3 - Naftule Brandwein


Ouve-se, agora, Woody Allen a tocar jazz no seu clarinete e sente-se, sem a menor dúvida, que aquele clarinete deve tudo à música klezmer. Ou ouvia-se, antes, o clarinetista Benny Goodman ou o início do «Rhapsody In Blue», de Gershwin, e sentia-se que as bases destas músicas estavam nas suas raízes judaicas. Actualmente não há banda de klezmer que não tenha um clarinete. E, em todas elas, são nítidas as influências do maior clarinetista klezmer de todos os tempos: o lendário Naftule Brandwein. Tendo nascido em Przemyslany (no actual território da Ucrânia), em 1884, no seio de uma família de músicos judeus, emigrou para os Estados Unidos em 1908. Conhecido como «O Rei da Música Judaica», gravou variadíssimos discos de 78 rpm durante os anos 20. E embora a sua carreira tenha decaído desde essa altura e até à sua morte, em 1963, a sua música foi depois recuperada, amada e emulada por todas as novas vagas de músicos klezmer.


Cromo XLVII.4 - Krakabs


As krakabs (ou quaquabou, chkacheks, krakebs e garbag) apresentam-se, ao lado do gimbri (ou guembri, um baixo acústico rectangular), como o instrumento mais emblemático da música gnawa, sendo utilizado por grupos como os Nass Marrakech, Gnawa Impulse ou na banda acompanhante da grande Hasna El-Becharia, entre muitos outros. Também conhecidas como castanholas de metal, as krakabs são o instrumento de percussão fundamental para a criação (e sustentação) dos ritmos transe-hipnóticos do gnawa, género - e também a designação da comunidade sufi que o pratica - do sul de Marrocos, criado pelos descendentes dos escravos da África Ocidental levados para o lado norte do Sahara pelos árabes. Fazendo parte da família dos idiofones, as krakabs são crótalos feitos de ferro, em forma de 8, e o seu som tenta imitar o galope de um cavalo.

12 março, 2009

Speed Caravan, Dele Sosimi, Chicha Libre e Kasai Allstars no FMM


E - depois do jamaicano Lee «Scratch» Perry e dos italianos Circo Abusivo - mais quatro nomes juntam-se ao rol de artistas alinhados para o próximo FMM de Sines: o myspace dos Speed Caravan (música do norte de África electrificada,com alaúdes em distorção e versões dos... Chemical Brothers e dos Cure) e de um dos mestres do afro-beat Dele Sosimi (com a sua Dele Sosimi Afrobeat Orchestra) já adiantam datas destes dois para Sines. Por sua vez, um comunicado da Crammed Discs assinala a presença dos latino-americanos infectados pelo psicadelismo e pelo surf rock Chicha Libre (na foto) em vários grandes festivais europeus deste Verão, incluindo Sines. E o camarada João Gonçalves, no Grandes Sons, informa que os congoleses Kasai Allstars - que estavam previstos para o ano passado e não apareceram devido a problemas com os vistos - também estão confirmados na edição do FMM deste ano, que decorre mais cedo que o habitual (entre 17 e 25 de Julho, mais dia menos dia).

10 março, 2009

O Que é «Pirabar»? (Ou... Este é Mais Um OVNI do Tiago Pereira)


FOLK-LORE 3- Calizio from Tiago Pereira on Vimeo.
O vídeo-magazine «Folk-Lore» tem agora mais um tomo, este, o terceiro. E se os outros já eram estranhos - como estranhos são muitos dos trabalhos cinematográficos de Tiago Pereira -, este ainda consegue ser (um bocadinho) mais. Mas o melhor é vê-lo, sem legendas, mas com a atenção necessária para se perceber como é que em calizio - o calão ainda usado por algumas pessoas na Serra do Caramulo - se diz «festa», «prisão» ou «sexo».

09 março, 2009

Lee «Scratch» Perry (e Circo Abusivo) no FMM de Sines!


O meu camarada Vítor Junqueira, no seu Juramento Sem Bandeira, avançou há dias com o nome dos italianos Circo Abusivo como a primeira confirmação do FMM de Sines deste ano. E hoje, o site do festival avança com outro nome: o do mítico Lee «Scratch» Perry, inventor do dub, produtor de mil artistas jamaicanos e outros, pirómano encartado, coleccionador de tralhas-velhas-e-novas-e-brilhantes e há muitos meses protagonista de um dos meus Cromos Raízes e Antenas, aqui. O comunicado do FMM, a propósito de Lee «Scratch» Perry:

«O jamaicano Lee “Scratch” Perry, um dos mais importantes criadores da história do reggae, actua no Festival Músicas do Mundo (FMM) de Sines no dia 25 de Julho de 2009, no Castelo.

Incluído na lista dos 100 maiores artistas de todos os tempos publicada pela revista Rolling Stone em 2004, o contributo do seu trabalho como produtor, autor e intérprete de canções para o desenvolvimento e popularidade do reggae em todo o mundo não tem comparação com qualquer outra figura viva da música jamaicana.

Produtor de nomes míticos como Bob Marley & The Wailers, Max Romeo e The Clash, Lee “Scratch” Perry é considerado um dos primeiros “produtores-artistas” da edição musical moderna, ocupando nesta qualidade um lugar na história da música popular ao nível de pioneiros como George Martin, Phil Spector e Brian Wilson.

Determinante no nascimento do ritmo lento que ajudou a conferir autonomia estilística ao reggae em relação ao pulsar mais rápido do seu género ascendente, o ska, as experiências de Perry na mesa de mistura são também hoje consideradas consensualmente como fundamentais para que tomasse forma outra criação de génio da música da Jamaica, o “dub”.

Autor de dezenas de discos desde o final dos anos 50, merecem menção especial entre a sua discografia os álbuns históricos dos anos 70, como “Super Ape” (1976) e “Roast Fish, Collie Weed, and Cornbread” (1978), e a compilação “Arkology” (1997), através da qual muitos dos ouvintes da nova geração tomaram conhecimento do seu legado.

“Jamaican E.T.”, vencedor do Grammy para melhor álbum de reggae em 2003, e “Repentance”, nomeado para o mesmo prémio em 2009, são dois dos grandes triunfos da sua produção em disco na última década e a prova de que, mesmo com 73 anos completos quando se apresentar em Sines, a sua vitalidade criativa permanece intocada.

Depois de Black Uhuru com Sly & Robbie, em 2001, e The Skatalites, em 2003, Lee “Scratch” Perry é o quarto nome da história viva do reggae a pisar os palcos de Sines desde a criação do Festival Músicas do Mundo em 1999.

Realizado todos os meses de Julho, em vários espaços da cidade e do concelho de Sines, o FMM é o maior evento nacional no seu género, tendo já acolhido um total de 164 projectos musicais, vistos por mais de 325 mil espectadores, ao longo de dez anos.

Data provisória do FMM 2009: 17-25 de Julho 2009».

06 março, 2009

VGM - Muita World Music em Saldos!


A melhor loja de world music (e também de jazz e música erudita) de Lisboa, a VGM - que fica na Rua Viriato, nº 12, em Picoas - tem agora, e até dia 28 deste mês, mais de 150 títulos em saldos. Discos lançados até 31 de Outubro de 2008 por editoras como a World Circuit, Crammed Discs, World MusicNetwork, Demon Music Group, Sterns, Asphalt Tango, Dreyfuss Music, Network Medien, ROIR, Ponderosa, Park, Topic, Alia Vox, Essay Recordings, Chesky, Arion, Knitting Factory, Nocturne, Sundance, Mr.Bongo, Materiali Sonori, MusicandWords, Felmay, Picwick, Oriente, BMC, Cypres, Effendi, Magda, Voices Me e Weatherbox, entre outras, têm descontos entre os 25 e os 60 por cento. É de aproveitar, portanto!

04 março, 2009

Auto-Promoção - Música Balcânica no Regueirão dos Anjos


Em parceria com Toni Polo (aka DJ Cucurucho), este escriba regressa às lides de DJ, dia 20 de Março, no Regueirão dos Anjos, em Lisboa... e ambos com muita música balcânica - e de territórios estilísticos e geográficos adjacentes - para mostrar. E, também com Toni Polo, estarei no magnífico espaço da Fábrica do Braço de Prata, dias 5, 12, 19 e 26 de Setembro e dia 3 de Outubro. Mais novidades, um dia destes...

02 março, 2009

Assobio - E Depois dos Chuchurumel...


Os Chuchurumel terminaram. Mas há vida depois do fim do grupo: enquanto Julieta Santos continua com os Diabo a Sete, a outra metade dos Chuchurumel, César Prata (na foto), está a iniciar um novo projecto que segue as pisadas - sábias e seguras - dos Chuchurumel. Chama-se Assobio, grupo assim apresentado:

«ASSOBIO é sopro; um sopro musical. E sopro é vida.; a vida que passa pela cultura popular e pela sua transmissão constantemente renovada. ASSOBIO é o nome do novo projecto musical de César Prata. Após o fim de Chuchurumel, o seu anterior grupo, ASSOBIO marca a continuidade do seu trabalho com a tradição musical portuguesa, ou seja, o cruzamento da tradição com linguagens musicais dos nossos tempos. ASSOBIO é um desafio, uma constante procura de sonoridades, um caminho para a música portuguesa. ASSOBIO faz-se também com a voz carismática de Vanda Rodrigues, uma cantora surpreendentemente singular, uma voz para a música portuguesa. ASSOBIO é nome de disco e de espectáculo. ASSOBIO é uma co-produção do Teatro Municipal da Guarda e de César Prata e estreará no próximo dia 15 de Maio, no Teatro Municipal da Guarda. O espectáculo de estreia assinalará também a apresentação do CD ASSOBIO, uma edição do Teatro Municipal da Guarda. Depois... Depois vamos andar a assobiar... Por aí!

Quem assobia:
César Prata: laptop, guitarra sintetizada, ewi, guitalele, viola braguesa, ocarina, flautas, ponteira, percussões. Vanda Rodrigues: voz e percussões».

No myspace do Assobio, aqui, podem ouvir-se dois temas do álbum que aí vem: o romance «Dom Varão» e a «Cantiga da Ceifa».