30 maio, 2008

Granitos Folk (Mais uns Acrescentos ao Cartaz e Montes de Informação!)


Já por aqui tínhamos dado conta de muitos dos concertos que fazem parte do programa do Granitos Folk, o festival que este ano salta do Contagiarte para o exterior do Palácio de Cristal, no Porto, e que decorre de 12 a 14 de Junho. Mas ainda há mais, tanto na concha acústica do palácio de Cristal como em «after-hours» festivos e bailantes no próprio espaço do Contagiarte. O programa completo (e com carradas de informação) é como segue:

Dia 12

Concha acústica – Palácio de Cristal


21h30

MU (na foto) – Portugal (Porto)

http://mu.com.sapo.pt/

Há cerca de cinco anos, em 2003, nasce, na cidade do Porto, o som dos MU.

A música, essa, apresenta-se tão diversa e alegre quantos os membros do grupo e é principalmente inspirada nos sons das culturas musicais europeias, através do uso e da fusão de instrumentos de todo o mundo. Já considerada uma banda de estilo "roufenho, nómada e circense" é com este mesmo perfil que vêm a conquistar rasgados sorrisos por onde actuam e a ganhar o concurso de música Folk no "Arribas Folk" em Sendim, Miranda do Douro. Festivais como o Andanças, o Intercéltico de Sendim, o Danzas sin Fronteras, Intercéltico do Porto, Galdames Folk entre muitos outros, foram palco da energia com que continuam a brindar o publico. Traduzem-se em seis os rostos deste grupo, com apenas um objectivo: fazer o mundo dançar!


23h00

AMÄINUR – Espanha (Huelva)

www.amainur.com


Vendo a música tradicional de um novo ponto de vista, os Amäinur conseguiram uma sonoridade própria que fala das suas vivências musicais e pessoais, acrescentando uns pózitos à música de raiz para que ela continue actual.

Ansiosamente procurando novos ritmos e melodias, aliam nas suas criações os sons do norte de África, do leste de Europa, da cultura Mediterrânica e da península Ibérica.

Assim, os Amäinur apresentam um espectáculo onde a energia flúi e convidam o público a viajar musicalmente por um mundo sem fronteiras, o mundo dos sentidos, o mundo da música…

O seu primeiro trabalho discográfico, “DÁDIVA”, foi projectado e gravado nas montanhas, com energia solar… um regalo para os ouvidos e para o coração.


Após concertos no Palácio:

No Espaço Contagiarte

NOITES FOLK – Osga (Programador do festival)


Dia 13

Concha acústica – Palácio de Cristal


21h30

DAZKARIEH – Portugal (Lisboa)

www.dazkarieh.com


Os Dazkarieh iniciam a sua viagem musical em 1999 passando por diversas

fases no seu caminho e hoje, após várias mudanças na sua formação, costumam ser classificados na categoria de “world music”. E sim, eles são música do mundo, no sentido da fusão musical resultante das experiências dos seus instrumentistas que vão desde a tradicional ao rock, da erudita à experimental, utilizando para tal, instrumentos tradicionais de várias culturas,como a sueca, irlandesa ou a árabe mas tendo dado, porém, um especial ênfase à música tradicional portuguesa nos últimos dois anos. Como é de uma viagem que se trata, é ao vivo que as suas prestações se tornam mais coloridas e criativas.

O grupo conta já com três trabalhos discográficos, sendo que o segundo

trabalho teve uma segunda edição em capa de madeira, e com uma compilação dos seus temas inseridos na “banda sonora” do livro “ELDEST” de Chistopher Paolini com 33.000 exemplares vendidos. O seu último trabalho sugere-nos uma busca incessante por sons acústicos que se fundem numa descarga eléctrica pujante e onde um caminho revigorante se traça na música portuguesa de “raiz tradicional”. É um som único que brota da raiz para voar sem fronteiras e sem limites, para fora do mundo real.

Realizando mais de 40 concertos por ano, destaca-se no verão de 2006 a sua

participação em três dos mais importantes festivais de “world music” em Portugal, como o Festival Músicas do Mundo em Sines, o Festival MED em Loulé e o Festival Sons em Trânsito em Aveiro. Fora do país, destaca-se, em Julho deste mesmo ano, a ida até ao Canadá para participar no Festival d’Été de Québec: um dos maiores da América do Norte.


23h00

BARBARIAN PIPE BAND – Itália (Biella)

www.barbarianpipeband.com


A Banda Barbarian Pipes existe há 5 anos e tem origem na sombra dos Alpes, num lugar chamado Bugella Civitas (Piamonte). Nos últimos anos a banda tem "aterrorizado" os habitantes locais que na sua maioria se dedicam à agricultura e à pastorícia. Este grupo de Caçadores/recolectores, músicos solitários, é formado por três Gaitas de foles e três Bombos, capaz de evocar o troar da Terra, TARANIS, seu patrono e Deus das Tempestades. Tão poderosa como a voz de TARANIS é a sua música. O seu repertório deriva da música tradicional Escocesa, Alemâ, Occitânia e Piemontesa, misturada com pedaços criados por eles. Cultivam um estilo de vida semi nómada, abandonando sasonalmente a sua terra para explorar o resto do território Italiano e, ocasionalmente ultrapassando os Alpes para satisfazer a sua sede de aventura. A Banda toca em trajos medievais do séc. 14 e já participou em inúmeros eventos Medievais, Celtas e afins.


Após concertos no Palácio:

No espaço Contagiarte

ZIGAIA – Portugal (Lisboa)

www.myspace.com/zigaia


Baile acústico de danças tradicionais

Vasco Casais: Bouzouki, Nyckelharpa, Flautas, Gaita de Foles;

Luis Peixoto: Bouzouki Irlandês, Bandolim e Cavaquinho;

Baltazar Molina: Cajon, Darabuka, Riqq, Bendir;



Dia 14

Concha acústica – Palácio de Cristal


21h30

ZAQUELITRAQUES – Portugal (Senhora da hora)

www.myspace.com/zaquelitraques


“Olá a todos, somos os Ziquelitraques, um grupo de crianças que gosta de aprender as mais antigas tradições do nosso país. O nosso grupo começou em Outubro de 2007, e fomos baptizados de Zaquelitraques. Temos entre 6 a 10 anos de idade e um gosto comum pela nossa música de raiz tradicional.”


Seguidos de:


GALANDUM GALUNDAINA – Portugal (Miranda do Douro)

www.galandum.co.pt/


Em 1996 nasce o grupo de música tradicional mirandesa Galandum Galundaina, com o objectivo de recolher, investigar e divulgar o património musical, as danças e a língua das terras de Miranda. O grupo faz a ligação entre a antiga geração de músicos e a geração mais jovem, assegurando a continuidade da rica tradição cultural desta região, que durante anos correu o risco de se perder.

Os instrumentos usados, réplicas de outros muito antigos, que mantêm o aspecto e sonoridade dos mesmos, são gaitas de fole mirandesas, flauta pastoril, sanfona, caixa de guerra, conchas de Santiago, castanholas, pandeireta, etc.

Além da música instrumental, o grupo apresenta um repertório de música com vozes, reproduzindo fielmente as melodias tradicionais, enriquecidas com timbres, ritmos e harmonias capazes de criar emoção e, porque não, alguma modernidade.



23h00


EmBRUN – Bélgica (Meerbeke)

www.embrun.be


Num tempo em que a música de dança na Bélgica atinge o seu âmago, muitas vezes parece ter-se perdido a musicalidade. Mas os EmBRUN provam que tocar para quem dança também é agradável e não são simples músicos de acompanhamento. Com 5 músicos brilhantes e uma miríade de instrumentos, eles são apreciados não só por quem dança mas também por quem ouve. As suas composições soam a tradicional, mas renovado ao mesmo tempo, e são tocadas com muita dinãmica e energia. É por isso que os EmBRUN são uma das melhores bandas tradicionais da cena Belga actual.


Após concertos no Palácio:

No espaço Contagiarte

MOSCA TOSCA – Portugal (Lisboa)

http://tradmoscatosca.blogspot.com/


Baile acústico de danças tradicionais

Alexandre Matias: Percussões diversas e monitor das danças

Carlos Alves (Kp): Piano

Luísa Côrte: Concertina e flautas de bisel

Mário Dias: Guitarra clássica

Vítor Cordeiro: Flautas, gaita galega e cornemuse


Actividades para-festival:

Dias 12, 13 e 14 (no Palácio) pequena mostra de artesanato;

Dia 13, Workshop de “Danças do Mediterrâneo”, com Mercedes Prieto, das 17h00 – 18h30, no espaço Contagiarte;

Dia 13, Workshop “A Voz e o Corpo”, com Helena Madeira, das 17h00 – 18h30, no espaço Contagiarte;

Dia 14, Workshop de “Danças Tradicionais”, com Matias, das 17h00 – 18h30, no espaço Contagiarte;


Para mais informações contactar:

www.myspace.com/festivalgranitosfolk

Ana Saltão – Direcção e Produção (91 604 70 40)

Hugo “Osga” – Programador (96 244 36 41)

Espaço Contagiarte: 222 000 682 Inês Marques (entre as 17h00 e as 20h00)

BILHETES À VENDA:

Contagiarte

fnacs do porto

(bilhete festival para três dias 15 euros; bilhete diário 7.50 euros)

29 maio, 2008

Festa do Fado - Parcerias Inesperadas no Castelo


Mais uma vez, a Festa do Fado - que decorre no Castelo de S.Jorge, de 6 a 28 de Junho, integrada nas Festas de Lisboa propõe uma série de concertos com parcerias - muitas delas inesperadas, outras nem tanto - entre gente do fado e de outras áreas musicais. Este ano, o programa inclui concertos de Camané com o seu produtor e cúmplice de longa data José Mário Branco (dia 6); de Teresa Tapadas com a cantora de jazz Paula Oliveira (dia 7); de Jorge Fernando com o rapper Sam the Kid (dia 13), de Lula Pena com o acordeonista Richard Galliano, o guitarrista Custódio Castelo a as Adufeiras de Monsanto (dia 14); de Mafalda Arnauth com o Ensemble Costa do Castelo (dia 20); de Joana Amendoeira com o Mar Ensemble cantam (dia 21); de Carminho (na foto, de Margarida Martins) e do seu irmão Francisco Andrade com a mãe de ambos Teresa Siqueira (dia 27); e, finalmente, de Carlos do Carmo com o pianista e maestro António Victorino d'Almeida (dia 28).

27 maio, 2008

Adeus André Moutinho


Não o conhecia pessoalmente, mas troquei vários e-mails com ele e o André era, sem dúvida, um bom companheiro destas andanças das músicas tradicionais, das folques e das worldes. André Moutinho, do programa de rádio «Canto Nómada» - que se podia ouvir agora na Torres Novas FM e na Rádio Santiago de Guimarães - e do blog homónimo, faleceu subitamente, vítima de um ataque cardíaco, com apenas 32 anos. André Moutinho era também o técnico de som dos Diabo a Sete, que num e-mail a propósito da partida do amigo dizem: «Alguém nos lembrava que "Canto Nómada" era um título retirado de um livro de Bruce Chatwick, e que fazia referência à ideia de que as árvores, as pedras, os rios, cantavam. Parece-nos uma boa descrição daquilo que era o André: uma pessoa capaz de se dar no fluxo da vida». Para ele aqui fica a minha homenagem e, já, uma grande saudade.

26 maio, 2008

Anoushka Shankar Com Novo Projecto no CCB


Anoushka Shankar - filha e discípula do mestre absoluto da sitar Ravi Shankar - regressa a Portugal para um concerto no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, dia 2 de Junho, com um novo projecto. Acompanhada por Tanmoy Bose (tablas), Ravichandra Kulur (flauta bansuri), Leo Dombecki (piano), Barry Phillips (violoncelo) e Nick Able (tampura), Anoushka irá apresentar o seu novo álbum «Breathing Under Water», editado o ano passado, onde funde ragas tradicionais indianas com sonoridades ocidentais. A seguir deixo a biografia de Anoushka, tal como apresentada no press-release relativo a este concerto: «(Anoushka) nasceu em Londres, em 1981, mas desde os 7 anos passou grande parte do tempo em Nova Deli, estudando sitar e tocando com o pai. Com 11 anos, foi viver para Encinitas, na Califórnia, onde terminou o liceu em 1999. Excelente executante em sitar é igualmente uma pianista clássica particularmente dotada. A sua carreira a solo teve início em 2000 e, desde então, apresentou-se em inúmeros concertos nos EUA, Japão, Malásia, Índia e Europa. Anoushka tem interpretado o Concerto n.º 1, para Sitar e Orquestra, em várias ocasiões, desde a sua estreia com a Orquestra Sinfónica de Londres, dirigida por Zubin Mehta, em 1997. Na qualidade de directora de orquestra, estreou-se com a obra “Kalyan”, de Ravi Shankar (seu pai), num concerto memorável. Aos 27 anos, Anoushka Shankar manifesta já uma profunda compreensão da grande tradição musical indiana. Estudou com o pai desde os 9 anos, começando por tocar num sitar de pequenas dimensões especialmente construído para ela. Com apenas 13 anos, deu o seu primeiro concerto em Nova Delhi, participando no final desse ano na gravação de “In Celebration”, com o pai. Dois anos mais tarde, e na qualidade de maestro, participou com Ravi Shankar e George Harrison, na gravação de “Chants of India”. Em 1998, foi editado o primeiro CD em seu nome, “Anoushka”, que recebeu as melhores críticas. Dois anos depois, gravou “Anourag”, participou no disco “Full Circle: Carnegie Hall 2000” do seu pai e ainda em “Sacred Love” de Sting e, a partir de 2001, com o CD “Live at Carnegie Hall”, disco que foi nomeado para os Grammys, o seu nome fica indiscutivelmente ligado ao dos melhores sitaristas mundiais. É autora de uma biografia pictórica de Ravi Shankar, intitulada “Bapi: Love of my Life”. Depois de 2005, escreveu música para a curta-metragem “Ancient Marks”, gravou “Rise” o seu quarto CD a solo e, no ano passado, editou o disco “Breathing Under Water” que tem recebido excelentes críticas. Anoushka Shankar mostra uma plena compreensão da tradição musical indiana, desenvolvendo com grande criatividade os caminhos traçados por seu pai, sendo já considerada uma das mais importantes e influentes figuras do mundo da música».

23 maio, 2008

Évora Folk Fest Com Solas, La Musgaña, Tito Paris, Vocal Sampling e Flook


E há mais um festival no horizonte: o novíssimo Évora Folk Fest - organizado pela Câmara Municipal de Évora e programado por Mário Correia (Sons da Terra; Intercéltico de Sendim) -, que decorre nesta cidade alentejana de 20 a 27 de Junho com artistas portugueses, espanhóis, irlandeses e norte-americanos. O programa inclui concertos de Fernando Tordo & Stardust Orchestra (Portugal), no dia 20; dos Aulaga Folk (Extremadura) e dos Solas (Estados Unidos/Irlanda), no dia 21; Monte Lunai (Portugal) e La Musgaña (Castela e Leão), no dia 22; dos Vocal Sampling (Cuba), no dia 24; um grupo alentejano ainda por confirmar (os Alma Lusa ou o Grupo de Cantares de Almocreves) e Mafalda Veiga (Portugal), no dia 25; La Bandina'l Tombo (Astúrias) e Flook (Irlanda), estes na foto (de Nick David) que encima este post, no dia 26; e Tito Paris (Cabo Verde), no dia 27. Um bom cartaz de arranque, sim senhor!

22 maio, 2008

Toubab Krewe, Boom Pam, Mandrágora, Bailarico Sofisticado... Todos no FMM de Sines


Os Toubab Krewe (na foto), um bando de ianques branquelas apaixonados por Ali Farka Touré e a música mandinga da África Ocidental, também vão ao FMM de Sines, actuando lá no dia 24 de Julho, tal como se pode ver no seu myspace. Mas ainda há mais nomes a juntar ao cartaz: segundo o Juramento Sem Bandeira, do camarada Vítor Junqueira, também os fabulosos surf-rockers-klezmer-balcanizados Boom Pam actuam no FMM no último dia, 26 de Julho, seguindo-se-lhes nessa noite uma sessão de DJing com o Bailarico Sofisticado - o próprio Vítor mais o Pedro Marques e o Bruno Barros e um convidado, digamos, especial... António Pires. Dias antes, ainda segundo o Juramento Sem Bandeira, os portugueses Dead Combo, acabadinhos de editar o seu álbum «Lusitânia Playboys», actuam no FMM a 22. Já o camarada Luís Rei, através das suas Crónicas da Terra, anuncia para o FMM a presença, na última noite, de Koby Israelite, discípulo de John Zorn na editora Tzadik, e, a 24, os nossos Mandrágora - cujo novo álbum «Escarpa» é uma excelente confirmação - acompanhados por três músicos bretões da Kreiz Breizh Akademy: o violinista Jacky Molard, a cantora luso-francesa Simone Alves e Guillaume Guern. Ah!, e o Vítor fez um cartaz delicioso alusivo à actuação conjunta dos três bailariquentos com o dono aqui deste tasco (para meu grande orgulho e alguma, hermmmm, perturbação):

21 maio, 2008

Neco Novellas - Uma Revelação Moçambicana


Neco Novellas é um novo cantor, guitarrista e compositor moçambicano que está a revelar-se com o seu álbum de estreia «New Dawn - Ku Khata», que é editado em Portugal no dia 2 de Junho, com selo World Connection e distribuição da EMI. Tive a honra de escrever o comunicado de imprensa que se lhe refere e que aqui publico na íntegra:

Num tempo em que a música moçambicana passa por um festejado período de reconhecimento internacional - com nomes como os dos Gorwhane, Mabulu, Timbila Muzimba, Kapa Dech, Eyuphuro, Massukos, André Cabaço ou Deodato Siquir a terem o reconhecimento que, muito justamente, merecem ter... - outro nome vem juntar-se, e com um brilho imediatamente reconhecível, a este rol: o de Neco Novellas. Guitarrista, cantor, percussionista e compositor, Neco Novellas nasceu no seio dos chopes, etnia do sul de Moçambique, próxima da África do Sul - e o início deste seu álbum, o tema-título, revela bem as suas ligações às raízes, com uma canção (em inglês e chope) que poderia pertencer ao reportório dos Ladysmith Black Mambazo. Mas não se pense que Neco Novellas está agarrado à tradição pura e dura. Não! Na sua música há muitas outras músicas: influências da música urbana moçambicana marrabenta, da música brasileira, do jazz, do reggae, do funk, da soul, do rock, do afro-beat tal como estabelecido por Fela Kuiti, tudo junto num todo único, pessoalíssimo, global e extremamente inventivo e variado. Cantado em várias línguas - inglês, chope, português, ronga, xangana, francês, hebraico e espanhol -, «New Dawn - Ku Khata» tem edição da prestigiadíssima World Connection (a mesma de Mariza, Bole 2 Harlem, Sara Tavares, Tito Paris e Waldemar Bastos, entre outros) e distribuição em Portugal através da EMI. Nele, ao lado de Neco Novellas, estiveram em estúdio os seus irmãos Isildo Novela (baixo, guitarra acústica, bateria) e Nelson Novela (guitarras eléctricas e semi-acústicas, bateria e percussões) e as suas irmãs Cidália Novela e Isilda Novela (ambas nos maravilhosos coros femininos que se podem ouvir ao longo de todo o álbum) e ainda uma convidada muito especial, a cantora brasileira Lilian Vieira, dos Zuco 103, para além dos músicos Gideon van Gelder e Ben van Gelder.

Neco Novellas (Anselmo João Johanhane de seu verdadeiro nome) estudou guitarra clássica e canto lírico em Lisboa e em Roterdão, antes de se dedicar à composição da sua própria música. Radicado na Holanda, Neco está agora a dar-se a conhecer com um álbum que já lhe valeu a entrada para o top World Music Charts Europe (13º lugar em Março, à frente de nomes como Mercan Dede, Robert Plant, Vocal Sampling ou Dulce Pontes) e variadíssimos elogios da crítica especializada: «Neco Novellas faz música intuitivamente; está-lhe no sangue» (Volkskrant, Holanda), «Pop africana atraente com surpreendentes mudanças de ritmo e cujos espectáculos maravilham o público» (NRC Next, Holanda), «Neco Novellas é o nome e o rosto de um cantor e compositor de imenso talento e com uma impressionante presença em palco» (World Music Central). Já o próprio Neco define este álbum como «a minha resposta à globalização. Não num sentido político mas musical. Fala da música como uma linguagem universal». E basta ouvir o disco - e as muitas músicas que nele convivem livremente -para se perceber como estas palavras fazem todo o sentido.

Mais informações, aqui.

20 maio, 2008

Toques do Caramulo e Galandum Galundaina estreiam Concerto Conjunto!


Dois dos mais importantes grupos nacionais na recuperação do património musical das regiões onde vivem, os Galandum Galundaina (inscansáveis revivificadores da música mirandesa) e os Toques do Caramulo (hiper-criativos e divertidíssimos recuperadores das modas da Serra com o mesmo nome), estreiam no próximo sábado, dia 24 de Maio, no Cine-Teatro de Estarreja, um concerto conjunto que deixa imensa água na boca. Apresentado como «trad-folk serrano x tradicional mirandês», o concerto vai «unir» os montes do centro e do nordeste português, pintando-os «de oiro e verde; o tempo primitivo da infância e do sol a pino; Mira Lo Miguel como estão Debaixo da Oliveira; repiquem as gaitas, cantem rabecas, soprem as frautas e trinem braguesas, que é Portugal serrano a cantar». Todos juntos, em palco, estarão: Paulo Preto (voz, gaita de foles mirandesa, sanfona, flauta pastoril e tamboril), Paulo Meirinhos (voz, bombo, gaita de foles galega, percussões tradicionais), Manuel Meirinhos (voz, percussões tradicionais, flauta pastoril e tamboril), Alexandre Meirinhos (voz, caixa de guerra, percussões tradicionais), Luís Fernandes (voz, braguesa, acordeão), Aníbal Almeida (rabeca), Gonçalo Rodrigues (bandolim), Miguel Cardoso (contrabaixo), Lara Figueiredo (flauta), Francisco Almeida (guitarra) e Ricardo Coutinho (cajón, percussão). Mais informações, aqui.

19 maio, 2008

Med de Loulé - O Programa Completo


Bem, completo, completo ainda não é. Faltam os artistas e grupos dos palcos secundários, mas os dos dois palcos principais do Festival Med de Loulé - organizado pela Câmara Municipal de Loulé e programado pelo Sons em Trânsito - já são todos conhecidos: de 25 a 29 de Junho, a zona histórica de Loulé recebe concertos de La Shica (Espanha), Balkan Beat Box (Israel/Estados Unidos) e Caravan Palace (França), dia 25; Roy Paci & Aretuska (Itália), Jimmy Cliff (Jamaica) e Muchachito Bombo Infierno (Espanha), dia 26; Deolinda (Portugal), Zita Swoon (Bélgica), Zuco 103 (Brasil/Holanda) e Solomon Burke (Estados Unidos), dia 27; Master Musicians of Jajouka (Marrocos), Ana Moura (Portugal), Amadou & Mariam (Mali) e Café Tacuba (na foto; México), dia 28; The Idan Raichel Project (Israel), Konono nº1 (Congo) e Les Tambours du Bronx (França), dia 29. Uma programação variadíssima que passa pela world, claro!, mas também pelo rock, o reggae, a soul... Para além dos palcos da Cerca e da Matriz - os dois que recebem os 17 nomes referidos - haverá mais três palcos, onde decorrerão outros 23 concertos e sessões de DJing. Artesanato, gastronomia, teatro e artes plásticas são, como habitualmente, também uma presença assegurada nesta quinta edição do Med de Loulé. Irresistível!

17 maio, 2008

Rokia Traoré no FMM de Sines


A extraordinária cantora, compositora e guitarrista maliana Rokia Traoré (na foto, de Richard Dumas) é um dos nomes confirmados para a noite de encerramento da edição 2008 do FMM de Sines, dia 26 de Julho. Antes disso, na próxima terça-feira, dia 20, no Centro Cultural de Belém, Rokia sobe ao palco como convidada do Kronos Quartet, mas será em Sines que irá mostrar a, entre alguns mergulhos no passado, a música do novo álbum, dedicado à memória de Ali Farka Touré, «Tchamantché». O comunicado da organização do FMM reza assim: «A maliana Rokia Traoré, uma das mais originais cantautoras da música mundial, está presente, dia 26 de Julho, na décima edição do Festival Músicas do Mundo de Sines (FMM Sines), onde apresentará ao vivo o seu novo disco, “Tchamanché”. Rokia Traoré é uma cantautora que derruba todos os estereótipos da “diva africana”. Filha de um diplomata, teve oportunidade de viajar e isso sente-se. Conhece os "griots", mas também o jazz, a música clássica, o rock, os blues, a música indiana. Tudo isso está nas suas canções, pérolas de depuração acústica. Desde o seu primeiro disco, “Mouneïssa” (1998), que é amada por público e crítica. "Wanita" (2000) foi premiado pela BBC e eleito álbum do ano pela fRoots. O quase perfeito “Bowmboï” (2003), que contou com a colaboração dos Kronos Quartet, foi novamente premiado pela BBC. No âmbito deste último trabalho, Rokia estará em Lisboa no próximo dia 20 de Maio para uma participação especial no concerto que o quarteto dará no Centro Cultural de Belém.... No espectáculo que realizará em Julho no Castelo de Sines, o palco histórico da “world music” em Portugal, Rokia apresentará o seu novo disco, “Tchamanché”, pela primeira vez ao vivo no nosso país. Com lançamento mundial marcado para o próximo dia 19 de Maio, “Tchamanché” significa uma nova encarnação da sua carreira, em que entra de forma ainda mais assumida na área dos blues e do rock. Nesta fase, Rokia está apaixonada pela sua “Gretsch”, a guitarra eléctrica clássica preferida pelas bandas de “rockabilly” dos anos 60 e 70. Em “Tchamanché” cruza-a de forma orgânica com instrumentos tradicionais como o “n’goni” e instrumentos da música clássica ocidental, como a harpa. As canções, quase todas com letras na língua Bambara, abordam temas tão diferentes quanto a imigração ilegal de África para a Europa e a força das festas de rua africanas, havendo também espaço para “covers” pessoalíssimos, como o que faz do clássico “The Man I Love”, popularizado por Billie Holiday. O maior festival de “world music” do país, o FMM Sines apresentará 40 concertos na sua edição de 2008. Serão distribuídos por quatro palcos: Centro de Artes, Castelo e Avenida Vasco da Gama, na cidade de Sines, e palco de Porto de Covo».

15 maio, 2008

Uma Casa Portuguesa/Focus Nórdico - Quando os Extremos (se) Tocam


O trocadilho do título é um exagero, mas é verdade que por muito improvável que isto possa parecer há pontos de contacto entre a música portuguesa - aqui no mais sul da Europa - e a música que se faz nos países escandinavos. E, sejam artificiais ou verdadeiros (cf. no Stockholm Lisboa Project, a maior ausência deste festival), esses toques dos extremos da Europa têm expressão e visibilidade no mini-festival Uma Casa Portuguesa, que decorre a partir de hoje na Casa da Música, Porto. Hoje, dia 15, com os Realejo (para quando o álbum, senhores e senhora?) e o The Skrey Project, duo de flautistas e saxofonistas Rão Kyao e Karl Seglem (da Noruega), quase almas-gémeas na busca de sonoridades tradicionais dos seus próprios países e de muitos outros - e dos seus eventuais cruzamentos com o jazz. Com eles estarão José Peixoto (guitarra clássica), Ruca Rebordão (percussão), GJermund Silset (Baixo) e Helge Norbakken (bateria e percussão). Amanhã, dia 16, o palco é ocupado pelos Gaiteiros de Lisboa (na foto) - que apresentam o espectáculo «Retrospectiva 1993-2008», comemorativo dos seus quinze anos de actividade como recuperadores não ortodoxos, radicais e geniais da música de raiz tradicional portuguesa... e uma nova formação em que o percussionista José Martins substitui José Salgueiro - e o cantor sueco de origem sami Lars-Ànte Kuhmunen. Sábado, dia 17, é a vez dos cada vez mais apurados Toques do Caramulo e do duo finlandês Anna-Kaisa Liedes (voz) - que há um ano deu um maravilhoso espectáculo no Festival Voz de Mulher - e Timo Vaananen (kantele). Finalmente, no domingo, dia 18, há concertos de Haugaard & Hoirup (Dinamarca) e do nosso Júlio Pereira. Mais informações, aqui.

14 maio, 2008

Moinho do Ananil e Souselas Ethnica - Mais Dois Festivais na Calha


O IV Ananil - Evento Cultural decorre nos dias 13, 14 e 15 de Junho, no Moinho do Ananil, Montemor-o-Novo, com «exposições no interior do moinho, show-room para a exibição de trabalhos em vídeo, concertos de pequeno e grande formato, Live Acts no espaço tenda, performances, instalações/intervenções no espaço e espectáculos do I Encontro de Marionetas de Montemor-o-Novo». Entre os concertos, sessões de DJing e outras intervenções musicais programadas contam-se a Roda do Choro de Lisboa, On The Road, Mikado Lab, Canal Zero , OliveTree (na foto, de Mário Pires, da Retorta), Aerosoul VS Nesta Selecta e os colectivos espanhóis Les Fiestaylers e Bambulé/Mayjaña/Niño Vaudu. Mais informações aqui, aqui e aqui. Por sua vez, a primeira edição do Souselas Ethnica – Encontro de Músicas de Tradição decorre na Casa do Povo de Souselas, dia 25 de Maio, pelas 16h00, contará com concertos da Banda Futrica, dos GTT e d'A Barca dos Castiços (grupo promotor do festival, juntamente com a Casa do Povo de Souselas).

13 maio, 2008

Festival Med de Loulé - Amadou & Mariam, Deolinda e Solomon Burke juntam-se a Balkan Beat Box


Dos Balkan Beat Box já se sabia, mas sabem-se agora mais três nomes que fazem parte do Festival Med de Loulé, que decorre de 25 a 29 de Junho: o do grande mestre da soul music Solomon Burke (na foto) e o do fabuloso casal de malianos Amadou & Mariam, para além dos nossos Deolinda (ver calendário no post que lhes é dedicado, algumas páginas abaixo, neste blog). Segundo um comunicado da Pure.Ativism, «esta iniciativa, promovida e organizada pela Câmara Municipal de Loulé, já na 5ª edição, visa divulgar a cultura dos países mediterrânicos e do mundo, proporcionando o contacto com as várias manifestações culturais, com especial relevo para a música... Em termos musicais, este festival aposta claramente na divulgação de artistas e conceito “world music”, tendo como critério base a excelência dos projectos musicais e a manifestação das suas origens. Durante cinco dias, o Med apresenta mais de 40 nomes, entre bandas e DJs, num cartaz que integra ritmos de Espanha, Itália, Marrocos, Portugal, Jamaica, Mali, entre muitos outros países... Mais do que uma mostra musical, este festival pretende ser um palco para outras manifestações culturais, afirmando-se como uma janela para o mundo, um local onde se podem conviver de perto com outras culturas, experienciar hábitos diferentes e provar os “sabores mediterrânicos”. De 25 a 29 de Junho, Loulé veste-se de cores quentes e, pelas ruas, será possível assistir a teatro e animação de rua, demonstrações originais de artes plásticas, provar iguarias gastronómicas».

12 maio, 2008

Poeira Cósmica - In Memoriam Fernando Magalhães


Temos todos muitas saudades dele. Da sua inteligência, da sua ironia, do seu arrevesado sentido de humor, dos seus conhecimentos enciclopédicos sobre muitas músicas. Como escrevi uma vez, algures, ele era o melhor de nós todos. E todos nós aprendemos - tanto!!! - com ele. Para mitigar as saudades, se não dele pelo menos dos seus textos, Tiago Carvalho criou um blog em que transcreve críticas, reportagens e artigos de Fernando Magalhães, apropriadamente chamado Poeira Cósmica. Para continuarmos a aprender.

Nota: segundo alerta o meu bom amigo João Almeida, há também outro local onde se podem encontrar textos do Fernando Magalhães: o site FM: Stereo 5.1.

09 maio, 2008

Festival Portugal a Rufar - Até ao Fim do Mês, no Seixal


O festival já começou no passado fim-de-semana (e, por entre feriados e afazeres vários, deixei passar a data inaugural... Mas não se perdeu tudo: até ao final deste mês e ao princípio do próximo (dia 1 de Junho), a edição deste ano do Festival Portugal a Rufar decorre na nova sede do Tocá Rufar (Parque Industrial do Seixal) e inclui ainda concertos dos WOK - Ritmo Avassalador (cujo novo espectáculo, ao qual assisti no Teatro Mundial, é uma maravilha absoluta; na foto), hoje, dia 9; didgeridoo, o duo Stoyan Yankoulov & Elitsa Todorova (Bulgária) e os portuenses Olivetree, dia 10; Hugo Menezes e Tucanas, dia 16; Djamboonda, dia 17; Baltazar Molina e Nação Vira-Lata, dia 23; Noite Batuko e Bomba d'África, dia 24; o grande percussionista brasileiro Naná Vasconcelos, dia 30; Nélson Sobral e Wolfgang Haffner (Alemanha), dia 31; e o encerramento com o desfile de 1400 Tocadores de Percussão, dia 1 de Junho. E, embora não haja concertos, os domingos são todos dedicados a workshops, artesanato e outras actividades. Segundo o press-release do festival, como sempre organizado pelo Tocá Rufar,«esta quarta edição do Portugal a Rufar insiste na promoção dos instrumentos e dos estilos desta linhagem musical e na divulgação de novas formações artisticas em seu redor». Mais informações aqui.

06 maio, 2008

Rotas e Rituais – O Povo das Estrelas: Um Festival de Cultura Cigana


Segundo mais uma notícia sumarenta avançada pelas Crónicas da Terra, as Festas da Cidade de Lisboa integram este ano o festival Rotas e Rituais – O Povo das Estrelas, dedicado à música e cultura cigana. O festival - que decorre no início de Julho e se reparte entre o Cinema S.Jorge e o Padrão dos Descobrimentos - inclui concertos dos romenos Fanfare Ciocarlia acompanhados por várias outras estrelas europeias da música cigana reunidas no disco/espectáculo «Queens and Kings», dia 1; dos sérvios Kal (na foto, de Mike Bowring) e dos franceses Bratsch, dia 2; e dos espanhóis Son De La Frontera, dia 3. O festival inclui ainda uma mostra de filmes de Tony Gatlif - «Les Princes», «Gadjo Dilo», «Transylvania», «Exils» e o seminal «Latcho Drom» -, exposições de pintura e fotografia, uma mostra de trajes femininos, conferências, ateliers para crianças e teatro infantil.

05 maio, 2008

Yasmin Levy, Aman Aman e Al Andaluz Project - As Viagens da Música Sefardita


Há cerca de quinhentos anos houve outro Holocausto, um Holocausto menos conhecido do que aquele que os judeus sofreram na Alemanha nazi, com menos vítimas mas nem por isso menos vil e sangrento. Os judeus da Península Ibérica foram mortos, convertidos à força ao cristianismo ou fugiram para o norte de África, onde ficaram ou daí partiram para a Turquia, a Grécia, os países do centro e do leste europeu... Com eles levaram a sua música - a música sefardita, que foi ganhando ao longo dos séculos nuances próprias dos locais por onde essa música passou - e a sua língua, o ladino (na origem uma mistura de castelhano, português e hebraico). Hoje, o Raízes e Antenas fala de três discos com muita - e belíssima - música sefardita lá dentro. Só sefardita no caso de Yasmin Levy (na foto) e dos Aman Aman, sefardita e outras - música árabe e cristã da Idade Média dourada na Península Ibérica - no caso do Al Andaluz Project.


YASMIN LEVY
«MANO SUAVE»
Adama/World Village/ Harmonia Mundi

A respeitadíssima cantora israelita Yasmin Levy continua, no novo álbum «Mano Suave», a traçar uma rota possível da música sefardita desde a sua fonte, na Península Ibérica, até aos vários locais por onde passou. Nas suas romansas (romances ou romanças), baladas e kantigas há elementos vindos do flamenco - e há uma teoria que defende que o flamenco foi uma invenção conjunta das comunidades judias, árabes e ciganas fugidas à Inquisição espanhola -, da música árabe, da música turca, da música grega... todas juntas num são convívio livre de barreiras religiosas, políticas ou culturais. Entre tradicionais sefarditas (como os belíssimos «Adio Kerida», «Nani Nani» ou «Komo La Roza» e o divertido «Si Veriash»), alguns originais de Yasmin Levy, uma canção catalã («Mal de l'Amor», de Gustavo Durán, em que a harpa faz lembrar... a kora mandinga) e uma canção de beduínos («Mano Suave», cantada em castelhano e em árabe, num dueto com Natacha Atlas), o álbum flui de uma forma belíssima, com a voz de Yasmin a brilhar a grande altura e um naipe de instrumentos acústicos de várias origens - da guitarra clássica e do piano ao qanun, à ney, ao oud, à harpa ou às percussões - a sublinhar na perfeição a voz e as palavras cantadas. Profunda conhecedora da tradição sefardita - o seu pai, Yitzhak Levy, foi um pioneiro no estudo desta cultura ancestral -, Yasmin Levy edita discos dedicados à música que os judeus ibéricos levaram consigo e que foi entretanto transmitida de geração em geração desde 2000 (quando lançou o álbum de estreia «Romance & Yasmin»). E, para quem não a conhece, «Mano Suave» é uma excelente porta de entrada. (8/10)


AMAN AMAN
«MÚSICA I CANTS SEFARDIS D'ORIENT I OCCIDENT»
Galileo/Megamúsica

Os Aman Aman são um dos vários projectos paralelos dos valencianos L'Ham de Foc - o Al Andaluz Project é outro, mas já lá iremos -, grupo dedicado ao estudo e à prática da música sefardita em que Efrén Lopéz e a cantora Mara Aranda são acompanhados por vários músicos espanhóis e gregos, nomeadamente Diego López (que também acompanha os L'Ham de Foc, nas percussões), Christos Barbas (na ney), Eleni Kallimopoulou (em kemençe) e Aziz Samsaoui (no qanun). E neste álbum de estreia dos Aman Aman, o grupo concentra-se essencialmente em versões de música sefardita recolhidas junto das comunidades judeo-espanholas que se fixaram no antigo Império Otomano (que compreendia a Turquia, a Grécia, a Bulgária e a antiga Jugoslávia), mas comuns a muitas outras comunidades sefarditas. Música sefardita de Marrocos - destino primeiro de muitos judeus em fuga à Inquisição espanhola e portuguesa - também tem lugar neste álbum. Um álbum extraordinário em que Mara Aranda canta, naturalmente, em ladino e os instrumentos tradicionais (neste caso não há lugar para guitarras e pianos, embora ande por aqui um contrabaixo) europeus e árabes se casam na perfeição. Com momentos de sublime beleza como «La Galana y El Mar/Ajuar de Novia Galana» ou a canção de embalar «Durme/Bana Yucelerden Seyreden Dilber», «Música I Cants Sefardis d'Orient I Occident» é um álbum magnífico de respeito e reinterpretação de uma tradição que continua viva em muitos lugares. (9/10)


AL ANDALUZ PROJECT
«DEUS ET DIABOLUS»
Galileo/Megamúsica

Ainda outro projecto paralelo dos dois L'Ham de Foc - Mara Aranda e o multi-instrumentista Efrén Lopéz -, no Al Andaluz Project participam também músicos de uma das mais respeitadas formações de música antiga, o grupo alemão Estampie, dirigido por Michael Popp. Com três vozes femininas a coroar os diferentes géneros presentes no álbum (Mara a interpretar as canções sefarditas; Sigrid Hausen a interpretar as canções galaico-portuguesas do Cancioneiro de Santa María; e Iman al Kandoussi a cantar as canções árabes), «Deus et Diabolus» é a celebração de uma época e um local - o Al-Ándalus, isto é, a Península Ibérica sob o domínio árabe da Idade Média, mas também, do lado cristão, a corte do rei castelhano Afonso X, O Sábio - em que três culturas e religiões conviviam em harmonia: os muçulmanos, os judeus e os cristãos. E o que é mais estranho, ou nem por isso, é verificar como de facto a música e as músicas dos diferentes povos se contaminaram e influenciaram entre si, podendo uma canção em galaico-português do Cancioneiro de Santa María (do qual muitas das canções são atribuídas ao próprio Afonso X, se bem que dele só devam ser dez das mais de quatrocentas composições do Cancioneiro) colar-se perfeitamente a uma cantiga sefardita e esta a uma canção árabe. Com um domínio perfeito de inúmeros instrumentos antigos e tradicionais (da sanfona e da nyckelharpa ao saz, ao qanun ou ao alaúde), e com as fabulosas vozes das três cantoras a voar por cima deles, «Deus et Diabolus» é um disco quase perfeito. (9/10)

01 maio, 2008

Granitos Folk - Para Rebentar Com o Cristal do Palácio


Eh lá!... E, quando não se espera - e até se estava a preparar outro post para hoje, dia 1 de Maio -, eis que surge no e-mail uma grande notícia: a próxima, e quinta, edição do Granitos Folk - Festival de Música Tradicional, como habitualmente uma organização da Acaro/Contagiarte, desta vez vai ser deslocado para um palco montado nos jardins do Palácio de Cristal e tem um programa absolutamente arrasador! É em Junho, dia 12, com os Mu - que acabaram de editar o álbum «Casa Nostra» (álbum que será objecto de resenha próxima no Raízes e Antenas, juntamente com muitos outros discos e DVDs de «folks» e «worlds» made in Portugal) e os espanhóis Amainur; dia 13 com os Dazkarieh e os italianos Barbarian Pipe Band (na foto); e dia 14 com os Galandum Galundaina (que também editaram recentemente o seu DVD ao vivo) e os belgas EmBRUN. Três grandes bandas portuguesas e três grandes bandas estrangeiras reunidas neste festival que, citando o press-release, «chega todos os anos no Verão, desde Junho de 2004 como uma mostra de músicas, danças, cantares e festas tradicionais. São as tradições e as raízes "moldadas" pelas novas gerações, a alma de um povo, de uma povoação ou região, a ancestralidade "actual"... é o Granitos. O Granitos Folk, produzido e organizado pela Acaro – associação cultural de artes organizadas, nas quatro edições passadas (2004 a 2007), foi realizado no espaço da associação, o Contagiarte. A crescente procura por parte do público, consequência do trabalho de formação e sensibilização de públicos que temos vindo a desenvolver com o projecto Contagiarte, foi um dos grandes motivos que nos levou a redimensionar o festival Granitos Folk e a levá-lo para um espaço onde seja possível receber muitos mais espectadores; outro motivo foi o querer torná-lo num festival internacional e proporcionar a troca de experiências entre os participantes e divulgar novos projectos internacionais da música Folk, por fim (e nunca por último) o desejo de querer dar maior visibilidade ao evento». Mais informações, aqui.