30 setembro, 2008

WOMEX - Concertos Para Todos os Gostos


A WOMEX - a maior feira/festival de world music do... mundo - decorre este ano mais uma vez em Sevilha, de 29 de Outubro a 2 de Novembro. Com inúmeros concertos, sessões de DJ e showcases - onde se destaca, pelo lado português, a presença de Camané - que o camarada Luís Rei já fez o favor de compilar, nas Crónicas da Terra, e que aqui se transcrevem:

«Quinta-feira, dia 30:

showcases diurnos (FIBES)

- Liu Fang (China/Canadá)
- Zabit Nabizade Trio (Azerbaijão)

showcases nocturnos (Teatro Lope de Vega e arredores)

- A Filetta (França)
- Alex Cuba (Cuba/Canada)
- Bassekou Kouyate & Ngoni ba (Mali)
- Cimarrón (Colômbia)
- DJ Grace Kelly (Brasil/Alemanha)
- Fatima Spar & The Freedom Fries
(Turquia/Bulgária/Ucrânia/Sérvia/Áustria)
- Kalman Balogh Gypsy Cimbalom Band (Hungria)
- Les Amazones de Guinée (Guiné-Conacri)
- Speed Caravan (Argélia/Marrocos/França)
- Staff Benda Bilili (Congo-Kinshasa)

Tenda off-womex
- Gong Myoung (Coreia do Sul)
- Meddy Gerville (Ilha Reunião)
- Sofia Jannok (Suécia / Lapónia)

Sexta-feira, dia 31

showcases diúrnos (FIBES)
- Jouhiorkesteri (Finlândia)
- Ólöf Arnalds (Islândia)

showcases nocturnos (Teatro Lope de Vega e arredores)

- Aurelio Martinez (Honduras)
- Camané (na foto de Augusto Brázio)
- David Walters (França)
- DJ Ishtar (Irão/Holanda)
- LA-33 (Colômbia)
- Magnifico (Eslovénia)
- Mike Marshall & Darol Anger with Väsen (EUA/Suécia)
- Ramiro Musotto & Orchestra Sudaka (Argentina/Brasil)
- Suzanna Owiyo (Quénia)
- Tumi and the Volume (África do Sul/Moçambique)

Tenda off-womex
- Dorantes (Espanha)
- Mastretta (Espanha)
- Peret (Espanha)

Sábado, dia 1 de Novembro

showcases diúrnos (FIBES)
- Beats in the Heart of Orient (Irão/Índia/Grécia/França)
- Salamat Sadikova (Quirziguistão)

showcases nocturnos (Teatro Lope de Vega e arredores)
- Astillero (Argentina)
- Bako Dagnon (Mali)
- Bedouin Jerry Can Band (Egipto)
- Enzo Avitabile & I Bottari (Itália)
- Mo DJ (Mali)
- Sidestepper (Colômbia)
- Tomás de Perrate (Espanha)

Tenda off-womex
- Andreia Dias (Brasil)
- La Pupuña (Brasil)
- Mundo Livre S/A (Brasil)

Domingo, dia 2 de Novembro

showcases diúrno (FIBES)
- Vencedor do prémio WOMEX 08: Muzsikás (Hungria; na foto, com a cantora Mária Petrás)»

26 setembro, 2008

Festival do Chícharo com O'QueStrada, Amélia Muge, Roncos do Diabo, Meleche Mechaya...


A comida - e, já agora, a bebida - sempre foi uma boa desculpa para juntar amigos à volta de uma mesa e, para acompanhar, pô-los a ouvir boa música. Transpondo o conceito para um espaço mais alargado, o já tradicional Festival Gastronómico do Chícharo - que decorre em Alvaiázere de 3 a 5 de Outubro - junta aos pratos feitos à base desta leguminosa típica da região uma bela ementa de concertos em que são protagonistas, este ano, Amélia Muge, Roncos do Diabo, O'QueStrada (na foto, de Pedro Figueiredo), Canto da Terra, Melech Mechaya, os Pauliteiros de Miranda, o grupo reggae Jahvai e até uma homengame à cantora de jazz Nina Simone. E com outras actividades no programa - teatro, DJing, jogos tradicionais, arruadas - como se pode ver a seguir, consultando o programa completo:

«VI FESTIVAL GASTRONÓMICO
“ALVAIÁZERE CAPITAL DO CHÍCHARO”

DE 3 A 5 DE OUTUBRO DE 2008

PROGRAMA

Dia 03 de Outubro (sexta-feira)

15h30 – Teatro “VALDEVINOS”
Marionetas/ Fantoches
(Tenda Parque Multiusos)

19h30- “Tributo a Nina Simone” (Rabiscuits em Alvaiázere)
(Paços do Município)

20h30 – Prova de Chícharo
Cantares à Desgarrada e ao Desafio
(Paços do Município)

22h30 - Concertos
.OQUESTRADA
.MELECH MECHAYA
-DJ’s SCILICET
- (Tenda Parque Multiusos)
Animação de Rua: TOMÉ/MISCAROS

Dia 04 de Outubro (sábado)

09h00- Abertura do Mercado de Produtos Regionais
(Mercado Municipal)

10h00 – Teatro “VALDEVINOS”
(Tenda Parque Multiusos)

10h30- Oficina: Colheita, Selecção e Conservação de Sementes (Colher para
Semear)
(Mercado Municipal)

11h00- Inauguração Oficial do Festival
(Casa Municipal da Cultura)

11h30- Visita às Exposições

12h30 – Animação de Rua “Companhia Marimbondo”

14h30 – II “Burripaper” do Chícharo
(Parque Multiusos)

15h45- Recriação de sala de aula do Estado Novo
Jogos Tradicionais
Participação do Rancho Folclórico da Freguesia de Pussos
(Museu Municipal de Alvaiázere)

16h30 –Lançamento de Livros
▪ Almoster- Monografia 3, de Jacinto M.G. Nunes
▪ Vidas e Ofícios- I Volume, de Carlos Laranjeira Craveiro
(Casa Municipal da Cultura)

17h30 - Colóquio: “Qual agricultura?...Qual Carapuça?... Que Futuro?...”
(Casa Municipal da Cultura)

18h00- Oficina: Fornos Solares (Tamera)
(Parque Multiusos)

18h30- Danças de Salão (demonstração)
(Tenda Parque Multiusos)

20h00- TEATRO EVOÉ
Alunos de Formação de actores e Interpretação do Espaço Evoé
“Na Feira”, encenação de Suzana Cecílio, a partir de um texto de Teresa
Rita Lopes
(Parque Multiusos)

21h30 – Recital: AMÉLIA MUGE
(Casa Municipal da Cultura)

22h00- Cli-xé - “Produto” (Rabiscuits em Alvaiázere)
(Tenda Parque Multiusos)

23h30 – Concertos:
.Roncos do Diabo
.JAVHAI
- DJ’s SCILICET
(Tenda Parque Multiusos)
Animação de Rua: Companhia Marimbondo/ Tomé/ Míscaros

Dia 05 de Outubro (Domingo)

09h00 - III Passeio Turístico de Clássicos “Na Rota do Chícharo”
(Parque Multiusos)

10h00- Abertura do Mercado de Produtos Regionais
(Mercado Municipal)

10h15- Visitas ao Património
. À Procura dos Fornos da Cal
. Serra

10h30- Recepção à Confraria do Queijo Rabaçal
(Salão Nobre Paços do Município)

11h00 – Arruada de Bandas Filarmónicas
- Sociedade Filarmónica Penelense
- Sociedade Filarmónica Paionense
- Sociedade Filarmónica Alvaiazerense de Santa Cecília

15h00 - Encontro e Desfile de Bandas Filarmónicas
(Palco Multiusos)

15h45- Recriação de sala de aula do Estado Novo
Jogos Tradicionais
Participação do Rancho Folclórico da Freguesia de Pussos
(Museu Municipal de Alvaiázere)

16h30 – Teatro “Chichart”- “O Velho Avarento”
Grupo de Teatro de Pelmá
(Casa Municipal da Cultura)

17h30 – Canto da Terra
.Pauliteiros de Miranda
.Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho
(Tenda Parque Multiusos)

25 setembro, 2008

Cromos Raízes e Antenas XLIV


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XLIV.1 - Björk


Cantora, compositora, instrumentista, mulher de olhos e ouvidos abertos para as músicas e o mundo, Björk Guðmundsdóttir - nascida a 21 de Novembro de 1965 em Reykjavík, na Islândia - é uma das mais geniais e fundamentais artistas pop da actualidade. E uma artista que à pop - ou o que lhe queiram chamar, do rock indie às electrónicas - não se confina, abrindo o espaço da sua música à música erudita, ao experimentalismo, à world music. Tem colaborações com nomes como Hector Zazou - cantando um tema tradicional nórdico no álbum «Chansons des Mers Froids»» (1995) -, a cantora esquimó Tanya Tagaq - no álbum «Medúlla» (2004), o seu disco onde a tradição dialoga com a modernidade absoluta -, ou, mais recentemente, com o mestre maliano da kora Toumani Diabaté e os congoleses Konono Nº1 - ambos presentes em «Volta» (2007). Oiça-se «Earth Intruders», deste álbum, e oiça-se assim a world do futuro.


Cromo XLIV.2 - Gaiteiros de Lisboa


Os Gaiteiros de Lisboa (foto de Mário Pires) são o mais importante grupo de música tradicional portuguesa - e da sua renovação - dos últimos vinte anos. Com uma sabedoria funda, feita de muitos anos de estudo e de prática da música, mas com o génio suficiente para da tradição fazer uma outra coisa - viva, actual, sentida, muitas vezes divertida e selvagem, de outras de uma beleza etérea e profunda - os Gaiteiros de Lisboa nasceram em 1991, com um núcleo base formado por Paulo Marinho, Carlos Guerreiro, José Manuel David, Rui Vaz, José Salgueiro (recentemente susbstituído por José Martins) e, na altura, José Mário Branco. Já sem José Mário, o grupo alargou-se a outros músicos, como Pedro Casaes e Pedro Calado. E, ao longo destes anos, mostraram que - entre originais e adaptações de temas tradicionais, com instrumentos «normais» ou por eles construídos - a música portuguesa de raiz pode dar as árvores que se quiser.


Cromo XLIV.3 - «Éthiopiques»


Garimpeiro de discos de vinil antigos, aventureiro apaixonado pela música africana, Francis Falceto - da editora Buda Musique, baseada em Paris - é o responsável por uma das mais maravilhosas colecções que a world music já viu: a série «Éthiopiques», dedicada à reedição em CD de gravações feitas nos anos 60 e 70 por músicos da Etiópia e da Eritreia e o lançamento de alguns álbuns de originais gravados recentemente para a editora. Uma série que já ultrapassou os vinte volumes e que, entre colectâneas e álbuns inteiros dedicados a artistas específicos, deu a conhecer ao mundo artistas como Mahmoud Ahmed, Mulatu Astatke, Alemayehu Eshete, Asnaketch Worku, Tilahun Gessesse, Orchestra Ethiopia, Alemu Aga ou Getachew Mekurya. Para além da série «Éthiopiques», a Buda tem ainda outras colecções relevantes: «AfricaVision», «Ethiosonic», «Zanzibara», «Musique du Monde», «Stars de la World», «Voix du Passé», «Transes Européennes» e «Echos».

Cromo XLIV.4 - Ali Hassan Kuban



Nome pioneiro da fusão da música ocidental - nomeadamente do jazz e do funk, mas também da música cubana - com a música norte-africana, Ali Hassan Kuban (nascido em Gotha, na Núbia, em 1929; falecido em 2001) deu a esta zona do Egipto uma visibilidade musical que nunca alguém tinha conseguido até então. Dono de uma voz de excepção e um homem do seu tempo, embora sempre com um pé firme na tradição da sua região e do seu povo, Hassan Kuban introduziu guitarras eléctricas, teclas, acordeão e uma secção de metais na sua música durante os anos 50. Cantor, clarinetista, tocador de gibra (gaita-de-foles local), Ali Hassan Kuban viu o seu valor ser reconhecido internacionalmente durante os anos 90, quando actuou em festivais como o WOMAD, Midem ou o festival de jazz de Montreal. Álbuns mais relevantes: «From Nubia To Cairo» (1980), «Walk Like A Nubian» (1994) e «Nubian Magic» (1995).

24 setembro, 2008

José Mário Branco - Mudar de Vida (em Lisboa)


Falta quase um mês para os dois concertos que José Mário Branco (na foto, de Lia Costa Carvalho) vai dar na Culturgest, em Lisboa - dias 30 e 31 de Outubro - mas nunca é cedo de mais para falar neles: concertos únicos e com alguns convidados especiais, como os Gaiteiros de Lisboa, que com José Mário vão recriar aquilo que já muita gente considera como a sua nova versão do mítico «FMI»: «Mudar de Vida», estreado no Porto o ano passado e aqui apresentado pela primeira vez em Lisboa. O texto de antecipação do espectáculo explica tudo:

«Convidado pela Culturgest para criar um espectáculo único e específico para o Grande Auditório, José Mário Branco fará aquilo que sempre fez nos seus álbuns e espectáculos: uma referência – como alguém escreveu, sempre autobiográfica – ao estado em que, no seu sentir, se encontra a sociedade de que faz parte. Tomando como base o mais recente repertório, José Mário Branco decidiu optar por um formato "em tripé" para os músicos que o acompanharão em palco. Primeiro, um conjunto de músicos, todos eles excelentes intérpretes-compositores que o têm acompanhado nos últimos anos nos momentos cruciais: José Peixoto, Carlos Bica, Rui Júnior, Filipe Raposo ou Guto Lucena, instrumentistas de excepção. Segundo, como no seu álbum mais recente Resistir É Vencer (2004), a presença de um quarteto de cordas (liderado pelo jovem Luís Morais, concertino e professor em Viena) irá reforçar o pendor introspectivo que sempre existe quando José Mário Branco nos fala do mundo e da vida. E, terceiro, os convidados muito especiais deste espectáculo: os Gaiteiros de Lisboa (grupo de que José Mário Branco fez parte na sua primeira fase) irão garantir duas componentes sempre presentes na sua música, as partes corais e as percussões. Este conjunto de músicos permitirá apresentar em Lisboa (pela primeira vez, e talvez única) a canção-rap-fleuve Mudar de Vida, escrita para o concerto de Abril de 2007 na Casa da Música, no Porto. Por isso este concerto se chama Mudar de Vida - 2.

José Mário Branco é um artista do seu tempo e da sua comunidade. E este tempo é de introspecção e de eterna busca, mas também de denúncia ("Isto não é sociedade que se apresente") e de acção ("Vamos mudar de vida!")»

Mais informações, aqui.

23 setembro, 2008

«I Like It Like That» e «Sound Affects - Africa» - O Mundo Numa Mesa de Mistura


O fenómeno, global, da world music não apaixona apenas aqueles músicos, DJs e produtores que se inscrevem neste "género", que é, obviamente, não um género mas um conjunto alargadíssimo de géneros, estilos, escolas e fusões. Não é por isso de estranhar que muita gente de outras áreas como o rock, o jazz, as electrónicas visitem a world, de forma permanente e apaixonada umas vezes, como curiosidade exótica outras. Mas, seja num como noutros casos, há muitas vezes belíssimos exemplos de como se trabalham (ou re-trabalham) temas da chamada world e áreas similares com vista a um resultado final diferente, muitas vezes ainda mais dançável que o original e com um pé na world e outro nas novas linguagens musicais.

Um belíssimo exemplo disto tudo - já referido há alguns meses neste blog - é o trabalho continuado de uma verdadeira enciclopédia da world music: DJ Click, que na colectânea dupla «Flavour» convoca nomes conhecidos ou emergentes da melhor world music para dançar e, em estado puro ou em remisturas feitas por si próprio, os serve numa bandeja de prata a toda a gente que tenha curiosidade em saber que coisa é essa da world music e se essa "coisa" é ou não é o melhor que se pode dançar numa discoteca ou num festival na praia. Longe da explosão de géneros presente em «Flavour» mas igualmente bastante excitantes pelas propostas que apresentam são os outros dois discos de que se fala a seguir: «I Like It Like That» (Fania/Mr Bongo/Multidisc, *****) e «Sound Affects - Africa» (Bottletop/Mr Bongo/Multidisc, ****). O primeiro, «I Like It Like That», reúne temas originais editados pela mítica Fania Records e remisturas feitas por muita gente conhecida da actualidade (Bugz In The Attic, Louie Vega, Nicola Conté, Gilles Peterson, 4 Hero, Quantic, Bonde do Rolê...), tornando temas na sua origem já altamente dançáveis em momentos de festa pura. A Fania - editora baseada em Nova Iorque que, nos anos 60 e 70, se especializou em música latino-americana (essencialmente salsa mas também o boogaloo, o mambo, o jazz latino...) e para a qual gravaram nomes sonantes como Johnny Pacheco, Celia Cruz, Ray Barretto e Rubén Blades, entre muitos outros. E nesta colectânea, a essência latina dos temas originais está quase sempre bastante presente, apesar de algumas remisturas mais aventureiras, mas saborosíssimas, como o dub aplicado a um tema de Noro Morales por Gilles Peterson & Simbad, ou a nova vocalização em português do Brasil e batida favela funk feitas pelos Bonde do Rolê (na foto, de Manuel Nogueira) sobre um tema de Lenni Sesar.

Igualmente com os temas originais como bónus, «Sound Affects - Africa» mostra remisturas feitas por gente como Bonobo, Freeland, Way Out West, Quantic, Paul Oakenfold ou Fink para originais interessantíssimos de alguns nomes saídos do afro-beat e da juju music da Nigéria e do Gana dos anos 60 e 70, entre eles Honny and The Bees Band, Orchestra Lissanga, Yahoos, Orlando Julius ou Dele Sosimi (ele que foi dos Egypt 80, de Fela Kuti). O resultado é, quase sempre, o sublinhar elegante e respeitosos de uma música já infecciosamente dançável por si, aqui transposta para o presente e com algumas surpresas divertidas como a alusão ao... «Smells Like Teen Spirit», dos Nirvana, na remistura de «Turbulent Times» de Dele Sosimi feita por Paul Oakenfold.

(Texto originalmente publicado, com ligeiras alterações, na «Time Out Lisboa» em Julho passado)

22 setembro, 2008

Anamnesis - A Tradição Também é Som e Imagem


Filmes, concertos, workshops, VJing, interacção... - é disto e do resto que se verá e ouvirá que é feita a segunda edição do festival Anamnesis, que decorre em Vimioso, Trás-os-Montes, este fim-de-semana. Um festival atípico em que novas e nem por isso assim tão novas tecnologias (o Cinema já ultrapassou a barreira dos cem anos) dialogam com as mais fundas tradições e em que, desta vez, são os rios e a água que transportam as memórias. As intenções e o programa, nos parágrafos seguintes:


«Nesta segunda edição do ANAMNESIS, escolhemos a água como tema de fundo para o encontro. A nossa origem é líquida, a água é um elemento primordial, fonte de vida. As analogias são várias. A água transporta em si a memória da humanidade… os rios foram os berços da humanidade, todas as lendas da criação provem do universo líquido.

Na programação deste ano privilegiamos este elemento. Em colaboração com a associação Binaural promovemos uma oficina de recolha e tratamento de sons dos rios e da importância da água para as populações locais, encaramos o rio Angueira como a personagem principal e seguimos a sua voz ao longo do vale.

Nas palestras teremos a oportunidade de conhecer o trabalho de investigadores e promotores que se ocupam de recolhas da tradição oral e da patrimonialização das paisagens culturais relativas aos cursos de água. O caso do Arq. Nuno Martins do Parque Patrimonial do Rio Mondego, Vítor Casas investigador e divulgador incansável da cultura popular do noroeste peninsular, que presentemente se tem ocupado da memória dos usos humanos dos rios.

Nos filmes programados, voltamo-nos a focar na memória como dispositivo cinematográfico. Em Balaou de Gonçalo Tocha, uma viagem através do atlântico serve de apaziguamento para memórias mais dolorosas. Adán Aliaga filma de forma expressiva a relação entre uma avó e a sua neta e os seus diferentes pontos de vista sobre a mudança da paisagem no filme a Casa de mi abuela, obra de uma força poética irresistível.

Proporcionamos também um concerto num cenário fantástico, no castelo medieval de Algoso que contempla o Planalto Mirandês dum penhasco inantingivel. Um concerto com um bardo contemporâneo um cantautor da nova música portuguesa, Bernardo Fachada (na foto, de Vera Marmelo) que ao vivo musicará os filmes perdidos em super8 dos anos 70 do cineasta amador José Madeira, prestando assim a nossa homenagem a um trabalho desconhecido de um homem bastante preocupado com a memória. O seu filme Arroz Negro, sobre as plantações de arroz no Mondego foi vencedor de vários prémios internacionais em festivais de cinema amador, infelizmente ignorado entre nós.

Tendo como mote a capacidade anamnésica do cinema, cremos que é urgente recuperar o que se julgava esquecido, sejam histórias locais, do quotidiano ou mitos da criação de universos oníricos e longínquos. Neste espaço cabe tudo, ficção, documentário, animação, vídeo-arte, porque a capacidade de contar não tem limites, apenas a criatividade limita.

O património imaterial, a memória oral surge mais uma vez com toda a sua força visual, pois a forma como se conta a história é tão importante como a história em si. E isso não cabe na história escrita.

Continuamos a acreditar que a imaginação é mais forte que o conhecimento, por isso oferece estes frutos cinematográficos. Também por essa razão escolhemos um castelo medieval, numa aldeia do nordeste transmontano para os mostrar, pelos que aqui vivem, e por aqueles que terão coragem de ousar descobrir a região e os filmes…

Apesar da memória, do passado e da ancestralidade, não queremos pensar Trás-os-Montes como um espaço arcaico, queremos pensá-lo e sobretudo praticá-lo como lugar de futuro, reconhecendo a contemporaneidade do seu passado.

A presente programação é concebida como um processo, um caminho a percorrer. Não é fechada, procura a partilha e sobretudo a informalidade, quase um sentido comum, de fazer arte e de viver.



SEXTA FEIRA 26 Setembro de 2008

20h30 Vale d’Algoso

Recepção dos convidados

Apresentação do Encontro

21h00 Vale d’Algoso

Casa de mi abuela

La Casa de Mi Abuela

La Casa de mi abuela en la peculiar relacion que Marina, una nina de 6 anos, impulsiva e irreverente, tiene con Marita, su abuela de 75 anos. La rancia educacion a la que la abuela somete a la nina, provoca que esta se rebele no solo contra ella, sino contra todo aquel que intente corregir su comportamiento. A lo largo de varios anos se reconstruye la vida y costumbres de una familia, dejando al descubierto emociones y conflictos.

Adan Aliaga (2005), 80 min, Espagna

Filmography Adan Aliaga

La casa de mi abuela (2005)

Karlitos (2003)

Jaibo (2000)

Diana (1998)

No me jodas que tu no la haces (1995)

SABADO 27 Setembro de 2008

9h00 Castelo de ALGOSO

Officina Binaural: SINTONIZAR OS OUVIDOS E COMPOR COM OS SONS DO MUNDO


No nosso mundo moderno hiper-visual, onde somos constantemente bombardeados
por informação visual - televisão, publicidade, etc. - esquecemo-nos
frequentemente de como ouvir. Os participantes no workshop serão guiados a
³re-sintonizar² os seus ouvidos para dirigir a atenção ao mundo sonoro
extremamente rico que os rodeia, a escutar activamente e de forma
imaginativa, e não apenas a ouvir passivamente. Eles irão depois usar os
seus ouvidos e novas ferramentas tecnológicas para criar uma composição
sonora usando o mundo envolvente como instrumento.

O laboratório será conduzido por dois artistas especializados na várias
áreas em jogo (gravação de sons, processamento digital de áudio e composição
musical por computador) e propõe uma abordagem de aplicação prática imediata
dos conceitos e ferramentas, através do desenvolvimento de um projecto final
que incluirá contribuições de todos os participantes.

Officina organzado pela Associação Binaural.

http://www.binauralmedia.org/



13h00 Almoço no centro de Algoso

(Inscrição local)

14h30 Centro de Algoso

Officina Binaural: SINTONIZAR OS OUVIDOS E COMPOR COM OS SONS DO MUNDO

17h30 Castelo Algoso

Aperitivo com a aldeia de Algoso

Neste momento, queremos convidar a aldeia de Algoso nas nossas actividas e o “seu” Castelo. Um aperitivo vai ser ofrecido antes o concerto de as 18h.

18h00 Concerto B Fachada + Filmes José Madeira


19h30 Jantar no Castelo de Algoso

21h00 Castelo de Algoso

Balaou de Gonçalo Tocha

23h Bal no Castelo de Algoso + VJ TIAGO PEREIRA

As 23h o castelo transforma-se numa discotheca medieval... A mixture between tradition and modern technologies, a soup with gaiteiros e um VJ, uma mixtura picante…

VJ Tiago Pereira:

As tecnologias podem ajudar-nos a combater a cine tirania das salas fechadas de luzes apagadas, é possivel o realizador estar lá e apresentar o filme com
luz, com a sua presença e ir mudando a história conforme a reacção das
audiências, como algumas tribos africanas, isso muda tudo, o vj passa
a realizador e vice versa, as potencialidades criativas aumentam e o
lado humano fica mais próximo, quem fez o filme está lá bem perto do
público e ele faz parte da criação.

DOMINGO 28 Setembro de 2008

09h00 Vale d’Algoso – Casa Tourismo Rural

Introdução – Reunião inicial

09h15 Palestra I: Os rios e os seus usos humanos

10h30 Intervallo


11h00Palestra III: Mondego

13h Almoço Vale d’Algoso


14h30 Exibição dos resultados da officina Binaural

16h00 Enceramento»

Mais informações, aqui.

19 setembro, 2008

Hertha - Ainda Mais Dança no Contagiarte


A terceira edição do festival Hertha - Encontro de Sons e Danças do Mundo volta a ocupar o Contagiarte, Porto, no final deste mês. E, desta vez, com workshops de LuJong, danças ciganas, dança africana tribal, dança clássica indiana, dança cabo-verdiana e didgeridoo, um concerto de taças tibetanas e outro de didgeridoo (por Renato, dos OliveTree), as «Noites Folk» do camarada Osga e um baile de danças tradicionais europeias pelos Bailebúrdia. Aqui em baixo segue o programa completo:

«HERTHA

III ENCONTRO DE SONS E DANÇAS DO MUNDO

25, 26 e 27 de Setembro 2008



PROGRAMA:

Dia 25, Quinta-feira:

16h às 18h – Workshop de LuJong por Ana Taboada

Bióloga, massagista em Terapias Orientais, Professora de Yoga Integral e Lu Jong, Monitora de Workshops & Concertos de Sons Sagrados do Oriente em Taças Tibetanas & Gongos.

Lu Jong é uma expressão tibetana que significa, literalmente, treino (Jong) do corpo (Lu), ou movimento do corpo.
Há milhares de anos atrás, os eremitas, que viviam em remotos lugares nas montanhas, longe de qualquer ajuda médica, sentiram necessidade, de criar técnicas de auto-tratamento, que os ajudassem a equilibrar todo o corpo, trabalhando os vários meridianos, os vários órgãos e os vários membros. Assim, com base nos ensinamentos da Medicina Tradicional Tibetana, que eles possuíam, desenvolveu-se o Lu Jong. Conservado e transmitido nos numerosos mosteiros budistas como uma técnica secreta tântrica da tradição Vajrayana que se ensinava e praticava entre os monges budistas.
Pensa-se, portanto, que suas origens são anteriores ao Yoga e ao Chi-Kung, na tradição Bon (religião xamane indígena do Tibete).

http://anataboada.blogspot.com

18h30 às 20h30 – Workshop de Danças Ciganas/Balkan Beat por Mónica Roncon

Este workshop inspirar-se-á nas danças ciganas dos Balcãs e da Roménia

Não só estudaremos a técnica, mas também e sobretudo, como aplicar esta técnica ao nosso estilo pessoal, realizando exercícios de expressão, improvisação e criatividade, numa procura de autonomia e autenticidade no movimento. Cedo deixaremos as formas, para alterar os seus códigos, transformando-os e criando novas possibilidades de linguagem e comunicação. Tudo isto, num ambiente rigoroso mas lúdico, fiel à perspectiva Duende da vida e da dança, ao som dos mais loucos ritmos dos Balcãs….

www.danzaduende.org

www.madrugada-cigana.com/monicaroncon


NOITE: Concerto de Taças Tibetanas por Ana Taboada

Solo de Dança Cigana por Mónica Roncon.

“Noites Folk”


Dia 26, Sexta-feira:

16h às 18h – Workshop de Dança Africana Tribal por Marc N’Dannou

Marc N’Dannou espalha as Danças Africanas Tribais, nomeadamente as de Togo, á anos por Portugal e Estrangeiro.

Pelas suas classes passaram já inúmeros bailarinos de renome e centenas de pessoas que pretendem sentir e apre(e)nder o calor das Danças Africanas que Marc transporta consigo.

Desta vez é no Porto a oportunidade de dançar e sorrir ao som dos ritmos africanos.


18h30m às 20h30m – Workshop de Dança clássica Indiana – Odissi, por Diana Rego

Odissi é o nome da dança do este da Índia; Inicialmente esta dança era realizada dentro dos templos de Orissa, como uma das principais oferendas a deus.

Odissi é caracterizado pelos seus movimentos suaves e líricos contrastando com outros exactos e precisos. Tem um forte lado feminino, devocional, belo e vasta qualidade expressiva, assim como um intricado trabalho rítmico acompanhado pelo pakawaj drum, que é seguido lealmente pelo “sapateado a pé descalço “do bailarino.

Esta dança é uma meditação em movimento

o corpo torna-se uma escultura e dança

contando as historias da mitologia Hindu

Este curso é ainda de interesse para todo o tipo de bailarino e performer pois há um forte trabalho de consciência corporal, rítmica e expressiva (teatral).


http://dianadi-dance.blogspot.com

www.myspace.com/dianadi_dance


NOITE: Solo de Dança Indiana por Diana Rego.

Selecta Clandestino.



Dia 27, Sábado:

16h às 18h – Workshop de Danças Cabo-Verdianas por Tony Tavares


Foi em Cabo Verde, mais exactamente em São Vicente que António Tavares (na foto) iniciou o seu trabalho na área da dança, como bailarino do grupo Mindel Stars. Com este grupo faz a sua primeira digressão internacional em 1986, passando pela Holanda, Senegal, França e Macau. Em 1991 funda os grupos Crêtcheu e Compasso Pilon, desenvolvendo um trabalho de pesquisa sobre a dança africana e, principalmente, as danças tradicionais cabo-verdianas.

Pouco depois, recebe uma bolsa de estudo do Atelier Mar e vem para Portugal, onde estuda na Escola Superior de Dança e na Escola de Artes e Ofícios do Espectáculo, onde acaba também por leccionar. Além de trabalhar com importantes coreógrafos portugueses - entre outros, com Olga Roriz, Aldara Bizarro, Francisco Camacho, Rui Nunes e José Laginha - desenvolve ao mesmo tempo os seus próprios trabalhos como coreógrafo e bailarino, seguindo uma linha de criação que se poderia designar por afro-contemporânea.

18h30m às 20h30 – Workshop de Didgeridoo por Renato – OliveTreeDance

Renato Oliveira é membro e fundador dos “OliveTreeDance”. Na sua carreira conta já com inúmeras participações com os mais reconhecidos profissionais de Didgeridoo e actuações por todo o mundo.

Reconhecido pelo talento, pela energia e pela técnica, Renato traz neste Workshop um momento de partilha para todos os que quiserem entrar em contacto e comunicar através de um dos instrumentos mais ancestrais que perduram nos nossos tempos.

www.myspace.com/olivetreedance

NOITE: Live Act de Didgeridoo por Renato – OliveTreeDance

Baile de tradição Europeia com os BAILEBÚRDIA


NOTA:

TODOS OS WORKSHOPS SÃO DE NIVEL ABERTO E DIRIGIDOS A HOMENS E MULHERES DE TODAS AS IDADES».

Os workshops podem fazer-se pelo simbólico valor de 30 euros.

Mais informações, aqui e aqui.

18 setembro, 2008

Festival Chocalhos - Alpedrinha Fica Cheia de Música


A edição deste ano do Chocalhos - Festival dos Caminhos da Transumância volta a encher de música as ruas de Alpedrinha. Também com uma forte aposta no teatro e em outras áreas culturais, este festival que começa já amanhã apresenta concertos com os OliveTree, Velha Gaiteira, No Mazurka Band (na foto, de Carlos Daniel Abrunheiro), Milho Verde, Tok’Avacalhar, Tamborinos Muy Gentil e Ishbarian Bagpipes, entre outros. Programa completo, a seguir:

«Chocalhos 2008 - Festival dos Caminhos da Transumância
De 19 a 21 de Setembro em Alpedrinha - Fundão

Programa

A partir de 18 de Setembro | Moagem

[Instalação]
TAPETE DE LÃ DE GRANDES DIMENSÕES

Resultado da oficina de feltro desenvolvida pela Colecção B em co-produção com o Chocalhos - Festival dos Caminhos da Transumância, onde o feltro é utilizado na criação de um tapete de grandes dimensões, envolvendo participantes voluntários e integrando depois uma espécie de dispositivo cenográfico.

Inauguração 18 de Setembro - 21H30

Co-Produção:Colecção B e Chocalhos- Festival dos Caminhos da Transumância
Inserido no Chocalhos 2008-Festival dos Caminhos da Transumância

18 de Setembro | 22h00 | Blackbox da Moagem
19 de Setembro | 14h30 | Blackbox da Moagem (escolas)

[Teatro de objectos]
“OS FIOS QUE A LÃ TECE

A terceira criação da Quarta Parede - Associação de Artes Performativas da Covilhã, “Os fios que a lã tece é um espectáculo concebido a partir do universo da lã, que nos transporta desde os tempos mais remotos do aparecimento da Covilhã e da indústria de lanifícios até ao presente. Os “fios” são os condutores da História e das estórias que marcaram a região e a vida das pessoas “tecidos” neste espectáculo de teatro de objectos. Cada um destes objectos acompanha memórias de vidas, de pessoas, de vivências, que cada um projectou ou projectará de certo nas suas vidas.

FICHA ARTÍSTICA:
Rui Sena_direcção, concepção, desenho de luz, investigação, fotografias
Jeannine Trévidic_performer, investigação, fotografias
Sílvia Ferreira_performer, investigação, fotografias
Joana Marques_espaço cénico e realização plástica dos adereços
Celina Gonçalves_produção
Inês Pombo_assistente de produção, comunicação social
Defski_desenho da banda sonora, recolha de sons
Sebastião Pimenta_concepção plástica das chaminés em barro
Catarina Arnaut_concepção e execução do rebanho
Pedro Rodrigues_fotografia de incêndios
Colaboração de músicos da Banda da Covilhã:
José Eduardo Cavaco_Clarinete
Ricardo Conde_Trompa
Micael Teixeira_Bombardino
Vítor Silva_Tuba
Género: teatro de objectos | instalação
Classificação etária: maiores de 6 anos
Duração: 45 minutos

Nº de pessoas em digressão: 4 pessoas
Produção: Quarta Parede Associação de Artes Performativas da Covilhã

19 Setembro | Concertos – Animação de rua - Tasquinhas

19h00 | ruas de Alpedrinha
Abertura com Zabumbas de Alpedrinha
DESFILE com Pifaradas de Álvaro | Bombos do Alcaide
Tok’Avacalhar | Acordeonistas | Tuna | Velha Gaiteira (gaita de foles)
ISHBARIAN BAGPIPES (gaita de foles) |Rancho Folclórico da Soalheira
Cantares ao desafio
22h00 | Alpedrinha - Largo da Fontainha [Concerto]
NO MAZURKA BAND

20 Setembro |Concertos – Animação de rua - Tasquinhas

10h30 | ruas de Alpedrinha
Arruada pelos Chocalheiros de Vila Verde de Ficalhos
Arruada pelo grupo de Concertinas da Barrenta
DESFILE com Zabumbas de Alpedrinha | Bombos do Alcaide |
Concertinas da Barrenta | Chocalheiros de Vila Verde de Ficalhos
Tok’Avacalhar | Tuna | Rancho Folclórico de Alpedrinha
Cotas Club (Jazz) | Grupo de Música Popular de Alpedrinha | Cantares ao desafio
Grupo de Música Popular de Alpedrinha | Cantares ao desafio
Velha Gaiteira (gaita de foles) | ISHBARIAN BAGPIPES (gaita de foles)
18h30 | Alpedrinha - Capela do Leão
LANÇAMENTO DO LIVRO
“Gardunha: Silêncios de Granito” de Paula Silva
21h30 | Alpedrinha – Capela do Leão
LANÇAMENTO DE CD
De poesia Alentejana de Rosa Dias
“Gardunha: Silêncios de Granito” de Paula Silva
22h00 | Alpedrinha - Largo da Fontainha [Concerto]
MILHO VERDE
24h00 | Alpedrinha - Largo da Fontainha [Concerto]
OLIVETREE

21 Setembro | Concertos – Animação de rua - Tasquinhas

08h00 | Fundão - Alpedrinha
CAMINHADA COM REBANHO
11h00 | Fundão - Alpedrinha
DESFILE DE CÃES DE GADO
Arruada pelos Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho e Concertinas da Barrenta
16h00 | Alpedrinha - Capela do Leão [Colóquio]
CONVERSAS TRANSUMANTES
Dirigidas por Maria João Centeno,
com José Alberto Ferreira (Festival Escrita na Paisagem),
Manuel Sanchez Ambrosio (Festival Pán) e Rui Sena (Quarta Parede)
17h30 | Alpedrinha
DESFILE com: Zabumbas de Alpedrinha | Bombos do Barco
Bombos do Alcaide | Tok’Avacalhar | ISHBARIAN BAGPIPES (gaita de foles)
Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho | Grupo de concertinas da Barrenta
Rancho Folclórico | Tuna
21h30 | Igreja Matriz [Concerto]
TAMBORINOS MUY GENTIL».

Mais informações, aqui.

17 setembro, 2008

OuTonalidades - Por Portugal Inteiro (E na Galiza Também)


O fabuloso festival itinerante OuTonalidades está a crescer cada vez mais e agora até já chega à... Galiza. Com dezenas de concertos de norte a sul de Portugal protagonizados por grupos portugueses e galegos e o salto de vários grupos portugueses para o lado de lá do Rio Minho. Mas o melhor mesmo é ler o comunicado da organização, que explica tudo:

«10 Outubro a 20 Dezembro 2008

Circuito “OuTonalidades”, à 12ª edição, estende-se à Galiza!
Maior roteiro de sempre também em Portugal.

Aguada de Cima, Águeda, Allariz, Aveiro, Bueu, Estarreja, Évora, Ferrol, Chaves, Fundão, Guarda, Lisboa, Lugo, Melide, Nígran, O Grove, Paços de Ferreira, Tondela, Tavira

O OuTonalidades, à 12ª edição, não bastando estender a sua implantação a quase toda a geografia nacional, literalmente de norte a sul, passa a integrar também a Galiza no seu roteiro. Mais de uma vintena de grupos portugueses e galegos, de vários géneros musicais, garantirão quase sessenta concertos, em Portugal e na Galiza, durante as onze semanas de duração do evento, que atravessa todo o Outono. Inicia a 10 Outubro, simultaneamente em Águeda e Lisboa. Nas semanas seguintes, o roteiro espalha-se do topo norte da Galiza (Ferrol) até plena costa algarvia (Tavira), passando por espaços de música ao vivo de 19 vilas e cidades.

A d’Orfeu Associação Cultural, promotora desde sempre do OuTonalidades, estabeleceu um convénio com a AGADIC – Axencia Galega das Industrias Culturais (anterior IGAEM) que garante o inédito alargamento do evento à Galiza. Da cooperação entre o OuTonalidades e a Rede Galega de Música ao Vivo, circuito congénere que é coordenado pela Clubtura, também entidade parceira deste acordo estratégico, haverá canal directo para a participação de 6 grupos portugueses na Galiza, bem como à presença de 5 grupos galegos no circuito português, num total de 36 concertos em regime de intercâmbio, dos 59 concertos programados nesta 12ª edição.

O OuTonalidades, um enorme palco de oportunidades em franca expansão geográfica ano após ano, estimula o sentido de rede, partilhando pequenos espectáculos em pequenos espaços, nomeadamente cafés-concerto, bares associativos e outros espaços de música ao vivo. É um evento dedicado ao pequeno formato, mas com o envolvimento e visibilidade dos grandes acontecimentos. Não se tratando de um festival de bares com música, o Outonalidades é antes um festival de música nos bares. A evolução do circuito reforça essa ideia e estimula o cruzamento de esforços de muita da programação independente em Portugal e Galiza.

O cartaz desta 12ª edição, de um ecletismo invejável, apresenta 22 grupos, entre portugueses e galegos, de genéros que vão do jazz ao tradicional, do rock ao fado, do ska aos blues, do experimental às músicas do mundo. O OuTonalidades reforça a sua rede de parcerias, num circuito que dá palco à música ao vivo nas noites de Outono. A festa e a diversidade são marcas distintivas das programações do OuTonalidades, evento rotativo de música ao vivo que começou por ser, há doze anos, um pequeno circuito local de bares em Águeda, cidade que continua a ser epicentro do circuito agora luso-galaico. Com as várias adesões a norte e a sul, também em Portugal o evento cresce e já chega este ano a nove distritos (mais um que na última edição): Vila Real, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Lisboa, Évora e Faro.

Aos grupos é anualmente feito convite para integrar um circuito cada vez mais alargado, o que significa, por isso, mais oportunidades. O OuTonalidades promove, em cada nova edição, a circulação e visibilidade de muitos grupos numa grande rede, com uma divulgação cruzada que se estende a todo o território abrangido pelo roteiro, no qual é cada vez mais certo encontrar projectos artísticos de qualidade.

Toda a programação do 12º OuTonalidades está disponível em www.dorfeu.com, o sítio internet da d’Orfeu Associação Cultural, e no myspace do evento em http://www.myspace.com/outonalidades08, onde é possível aceder às apresentações de todos os espaços e de todos os grupos participantes.

Os Municípios de Águeda, Estarreja e Tavira são apoiantes oficiais desta 12º edição, além do Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes e de vários outros organismos. Na Galiza, a AGADIC e a Clubtura são os parceiros oficiais do evento. A extensão galega conta ainda com o apoio do Instituto Camões. O OuTonalidades®, que é Marca Nacional Registada enquanto evento cultural, é reconhecido como actividade de Superior Interesse Cultural pelo Ministério da Cultura desde 2003.

Com um OuTonalidades assim, escolha o roteiro e viva o Outono a cores!

ESPAÇOS ADERENTES

PORTUGAL
Bar do Cine-Teatro de Estarreja
Bar do Novo Ciclo ACERT (Tondela)
Bar do Teatro Aveirense (Aveiro)
Café-Concerto do Teatro Municipal da Guarda
Casa da Eira (Paços de Ferreira)
Casa do Povo de Santo Estêvão (Tavira)
Centro Cultural da LAAC (Aguada de Cima)
Espaço Celeiros (Évora)
Espaço d’Orfeu (Águeda)
Lounge da Casa da Moagem (Fundão)
Sala Multiusos do Centro Cultural de Chaves
Teatro Ibérico (Lisboa)

GALIZA
Aturuxo (Bueu)
Café Cultural Roi Xordo (Allariz)
Clandestino (Nigrán)
Clavicémbalo (Lugo)
Náutico (O Grove)
Pub Gatos (Melide)
Sala Run Rum (Ferrol)


GRUPOS PARTICIPANTES

GALEGOS
A Tuna Rastafari
Bukowski Blues Trío?
Carlos López Quartet
Moondogs Blues Party
Niño y Pistola

PORTUGUESES

Banda Polk
Canções do Ceguinho
Comcordas
Fado Falado
João Gentil e Luís Formiga *
Lufa-Lufa
Mu *
Pé na Terra
Quarteto Sofia Ribeiro e Gui Duvignau *
Quimera Quinteto
Rockabillyo
Rui Pedro *
Samuel Quinto Trio
Toques do Caramulo * (na foto)
Trisonte
Txikiss
Uxu Kalhus *

* grupos portugueses com concertos programados na Galiza

NÚMEROS DESTA 12ª EDIÇÃO

21 concertos de 6 grupos portugueses na Galiza
15 concertos de 5 grupos galegos em Portugal
circuito total de 19 espaços (12 em Portugal e 7 na Galiza)
total de 59 concertos de 22 grupos em todo o circuito».

Mais informações aqui.

16 setembro, 2008

Música Nigeriana - Highlife (Para Além do Afrobeat)


Repescando um texto escrito há alguns meses para a revista «Time Out Lisboa», aqui aconselho - já pareço o Dr. Marcelo a falar! - uma fantástica colectânea de música nigeriana centrada essencialmente no highlife feito fora de Lagos nos anos 70 - o mesmo highlife que nasceu no Gana mas que se espalhou rapidamente por países vizinhos, como a Nigéria. E ainda há mais colectâneas valiosas da mesma safra - a valorosa editora inglesa Soundway - de onde esta veio...

VÁRIOS
«NIGERIA SPECIAL»
Soundway/Sabotage

Editora especializada em músicas africanas - mas também com um pezinho noutros lados, como a Colômbia -, a Soundway tem-nos dado excelentes colectâneas em que os seus pesquisadores vão à arca do vinil buscar canções esquecidas da Gâmbia, do Benim ou da Nigéria (é dela, também, a colectânea «Nigeria Disco Funk Special» ou a valiosíssima «Ghana Soundz»). Neste duplo, «Nigeria Special - Modern Highlife, Afro-Sounds & Nigerian Blues - 1970-6», agrupa quase três dezenas de gravações feitas na primeira metade dos anos 70 na Nigéria, recuperadas para a luz por Miles Cleret - o patrão da Soundway -, com a ajuda de vários músicos nigerianos actuais. Centrada essencialmente na produção musical feita fora de Lagos - não há aqui lugar, por exemplo, para o afro-beat de Fela Kuti (embora por aqui ande o afro-beat de músicos que com ele colaboraram, reunidos nos The Don Isaac Ezekiel Combination) -, «Nigeria Special» traz consigo as excitantes fusões de muitas músicas locais, com predominância para o highlife - estilo cujas guitarradas tanto influenciaram os Talking Heads ou, mais recentemente, os Vampire Weekend - com ritmos ocidentais como o rock, o funk, a soul, o jazz, numa enorme festa de géneros cruzados e com uma música ainda fresquíssima e actual. E ainda mergulhando, por vezes, bem fundo na tradição, como em «Oja Omoba», de Dele Ojo & His Star Brothers Band. Gravados numa altura em que a Nigéria estava na ressaca da guerra no Biafra, os temas presentes em «Nigeria Special» são assinados por músicos orgulhosos das suas raízes e do seu país - vejam-se nomes como Celestine Ukwu & His Philosophers National (na foto que encabeça este post), The Sahara All Stars of Jos, Dan Satch & His Atomic & Dance Band of Aba, George Akaeze & His Augmented Hits ou Bola Johnson & His Easy Life Top Beats. E com toda a razão. (*****)

15 setembro, 2008

Planície Mediterrânica - Onde o Sul Faz A Curva


Fui, pela primeira vez, ao Festival Planície Mediterrânica e... arrependo-me agora de nunca lá ter ido antes! Para já, e para começar, Castro Verde é uma terra lindíssima e acolhedora, em que o branco das paredes é mesmo branco, em que a comida é sempre uma delícia (só no Restaurante D.Afonso I deliciei-me com umas belas migas com entrecosto, um delicioso ensopado de borrego e um coelho frito que estava divinal!), em que boa parte da vila parece um museu vivo - quase lado a lado estão o Centro de Escultura, o Museu da Ruralidade, o Fórum, o Cine-Teatro, várias igrejas e... bares, dando gosto andar por lá, mais a mais numa altura em que Castro Verde está cheia de música... E de muito boa música!... Este ano - e dos concertos que vi do festival - o meu destaque absoluto vai para a Med'Set Orkestra (na foto, de Paulo Martins), um exercício de fusão exemplarmente bem conseguido de várias músicas mediterrânicas - do fado ao flamenco, do klezmer à música árabe, da música sefardita à canção siciliana -, onde brilham o cantor argelino Akim El Sikameya (também magistral no oud e no violino), a cantora espanhola Mara Aranda (ex-L'Ham de Foc), a cantora siciliana Rita Botto, o português Custódio Castelo (cuja guitarra passeou livremente, num belíssimo solo, entre Lisboa e Coimbra) e o acordeonista italiano Riccardo Tesi (dono de outro solo genial, na interpretação do seu tema «Marock»); o grupo Violas Campaniças - com o mestre Manuel Bento, acompanhado por duas cantoras, a mostrar a velha arte da viola campaniça, cujo som e música faz lembrar, e tanto!, o nordeste brasileiro; a No Mazurka Band e os cada vez mais apurados em timbres e envoltos num bom-gosto enorme Dancing Strings, a mandar os bailes; os divertidíssimos e ensaiadíssimos Farra Fanfarra; a singela mas lindíssima demonstração de flauta de tamborileiro de Diogo Leal; o arrepio pela espinha que é ouvir o pouco conhecido mas fabuloso grupo de cante alentejano Os Cardadores da Sete; a cantora marroquina Samira Kadiri com os Arabesque; os sempre bem-dispostos foliões espanhóis La Comparsa (com o seu flamenco... alegre, dado em jeito de tuna); e, completamente fora do programa, uma dupla de DJs - Luís e Fernando Cabrita - que animaram uma das noites do bar em frente ao Cine-Teatro com uma selecção fabulosa de world music onde couberam os Gaiteiros de Lisboa, Beirut, Tinariwen, Amparanoia, Dazkarieh ou o Dr. Nelle Karajic. Integrado na programação do Festival Sete Sóis Sete Luas, o Planície Mediterrânica mostra bem o sul a fazer a curva, Mediterrâneo dentro, além em direcção ao Oriente. Hei-de lá voltar!

12 setembro, 2008

O Gesto Orelhudo - A Música Também Faz Rir


O originalíssimo festival O Gesto Orelhudo volta em Outubro a ocupar o espaço d'Orfeu, em Águeda. Desta vez com um programa mais centrado na música do que noutros anos, o festival não deixará por isso de, em cada um dos concertos, aliar à música - a muitas músicas! - o humor, a performance, o teatro ou as artes circenses. O melhor mesmo é ir lá ver e, para já, ficar com uma ideia do que por lá se vai passar através desta notícia directamente sacada nas Crónicas da Terra:

«A Associação d’Orfeu de Águeda mantém o bom gosto e a sagacidade de estrear em Portugal tesouros bem escondidos. Se há dois anos O Gesto Orelhudo nos ofereceu em primeira-mão os belíssimos galegos Marful, este ano é a vez do cantor e performer argentino Melingo (que recentemente editou o álbum “Maldito Tango”) estrear-se nos palcos do nosso país, na sede da Associação d’Orfeu em Águeda, que recebe entre os dias 3 e 10 de Outubro, mais uma edição d’ O Gesto Orelhudo. Esta criação da Associação d’Orfeu que antecipa mais uma maratona do Outonalidades e cuja programação se centra sobretudo em espectáculos de fusão de música com o teatro e o humor, oferece ainda nomes como os catalães Dúmbala Canalla, os franceses Vaguement La Jungle e o espectáculo de união da serra do caramulo e do planalto transmontano que põe em diálogo Toques do Caramulo e Galandum Galundaina.

E o programa completo é:
- Dia 3 Outubro: Pas Par Tout (Alemanha) + Dúmbala Canalla (Catalunha);
- Dia 4: Microband (Itália) + O Menino é Lindo (Portugal);
- Dia 6: Lost Locos (Cuba, Equador e Argentina);
- Dia 7: Melingo & Maldito Tango (Argentina);
- Dia 8: Vaguement la Jungle (França);
- Dia 9: Gadgets (Austrália).
- Dia 10: Toques do Caramulo & Galandum Galundaina, com convidados + A Tuna Rastafari, (Galiza)».

Mais informações, aqui.

11 setembro, 2008

Tranças - Concertos e Danças Tradicionais em Estarreja


Estarreja recebe este fim-de-semana a segunda edição do festival de danças tradicionais Tranças, que decorre no Parque Municipal do Antuã. Concertos dos Pé na Terra (dia 12; na foto, de MABA) e d'Uxu Kalhus (dia 13) e um espectáculo de Danças Ciganas (dia 14) são os principais destaques deste festival que ainda apresenta oficinas de danças europeias, popular portuguesa, latinas, irlandesas, sapateado, africana tribal, africana tradicional, capoeira, orientais, street dance e danças ciganas. Do programa constam ainda sessões de yoga, artes circenses, percussão, expressão dramática, construção de fantoches, pinturas faciais e dança natural, entre outras actividades. A organização é da ArTê. Mais informações aqui.

10 setembro, 2008

Adeus Hector Zazou...


Soube da notícia através do Juramento Sem Bandeira. Uma notícia que me deixou particularmente triste: Hector Zazou faleceu anteontem, dia 8, com a idade de 60 anos. Cheguei a conhecer Hector Zazou pessoalmente, quando esteve em Portugal a produzir um álbum de Né Ladeiras que nunca foi acabado. Há alguns meses dediquei-lhe um texto na série «Cromos Raízes e Antenas» (aqui)... E, como não conseguiria expressar melhor do que o Vítor o que me vai na alma - e, mais a mais, partilhando com ele a mesma paixão pelos discos referidos -, aqui fica a notícia publicada ontem no Juramento:

«Hector Zazou (1948-2008)

Depois de duas notícias óptimas, uma que não é nada agradável. Faleceu ontem Hector Zazou. Ao longo de mais de trinta anos, o compositor e produtor francês deixou obras que foram um marco na produção europeia e mundial. Ao longo do percurso, trabalhou na companhia de um notável conjunto de vozes e músicos. Entre os mais conhecidos, constam, por exemplo, Laurie Anderson, Peter Gabriel, John Cale, Brian Eno, Björk, Kronos Quartet, Suzanne Vega, Lisa Germano, Jane Birkin, Värttina, Siouxsie Sioux, Ryuichi Sakamoto, Khaled, Brendan Perry e Lisa Gerard dos Dead Can Dance, Jane Siberry, Robert Fripp, Peter Buck, Mimi Goese dos Hugo Largo, Sainkho, Nils Petter Molvær, Carlos Nuñez e muitos outros. Musicou Rimbaud (no incontornável "Sahara Blue"), musicou a "La Passion de Jeanne d’Arc" de Dreyer, trabalhou a música clássica, a electrónica, a tradicional, aventurou-se pelas tradições nórdicas, irlandesas ou asiáticas e deu à voz feminina um tratamento que poucos souberam dar tão bem. Nesta altura, o luto vive-se também na Crammed, a editora belga por onde fez sair uma dezena discos e que agora lhe dedica algumas palavras. É, aliás, pela Crammed que vai sair brevemente "In the House of Mirrors", que foi este ano gravado na Índia.
Permitam-me acrescentar esta nota pessoal: "Chansons des Mers Froides" (1994), disco composto a partir de tradições nórdicas relacionadas com o mar, e "Sahara Blue" (1992), música para poemas de Rimbaud, na comemoração do seu 100º aniversário, foram discos que eu ouvi compulsivamente um atrás do outro há pouco mais de uma década atrás, e estou certo que contribuíram para o meu desenvolvimento auditivo, seja o que for que isto signifique. Quando morre o autor de dois discos da nossa vida, é triste.»

09 setembro, 2008

Rokia Traoré, Toumani Diabaté e Richard Bona - África Cada Vez Mais Global


Em tempo de regresso às lides, aqui ficam hoje três textos publicados originalmente na revista «Time Out Lisboa» há alguns meses, sobre os discos mais recentes de três nomes incontornáveis da música africana: Rokia Traoré (na foto), Richard Bona e Toumani Diabaté. E todos eles passaram por cá também durante o Verão para concertos em festivais ou em espectáculos em nome próprio.


TOUMANI DIABATÉ
«THE MANDÉ VARIATIONS»
World Connection/Megamúsica

Ouvir a música de Toumani Diabaté - assim, em estado puro, só os seus dedos a percorrerem a kora (a harpa dos países da região mandinga) - é como escutar o som da água de um rio que corre (e esse rio tanto pode ser o Niger como o Mississippi como o Tejo, pelas sonoridades que cada um deles imediatamente congrega, ou até um rio algures no Extremo Oriente - oiça-se o primeiro tema, «Si Naani»). Um rio de caudal largo mas em que cada gota, cada som, cada nota, que sai dos dedos mágicos de Toumani tem o mesmo valor de outra (sua) gota qualquer. Cúmplice de músicos tão diferentes quanto Ali Farka Touré (ao qual é dedicado um dos temas de «The Mandé Variations») ou Bjork, os Ketama ou Taj Mahal, Toumani Diabaté mostra-se neste disco - e sem a companhia da sua Symmetric Orchestra - em toda a sua essência e mostra aquilo que é desde há muito tempo: o maior intérprete de kora do mundo e um músico e compositor extraordinário. Uma obra-prima. (******)


ROKIA TRAORÉ
«TCHAMANTCHÉ»
Universal Music France

Apenas dez anos de carreira musical foram suficientes para que Rokia Traoré se estabelecesse como um dos nomes maiores da música africana actual e uma cantautora com uma voz própria e pessoalíssima. Requisitada para colaborações com gente tão diferente quanto o Kronos Quartet, com quem se apresentou em Lisboa a semana passada e que também participou no seu álbum «Bowmboi», ou grupo de hip-hop senegalês Daara J, Rokia atinge no seu novo álbum «Tchamantché» um patamar de excelência difícil de igualar por muitos dos seus pares. Equilibrando muitíssimo bem - «Tchamantché» quer dizer exactamente «equilíbrio» em língua bambara - a música de inspiração pan-africana com muitas outras músicas, dos blues e do jazz ao rock e ao hip-hop (oiça-se a «human beat box» em «Zen»), e instrumentos tradicionais africanos como o n'goni e as percussões com instrumentos exteriores como a guitarra eléctrica Gretsch - que ela própria toca - ou a harpa. E o resultado é um disco variadíssimo, cantado em bambara, francês (a canção «Zen» poderia fazer parte do reportório de Camille) e inglês (o standard de jazz «The Man I Love», numa versão maravilhosa), em que África está sempre presente – canções como «Dounia», a fabulosa «Kounandi» (diálogo de voz, n'goni, guitarra eléctrica e uma harpa a fazer de kora) a mais festiva «Koronoko» ou a politicamente interventiva «Tounka» só poderiam sair da pena de uma africana -, mas filtrada pelo génio de uma compositora que já viu muito mundo e já ouviu muita música. E que, sem complexos nem barreiras nem fronteiras, faz do mundo casa sua e de muita música a sua música. (*****)



RICHARD BONA
«BONA MAKES YOU SWEAT - LIVE»
Emarcy/Universal Music


Assim como a música africana influenciou decisivamente o jazz e os blues, e a partir daí, toda a música moderna anglo-saxónica, também muitos e respeitados músicos africanos foram ao "ocidente" buscar boa parte da sua inspiração musical: Fela Kuti foi a James Brown; Ali Farka Touré a John Lee Hooker; Abdullah Ibrahim (aka Dollar Brand) a Thelonious Monk. E Richard Bona vai a... Jaco Pastorius. Mas, um «mas» enorme!, o camaronês Bona é um baixista fabuloso que não precisa de referências para se impor; é um cantor maravilhoso; e é um amante de música que consegue neste álbum - gravado ao vivo na Hungria, em 2007 - mostrar bem as suas raízes africanas, em ritmos e melodias (oiça-se a balada «Kivu & Suninga»), e muitas outras paixões: da salsa a Stevie Wonder, de Joe Zawinul a John Legend... (*****)

08 setembro, 2008

The Chieftains - Uma Surpresa em Saragoça!


Estava eu muito bem a ver um jornal espanhol, o «Heraldo de Zaragoza», que tinha uma pequena notícia sobre as minhas actuações como DJ no Pavilhão de Portugal da Expo Saragoça quando a notícia de destaque da mesma página me fez dar um pulo de alegria: os irlandeses The Chieftains (na foto) iam tocar nessa mesma noite num dos palcos principais da Expo!! E dava mais que tempo para os ir ver!! E de sorriso de orelha a orelha, e coração apertadinho, lá fui à Plaza de Aragón ver o espectáculo de uns Chieftains renovados, remoçados, mais alegres, menos «roots» e mais «variedades». Mas valeu a pena, oh se valeu!! Integrado na sua digressão «The Celtic-Scottisch Connection Tour», este espectáculo mostra o núcleo duro dos Chieftains - Paddy Moloney (uilleann pipes, tin whistle), Matt Molloy (flauta), Sean Keane (violino) e Kevin Conneff (bodhran e voz) - acompanhado pela maravilhosa cantora escocesa Alyth MacCormack, a harpista e teclista Triona Marshall, o violinista Jon Pilatzke (que também dança, e se dança!) e mais um par de bailarinos fantásticos. E o resultado é um espectáculo total onde a música tradicional irlandesa se cruza naturalmente com as suas irmãs escocesa, bretã e galega (Paddy homenageou Carlos Nuñez, companheiro de aventuras dos Chieftains durante muitos anos) e também a country e o... rock - ouviram-se riffs do «(I Can't Get No) Satisfaction», dos Rolling Stones, lá pelo meio do concerto. Pelo que se sabe, o próximo passo dos Chieftains será um disco de fusão de música irlandesa com música mexicana, produzido por Ry Cooder. Promete!

Mas a Expo de Saragoça não me deu só um memorável concerto dos Chieftains. Lá, há música por todo o lado: uma fabulosa steel-band de Trinidad e Tobago que tanto toca música clássica, como Abba, como o seu calipso... Um grupo mauritano de hip-hop e reggae... Percussões tailandesas e indonésias... Ou os Cabo San Roque, aquele fantástico grupo catalão (o da máquina de lavar roupa ao centro do palco) que passou há uns meses pela ZDB... E isto tudo numa volta rápida pelo recinto e numa única tarde... E à noite haveria Carminho a cantar o seu fado verdadeiro no espaço Portugal Compartilha do Pavilhão de Portugal, concerto que não vi - para grande pena minha - porque a essa hora já estava de regresso. A propósito, as minhas sessões de DJ nesse mesmo espaço correram bastante bem, principalmente a primeira noite, que terminou em enorme festa dançante. E aproveito aqui para agradecer à equipa que me acolheu tão bem durante aqueles dias: à Tela, à Dina, ao Alexandre, à Clara, à Ana Paula e aos outros todos de que não sei o nome mas que me trataram sempre nas palminhas. Muito obrigado!

02 setembro, 2008

Já É Setembro... Mas os Festivais Não Param!


Tavira, Macedo de Cavaleiros, Castro Verde e Sortelha - isto é, um mapa coberto de norte a sul, do litoral ao interior... - recebem neste e no próximo fim-de-semana mais uma série de festivais de world music, folk, música tradicional, o que raio se lhes queira chamar, num movimento - felizmente! - imparável de crescimento destas músicas. Em notícias sacadas directamente nas Crónicas da Terra, do camarada Luís Rei, aqui ficam os detalhes dos vários festivais, que incluem um cardápio variadíssimo de concertos dos Gaiteiros de Lisboa, Omiri, Med’Set Orkestra, Triatriba, Farra Fanfarra (na foto), Samira Kadiri & Arabesque, No Mazurka Band e Chapa-Choly, entre muitos outros. E, é bom não esquecer, ainda este fim-de-semana há mais uma Festa d'O Avante (ver detalhes mais em baixo, noutro post deste blog).

ARRAIAIS DO MUNDO - TAVIRA

É já este fim-de-semana que se realiza mais uma edição do Festival Arraiais do Mundo em Tavira organizado pelo Município local em parceria com a Associação Pédexumbo, em que se destacam três bailes e três projectos inovadores: os Gaiteiros de Lisboa que apresentam um espectáculo-baile inédito «à medida de Tavira, com arranjos feitos a partir de melodias, quadras e coreografias dos antigos bailes populares, com a criatividade própria e característica do grupo»; os Mosca Tosca em «colaboração inédita com o Rancho Folclórico da Luz de Tavira, mostrando como se pode viver a tradição no século XXI»; e o projecto de Vasco Ribeiro Casais e Tiago Pereira, Omiri, que «oferecem um baile animado por música feita a partir de instrumentos tradicionais e computador, acompanhada pela manipulação, em tempo real, de imagens vídeo actuais e antigas».

Sexta-Feira 5 de Setembro

18h30 – Oficina de Danças Tradicionais Portuguesas com Liliana Araújo, Jardim do Coreto

22h00 – Baile com Gaiteiros de Lisboa, Praça da República

Sábado 6 de Setembro

12h30 – Almoço-Tertúlia sobre o Mundo do Mar em Tavira. (Inscrição na sexta feira anterior)

18h30 – Oficina de Danças Tradicionais do Algarve com Rancho Folclórico da Luz de Tavira e Matias, Jardim do Coreto

19h00 – Início do mercado da ASTA, com demonstração de actividades dos artesãos, Junto ao Coreto

22h00 - Baile com Rancho da Luz de Tavira + Mosca Tosca, Praça da República

Domingo 7 de Setembro

11h00 – Visita à oficina de construção de acordeões de José Domingos em Tavira (Inscrição no sábado anterior)

18h30 – Oficina de Danças Tradicionais Europeias com Joana Negrão, Jardim do Coreto

22h00 – Baile com Omiri, Praça da República

Entrada Livre


PLANÍCIE MEDITERRÂNICA - CASTRO VERDE

O Festival itinerante Sete Sóis Sete Luas, em colaboração com a Câmara Municipal de Castro Verde, apresentam entre os dias 12 e 14 de Setembro a XIª edição do Planície Mediterrânica que, como tem sido habitual nos últimos anos, tem oferecido um cartaz assaz interessante com inúmeras actividades paralelas (exposições, oficinas de danças e instrumentos, peças de teatro) e em que o cante alentejano se mistura com outras músicas tradicionais do sul da Europa e do norte de África. Este ano, destacam-se as duas produções do SSSL: a Med’Set Orkestra (dia 12), dirigida pelo maestro argelino, Akim el Sikameya e que conta com a participação de uma parada de estrelas e velhos conhecidos destes encontros: Mara Aranda (a valenciana que faz parte dos colectivos Lham de Foc e Aman Aman), Rita Botto (Sicília), Custódio Castelo (enche o palco com a sua Guitarra Portuguesa), Marco Fadda (Itália), Vasilis Papageorgiou, Riccardo Tesi (o acordeonista italiano voador); e a 7Sóis Orkestra (dia 14) com direcção musical do poli-instrumentista Stefano Saletti (líder da “Piccola Banda Ikona) e a participação da fadista e companheira de Custódio Castelo, Margarida Guerreiro, para alémdo violinista Jamal Ouassini (Marrocos), do flautista Eyal Sela (Israel), do guitarrista de flamenco Miguel Angel Ramos (Andaluzia), do baixista Mario Rivera (Sicília) e do percussionista Massimo Cusato (Calabria). Mas o programa musical (e não só), é bem mais variado, com outros momentos de interesse: as actuações das napolitanas Assurd, da marroquina Samira Kadiri & Arabesque, dos alentejanos Ganhões e Camponesas de Castro Verde, para além de vários bailes a cargo da Farra Fanfarra, Triatriba (da Sicília) No Mazurka Band e Dancing Strings.

Festival Sete Sóis Sete Luas
PLANÍCIE MEDITERRÂNICA 08

12, 13 e 14 Setembro

12 Setembro (sexta-feira)


ABERTURA DAS EXPOSIÇÕES – 18h00
Instalação de Juan Mar
Local: Antiga Fábrica Prazeres & Irmão
Pintura de Giuliano Ghelli
Local: Fórum Municipal

Instalação “O Exército de Terracota” de Giuliano Ghelli
Local: Praça da República

Escultura em Pedra – Centro Internacional de Escultura
Início da Oficina de Escultura
Local: Rua D. Afonso I

Exposição “Museu da Ruralidade”
Local: Galeria Municipal

Oficina de Dança do Ventre
com Sara, bailarina dos Triatriba
Local: Fórum Municipal
Horário: 18h00

Oficina de Danças Portuguesas
com Liliana Araújo, Isabelle Guerbigny e Rodrigo
colaboração: Papoilas do Corvo
Local: Fórum Municipal
Horário: 19h00

Concerto
Os Ganhões de Castro Verde
MED’SET ORKESTRA
Local: Cine-teatro Municipal
Horário: 21h30

Concerto / Baile
NO MAZURKA BAND (Portugal)
TRIATRIBA (Sicília)
Local: Tenda Marroquina – Largo do Padrão
Horário: 23h00

A Hora do Mata-bicho
Tiborna Mediterrânica
Petisco Siciliano
Local: Tenda Marroquina – Largo do Padrão
Horário: 00h30

13 Setembro – Sábado

As Aves da Estepe Mediterrânica
Percurso pedestre para observação de avifauna
Inscrições limitadas (Posto de Turismo Telf.: 286 328 148)
Concentração: Praça da República
Horário: 9h00

Workshop de Cozinha Vegetariana
Confecção do Almoço – Preço 5 €
Horário: 10h00
Local: Refeitório (junto ao Museu da Lucerna)

Os Répteis: Herpetólogo por um dia!
Inserido no Programa Biologia no Verão
Informações e inscrições Telf: 286 328 309
Horário: 14H00 (duração 5 horas)
Local: CEA do Vale Gonçalinho

Oficina de Flauta de Tamborileiro
com Diogo Leal
Local: Antiga Fábrica Prazeres & Irmão
Horário: 15h00
Oficina de Dança de Tradição Europeia
com Matias
Local: Fórum Municipal
Horário: 16h00

Oficina de Danças e Percussão Italianas
com Assurd (Nápoles)
Local: Fórum Municipal
Horário: 17h00
Tocar o Sol Posto

Desfile e actuação
XEREMIERS DE SON ROCA (Ilhas Baleares)
Flauta de Tamborileiro (Diogo Leal)

Grupo Coral “As Vozes de Casével”
Local: Praça da República (Início) – Jardim do Padrão
Horário: 18h30

Concerto
VIOLAS CAMPANIÇAS (Alentejo)
SAMIRA KADIRI & ARABESQUE (Marrocos)
ASSURD (Nápoles - Itália)
Local: Cine-teatro Municipal
Horário: 21h30

Concerto / Baile
FARRA FANFARRA (Portugal)
Local: Tenda Marroquina – Largo do Padrão
Horário: 23h45

14 Setembro – Domingo

Tamborilando
Teatro de Música e Objectos
Público-alvo: crianças dos 0 aos 6 anos de idade
Local: Antiga Fábrica Prazeres & Irmão
Horário: 11h00

Oficina de Danças de Tradição Europeia
com Matias
Local: Fórum Municipal
Horário: 11h00

Um Almoço no Altar do Céu
Almoço + Cante (As Atabuas)
Inscrições Limitadas – 5 € (Inclui Transporte e Almoço)
Local: Nossa Sra. de Aracelis
Horário: 13h00
(Saída de Castro às 12h00)

Oficina “O Cante e o Vinho”
La Comparsa (actuação)
Oficina de Cante Alentejano
Local: Taberna do João das Cabeças
Horário: 15h30

Baile de Danças de Tradição Europeias
DANCING STRINGS
Local: Tenda Marroquina – Largo do Padrão
Horário: 17h00

O Cante na Tarde
La Comparsa (actuação)
Grupo Coral “Os Carapinhas de Castro Verde”
Grupo Coral “Os Cardadores da Sete”
Local: Largo do Padrão
Horário: 18h30

Teatro de Rua
MARACAIBO TEATRO (Alicante – Espanha)
Local: Jardim do Padrão
Horário: 19h00

Concerto
As Camponesas de Castro Verde
7SÓISORKESTRA
Local: Cine-teatro Municipal
Horário: 22h00

IBERFOLK - SORTELHA

NoMazurka Band no Iberfolk da Sortelha
August 25, 2008 by Luís Rei
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A aldeia histórica de Sortelha recebe entre os dias 5 e 7 de Setembro mais uma edição do Festival Iberfolk. O Programa é o seguinte:

5 de Setembro

22:00 – Observação Astronómica
22:00 – Adufeiras de Paúl
22:40 – Hora do conto (Marco Luna)
23:30 – Ishbarian Bagpipe
00:30 – João Gentil e Luís Formiga (DJ Folk)

6 de Setembro

11:00 – Passeio de Burro
11:00 - Workshop Reciclagem
16:00 – Workshop de dança tradiconal
16:00 – Workshop de inic. Gaita-de-foles
17:00 – Escalada do castelo
17:30 – Workshop de dança tradicional
21:00 - Documentário
21:00 - Observação astronómica
21:30 – Arranca Telhados
22:30 – Hora do conto (Marco Luna)
23:00 – Rabies Nubis
00:00 – No Mazurka Band
DJ Folk

7 de Setembro

11:00 – Passeio de burro
11:00 - Workshop Reciclagem
13:00 – Caminhada à descoberta da serra da Malcata
15:00 - Documentário
16:00 – Escalada do castelo
16:00 – Workshop de dança tradicional
17:00 - PortFolk

FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA TRADICIONAL - MACEDO DE CAVALEIROS

Festival Internacional de Música Tradicional

Galandum Galundaina, Chapa-Choly, Umaya e Bardos e Druidas

Praça das Eiras

Macedo de Cavaleiros

Dia 5

Galandum Galundaina (Portugal)

Chapa-Choly (Senegal)

Dia 6

Umaya (Médio Oriente)

Bardos e Druidas (Espanha)

Animação de rua com grupos convidados

Entrada Livre
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Obrigado, Luís!! E um grande abraço!!!

01 setembro, 2008

O Mondego (E Tudo à Volta) Num Filme de Tiago Pereira


Mondego - Software Liquido from Tiago Pereira on Vimeo.


Regressado de férias e, prestes, prestes, a abalar para Espanha para mais duas sessões de DJ, desta vez no Pavilhão de Portugal da Expo de Saragoça, aqui deixo as imagens e um comunicado do meu amigo Tiago Pereira acerca deste seu novo filme, ainda inacabado por razões que no comunicado se perceberão, «Mondego - Software Líquido». Amanhã ficarão por aqui informações sobre alguns festivais que aí vêm e, para depois do regresso de Saragoça, fica prometido o retomar normal deste blog, com críticas a discos, notícias e os já saudosos «Cromos Raízes e Antenas».

MONDEGO - SOFTWARE LÍQUIDO

(comunicado de Tiago Pereira)

Faço filmes porque gosto de pessoas, gosto de saber o que fazem, o que fizeram, sou curioso e cusco por natureza, gosto quando cantam mal e quando se riem... Não sacralizo os velhos, trato todas as pessoas por igual... E quero fazer filmes também sobre os que vivem na cidade e não só sobre a "nossa gente", referindo-nos à tradição oral... Quero contar histórias do futuro e quero falar sobre as moléculas da água que conseguem reter o conhecimento, a sabedoria... Quero ver os rios como software liquido, cheios de histórias da história e de pessoas... O futuro será beber um filme num copo de vinho, por enquanto o meu presente é o Rio Mondego, cheio de narrativas.... Os rios são de facto de gente, mas são mais que isso ... por tudo isto decidi mudar o nome do meu filme sobre o rio Mondego de "Rio de gente" para "Mondego - Software Liquido". O Parque Patrimonial do Mondego convidou-me a faze-lo e durante um mês e meio, recolhemos, procurámos filmes antigos, fotografias, documentos, fomos a mais de 20 localidades, entrevistámos mais de 50 pessoas, tivemos o apoio da Escola Superior de Educação de Coimbra, subimos à serra, fomos às salinas na Figueira... Conseguimos os filmes do José Madeira, com imagens dos arrozais e do mondeguinho há 40 anos...etc, etc e etc... E os apoios não vieram... Um filme orçamentado em muitos euros acabou por ficar a menos de metade...Com muito esforço pessoal do produtor ; APD-PPM, Asssociação de Projecto e Desenvolvimento do Parque Patrimonial do Mondego, e do Realizador. Para nós o software tinha bugs... Mas acabou por ficar uma amostra de 8 minutos, um esboço do que poderá ser um documento tão importante como este; a história de um rio feito de pessoas, que lá viveram e trabalharam durante anos; ... Mondego - Software Liquido...

As filmagens do presente filme tiveram início no dia 8 de Julho de 2008. Até à presente data foram efectuadas as seguintes recolhas: Junta de Freguesia da Almedina D. Belmira – Lavadeira Ribeira de Frades D. Conceição Alves – Trabalhava nos campos de milho e ainda ajudava o marido com a barca Santa Clara Sr. Fernando Reis (Ninito) – contou histórias ligadas ao rio; Figueira da Foz (Salinas) Sr. Manuel de Oliveira – Quintaneiro Sr. Olípio – proprietário de umas salinas (herdadas do pai) Meas D. Maria da Encarnação Lopes – trabalhou nos campos de arroz D. Guilhermina - trabalhou nos campos de arroz Ereira Sr. José Couto – Pescador Caneiro Sr. Reis – barqueiro D. Nazaré Reis – Lavadeira D. Iva – Lavadeira Rebordosa Sr. Nelson – Barqueiro Sr. Maximino Padilha de Oliveira – Barqueiro (Tinha uma barca e um barco de carga) Ferradosa Sr. Júlio dos Santos Diniz (Ti Júlio Miáu) – Carefete Ponte de Penacova Sr. Alípio Pinéu – Barqueiro (teve uma barca) Sr. Jaime Ferreira - Pescador Sr. Américo – Moleiro (herdou o moinho do pai) D. Maria da Lé – Lavadeira D. Beatriz Jesus de Almeida – Lavadeira Pereira do Campo Grupo de Gaiteiros "Os Amigos" de Arzila (nomes a fornecer posteriormente) D. Maria da Conceição – Lavadeira D. Carmo Loureiro Medina – Lavadeira Santo Varão D. Ascensão – Lavadeira D. Adelaide – Lavadeira D. Maria de Lurdes - Lavadeira Ceira Recriação da Barrela – Rancho Folclórico de Ceira (os nomes dos participantes serão fornecidos posteriormente) D. Preciosa – Lavadeira Sr. António (Boiça) – Moleiro (ainda tem o moinho, o qual é explorado pelo filho); toca violino no Rancho de Ceira Carregal do Sal (Ponte de Correlos) D. Maria Arlinda de Jesus e Sr. Manuel Pinto da Silva – Casal que vivia junto ao rio; trabalhavam na agricultura (culturas de regadio) Coimbra Dr. Lousã Henriques Tentúgal Sr. José Craveiro – Contador de histórias Arzila Sr. José Torres – Construtor de barcos; agricultura de regadio na Paúl; pesca D. Maria dos Santos Oliveira (Agante) – artesã de esteiras; apanha do arroz D. Maria dos Santos Oliveira – artesã de esteiras; apanha do arroz D. Conceição Oliveira – artesã de esteiras; apanha do arroz D. Joaquina Lourenço – artesã de esteiras; apanha do arroz Caldas de Felgueira Sr. Raul Fernandes Lopes – Pais viveram na antiga Quinta da Barca Felgueira Antiga D. Rosa e D. Lurdes das Dores (mãe e filha) – agricultura Maçainha Sr. Franscisco João – proprietário de uma fábrica de cobertores de Papa Sr. José Pires Pereira – proprietário de uma fábrica de lã Fernão Joanes Ti Zé Camilo – Pastor D. Teresa da Fonseca Bico – trabalhou na agricultura e com o rebanho (Prima do Ti Zé) Para além do mencionado foram realizadas filmagens em Super 8 do Rio Mondego na zona de Penacova, Carregal do Sal, Caldas de Felgueiras e Celorico da Beira. Fundamental também será dizer, que temos na nossa posse diversos filmes antigos do Mondego, nomedamente: • Os filmes "Arroz Negro" (premiado nacional e internacionalmente, ao nível do cinema amador) e "Nasce uma Fonte" de José Maria Pereira Madeira, entre outros relacionados com as tradições do Mondego, da década de 70. Estes filmes foram cedidos a título de empréstimo pela Sra. D. Maria de Fátima Madeira, filha do realizador, mediante autorização por escrito. • Filmes sobre as cheias do Mondego, dos finais da década de 40. Adicionalmente, foram efectuados diversos contactos de modo a viabilizar a realização deste filme, tais como: Sr. Horácio Santiago – Presidente do Rancho Folclórico de Ceira Sr. Armando Batista – Presidente da Casa do Povo de Ceira Dr. Pedro Salvado (Castelo Branco) – autor de um livro sobre a Transumância Dr. Alexandre Ramirez – fotografia e vídeo Centro de Estudos 25 de Abril GEFAC - Grupo Etnográfico e Folclórico da Associação Académica de Coimbra Ateneu de Coimbra Diário de Coimbra Diversas casas de fotografia da Baixa de Coimbra Dr. Manuel Rocha – Professor do Conservatório de Música de Coimbra, membro da Brigada Victor Jara.