27 junho, 2008

Festival de Música Medieval em Carrazeda de Ansiães


Em tempo de semi-pausa no Raízes e Antenas - tenho estado no Med de Loulé, que está a correr muito bem!!! (reportagem prometida para o início da próxima semana) -, aqui fica uma notícia sacada à Associação Gaita-de-Foles:

«VII Festival de
Música Medieval
Carrazeda de Ansiães - 12 a 18 de Julho de 2008

Constituindo uma iniciativa ímpar no panorama dos festivais de música em Portugal, Carrazeda de Ansiães acolhe o VII Festival de Música Medieval, No dias 12, 13, 18, 19 e 20 de Julho de 2008. A aposta nesta sétima edição é a de apresentar um conjunto de intérpretes portugueses que se tem vindo a distinguir na interpretação especializada, vocal e instrumental, do repertório musical da Idade Média: Ensemble Hispânia, Vozes Alfonsinas, Mediae Vox Ensemble e La Batalla. O festival, que conta com a direcção artística de Pedro Caldeira Cabral, terá ainda a presença de uma oficina sob o tema "A Arte dos Instrumentos Musicais na Idade Média", apresentada pelo próprio.

ENSEMBLE HISPÂNIA - Direcção de Fernando Gomes
Programa: “Oriente-Ocidente”
Sábado, 12 de Julho, pelas 21, 30 horas.
Igreja de Beira Grande.
O repertório deste grupo alicerça-se numa interessante reflexão sobre as relações interculturais entre as comunidades mouras, judias e cristãs na Idade Média e a memória sobrevivente de algumas das suas músicas nas tradições orais peninsulares e da diáspora.

VOZES ALFONSINAS - Dir. de Manuel Pedro Ferreira
Programa: “Sons perdidos, revividos”
Domingo, 13 de Julho, pelas 21,30 horas.
Igreja de Selores.
O grupo Vozes Alfonsinas propõe um programa inédito, cobrindo um período de tempo de mais de mil anos de história, começando pela monodia litúrgica cristã, prosseguindo com exemplos das polifonias primitivas e terminando com o repertório do preciosos manuscrito 714,
do século XV, conservado na Biblioteca Pública Municipal do Porto, constituído por canções polifónicas de tema amoroso.

OFICINA:
”A Arte dos Instrumentos Musicais na Idade Média”
18 de Julho, das 15 às 18 horas.
Auditório do Centro de Apoio Rural.
No desejo de alargar o leque de possibilidades de contacto com novos públicos interessados na abordagem prática da música medieval, vamos apresentar o workshop “A Arte dos Instrumentos Musicais na Idade Média”, com exposição de cerca de trinta exemplares, execução e comentários.
Saber mais »

MEDIAE VOX ENSEMBLE - Direcção de Filipa Taipina
Programa: “Miracles de Notre Dame de Gautier de Coincy”
Sábado, 19 de Julho, pelas 21, 30 horas.
Igreja de Amedo.
O MediaeVox Ensemble apresenta em estreia absoluta no nosso país um excerto dos célebres Miracles de Nostre Dame, de Gautier de Coincy, colecção de narrativas em língua vulgar (30 mil versos e 37 canções) que se julga terem sido o modelo inspirador da obra do rei Afonso X, intitulada Cantigas de Santa Maria.

LA BATALLA - Direcção de Pedro Caldeira Cabral
Programa: “Dois Cancioneiros Senhoriais”
Domingo, 20 de Julho, pelas 21,30 horas.
Centro Cívico de Ansiães.
Para encerrar o festival, o La Batalla apresenta um programa especial com excertos de dois cancioneiros de âmbito senhorial, produzidos respectivamente por D.João Perez Aboim, senhor de Portel e Estevam da Guarda, trovador do qual sabemos ter sido conselheiro do Rei D.Afonso IV e ter uma visão crítica apurada, (por vezes de uma actualidade espantosa pelo tipo de problemas que aborda) da sociedade do seu tempo e dos círculos de poder que frequentava».

26 junho, 2008

Festival Ollin Kan Estreia-se em Portugal (E Com Imensos Concertos)


O importante festival mexicano Ollin Kan tem agora uma extensão em Portugal, mais precisamente em Vila do Conde (e com ligações a Alcochete e Palmela), onde - entre 31 de Julho e 3 de Agosto - vai decorrer a primeira edição nacional deste evento que conta com concertos da Banda de Tlayacapan (México), Cheik Tidiane Seck (Mali), Paban das Baul (Índia; na foto), Cadência (Espanha), Dazkarieh e Mu (ambos de Portugal), entre muitos outros. O comunicado de apresentação prévia do festival, já a seguir:


«Pela primeira vez Portugal vai receber um dos mais importantes festivais do mundo. Entre 31 de Julho e 3 de Agosto, a cidade de Vila do Conde vai ser a anfitriã do Festival Ollin Kan.

Festival Internacional das Culturas em Resistência Ollin Kan" nasceu na cidade do México e tráz-nos a esperança e a fé em nós mesmos, no ser humano e no seu potencial criativo para materializar a beleza, a irmandade o respeito, a paz e a liberdade.

Este Festival move um mundo e nós movemo-nos através das suas latitudes e meridianos, com o impulso de vozes enigmáticas provenientes de terras longínquas e culturas milenares. Movemo-nos guiados por acordes musicais vindos de instrumentos, que com sábia paixão, foram criados pela consciência de povos que nunca antes estiveram tão próximos. Esta é uma das raras oportunidades para conhecer povos e culturas que sempre nos pareceram tão distantes.

O ritmo das percussões, os sons envolventes das cordas e as notas dos instrumentos de sopro, emanam de uma maravilhosa diversidade de instrumentos musicais lendários, cuja própria criação sintetiza a história da humanidade e a sua relação com a terra. Todos juntos viajamos desde as montanhas altas, às imponentes florestas das terras frias, passando pelas férteis planícies de pastores, até aos rios, lagos, mares, cruzando aldeias de pescadores, agricultores e caçadores, até às exuberantes selvas tropicais, passando pelos desertos… enfim por toda a TERRA!

Por tudo isto, pensamos que a música e o intercâmbio cultural vão permitir a todos os que se deslocarem a Vila do Conde possam sorrir, dançar, sonhar e reflectir... algo sem preço, sem bolsa de valores e que se traduz simplesmente em LIBERDADE!

Apresentação

(Breve história do Festival)

O Festival Internacional das Culturas em Resistência Ollin Kan é uma aproximação a um outro olhar, aquele que resistiu e defendeu as suas heranças e alternativas culturais, sendo um dos festivais mais importantes do mundo.

O Festival Ollin Kan é assim um encontro vigoroso entre os povos que nos brindam com músicas e danças provenientes de todos os continentes.

Sonoridades provenientes do mundo/espaço árabe, flamenco, do fado, da música celta, do reggae, da rumba, da salsa, dos sons jarochos, do Caribe, da música mandinga, do samba, da bossa nova, do tango, da música dos Balcãs e todas as expressões de raiz na sua forma mais pura e nas suas múltiplas fusões com o mundo moderno.

O Festival Ollin Kan tem 4 semanas de duração e oferece 39 cenários.

O crescimento deste festival nos últimos 3 anos foi de 600%, que se manifestou num alargamento da programação, dos palcos e cenários, no impacto dos media, na participação internacional e no público assistente.

Festival Ollin Kan 07 Cidade do México

Desde então, todos os anos, entre Abril e Maio, a Cidade do México converte-se no principal escaparate para a “Música do Mundo” de toda a América e numa plataforma para o desenvolvimento de mercados independentes e alternativos em torno das manifestações culturais internacionais. É também o ponto de partida para a consolidação de projectos entre o México e o resto do mundo.

Entre 26 de Abril e 20 de Maio de 2007 foi levado a cabo a 4ª edição do Festival (nesse ano dedicado a Portugal com a presença de oito grupos) e os resultados mostram-nos números que avaliam bem o crescimento do evento:

· 25 Dias de Festival;

· 269 Concertos;

· 43 Países;

· 70 Grupos internacionais;

· 35 Grupos mexicanos;

· 39 Palcos;

· 900 Mil assistentes.

O Festival Internacional das Culturas em Resistência Ollin Kan abre agora uma nova sede, localizada em Portugal.

Com o apoio da produtora independente Bartilotti Produções, este Festival sai pela primeira vez da Cidade do México e abre a sua primeira sede alternativa em território europeu.

É o início de um festival que se torna itinerante, levando consigo a mensagem do mundo alternativo a diversas cidades do Planeta.

O Festival Ollin Kan Portugal terá lugar de 31 de Julho a 2 Agosto de 2008, e vai dar início a uma importante programação de artistas mexicanos, indianos, africanos, venezuelanos, chineses, vietnamitas, franceses, espanhóis e portugueses.

A cidade de Vila do Conde será a sede deste primeiro Festival e os concertos irão realizar-se no Centro Histórico, junto ao Cais das Lavandeiras, com 2 palcos que funcionarão alternadamente das 18h00 à 01h00.

Nas mesmas datas, foram criadas extensões do Festival em Alcochete e Palmela, onde ocorrerão concertos que integram a programação cultural do Festival Ollin Kan Portugal, proporcionando ao público uma perspectiva musical multicultural.

EM TODOS OS LOCAIS OS CONCERTOS TÊM ENTRADA LIVRE

PROGRAMAÇÃO

Banda de Tlayacapan – México

Radaid – México

Pibo Marquez - Venezuela

Cheik Tidiane Seck – Mali

Paban das Baul – Índia

Costo Rico – Espanha

Cadência – Espanha

Xarnege – País Basco

Dites 34 – França

Dazkarieh - Portugal

Atlântida – Portugal

MU – Portugal

Batoto Yetu – Portugal/ PALOP

Galandum Galundaina – Portugal

Frei Fado d’el Rei – Portugal

Duo Huong Thanh et Guo Gan – Vietnam/ China

DJ Gringo da Parada – França».

25 junho, 2008

Vinicio Capossela no FMM de Sines e Concha Buika no Med de Loulé


Este post tem boas e... más notícias. As más são os cancelamentos dos concertos dos Konono Nº1 e dos Master Musicians of Jajouka no Festival Med de Loulé - que começa já hoje - e dos Antibalas Afrobeat Orchestra e dos Kasai All Stars no FMM de Sines, por razões que mais à frente se perceberão. As boas são a inclusão da fabulosa cantora afro-espanhola Concha Buika (na foto) no cartaz do Med de Loulé e a entrada do genial cantautor italiano Vinicio Capossela e do trio - um trio de peso! - de Jean-Paul Bourelly no programa do FMM de Sines. Nos parágrafos em baixo podem ler-se os comunicados oficiais das respectivas organizações acerca deste assunto. Mas antes disso, só uma nota: revolta-me cada vez mais o facto de - como dizia alguém num comentário nas Crónicas da Terra - que a Europa se esteja a transformar numa «fortaleza» onde os naturais ou habitantes de outros continentes têm cada vez mais dificuldade em entrar, sejam eles artistas ou não.

COMUNICADO DO MED DE LOULÉ

«Konono n.º 1 e Master Musicians of Jajouka falham MED por razões consulares

Loulé, 24 de Junho de 2008 - A espanhola Concha Buika é a última presença confirmada no cartaz da 5ª edição do Festival Med 2008, que arranca já amanhã, no centro histórico de Loulé. A cantora, que participou no novo álbum de Mariza, "Terra", sobe ao palco do Med no domingo, 29 de Junho, às 22h45, onde vai apresentar o seu último
trabalho "Niña de Fuego", editado já este ano.

No mesmo dia estava prevista a actuação dos congoleses Konono n.º1, que por razões consulares, foram obrigados a cancelar a passagem por Portugal e, concretamente, pelo Med de Loulé. Também por falta de autorização para entrar na União Europeia, os Master Musicians of Jajouka, outro dos colectivos que estava no alinhamento dos palcos principais do Festival Med, viram cancelada a sua actuação, prevista para sábado, 28 de Junho».


COMUNICADO DO FMM DE SINES:

«Vinicio Capossela e Jean-Paul Bourelly no Festival Músicas do Mundo de Sines


O cantautor italiano e o trio liderado pelo músico americano actuam no lugar de Kasaï Allstars e Antibalas, cujos concertos foram cancelados.

O grupo americano Antibalas e o grupo da República Democrática do Congo Kasaï Allstars já não vão marcar presença na décima edição do FMM Sines - Festival Músicas do Mundo, que se realiza entre 17 e 26 de Julho, em Porto Covo e Sines.

O cancelamento do concerto dos Kasaï Allstars deve-se à não obtenção de visto de entrada na Europa.

A ausência dos Antibalas é motivada pelo incumprimento do compromisso assumido pelo agente europeu da banda.

Com a ausência dos Kasaï Allstars, a noite de 23 de Julho (quarta-feira), no Castelo, ganha um novo protagonista, o italiano Vinicio Capossela, uma das maiores figuras da música italiana contemporânea.

Nascido na Alemanha, em 1965, mas residente em Milão desde muito cedo, Vinicio é, desde 1990, quando lançou o disco de estreia "All'Una E Trentacinque Circa", um cantautor de referência, comparado a Paolo Conte e Tom Waits pela voz rouca, pelo "pathos" criativo e pela capacidade comovente de nos fazer encontrar com a verdade do lado menos luminoso da experiência humana.

Depois de no início da sua carreira se ter interessado pela estética underground norte-americana (Kerouac, Bukowski e, sobretudo, Waits), a partir do quarto álbum deixa-se fascinar pelo som e mistério do imaginário rural italiano, no modo "pasoliniano".

Incorporando influências de géneros com o tango, os blues, a rebetica, a morna ou o cabaret, Capossela venceu, com o seu último disco, “Ovunque Proteggi”, o prémio Tenco para melhor álbum do ano 2006. Em Sines, realiza um concerto com muitas surpresas.

A entrada de Vinicio no programa do dia obriga a um rearranjo do alinhamento dos concertos no Castelo no dia 23, que passa a ser: Waldemar Bastos (21h30), Vinicio Capossela (23h00) e Justin Adams & Juldeh Camara (00h30).

No lugar da orquestra Antibalas, sábado, dia 26 de Julho, às 2h30, na Avenida Vasco da Gama, actua um trio de luxo da música norte-americana, Jean-Paul Bourelly meets Melvin Gibbs & Will Calhoun.

Jean-Paul Bourelly é um dos melhores guitarristas de blues contemporâneos, com um som eléctrico e fortes aproximações ao funk e ao rock. Também cantor, Bourelly já trabalhou com músicos como Miles Davis, no álbum “Amandla”, e Vernon Reid, dos Living Colour.

É precisamente desta banda pioneira do rock negro que chega Will Calhoun, eleito por várias revistas da especialidade o melhor baterista do mundo. A sua bateria poderosa tem dado coração rítmico a grandes nomes, do rapper Mos Def a B. B. King.

Se Calhoun foi considerado o melhor baterista do mundo, Melvin Gibbs, terceiro elemento do grupo, foi eleito o melhor baixista. O seu baixo lendário tem um historial de quase 200 discos de diferentes géneros.

Embora alheia aos factos que as motivaram, a organização do Festival Músicas do Mundo pede desculpa aos espectadores pelas alterações registadas no programa anteriormente anunciado».

24 junho, 2008

Eco Fest - Música e Ecologia em Odeceixe


Há um novo festival a nascer no Algarve: o Festival Eco Fest, que decorre nos dias 15, 16 e 17 de Agosto, em Odeceixe. Nesta primeira edição, o festival - que tem como principais vertentes a música e a ecologia - apresenta concertos dos grupos portugueses Dazkarieh (dia 15) e Tanira (dia 17; na foto) e, no meio, dos espanhóis Rarefolk (dia 16); sessões de DJing folk e world music de, hermmmmmmm, António Pires (dia 15), Carlos B. Norton (dia 16) e Osga (dia 17); e ainda haverá lugar para a poesia, danças tradicionais, animação de rua, workshops, desporto na natureza e muitas outras actividades. Promete!

23 junho, 2008

Festival Musa com Taraf de Haidouks, Babylon Circus e Lyricson


Dias 4 e 5 de Julho, a zona da Praia de Carcavelos vai receber mais uma edição do Festival Musa - agora a festejar dez anos de existência -, evento essencialmente dedicado ao reggae, ao ska e a outras sonoridades que têm na Jamaica o seu local de nascimento, mas com abertura para outras músicas e latitudes. Por exemplo, este ano passa por lá a histórica trupe de ciganos romenos Taraf de Haidouks, ao mesmo tempo que, como vedetas incontestáveis do festival vão lá estar também os franceses Babylon Circus (na foto) - eles que ao reggae e ao ska e ao rock juntam música cigana dos Balcãs, cabaret, valsinhas parisienses, etc, etc... - e o igualmente francês Lyricson, companheiro de Manu Chao e uma das maiores promessas do novo reggae europeu. Isto, ao lado de uma boa selecção de grupos portugueses vindos do reggae... mas não só. E aqui, na íntegra, segue a nota de imprensa com o programa completo do festival:

«MUSA#10 – Dias 4 e 5 de Julho de 2008

Local: Junto à Praia de Carcavelos, Carcavelos
Horário: Abertura de Portas: 18h | Início do espectáculo: 19h
Bilheteira: 1 dia: € 10 | 2 dias: € 12
Bilhetes à venda: Worten, Fnac, Bliss, Lojas Viagens Abreu, Liv. Bulhosa (Oeiras Parque e C.C.Cidade do Porto), Pontos MegaRede, www.ticketline.sapo.pt e no próprio dia no local do evento.
RESERVAS: 707 234 234



Dia 4 de Julho
BABYLON CIRCUS
(SKA REGGAE ROCK - FRANÇA)
INNASTEREO
KATHARSIS
THE RISING SUN EXPERIENCE
SAUMIK


Dia 5 de Julho
TARAF DE HAÏDOUKS
(WORLD MUSIC - ROMÉNIA)
LYRICSON
(REGGAE - FRANÇA)
QUAISS KITIR
TSUNAMIZ
SUPREME SOUL
A.M.O.R.

MUSA 10 ANOS – uma inspiração para um lifestyle sustentável
MUSA um festival inspirador…

A Criativa procura que MUSA seja uma inspiração para causas nobres como o combate à pobreza mundial ou as alterações climáticas, ao mesmo tempo que proporciona uma experiência única de criatividade e entretenimento a todos os participantes.

Este ano, a Experiência MUSA surge com uma nova imagem e uma nova missão. Foi mais além e associando-se à causa dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) através do Objectivo 2015 – Campanha do Milénio das Nações Unidas (CMNU) criou-se um conceito inovador que reúne muita cultura e música numa experiência de cidadania global que apelará à participação da sociedade civil.

Na sua 10ª edição, o MUSA, além de contar com 8 bandas promissoras portuguesas, irá ter no seu palco, no 1º dia, uma das melhores bandas ao vivo do mundo - Babylon Circus. Para fechar o 2º dia e o Festival, o MUSA irá contar com uma das mais aclamadas bandas de world music em todo o mundo - Taraf de Haïdouks. Nessa noite também iremos ter em estreia absoluta, a solo, no nosso país - Lyricson uma das novas sensações do reggae europeu, a voz inesquecível que acompanhou Manu Chao nas suas digressões de êxito.


AS BANDAS:

» BABYLON CIRCUS
(Ska Reggae Rock – França)
Uma das melhores bandas ao vivo do MUNDO está a caminho do MUSA. Preparados para saltar?

Este ano o MUSA tem o prazer de apresentar no seu cartaz, no dia 04 de Julho, uma das melhores bandas ao vivo do mundo - BABYLON CIRCUS. Esta banda francesa é uma das principais bandas de ska da actualidade e a sua música está fortemente marcada aos elementos punk, rock e aos ritmos da Europa de Leste, onde a componente teatral e circense não é esquecida.
Esta banda abraça a busca de realidades alternativas e de justiça social.
www.myspace.com/babyloncircus


TARAF DE HAIDOUKS
(World Music – Roménia)
Uma missão musical que se manifesta através da qualidade dos seus concertos electrizantes e energia positiva são alguns dos factores que caracterizam esta banda mundialmente conceituada que irá fechar a 10ª edição do MUSA.

As ancestrais tradições musicais dos ciganos «lautari» da Roménia são levadas através das performances espectaculares dos TARAF DE HAÏDOUKS, uma banda composta por onze instrumentistas e cantores entre vinte e setenta anos de idade fazendo bom uso das palavras mobilidade, espontaneidade, diversidade, cumplicidade e despique que caracterizam cada concerto.
O confronto entre gerações provoca a dualidade entre a balada cantada e sentida com a mesma mágoa do blues e as composições instrumentais tocadas a todo o gás, e por tudo isto, esta banda aclamada por todo o mundo, tornou-se na principal embaixatriz da cultura musical da Roménia.
Todo o seu tecnicismo e improviso põem à prova a capacidade de criar empatia em qualquer palco do mundo. Sente-se que a Taraf de Haïdouks precisa do calor do público, como uma acendalha numa fogueira, para entrar em combustão e dar toda a energia e virtuosismo selvagem que têm e não têm.
Receberam um prémio de «Best world music álbum» pela Associação de críticos Alemã e ainda foi feito um documentário sobre a banda, filmado em 1998 pelo realizador francês Guy Demoy.
www.myspace.com/tarafdehaidouksbandofgypsies 


» LYRICSON
(Reggae – França)
Pela 1ª vez em Portugal a solo, o MUSA apresenta a nova sensação do reggae europeu através de Lyricson, convidado da mítica banda ASSASSIN e durante muitos anos a segunda voz de MANU CHAO.

Lyricson é uma das novas vozes a surgir no panorama do reggae europeu. Com uma forte influência de Capleton é dono de um vocal poderoso, o que o torna num talento especial como vocalista de Dancehall.
A sua participação nas tourneés com o mítico grupo francês Assassin e depois como segunda voz de Manu Chao, despoletou em 2004 a sua carreira a solo já esperada à bastante tempo com o álbum ‘Born to Go High’.
Dia 05 de Julho, Lyricson irá fazer jus à sua reputação e iremos assistir a um concerto com um ritmo alucinante.
www.myspace.com/lyricson


» A.M.O.R.
As A.M.O.R. surgiram a 5 de Outubro de 2006, fruto de uma tarde de feriado entediante. Depressa se entusiasmaram com o resultado dos esforços sónicos e com o número de amigos e elogios que agora apareciam todos os dias, via myspace. Foi então que começaram a ter a honra de ouvir a sua música em rádios como a Antena 3 ou a Oxigénio.
Entre concertos, compilações, mixtapes e participações, esticaram o tempo para preparar novas canções, tudo a pensar na realização do sonho de um álbum, que se avista para 2009.
www.myspace.com/amorloveyou


» InnaStereo
Banda formada em Setembro de 2005, por um grupo de amigos com gosto em comum por reggae, dub, rap, ska, estilos estes que influênciam a sua música. Desde muito cedo, começaram a dar concertos onde obtiveram uma boa crítica por parte do público/media. Durante o ano de 2006 tocaram em bastantes locais, na zona de Lisboa, onde tiveram a honra de partilhar os palcos com grandes nomes do Reggae Internacional como Alpha Blondy e David Rodigan. No final do ano de 2006/inicio de 2007, gravaram o primeiro trabalho, intitulado “Radio InnaStereo” que não chegou a sair para a rua. No princípio de 2007 foram forçados a parar, devido à saída de alguns membros. Durante algum tempo procurou-se incessantemente os membros para ocupar esses lugares. Entretanto, a banda continuou a produzir, abdicando de actuações ao vivo, durante esse período. Em Outubro de 2007, com todas as posições repostas, iniciou-se a pré-produção das músicas para o novo EP. O concerto de regresso de Innastereo aos palcos, deu-se em Março de 2008. Brevemente, sairá o segundo EP, neste momento em fase de masterização.
www.myspace.com/innastereo


» Katharsis
Mas o que mais marca nos katharsis é serem voluntariamente inacabados, assumidamente impolidos e perfeitos na sua imperfeição. Estão numa busca incansável pelo que há de mais além, e apesar de terem partido de uma sonoridade reggae, revelaram-se desde logo despretensiosos, descomprometidos e experimentadores. Isto permitiu-lhes viajar musicalmente aos mais refundidos cantos da terra, e às vezes ainda mais além! Com um sentido de humor único passam de uma tenda de circo, para as areias da arábia, cavalgam no faroeste, para se perderem num acampamento cigano… É por isto que a música que ouvimos soa tão singular e genuína como familiar e ancestral – é a música do mundo. O ritmo é frenético, provocador e indignado. É uma revolta contra o compasso vulgar, comodista e inconsequente. É esta revolta que despoleta a transformação do Ser.
www.myspace.com/skatharsis


» Quaiss kitir
Depois de cerca de cinquenta concertos por todo o país, de Porto a Lagos, incluindo presenças em dois dos maiores festivais de música de Portugal, o Festival Sudoeste e o Surf Fest de Sagres, e partilhando o palco com artistas mundialmente conhecidos como Matisyahu, Jimmy Cliff, Alpha Blondie, Xavier Rudd e David Rodigan, os Quaiss Kitir são vistos como uma grande promessa no cenário musical português. Com os seus concertos loucos, frenéticos e suados, conseguiram ganhar um bom nome e imagem junto do público jovem.
Em 2007 lançaram o seu álbum de estreia, ‘Ape Rising’, produzido por Cesco e esperam ansiosamente por todas as oportunidades de levar a sua música ao seu público, e sobretudo, por se divertirem.
www.myspace.com/quaisskitir


» Saumik
A música dos Saumik pode ser caracterizada como uma sonoridade híbrida composta por um lado pela linguagem do rock tradicional - guitarras e baixos com distorção complementadas com ritmos e vozes fortes e alternados -  e por uma parte electrónica e psicadélica fruto da presença dos sintetizadores conjugados com frases de guitarra hipnóticas.
www.myspace.com/saumikband


» Supreme Soul
Com os Supreme Soul, o grupo de Tiago Nobre Dias, João Melo, Susana Nogueira e Pedro Valério, a cena electrónica-pop portuguesa ganha novo fôlego com um toque de nostalgia pelos bons anos 80 vividos em clubes underground e com o ritmo e melodia merecidas que o pop lhe pode reservar.
Pintado com batidas graves e por vezes um tanto ou quanto sombrias os Supreme Soul remetem-nos para um universo de metamorfoses constantes que nos fazem divagar da melancolia à euforia. Com músicas fortes a nível sensorial esta banda deixa-nos com o sabor de veludo na boca e com vontade de nos enrolarmos a ele. Este é o som ideal para quem viveu à séria toda a cena dos clubes dos anos 80 londrinos e que quer recordar ou então perfeito para ser remisturado sem lhe tirar qualquer ponta de essência.
Faz jus às suas raízes...perfeito para levar uma plateia a saltar durante muito tempo!
www.myspace.com/supremesoulmusic


» The Rising Sun Experience
O nome The Rising Sun Experience foi escolhido em homenagem ao guitarrista Jimi Hendrix, pela sua importante influência musical em inúmeras bandas funk e rock.
Esta banda regressa às raízes do rock dos anos 70 e mistura o funk, o grunge, o blues, a electrónica, o estilo progressivo entre outros géneros musicais encontrados também em bandas que sempre os influenciaram, tais como: Led Zeppelin, Black Sabbath, King Crimson, Deep Purple, The Doors, Santana na sua primeira formação, Soundgarden, Miles Davis na sua fase eléctrica, Karlheinz Stockhausen, Simon and Garfunkel.
www.myspace.com/therisingsunexperience


» Tsunamiz
Não há motivos para os Tsunamiz: São um reflexo natural do actual estado de sítio adormecido. Dada a escolha, não hesitariam, também eles, em baixar armas perante a vida fácil, beber a ambrósia do capitalismo e aprender a manobrar o chicote da auto-flagelação popular – Para apressar a descida aos infernos do ser, derradeiro propósito do Homem do sec. XXI. Como um todo, porém, existem como reacção ao culto do dogmático e da superstição, um anticorpo contra a celebração da ignorância, rumo à sua mútua destruição. Não é sequer o asco que os move, é a ininteligível química de se ser quem se é.
Os Tsunamiz são a língua de fogo que há-de lavrar os campos, soterrar de vez os túmulos dos velhos profetas e pôr fim às suas póstumas incursões nocturnas pelas mentes incautas, a devastação que deve preceder um Novo Nascimento. Assim o exige a inocente, risonha sinceridade da lei natural das coisas.
www.myspace.com/tsunamiz».

Ainda mais informações, aqui.

20 junho, 2008

Extra Golden e Timbila Muzimba Também na ZDB


Fusão de músicas africanas com outras músicas - embora com sonoridades bastante distintas - é o que propõem dois grupos que se apresentam na ZDB, ao Bairro Alto, em Lisboa, nas próximas semanas. Os Timbila Muzimba (na foto), grupo moçambicano que cruza as sonoridades tradicionais das timbilas - os grandes xilofones do sudeste de Moçambique - com ritmos e instrumentos ocidentais, tocam na ZDB, no dia 26 de Junho, três dias antes de se apresentarem no Festival Mestiço, que decorre na Casa da Música, Porto, e do qual já demos conta num post aqui em baixo. Também à «boleia» do Mestiço, a ZDB apresenta no dia 2 de Julho um concerto com uma das bandas mais excitantes da actualidade a cruzar géneros africanos - neste caso, o benga queniano e o afrobeat - com o rock, os Extra Golden, formado por dois norte-americanos e por dois quenianos. Extra Golden que tocam no Mestiço a 29 de Junho, a mesma noite dos Timbila Muzimba e do casal maliano Amadou & Mariam (que, um dia antes, actuam no Med de Loulé). Sobre os Extra Golden, é favor ler o organigrama explicativo da banda no Juramento Sem Bandeira, aqui, e um fabuloso texto de Alex Minoff, um dos elementos do grupo, sobre o que é ou não é «fake», o que é ou não é verdadeiro nestas músicas e nos seus cruzamentos, aqui.

19 junho, 2008

La Troba Kung-Fú e Dhoad Gypsies from Rajasthan - A d'Orfeu Celebra o Solstício


A partir de amanhã, dia 20, e até dia 22, a d'Orfeu, em Águeda, celebra a chegada do Verão com concertos, bailes tradicionais, ateliers, debates e o que mais for... Como cabeças-de-cartaz estão os catalães La Troba Kung-Fú - que o ano passado deram um excelente concerto na Póvoa de Varzim - e o colectivo de ciganos indianos Dhoad Gypsies from Rajasthan (na foto). Toda a informação, oficial, já a seguir, em texto retirado daqui:

«Está prometida uma festança multi-artística para marcar o Solstício, em três dias de animação permanente no Espaço d’Orfeu, em Águeda. De 20 a 22 de Junho, há concertos, animações, banquinhas, exposições, espectáculos para toda a família, ateliers para crianças, um seminário para o associativismo, exposições, casa aberta e até as incontornáveis transmissões do Europeu. A d’Orfeu vai ser uma festa!

As músicas do mundo, cujas temáticas a d’Orfeu vem programando ao longo dos anos, terão palco na sexta e no sábado à noite, sempre pelas 23h00, respectivamente com os catalães ‘La Troba Kung-Fú’ (no âmbito da Cimeira do Fole e do Mestiçal Peninsular) e com os indianos “Dhoad Gypsies from Rajasthan’ (Festival das Músicas do Mundo Cigano). Forte cartaz para duas noites com concertos de arromba no Espaço d’Orfeu.

O espírito do Solstício vai viver-se também no ambiente das danças tradicionais. A parceria com a Trad Balls configura um convite muito especial à cada vez maior comunidade dançante em Portugal: os after-hours, pela uma da manhã (após os grandes concertos), terão uma tenda dedicada, na sexta com o DJ Matias, no sábado com os Mosca Tosca, em ambos os casos para dar largas ao folguedo. Haverá também uma oficina de danças ao fim da tarde de sábado, pelas 18h00, e outra para pais e crianças no domingo à tarde (inserido na tardada non-stop).

O evento preenche-se ainda num seminário dedicado ao associativismo local e regional, em directa cooperação com a autarquia, com uma série de ateliers práticos na manhã de sábado 21 Junho (fiscalidade associativa, voluntariado, apoios e candidaturas, trabalho em rede, estratégia cultural, etc) e um debate aberto ao público durante a tarde de sábado, este a ter lugar na Câmara Municipal. É uma organização conjunta com a autarquia, no âmbito do Solstício de Orfeu.

O domingo à tarde, é todo ele dedicado ao público familiar. Um non-stop de espectáculos e actividades a pensar no público infantil e toda a família (das 14h30 às 19h00) ocupará todo o recinto, de ponta a ponta, com a mais ampla utilização de espaços e recantos que alguma vez se fez no Espaço d’Orfeu. Do programa da tardada de 22 Junho, constam, entre outras propostas, o Bando dos Gambozinhos (reconhecido projecto artístico infantil do Porto, orientado por Suzana Ralha), o dueto inédito do marionetista Alexandre Pring com o acordeonista João Gentil, o espectáculo para a primeira infância “Tamborilando”, o Coro Infantil EMtrad’ e os alunos da Escola de Música Tradicional, a oficina de gaita-de-foles para crianças “Do Fundo do Baú” ou o concerto didáctico de jazz “Era Uma Vez Um Gato Maltês Tocava Kazoo Num Grupo de Jazz Português”.

Toda esta festa terá animação paralela com banquinhas e tasquinhas, fazendo conviver o mais puro ambiente de festa popular com uma vivência cultural cosmopolita, tudo num mesmo espaço intercultural. A própria casa, sede da d’Orfeu, vai escancarar as portas no domingo à tarde, com performances e exposições no interior, para o público percorrer e conhecer todos os espaços onde a associação trabalha.

Neste evento de partilha e cruzamento de públicos, quem é de fora pode instalar-se e ficar durante os três dias em Águeda. As actividades de animação podem brotar livremente. As banquinhas, quais cogumelos, têm espaço para se mostrar. À hora do futebol, há écran para vibrar. O Solstício de Orfeu 2008 é, do longo historial d’Orfeu, o primeiro festival em que o bilhete é uma pulseira. Até aos 12 anos, é gratuita. O público em geral tem, com um custo de simbólicos 3 Euros, acesso à programação integral do fim-de-semana.

De 20 a 22 de Junho de 2008, no quintal d’Orfeu, com festança e cheiro a laranjeira, eis o Solstício d’Orfeu. O velho encontra a juventude. O menino, fadas e dragões. O corpo, o gozo. O vinho, a boca. A fome, a mesa. O par, a dança. O futebol, o golo. A gaita, o tocador. A formiga, o carreiro. E Orfeu? Eurídice!».

18 junho, 2008

Os DeVotchKa Vão a Faro (e Não Vão Sozinhos)


Veja-se só que belo programa de festas: Faro dá as boas-vindas ao Verão com um conjunto de concertos, exposições e outros eventos de se lhes tirar o chapéu (ou pôr, se o Sol queimar demais, pelo menos durante a parte da tarde). Dia 21 de Junho, e a partir das 18h00, nos claustros do Museu Municipal, actuam três dos mais inventivos, divertidos e excitantes grupos portugueses da actualidade: Deolinda, O'QueStrada e Ela Não É Francesa Ele Não É Espanhol. Já no Palco da Sé, à noite, os concertos vão mais ao rock - embora com desvios saudáveis - e ficam por conta da portuguesa Rita Redshoes, dos norte-americanos DeVotchKa (senhores de uma sonoridade em que o klezmer, o cabaret, o vaudeville, os mariachis e a música cigana dos Balcãs convive com a folk e o rock; na foto) e os igualmente norte-americanos Hercules & Love Affair; encerrando-se a noite com uma sessão de DJ de Rui Pregal da Cunha (antigo vocalista dos Heróis do Mar e Kick Out The Jams). Actividades circenses a cargo do Chapitô e a inauguração de várias exposições - de Bill Viola e James Turrell no Museu Municipal de Faro, de Jorge Martins na Galeria Municipal de Arte Trem e a colectiva «Articulações na Fábrica da Cerveja completam a programação desta festa que leva o nome Allgarve Inaugura - o arranque de uma série de concertos que, ao longo deste Verão, irão incluir nomes como Caetano Veloso, Lou Reed, Paolo Conte ou Waterboys.

17 junho, 2008

Sete Sóis Sete Luas - Itinerâncias & Cruzamentos


O Festival Sete Sóis Sete Luas, que mais uma vez passa por vários países - incluindo Portugal e, este ano pela primeira vez, chegando aos Açores - mostra muitas músicas de muitos lugares. Para conhecer o programa completo, incluindo o calendário de actuações em Portugal, o melhor é consultar o site do festival, aqui. Mas, só para se ter uma ideia da dimensão do festival, segue-se a lista de artistas e grupos presentes nesta edição 2008 do Sete Sóis Sete Luas: 7SoisOrkestra - projecto liderado pelo italiano Stefano Saletti, com Massimo Cusato (Calábria), Margarida Guerreiro (Portugal), Jamal Ouassini (Marrocos), Miguel Ramos (Andaluzia), Mario Rivera (Sicília) e Eyal Sela (Israel) -, Acquaragia Drom (Itália), Arminda Alvernaz (Açores/Portugal), Argentina (Espanha), Assurd (Itália), Rogelio Botanz (Canárias/Espanha), Custódio Castelo (Portugal), Circo Diatonico (Itália), Homero Fonseca (Cabo Verde), Giuliano Ghelli (Itália, artista plástico), Ana González y Su Gente (Espanha), Gustafi (Croácia), Konstantino Ignatiadis (Grécia), La Compagnie Ilotopie (França, teatro de rua), Mario Incudine (Itália), Judith (Espanha), Samira Kadiri & Arabesque (Marrocos), Kama Fei (Itália), Ramon Kelvink (Itália, equilibrismo), La Gialletta (outro projecto especial do Festival que junta José Barros, dos Navegante, com as bascas Ttukunak e os italianos Mimmo Epifani e Giandomenico Ciaramia), Massimo Laguardia (Sicília/Itália), Lautari (Sicília/Itália), Les Boukakes (França/Tunísia/Marrocos), Carmen Linares (Espanha), Luar na Lubre (Galiza), Maracaibo (Espanha, teatro), Markeliñe (Espanha, teatro), Márcio Matos (Açores/Portugal, artista plástico), Matrimia (Itália), Med'Set Orkestra (e mais um super-grupo nascido neste festival, com o argelino Akim el Sikameya, a espanhola Mara Aranda, a italiana Rita Botto, o português Custódio Castelo, os italianos Marco Fadda e Riccardo Tesi e o grego Vasilis Papageorgiou), Mish Mash (Itália), Hélder Moutinho (Portugal), Navegante (Portugal), Nou Romancer (Espanha), Orchestra di Piazza Vittorio (Itália), Parto delle Nuvole Pesanti (Itália), Piccola Banda Ikona (Itália), Juan Pinilla (Espanha), Mariana Ramos (Cabo Verde), Royal de Luxe (França, marionetas gigantes), Eyal Sela (Israel), Amrbrogio Sparagna (Itália), Toma Castaña (Espanha), Oliviero Toscani (Itália, «Il Asini», projecto do famoso fotógrafo que tem como modelos burros portugueses), Triatriba (Sicília/Itália), Joana Vasconcelos (Portugal, escultura), Nancy Vieira (Cabo Verde), Xaile (Portugal; na foto), Xeremies de Son Roca (Ilhas Baleares/Espanha) e Imán Al Kandousi (Marrocos).

16 junho, 2008

Granitos Folk - Como Invocar a Lua e as Trovoadas e Amainar a Chuva


Há momentos mágicos na vida. Por exemplo, como explicar que depois de três noites de alegria, dança e calor, a chuva começa a cair no exacto - no exactíssimo! - momento em que os EmBRUN dão a última - a ultíssima! - nota do seu concerto de encerramento do Granitos Folk no jardim do Palácio de Cristal?... Não se explica? Explica-se pois: o S.Pedro, lá do cimo da sua nuvem sagrada, pensou que depois de três noites de folia, convívio e passos partilhados em são convívio com as árvores, as pedras e a Lua, já podia enfim fazer chover sobre as cabeças das muitas e muitas pessoas que foram dançar e ouvir muito boa música ao festival.

A primeira edição do Granitos Folk fora das portas do Contagiarte foi um sucesso! Muita gente nos três dias - principalmente nas noites de sexta e de sábado -, um local lindíssimo (a Concha Acústica do jardim do Palácio de Cristal) e seis excelentes grupos musicais fizeram do festival uma festa permanente. No primeiro dia com um magnífico concerto dos Mu, anfitriões perfeitos e senhores (e senhoras) de muitas e das mais belas músicas da Terra. A mesma Terra por onde andam muitas vezes e por muitos lados os espanhóis Amainur (na foto), que mesclam na perfeição klezmer e música árabe, pedacinhos de flamenco e música afro-latina com música «celta», num exercício elegantíssimo de fusão e sempre com uma execução técnica exemplar (com destaque para a fabulosa violinista Shirin). Na segunda noite, os Dazkarieh deram mais um grande concerto - um concerto em que, tanto aos originais como às várias versões de temas tradicionais (e há mais uma a juntar ao rol do grupo, a do tema da Beira Baixa «Cantiga Bailada»), se pode aplicar na perfeição uma frase de Gustav Mahler, «a tradição é a transmissão do fogo e não a veneração das cinzas», tal é o calor - e a electricidade - que eles lhe transmitem. Fogo, relâmpagos, trovões e terramotos - de tudo isto é feita a música dos italianos Barbarian Pipe Band, um grupo que usa as gaitas-de-foles e as percussões como armas de assalto ou como «beats» irresistíveis que apelam às danças tradicionais - algumas remontando à Idade Média - tanto quanto ao mosh ou ao pogo; comunicando sempre num português (quase) perfeito, divertindo, assustando, fazendo dançar, a Barbarian Pipe Band passeou-se pela música italiana e bretã, transmontana e galega, russa e escocesa (e se calhar por isso, uma mini-versão rock por eles apresentada, só poderia ser dos... Europe!). Já na última noite, o Festival terminou em grande com a deliciosa aparição dos Zaquelitraques (um grupo de crianças da Sra. da Hora que toca temas tradicionais para gaita-de-foles e tambores), um lindíssimo concerto dos Galandum Galundaina - em que, à falta dos Pauliteiros, se dançou lá em baixo como se muitos paulitos houvesse -, um concerto em que o destaque absoluto vai para «Fraile Cornudo», um tema denso, profundo, gótico, que faz um óptimo contraponto a temas mais festivos como «Dona Tresa» ou «Chin Glin Din». E, antes da chuva cair, os belgas EmBRUN fizeram toda a gente dançar - e como esta gente toda dança bem!! - com chotiças e mazurkas, círculos e bourrés, gavottes e etc, etc... Mas não se pense que os EmBRUN são uma simples «máquina» de bailes tradicionais. Não, os EmBRUN embrulham - passe a aliteração - tudo aquilo em rock, funk, jazz e são muito, muito bons! E, todas as noites e pela noite fora, na casa-mãe do Contagiarte houve ainda animadas sessões bailantes com Osga como DJ, os Zigaia e os Mosca Tosca. Foi um festival muito bonito!!

11 junho, 2008

Folk e World Feitas em Portugal - Relatório de Existências


Os últimos meses têm sido riquíssimos em edições de música portuguesa que navega pela música tradicional, seja ela portuguesa ou de outras proveniências - e muita dela também pelo rock ou pelo hip-hop ou por onde quer que seja... - mas toda ela feita em Portugal. Hoje, fala-se aqui dos discos, novos, dos Gnomon, Pé na Terra, Fadomorse, Mu, Kumpa'nia Al-gazarra, Tucanas, Mandrágora, Melech Mechaya, Dead Combo, Projecto Fuga (na foto), Joana Pessoa e Navegante. Uma dúzia inteira de discos!!


DEAD COMBO - «LUSITÂNIA PLAYBOYS» (Dead & Company/Universal Music Portugal)


E, ao terceiro álbum, os Dead Combo têm um disco que roça a perfeição. A sua linguagem está completamente estruturada e com um léxico cada vez mais próprio... Continuam por lá, é certo, as referências primordiais a Morricone, a Badalamenti e Ry Cooder, a Carlos Paredes e ao fado de Lisboa, mas avançando cada vez mais para outras paisagens sonoras onde se encontram a música «exotica» (na extraordinária e encantatória versão de «Like a Drug», dos Queens of The Stone Age, com a cantora Ana Lains a brilhar lá em cima), o son cubano transformado em fado e Durutti Column (em «Cuba 1970») ou a recolha de Michel Giacometti do «Canto de Trabalho» dos pescadores de Ovar usada como mote para uns blues ácidos (em «Canção do Trabalho D.C.»). A presença de convidados ilustres como Howe Gelb, Kid Congo Powers, Nuno Rafael, Carlos Bica ou Alexandre Frazão ajudam a dar a este «Lusitânia Playboys» os «efeitos especiais» que um filme destes precisa.


FADOMORSE - «FOLKLORE HARDCORE» (Hepta Trad/Compact Records)


O Hugo Correia é um génio, um louco, um Frank Zappa de alguma forma reencarnado num rapaz transmontano que tanto gosta de músicas tradicionais de várias proveniências como de jazz, de rock, de hip-hop, de música clássica?... Se calhar é isso tudo, mas ainda bem... Hiper-activo, mentor, músico e compositor de não se sabe bem quantos projectos musicais - Só Vicente, Triste Sistre, Upsz Jazz, DeusSémen, Vipassana, entre outros -, Hugo Correia tem nos Fadomorse o seu projecto mais conhecido. Um projecto que, ao fim de vários álbuns, cristaliza em «Folklore Hardcore» o melhor que antes já tinha «ameaçado» fazer. E se nos discos anteriores, o cacharolete interminável de referências musicais dos Fadomorse dava por vezes uma amálgama confusa e atabalhoada, neste novo álbum tudo - e quando se diz tudo é mesmo tudo, de recolhas de temas tradicionais ao hip-hop, de gaitas-de-foles a sitares, de uma voz feminina que parece a Dulce Pontes sem os trejeitos a citações dos Procol Harum ou do «Avé Avé Maria» até ao kuduro arraçado de música transmontana e galega (!!) ou ao drum'n'bass arraçada de ragas indianas e riffs punk hardcore (!!!) - faz sentido e contribui por igual para um álbum fresco, inventivo e surpreendente. E com um sentido de humor, felizmente, incorrigível.

GNOMON - «GNOMON» (Edição de Autor)


É um EP de estreia com apenas três temas (embora o terceiro tenha vários «actos»), mas que deixam água na boca para o que vem aí a seguir. Os Gnomon são um grupo de Joane que vai à música tradicional portuguesa e à folk - e vai lá tanto via nomes portugueses como José Afonso, Trovante, Brigada Victor Jara e Banda do Casaco como via folk britânica da tendência mais psicadélica, jazzy e progressiva - sem medos nem preconceitos. Soam de alguma forma a anos 60 e 70, mas soam muito bem. Neste EP promocional estão os temas «Paz do Gerês», «Uvas do Monte» e os lindíssimos «actos» de «Rosa dos Ventos». Os Gnomon são Tiago Machado (guitarra acústica), Carlos Ribeiro (guitarra eléctrica), Mário Gonçalves (bateria), Carlos Barros (percussão), Rui Ferreira (piano, acordeão e cavaquinho), David Leão (flauta transversal e gaita-de-foles) e João Guimarães (baixo eléctrico) e deles se espera agora um álbum inteiro.


JOANA PESSOA - «FLUIR» (iPlay)


O trabalho de renovação da música portuguesa de raiz tradicional já passou por várias fases - de José Afonso à Banda do Casaco, dos Ocaso Épico aos Madredeus, dos Trovante aos Sitiados, de Né Ladeiras e dos Gaiteiros de Lisboa aos Chuchurumel ou aos Xaile... - e tem agora, em Joana Pessoa, mais uma tentativa de tornar o antigo... novo. Uma tarefa que neste álbum de estreia da cantora, produzido por Rodrigo Serrão, fica pela metade: há nele uma tentativa honesta de revitalização de temas tradicionais já conhecidos noutras vozes («Este Linho É Mourisco», «Altinho» ou o romance «Oh Laurinda, Linda Linda») e de uma versão de José Afonso («Era Um Redondo Vocábulo»), mas às vezes as programações electrónicas, a secção de cordas ou uma guitarra portuguesa deslocada dão ao «todo» um lado artificial que o «todo» não merecia. (texto originalmente publicado na revista «Time Out Lisboa»)


KUMPA'NIA AL-GAZARRA - «KUMPA'NIA AL-GAZARRA» (Edição de Autor)


A vida da Kumpania Algazarra (ou, se não nos perdermos entre apóstrofos e hífens, Kumpa'nia Al-gazarra) tem sido feita nas ruas, em praças, em festivais - um dos primeiros concertos do grupo, no Andanças, foi um marco deste festival - e muita da sua arte perde-se quando transposta para o formato CD. É que se uma fotografia do Homem-Estátua da Rua Augusta não é muito diferente de assistir a uma performance do Homem-Estátua da Rua Augusta, num CD perde-se boa parte daquilo que a Kumpania Algazarra é ao vivo: a espontaneidade, a interacção com as pessoas, a improvisação, a dança compulsiva. Mas, felizmente, o fundamental da arte da Kumpania até está preservado neste álbum de estreia do grupo: a sua alegria a fazer música, o seu domínio de instrumentos - muitos sopros, acordeão, contrabaixo, percussões, voz -, o seu sentido de humor (oiça-se, por exemplo, «Supercali», uma balcanice cantada em português com o «Mary Poppins» como referência), as suas influências vindas de vários pontos do globo, mas perfeitamente digeridas por este bando de portugueses (e alguns estrangeiros): a música cigana dos Balcãs, o son cubano, o afro-beat, o ska, o reggae, o swing, o klezmer, o gnawa, o rock da antiga esfera soviética (da Rússia, da Ucrânia, da ex-Jugoslávia), tudo separado ou tudo junto em alguns «cocktails» de música inesperada e excitante. Um belo exemplo é «Maribor», onde vários géneros convivem facilmente e como se sempre tivessem estado assim unidos. Os Kumpania Algazarra podem facilmente agradar a fãs dos Clash, Madness, Fela Kuti, Klezmatics, Gogol Bordello, Buena Vista Social Club, Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, Fanfare Ciocarlia, Blasted Mechanism, Manu Chao, Bob Marley, Rachid Taha, Nogu Svelo ou Leningrad. Isto é, a tudo quanto é festa pegada. (texto originalmente publicado na revista «Time Out Lisboa»)



MANDRÁGORA - «ESCARPA» (Hepta Trad/Compact Records)



Oiço este segundo álbum dos Mandrágora e não consigo deixar de pensar como seria bom ler um texto do Fernando Magalhães sobre ele. Porque está aqui, neste álbum, tudo o que o Fernando mais gostava: um amor imenso à música tradicional portuguesa mas um amor que não se fecha em si próprio, antes abrindo-se a muitas, tantas, outras músicas: a folk galega, inglesa, irlandesa, escocesa e escandinava, o rock progressivo e psicadélico, as derivações jazz, as doses certas de experimentalismo, aventura e arrojo. «Escarpa», dos Mandrágora, eleva este grupo portuense ao patamar dos grandes grupos folk europeus da actualidade. E é justo que eles lá estejam! Para além de Filipa Santos (flautas, saxofone e gaita-de-foles), Ricardo Lopes (percussões, flautas e throat-singing), Pedro Viana (guitarra clássica), Sérgio Calisto (violoncelo, moraharpa, bouzouki e nyckelharpa) e João Serrador (baixo), em «Escarpa» colaboraram Simone Bottasso (acordeão diatónico), Matteo Dorigo (sanfona), a cantora Helena Madeira, do Projecto Iara, no hipnótico e selvático «Turbilhão», e Francisco Silva (aka Old Jerusalem) a dar a voz e a guitarra à deliciosa canção - canção mesmo! - que é «Abaixo Esta Serra».


MELECH MECHAYA - «MELECH MECHAYA» (Edição de Autor)


Que se saiba nenhum dos almadenses Melech Mechaya é judeu, mas isso também não interessa nada (não é preciso ser jamaicano para fazer reggae ou de Liverpool para se fazer música influenciada pelos Beatles): a verdade é que o grupo toca klezmer e que o toca muitíssimo bem!! Eles ao vivo são uma maravilha e neste EP de estreia, com cinco temas, está apenas uma amostra daquilo que eles são: festivos, inventivos, dançantes, por vezes doidos varridos, a irem à música dos judeus do centro e norte europeu como se esta fosse a coisa mais natural para quem vive na margem sul do Tejo. Em três temas originais do grupo - «Noite Tribal», «Zemerl Biffs» e «Fresta Fresca» - e duas versões - «Bulgar de Odessa» (Ucrânia) e «Miserlou» (o tema grego que Dick Dale popularizou) -, o quinteto passa pelo klezmer e por alusões a outras músicas suas irmãs, da música árabe à música cigana dos Balcãs, com uma facilidade e uma alegria contagiantes. Não é tão bom ouvir o EP quanto é vê-los ao vivo, mas já é uma aproximação.


MU - «CASA NOSTRA» (Edição de Autor)


De onde é que vem esta música que não se sabe bem de onde vem?... Nos Mu - e, recorde-se, Mu era o nome de um mítico continente perdido, terra de atlantes, sereias e outros seres míticos - a música parece vir de todo o lado e de um lado só deles, dali de dentro, das suas almas e dos seus corações. Se calhar, os Mu recriam sem o saber temas tradicionais de Mu, o continente do Oceano Pacífico onde se teriam cruzado povos ainda agora existentes e outros que deixaram de existir, seres verdadeiros e imaginários, se é que a verdade e a imaginação não são uma e a mesma coisa, como o são na música dos Mu. Porque uma música que tem tanto de verdade como de... imaginação. E uma alegria e um brilho imensos, um encanto permanente tanto nos temas originais - mas que reflectem tantas e tantas músicas de tantos e tantos lugares! - como nas versões de tradicionais russos ou húngaros. A música dos portuenses Mu serve para dançar, serve agora ao segundo álbum (este «Casa Nostra» em que tem como colaboradores Helena Madeira, do Projecto Iara, o grupo de percussões Semente e Quico Serrano como produtor) como já servia ao primeiro, mas serve também para ensinar a ouvir - a ouvir a sua música e a de muitos outros. E isso é o que torna os discípulos mestres.


NAVEGANTE - «MEU BEM MEU MAL» (Tradisom/iPlay)


«Meu Bem Meu Mal», o novo álbum dos Navegante - ainda e sempre liderados por José Barros, embora tenha deixado cair o seu nome do nome do grupo -, é sem dúvida o melhor de sempre deste projecto. E o facto de José Barros ter contado com José Manuel David (dos Gaiteiros de Lisboa) como cúmplice principal nos arranjos e na produção deste disco foi um trunfo importante. Assim como o alargadíssimo leque de convidados presentes: de vários dos Gaiteiros de Lisboa, Amélia Muge, Rui Júnior, as txalapartistas bascas Ttukunak, Manuel Rocha, Janita Salomé, João Afonso, Edu Miranda, etc, etc... Mas isso não impede, mais uma vez, uma certa sensação de frustração quando se ouve o álbum de início ao fim e se fica com a sensação de que muitas destas canções - tanto os originais de José Barros quanto os tradicionais adaptados - poderiam, e deveriam, ir muito mais longe em arrojo e aventura. Oiçam-se as excepções, como por exemplo «Sábado d'Aleluia», onde o universo é muito mais Gaiteiros de Lisboa do que Navegante, ou o divertido e fresquinho «Fado do Tu Cá Tu Lá» (um dos dois temas co-compostos por Barros e Amélia Muge), para se perceber o que quero dizer.


PÉ NA TERRA - «PÉ NA TERRA» (Açor)


É tão bonito e fresquinho este álbum de estreia dos Pé na Terra! Um álbum em que se sente um amor enorme pela tradição - quer seja a tradição portuguesa (presente em «Menino Ó» e «Maria Faia») quer por outras tradições de outros lugares (e andam por aqui valsas e chapeloises) quer pela «tradição» que já é a música de José Afonso (a lindíssima e, no final, arrojada versão rock de «Balada do Sino) - e uma vontade de, tomando balanço nessa tradição, avançar para temas originais mas que cheiram a terra, a raízes, a aldeias (aldeias portuguesas, sim, mas também aldeias perdidas no interior da Galiza, de França, das ilhas britânicas...). Depois, Cristina Castro é uma excelente cantora e acordeonista, Ricardo Coelho é um fabuloso gaiteiro e flautista - e neste álbum ele usa gaitas de várias proveniências, low whistle, requinta, gralha, numa panóplia de instrumentos interminável - e o resto da banda - Hélio Ribeiro (guitarras), Adérito Pinto (baixo), Tiago Soares (bateria e percussões variadas) e a convidada permanente Silvana Dias (violoncelo) - dá uma consistência única ao som final do grupo. Abertos, livres de preconceitos e hiper-criativos, os Pé na Terra são já uma das mais importantes bandas folk portuguesas.


PROJECTO FUGA - «01» (Fuga/Compact Records)


E que bela surpresa esta!! «01», o primeiro álbum do Projecto Fuga foi um «work in progress» que juntou um trio «nuclear» - Pedro Pereira (principal compositor e teclados, samples, guitarras...), Maria Pedro (principal letrista) e Milton Batera (bateria) com muitíssimos e diferenciados músicos e cantores convidados: Celina da Piedade (acordeão e voz), JP Simões, o guineense José Galissá (kora e voz), Teresa Gabriel), a brasileira Fernanda Takai (Pato Fu), o cantor nigeriano Enjel Eneh, Ana Deus e Adolfo Luxúria Canibal, entre outros. E em «01» há lugar para tudo o que se possa imaginar: há uma valsinha deliciosa, há alusões à música brasileira e a Fausto (em «De Fugida»), à música árabe, ao jazz, à música africana, ao rock de tendência sixties («Verso Inverso», com a voz de Pedro Bonifrate, dos Supercordas) e de outras tendências, ao fado («Outro Tema»), aos blues («Dakun Baby») e até a algum experimentalismo. «01» não é um álbum homogéneo - e ainda bem! - nem é sempre bom... Mas quando é bom é mesmo muito bom!

TUCANAS - «MARIA CAFÉ» (Spot/Farol)


Muitas delas saídas dos Tocá Rufar, as raparigas das Tucanas sempre foram umas excelentes percussionistas - e sempre tiveram nas percussões a sua base de trabalho primordial (percussões tradicionais ou por elas inventadas, os próprios corpos como instrumento de percussão...) -, mas, a pouco e pouco, também as harmonias vocais foram tomando um papel importantíssimo no seu processo de composição. Finalmente, e para acabar de compor o ramalhete, a adição da acordeonista Marina Henriques deu-lhes a «carpete» melódica e harmónica que muitos dos seus temas precisavam. E este intróito todo é necessário para explicar o grau de excelência, de virtuosismo e de criatividade que «Maria Café», o primeiro álbum das Tucanas, conseguiu atingir. Um grau elevadíssimo, mesmo que não tivesse sido necessário gravar tantos temas para o conseguir. Em «Maria Café», as Tucanas passeiam alegremente pela música africana (anda por lá o batuque cabo-verdiano e muitas outras alusões a África), a música brasileira e latino-americana - mesmo quando a latino-americana se une à... música cigana dos Balcãs (na versão de «Peruano» com a Kumpa'nia Al-gazarra) -, os bailes tradicionais europeus (oiça-se o delicioso final de «Domingão/Niará») e o divertimento puro e simples («Kazoo», com Carmen Miranda incorporada), seguindo os ensinamentos do O Ó Que Som Tem - e está lá Rui Júnior (também seu mestre nos Tocá Rufar) - e das Zap Mama, dos Stomp e de Bobby McFerrin. E seguindo-os muito bem!

10 junho, 2008

Med de Loulé - Mais Música e Programação Paralela


Para além da programação dos palcos principais - já divulgada pelo Raízes e Antenas há algumas semanas - o Festival Med de Loulé conta com muitos outros atractivos, quer nos palcos secundários quer nos outros espaços e ruas do festival.

Parafraseando o comunicado oficial: «Mais de duas dezenas de bandas vão apresentar-se nos palcos secundários nesta quinta edição do evento que decorre de 25 e 29 de Junho, na Zona Histórica de Loulé. Os palcos do Castelo, da Bica e do Arco completam um cartaz de luxo. Aqui, são os portugueses que dominam mas a Espanha e Madagáscar também vão ter os seus representantes. Do fado à música tradicional portuguesa, dos DJ residentes à dança do ventre, passando pelo reggae ou pelos blues, a animação do MED também vai ser feita destes nomes menos conhecidos.

No arranque do Festival, a 25 de Junho, destacam-se os concertos da fadista Susana Travassos, na Bica, dos INP.A.C.TO, o projecto louletano de músicas do mundo, que vai estar no Palco do Arco, os Al-Driça que regressam ao MED para trazer as sonoridades do Mediterrâneo e a dança do ventre ao Castelo, e a banda oriunda de Madagáscar, os Kilema (na foto), que também sobem ao palco do Castelo.

Para o segundo dia de MED, o projecto Fad’Nu traz uma nova abordagem do fado ao palco da Bica. As outras propostas da noite são o grupo de percussão Batukalgarve, que vai estar no Arco, e a Velha Gaiteira, que leva ao Castelo um espectáculo com as tradicionais gaitas de foles.

O jazz de fusão dos Jazz Ta Parta (Arco), o reggae de Freddy Locks (Castelo) e os Al-Bravia (Bica) são as propostas para a noite de 27 de Junho.

No sábado, dia 28, espera-se uma das noites mais concorridas do MED e, de certo, que o cartaz dos palcos secundários vai contribuir para essa adesão do público. O colectivo espanhol de guitarras Biel Ballester Trio actua na Bica, enquanto que o já reincidente Nanook apresenta-se a solo no palco do Arco. The Most Wanted vão fazer a festa no Castelo, com 12 elementos em palco que trazem toda a alegria do reggae.

No encerramento da quinta edição do MED, as propostas são bem portuguesas: Fadobrado (Bica), Amar Guitarra (Arco) e Moçoilas (Castelo). No cair do pano do Festival, o grupo Semente irá de certo proporcionar um concerto inesquecível, numa conjugação original entre a música de dança e as sonoridades da “World Music”».

Mas ainda há DJs: «Outra das componentes do cartaz do MED é a performance de DJ que vão animar o público pela noite dentro. Este ano, o DJ Joe Latino vai estar durante os cinco dias de Festival a passar música de vários pontos do mundo, em ritmo de dance music.

Na noite de dia 26, o DJ Single Again, nome pelo qual é conhecido João Patrício, que já passou por rádios como a Rádio F ou a TSF e que actualmente colabora com a Antena 2, vai mostrar ao público as suas experiências adquiridas em várias geografias e diversos festivais de teatro em que participou, apresentado sons onde convivem os antigos blues portugueses com o ska, a dance-hall, pogo, música étnica, etc.. O DJ pretende proporcionar ao público uma viagem à volta das músicas do mundo, fazendo-se acompanhar pelas imagens de Paulo Matosinhos (VJ LisbonSpektrumKorp).

A apresentadora da Antena 3, Raquel Bulha, uma amante confessa da World Music e presença assídua nos últimos anos do Festival MED, vai trazer ao espaço da alcaidaria do Castelo, no dia 27 de Junho, um espectáculo à sua medida: cheio de profissionalismo e boa disposição.

Finalmente, a dupla espanhola DJ Los Rumbers vai passar uma música de fusão, na noite de sábado, 28 de Junho, também no espaço do Castelo».

E muitas outras actividades: «Na Tenda Marroquina, os visitantes vão poder provar chás marroquinos, assistir a espectáculos de dança do ventre, desfrutar de uma massagem mediterrânica ou simplesmente conviver, num espaço decorado com os cheiros e os tecidos de outras paragens.

Os mais pequenos vão ter uma área só para eles. O Med Kids é o local onde as crianças dos 6 aos 12 anos se podem divertir e experimentar diversas actividades, sempre acompanhadas por uma equipa de monitores qualificados. Este espaço vai estar activo durante os cinco dias do Festival, para que as crianças se possam divertir com Lendas de Mouras Encantadas, oficinas de barro ou aprendam a escrever em árabe, enquanto os pais vivem outras experiências no recinto. Todas as noites, às 22h30, os mais jovens vão poder conhecer Tamani, um jovem Tambor que ainda não aprendeu a tocar.

Diariamente, por todo o recinto do Festival Med, os visitantes vão ser inesperadamente prendados com pequenas actuações e improvisos da Vicenteatro, uma companhia itinerante de teatro, cujo repertório é totalmente em português, e que oferece espectáculos para todas as idades, com o objectivo de estimular o gosto, o conhecimento e hábitos de teatro, visando a criação de novas e alargadas “correntes” de público.

Às 23h30, de 25 a 29 de Junho, nos Claustros do Convento vai ser possível assistir ao Ventus, um espectáculo multidisciplinar com sombras chinesas, teatro de imagem e dança, com duração aproximada de 30 minutos.

“Eu Estive no MED” é o nome do ateliê que a organização criou para os visitantes deixarem a sua marca e eternizarem a sua passagem pelo festival. Diariamente, das 21h às 23h, os participantes são convidados a dirigir-se à sala polivalente da alcaidaria do castelo para fazer sacos e blocos personalizados para levar do Med uma recordação especial.

E para quem quiser encarnar verdadeiramente o espírito Med, a organização volta a apostar num espaço de cabeleireiro onde é possível fazer gratuitamente penteados originais, inspirados na diversidade cultural que marca o Med.

Cerca de 30 restaurantes, localizados dentro e fora do recinto do festival, aderem ao Med com ementas exclusivas para os dias do evento, em que constam pratos típicos dos vários países da bacia do mediterrâneo. O reputado cozinheiro Chakall vai estar presente durante todo o evento, com o restaurante Al-Chakall, que convida os visitantes a experimentar algumas criações gastronómicas libanesas dedicadas ao Med.

Difundir a cultura e promover os talentos locais são dois dos objectivos máximos da organização do evento, que abrange, por isso, as mais diversas manifestações culturais. As artes plásticas também estão amplamente contempladas. Pelo segundo ano consecutivo, a organização desafiou 20 artistas a pintarem uma tela dedicada ao Med. Este ano, o tema da exposição é “Interligando Culturas” e os trabalhos vão estar expostos nas ruas históricas da cidade, juntamente com as peças de autoria de crianças das escolas do concelho, que têm igualmente como inspiração a temática mediterrânica. Segundo Vicente de Brito, um dos artistas convidados, “O papel do artista no mundo é criar beleza, mas se ela contribuir socialmente para um mundo melhor construindo uma maior aproximação entre os povos e culturas, então a arte ai está a atingir a sua plenitude.”

Ainda no campo das artes plásticas, o Med integra o projecto Finisterra, com início em Junho e que estará patente até Agosto de 2008 em Loulé, Almancil e Vale do Lobo. Trata-se de três exposições simultâneas que se enquadram num único projecto de grande envergadura, que vão trazer ao Algarve sete jovens prometedores artistas do panorama artístico contemporâneo português: André Banha, Gonçalo Sena, Hugo Canoilas, Lúcia Prancha, Luís Nobre, Pedro Gomes e Renata Sancho.

Os apreciadores de artesanato internacional terão muito por onde escolher na edição deste ano do Med. Mais de 100 bancas vão estar espalhadas por todo o recinto do festival, entre becos e ruelas da zona história da cidade de Loulé. Este ano, a oferta será sobretudo de origens marroquina, tunisina e egípcia, e os visitantes vão poder escolher entre bijutaria, têxteis, vestuário, instrumentos musicais característicos, como djambés ou tambores, cachimbos de água, serviços de chá dos países do Magreb, entre muitos outros».

Mais informações aqui e aqui.

09 junho, 2008

Vinhais Fest - Novo Festival em Trás-os-Montes


E há mais um festival folk a juntar ao rol: a primeira edição do Vinhais Fest, que decorre em Vinhais, Trás-os-Montes, nos dias 29 e 30 de Agosto, com grupos e artistas folk de tendência essencialmente mais folk-rock e com bastante electricidade à ilharga, e mais uma surpresa: os UHF, com um projecto folk de António Manuel Ribeiro concebido especialmente para este festival. No palco principal do festival actuam, dia 29, os mirandeses Trasga, a fabulosa cantora galega Mercedes Peóon e os extremenhos Los Niños de los Ojos Rojos, e, no dia 30, os almadenses UHF , a violinista castelhana de música celta Judith e os já históricos escoceses Wolfstone (na foto). Para além desta programação, o festival inclui ainda desfiles dos Gaiteiros de Vinhais e dos Gaiteiros de Moimenta; as exposições «Tradições Musicais de Vinhais: Bibliografia e Discografia» e «A Máscara Ibérica»; a conferência «Máscaras e Mascarados de Ousilhão»; artesanato e produtos da terra; livros e discos.

05 junho, 2008

Dois Anos de Raízes e Antenas!


O blog Raízes e Antenas comemora hoje o seu segundo aniversário. E - ai a preguiça! - indo buscar a cábula do que escrevi o ano passado: estes foram dois anos felizes, cheios de discos, de concertos, de festivais e de amigos. E é aos amigos que brindo nesta data: aos fotógrafos que cederam imagens para o blog, aos meus camaradas que foram fonte de informação, aos bloggers que «linkaram» o R&A por alguma razão e a todos os que por aqui deixaram comentários ou que me visitaram, uma ou muitas vezes. E com um brinde especial à Rita Guerreiro - que há um ano estava «exilada» em Londres e que agora está em Bruxelas -, que foi a sua madrinha. E, claro, aos músicos, cantores e compositores que são a seiva destas raízes e as ondas destas antenas!!

04 junho, 2008

«Folk-Lore» - O Segundo Tomo


Folk-Lore 02 from Tiago Pereira on Vimeo.

«Folk-Lore», o vídeo-magazine trimestral (ou às vezes antecipado), de Tiago Pereira, tem agora o seu tomo nº 2, dedicado à Água, tema da Expo 2008, de Saragoça, onde vai ser exibido. Para saber mais sobre o realizador Tiago Pereira pode consultar-se o seu blog ou o seu myspace.

Ficha: Regadinho de Tiago Pereira. Realização, Imagem e Montagem - Tiago Pereira. Som, efeitos sonoros - Eduardo Vinhas e Rodrigo Costa. Misturas - Eduardo Vinhas. Recolhas - Tiago Pereira, Carla Pinto e Maria Braga. Com Adélia Gracia, Almerinda, D.Sofia dos Velhos da Torre, Sr. Daniel, Preciosa e Francelina. Captado em Alte e Paderne na serra Algarvia, Caçarelhos, Vimioso, Trás-os-Montes e Esmoriz e Ovar.

03 junho, 2008

Mariza e Javier Limón - O Fado Encontra a Música Espanhola


Se ontem demos conta da parceria entre o fadista Ricardo Ribeiro e o mestre libanês do oud Rabih Abou-Khalil, hoje há outra novidade sobre os cruzamentos do fado com outras músicas e outros músicos: o da edição do novo álbum de Mariza, «Terra», produzido por Javier Limón e com convidados como a extraordinária cantora afro-espanhola Concha Buika, Chucho Valdés ou Tito Paris. E, em tempos de menos tempo para dar a este blog, aqui vai a notícia da Lusa acerca do assunto, o que poupa trabalho e explica tudo o que há para explicar:

«O novo álbum de Mariza, intitulado "Terra", o quarto de originais, será editado a 30 de Junho, devendo a fadista fazer "uma apresentação exclusiva à imprensa, dia 16, na Fundação Caixa", em Lisboa...

O início da digressão mundial da criadora de "Os anéis do meu cabelo" (António Botto/Tiago Machado) será a 21 de Junho, em Santarém, na Monumental Celestino Graça.

O novo álbum é produzido pelo espanhol Javier Limón e conta com as participações de Concha Buika, que editou recentemente o CD "Niña de fuego", Chucho Valdés, Dominic Miller, Tito Paris, Horácio `El Negro` Hernández, Ivan `Melon` Lewis, Piraña, Dany Noel, Carlos Sarduy, e Ivan Lins que assina o tema "As guitarras".

Acompanham também a fadista Marino de Freitas (baixo acústico), Diogo Clemente (viola) e Bernardo Couto (guitarra portuguesa).

Entre os 14 temas que integram o álbum, a fadista volta a interpretar Florbela Espanca, designadamente o poema "Vozes do mar", com música de Diogo Clemente.

Outra presença desde o primeiro álbum é do compositor Tiago Machado, o autor da música de "Ó gente da minha terra" assina agora a pauta para "Recurso" de David Mourão-Ferreira de quem a fadista já gravou "Primavera" e "Maria Lisboa".

Tal como em "Transparente" editado em 2005, o seu último álbum de originais, Mariza recria três temas nacionais, designadamente "Já me deixou" (Artur Ribeiro/Max), "Rosa branca" (José de Jesus Guimarães/Resende Dias) e "Alfama" (Ary dos Santos/Alain Oulman"), este último, criação de Amália Rodrigues, nome que acompanha também desde "Fado em mim".

Não é a primeira vez que a fadista recupera um tema da dupla Alberto Ribeiro/Max, no seu álbum de estreia, desta parceria gravou "Vielas de Alfama".

Do repertório muiscal cabo-verdiano escolheu uma morna de B. Leza, "Beijo de saudade", que interpreta com Tito Paris.

Outros autores escolhidos são Pedro Homem de Mello, "Fronteira", musicado por Mário Pacheco que é o autor da música de "Cavaleiro monge", e Paulo de Carvalho, com "Minh`Alma", que assinara em 2005 "Meu fado, meu".

Paulo Abreu Lima e Rui Veloso, autores já habituais da fadista, assinam "Tasco da Mouraria", que Mariza afirmou, no seu concerto na Torre de Belém, este mês, ser uma homenagem ao seu pai.

Rui Veloso faz, aliás, outra parceria, com Carlos Tê, assinando "Morada aberta".

Outro autor também já habitual é Fernando Tordo que assina "Se eu mandasse nas palavras".

O produtor Javier Limón assina o tema "Pequenas verdades" e Diogo Clemente bisa presença com Dominic Miller na autoria do tema "Alma de vento".

Em "Terra" Mariza faz dois duetos, designadamente com Concha Buika, em "Pequenas verdades" e com Tito Paris no tema de B. Leza.

Ao longo da sua carreira de cerca de 10 anos, Mariza tem sido distinguida com vários galardões, nomeadamente, o First Award - Most Outstanding Performance no Festival do Quebeque (2002), dois Deutscheschalplatten pela crítica alemã pelos seus álbuns "Fado em mim" (2001) e "Fado curvo" (2003), o European Border Breakers Award, no MIDEM em Cannes, em 2004 e, em 2005, o Prémio Amália Rodrigues Internacional.

Este ano, a fadista foi agraciada com Medalha de Vermeil da Sociedade de Artes, Ciências e Letras de Paris».

02 junho, 2008

Rabih Abou-Khalil e Ricardo Ribeiro - O Fado Encontra a Música Árabe


Independentemente das teorias que se tenham sobre as origens do fado - se veio de África, do Brasil, dos países árabes, da Europa do norte ou de muitas e desconhecidas ondas perdidas em mares e oceanos... -, a verdade é que uma experiência como a de que aqui damos conta hoje é extremamente importante para se tentar perceber as pontes que o fado já teve, ou tem agora ou terá um dia, com outras músicas suas familiares. O álbum que reúne o fadista Ricardo Ribeiro e o mestre do oud Rabih Abou-Khalil (na foto, de Markus Lackinger) sai já esta semana, através da Enja, segundo dá conta uma notícia da agência Lusa que aqui publicamos na íntegra:

«À música do libanês Rabih Abou-Khalil juntou-se pela primeira vez uma voz, a do fadista Ricardo Ribeiro, que escolheu poemas em português de autores como José Luís Gordo, Mário Raínho ou Rui Manuel, originando um disco invulgar.

O projecto começou o ano passado por intermédio do encenador Ricardo Pais que os apresentou, seguiram-se dois espectáculos em Lisboa e no Porto, e esta semana surge o álbum, "Rabih Abou-Khalil em português".

"É um projecto que me enche de orgulho pela satisfação que foi trabalhar com um extraordinário músico, e pela forma como o trabalho fluiu, sem forçar nada, correndo tudo muito naturalmente", disse à Lusa Ricardo Ribeiro.

Pela primeira vez, Abou-Khalil juntou voz à sua música.

Os poemas, todos inéditos, foram propositadamente escolhidos para o projecto, à excepção de "Casa da Mariquinhas", de Silva Tavares, que Alfredo Marceneiro popularizou.

"Escolhi letras de poetas com os quais me identificava, todos os autores são contemporâneos e estão vivos, exceptuando Silva Tavares", disse o fadista.

"Casa da Mariquinhas", "Adolescência perdida", de autoria do fadista António Rocha, "Já não dá como está", de Rui Manuel, e "No mar das tuas pernas", de Tiago Torres da Silva, são os favoritos de Ricardo, de um grupo de 12 temas.

"Na realidade gosto de todos os poemas, por isso os escolhi, mas estes têm um gosto especial", justificou.

"`No mar das tuas pernas` surgiu porque o Rabih queria uma letra erótica, quase pornográfica, como indicava a cadência da sua composição musical", explicou.

"No caso de `Casa da Mariquinhas` que é um poema que permite uma leitura nas entrelinhas, a música de Khalil é muito subtil, com descida nas escalas nessas segundas leituras, e depois um ritmo mais acelerado".

"`Adolescência perdida`, de que gosto muito, mostrei-a ao Rabih, e numa semana, durante as gravações em estúdio, aprendi a música e gravámos", afirmou.

Para o fadista, vencedor de uma Grande Noite do Fado (1998) e detentor de um Prémio Amália Rodrigues Revelação (2005), "há na música de Abou-Khalil laivos de fado e até do cante alentejano, mas não houve qualquer tipo de tentativa de aproximação".

"Claro que está lá fado, porque canto fado, mas procurei desligar-me e corresponder ao registo pretendido, à cadência e ao ritmo", disse.

"Essas reminiscências quer do fado quer do cante são naturais, pois os árabes estiveram 800 anos na Península Ibérica", acrescentou.

Fadista da linha tradicional, habituado ao público das casas de fado e das noites de tertúlia fadista, Ricardo Ribeiro afirmou à Lusa que se sentiu "assustado" com o projecto que lhe parecia "complicado".

"Fiquei assustado, com um músico do calibre do Rabih que nunca tinha juntado voz à sua música, mas depois correu muito bem", disse.

"Na música de Khalil tanto o ritmo, muito forte, como a melodia são muito improvisados e não há uma base harmónica como estou habituado no fado", acrescentou.

O fadista realçou que "intuitivamente" se aproximou da música de cariz árabe e quanto a mudanças de estilo afirma: "Sou eu na mesma, porque afinal é a minha alma que canta".

Com Ricardo Ribeiro (voz) e Rabih Abou-Khalil (alaúde) estão Michel Godard (tuba), Jarrod Cagwin (tambor tradicional árabe) e Luciano Biondini (acordeão).

Mannheim, na Alemanha, e Dudelange, no Luxemburgo, são os dois próximos palcos deste projecto, respectivamente a 06 e 14 de Junho.

Agendados estão já mais de uma dezena de espectáculos na Europa: Vila Nova de Cerveira será a primeira localidade portuguesa a recebê-los, dia 26 de Julho. Dia 04 de Agosto estarão no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e dia 10 do mesmo mês na casa da Música, no Porto».