28 agosto, 2007

Festival Planície Mediterrânica - Muitas Músicas em Castro Verde


Mesmo na chamada «silly season», as Crónicas da Terra do camarada e amigo Luís Rei continuam atentíssimas ao que se passa à nossa volta nestas coisas da world/folk/etc. (passem por lá que há mais novas sumarentas). E é das Crónicas que eu saco mais uma notícia, desta vez relativa ao Festival Planície Mediterrânica, que decorre em Castro Verde - integrado no Sete Sóis Sete Luas - entre os dias 13 e 16 de Setembro, com concertos dos Vaguement La Jungle (França; na foto), Café Aman (Grécia/Turquia), Lautari (Sicília - Itália) e La Gialleta (uma produção do festival que reúne as gémeas bascas Ttukunak, em txalaparta, o português José Barros, dos Navegante e Quatro ao Sul, e os italianos Mimmo Epifani, no bandolim, e Erasmo Trenglia, no violino), o «novo circo» dos franceses Galapiat, espectáculos de cante alentejano, ateliers de danças tradicionais promovidas pela Pé de Xumbo e bailes «mandados» pelos portugueses Fol&ar e os turcos Gevende. Todas as informações aqui.

27 agosto, 2007

Iberfolk - II Edição Confirmada na Sortelha



De regresso às lides - ainda com os bolsos cheios de areia algarvia e apenas por alguns dias antes de ir até à Póvoa de Varzim para o nóvel Músicas do Mar - aqui fica, com júbilo, a notícia da confirmação da realização do II Iberfolk, na Sortelha, aldeia próxima do Sabugal, nos dias 7, 8 e 9 de Setembro. Com um programa ainda aberto a sugestões de quem queira participar com actividades várias - «além das actividades planeadas deixaremos a cada um propor e realizar o que entender. Existirá, durante o festival, um placard onde cada um poderá indicar a hora e local da actividade que pretende realizar. Não há limites ao tipo e natureza de actividades, desde que a logística esteja assegurada. Fica na vossa mão fazer workshops, sessões de debate, percursos, projecção de filmes, o que quiserem. Sortelha e todos nós estaremos lá para participar. O lema é: "Constrói o festival"» -, mas já com o programa-base delineado e confirmado. Este: Dia 7, 15h00 - Escalada no castelo, 19h00 - Observação solar, 22h00 - Pé Na Terra, 23h30 - Projecção do documentário «Arritmia», de Tiago Pereira, 23h30 - Hora Do Conto I - Marco Luna, 24h00 - Ventos Da Líria (e ainda, após as 22h00 - Observação astronómica); dia 8, 15h00 - Escalada no castelo, 15h30 - Workshop de Danças Tradicionais I, 16h00 - Caminhada «À descoberta de moinhos de água», 17h00 - Workshop de Adufe, 17h00 - Workshop de Danças Tradicionais II, 19h00 - Workshop «Mergulhar no Corpo», com Sandra João, 19h00 - Workshop de Ioga, 21h00 - Adufeiras de Paúl, com participantes de Workshop de Adufe, 22h00 - Diabo A Sete (cujo excelente álbum de estreia, «Parainfernália», está na calha para crítica próxima; na foto), 23h30 - Projecção do documentário «11 burros caem num estômago vazio», de Tiago Pereira, 23h30 - Hora Do Conto II, com Marco Luna, 24h00 - Tor; dia 9, 15h00 - Escalada no castelo, 15h30 - Workshop de Danças Tradicionais III, 15h00 - Caminhada «Serra de Malcata», 19h00 - Teatro de Marionetas «Tobias», 17h30 - No Mazurka Band (Baile/Workshop/Animação), 21h30 - Hora Do Conto III, com Marco Luna, 22h00 - Mosca Tosca. Mais informações aqui.

15 agosto, 2007

Sons do Atlântico - A Rainha, os Plebeus e os Infantes



O Sons do Atlântico, no lindíssimo promontório de N.Sra. da Rocha, em Lagoa, é ainda um festival pequeno - em número de assistentes - mas já bastante consistente em termos artísticos e com argumentos suficientes para se impor como mais uma etapa incontornável no roteiro de festivais de Verão da chamada world music. E se, o ano passado, o alinhamento do festival foi mais arriscado e aventuroso - apostando em nomes como Mercan Dede e Mercedes Péon, ambos a assinar concertos de nível altíssimo -, o elenco deste ano, embora alinhando nomes mais consensuais, foi também de altíssima qualidade. A começar logo no primeiro dia, com uma Lura deslumbrante, «animal de palco», a arrancar coros e aplausos de uma plateia cheia, cativando muitos cabo-verdianos e toda a gente das outras nacionalidades. Uma Lura segura, dona de uma voz maravilhosa, boa dançarina, a distribuir bem pelo espectáculo coladeiras, mornas, batuques e funanás, apelando a canções do novo álbum (como o tema-título «M'Bem Di Fora», «Ponciana» ou o lindíssimo «Bida Mariadu») mas também a sucessos mais antigos, como a inevitável «canção de embalar» «Na Ri Na» ou «Vazulina». Foi Lura, sem dúvida, a rainha absoluta do festival. Na noite seguinte, os Macaco, plebeus da Catalunha e de outros lugares, deram outro concerto fabuloso, conquistando toda a gente com a sua garra, alegria, inventividade - uma inventividade imensa que lhes permite misturar como ninguém inúmeros géneros musicais, e de uma maneira que soa sempre consistente, madura, original... Pontos altos do concerto - no meio de muitos mais, entre os quais os coros e coreografias que arrancaram do público em muitos momentos do espectáculo - foram os diálogos do guitarrista, nessa altura no oud árabe, consigo próprio em ecrã, do percussionista, bis (consigo próprio em ecrã), e a banda toda unida numa batucada quando alguém desligou o gerador a meio de uma canção e deixou de haver electricidade no recinto. Outros plebeus em alta, estes irlandeses, os Kíla encerraram o festival com mais uma demonstração de profissionalismo enorme e assinando momentos de altíssima música, quando o bodhran dialogava em alta velocidade com o violino ou as uilleann pipes num molho de folk progressiva - e aqui, a palavra «progressiva» é mais que um elogio! - ou quando aos jigs e reels se juntavam, aqui e ali, alusões à música árabe, à música latino-americana ou quando, como no final, protagonizam uma espantosa aproximação aos espirituais zulus da África do Sul. E, se os concertos dos três cabeças-de-cartaz foram muito, muito bons, os músicos e cantores das «primeiras partes» cumpriram bem o papel de infantes, mais do que de pagens ou acólitos: a cantora guineense Eneida Marta (com um super-grupo pan-africano onde pontifica Ibrahima Galissá na kora) e os seus n'gumbés e tinas; o jovem grupo andaluz Cadencia - ao qual se augura um futuro brilhante! - e o seu flamenco enfeitado de muitas músicas; e os cada vez mais consistentes algarvios Marenostrum, ali reforçados por um quarteto de saxofones que levou a música do grupo para caminhos originais e inesperados. Haja festival!

10 agosto, 2007

Raízes e Antenas - Vinte Dias (quase) de Férias



O Raízes e Antenas vai estar fechado (embora não completamente...) durante vinte dias. As excepções serão a reportagem sobre o festival Sons do Atlântico, em Lagoa, e - provavelmente - sobre o novo festival Músicas do Mar, na Póvoa de Varzim. De resto, o meu tempo será reservado para a família, banhos de mar, são convívio com muitos cães e gatos, uma ou duas visitas a Cacela-a-Velha para as melhores ostras do mundo, ouvir alguma música (o vício! o vício!) e pôr muitas leituras em dia. Em Setembro - e mesmo com outros afazeres no horizonte, nomeadamente o lançamento e acções de promoção do meu livro «As Lendas do Quarteto 1111», editado pela Ulisseia - o Raízes e Antenas retomará o ritmo normal, com novos posts todos os dias (ou quase), estando desde já prometidas matérias sobre a tarrachinha - a música mais sexy do mundo!!! - e outros ritmos angolanos e recensões a muitos discos que estão em atraso (cabo-verdianos da Lusáfrica; novas cantoras folk britânicas; música indiana ou de inspiração indiana; mais música cigana de Leste; etc...). Até já!

08 agosto, 2007

Festival Sons do Atlântico - É Já Este Fim-de-Semana!



A edição deste ano do Festival Sons do Atlântico, que decorre em Porches, Lagoa, começa já na sexta-feira. E, para refrescar a memória, aqui fica novamente o programa do festival: dia 10 de Agosto há concertos da luso-cabo-verdiana Lura e da guineense Eneida Marta, dia 11 podemos assistir ao flamenco (e muito mais à volta) dos andaluzes Cadencia e ao concerto do grupo catalão, padrinho da designação deste blog, Macaco, e dia 12 aos espectáculos dos algarvios Marenostrum e dos irlandeses de música «celta» nada ortodoxa Kíla (na foto). O Raízes e Antenas vai lá estar e fica desde já prometida a respectiva reportagem para o início da próxima semana.

07 agosto, 2007

Músicas do Mar - Novo Festival de World Music



É só a primeira edição, mas é um bom balão-de-ensaio para outras que aí podem vir: o nóvel festival Músicas do Mar decorre de 30 de Agosto a 2 de Setembro, na Póvoa de Varzim, com organização da autarquia local, e apresenta um programa bastante variado onde se incluem concertos e sessões de DJ em vários locais da cidade. O festival arranca, dia 30, com concertos do guitarrista português Joel Xavier (Diana Bar, 21h00) e do lendário baterista de Fela Kuti e um dos papas do afro-beat Tony Allen (na foto; Passeio Alegre, 22h15). No dia 31 há concertos dos almadenses O'QueStrada (Diana Bar, 21h00) e do cantautor cipriota Alkinoos Ioannidis (Passeio Alegre, 22h15) e uma sessão de DJs por Raquel Bulha e Álvaro Costa (auditório ao ar livre, meia-noite). Dia 1, o festival prossegue com concertos dos italianos Anonima Nuvolari (nas ruas da cidade, 18h30), dos argentinos Escalandrum, liderados pelo neto de Ástor Piazzolla, Daniel «Pipi» Piazzolla (Diana Bar, 21h00) e da banda Eddie, brasileiros do mangue-beat de Olinda (Passeio Alegre, 22h15) e uma sessão de DJs de outro colectivo de amigos, o Bailarico Sofisticado (auditório ao ar livre, meia-noite). Finalmente, no dia 2, há concertos da Kumpa'nia Al-gazarra (ruas da cidade, 18h30) e da banda catalã de «son mestizo» La Troba Kung-Fú (Passeio Alegre, 22h15). Mais informações aqui.

06 agosto, 2007

Cromos Raízes e Antenas XXIV


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XXIV.1 - Crioulo




É comum ler-se ou saber-se que um determinado artista «canta em crioulo». Mas qual crioulo? E que raio é isso da língua crioula?... A verdade é que há muitos crioulos - estão identificados e estudados cerca de 80 - e que o «crioulo» está espalhado por vários continentes. Historicamente, o primeiro crioulo identificado como tal foi a chamada «língua franca», baseada no italiano e falada pelos Cruzados na Idade Média. Mas, depois disso, muitos crioulos nasceram, principalmente nas zonas em que escravos africanos (ou outros) de várias origens pegaram na língua dos «senhores» e as transformaram numa língua híbrida, entendível por falantes oriundos de várias etnias. Para resumir - e apesar da complexidade do tema - digamos que, na origem, os actuais crioulos têm geralmente uma língua-base «dominante» (o inglês, o francês, o português...) e elementos de outras línguas da zona natal ou de origem dos seus falantes.


Cromo XXIV.2 - George Harrison




É agora um dado adquirido que os blues - e por arrasto, o rock - nasceram na zona mandinga de África. Assim como se percebe cada vez melhor como «outras músicas» influenciaram os primeiros tempos do rock'n'roll: da música mexicana em Ritchie Valens à música do Médio Oriente no surf-rock de Dick Dale. Mas, nos anos 60, o primeiro contacto de milhões de fãs de rock com músicas «estranhas» deu-se através dos Beatles e, mais concretamente, de George Harrison, que incluiu a sitar e a tambura indianas no som do grupo. Fascinado pela música de Ravi Shankar, George Harrison introduz a sitar na música anglo-saxónica na canção «Norwegian Wood (This Bird Has Flown)», do álbum «Rubber Soul» (1965), converte-se ao hinduísmo e arrasta os outros Beatles para a Índia. Foi ele o responsável pela presença de Shankar no festival de Monterey e o produtor do single «Hare Krishna Mantra», do London Radha Krishna Temple.


Cromo XXIV.3 - Osibisa



Muitas vezes considerados como os «padrinhos da world music», os Osibisa nasceram em 1969 em Londres, liderados pelo cantor e saxofonista ganês Teddy Osei, ladeado por mais dois músicos do Gana - Sol Amarfio (bateria) e Mac Tontoh (trompete) -, um nigeriano - o percussionista e saxofonista Lasisi Amao - e três caribenhos: Spartacus R (baixo; de Granada), Robert Bailey (teclas, de Trinidad) e Wendell Richardson (guitarras; de Antígua). Ao longo dos anos, outros músicos - como os ganeses Darko Adams Potato e Kiki Djan - passaram pela banda mas foi essa primeira formação que os lançou para a fama mundial, mercê de uma mistura explosiva e hiper-dançável de highlife, música das Caraíbas, funk, R&B e jazz. Álbuns como «Osibisa» e «Woyaya» (ambos de 1971), «Superfly TNT» e «Osibirock» (ambos de 1974) e canções como «Sunshine Day» ou «Ojah Awake» são ainda hoje clássicos abslutos. Ainda andam por aí.


Cromo XXIV.4 - The Klezmatics



A música klezmer - que tem as suas raízes remotas no séc. XV, no seio das comunidades judaicas do centro europeu, e é fixada como género na primeira metade do séc. XX - tem hoje num grupo nova-iorquino, os Klezmatics, o seu maior expoente mundial. É justo: os Klezmatics, judeus pouco ortodoxos que defendem a paz entre Israel e a Palestina, que cantam loas ao haxixe e dedicam discos a rabinos homossexuais, fazem da melhor música da actualidade, juntando a música klezmer ao jazz, ao punk, ao ska, à música árabe e, mais recentemente, à folk norte-americana, via canções de Woodie Guthrie (cf. em «Wonder Wheel», de 2006). Nascidos em 1986, em Nova Iorque, Estados Unidos, encabeçados pelo trompetista Frank London e pelo vocalista e acordeonista Lorin Sklamberg, assinaram desde aí alguns álbuns geniais, dos quais se podem destacar «Rhythm and Jews», «Possessed», «The Well» (com Chava Alberstein) e «Rise Up!».

04 agosto, 2007

Festa do «Avante!» - Com Levellers, Fanfare Ciocarlia, Toumani Diabaté...



Falta pouco mais de um mês para a Festa do «Avante!» e o programa já está quase todo completo, pelo menos o dos palcos principais. E um programa que inclui algumas belíssimas surpresas, à semelhança do que já tinha acontecido o ano passado, estando assim a Festa - que decorre dias 7, 8 e 9 de Setembro, mais uma vez na Quinta da Atalaia, Amora, Seixal - a regressar aos tempos áureos dos anos 70 e 80. Veja-se só: como atracções internacionais a Festa recebe a charanga romena Fanfare Ciocarlia (na foto), acompanhada por vários dos convidados que também participam no recente álbum «Queens and Kings», uma autêntica irmandade cigana: a diva Esma Redzepova (Macedónia), Jony Lliev (Bulgária), Kaloome (França) e Florentina Sandu (a neta de Nicolae Neacsu, dos Taraf de Haidouks; Roménia); do Mali - e de outros lugares do antigo império mandinga - chegam o mestre da kora Toumani Diabaté e a sua Symmetric Orchestra; de Inglaterra vêm os veteranos do folk-rock Levellers; e dos Estados Unidos os blues do colectivo Chicago Blues Harp All Stars. No jazz, o destaque vai para o projecto Carlos Bica & Azul (em que o contrabaixista português é acompanhado pelo guitarrista alemão Frank Mobus e o baterista norte-americano Jim Black, grupo que protagonizou um dos melhores momentos - juntamente com o DJ Ill Vibe - do recente FMM de Sines), os Telectu (com Vítor Rua e Jorge Lima Barreto a serem acompanhados pelo baterista holandês Han Bennink e e o manipulador de electrónicas italiano Walter Pratti), o projecto In Loko de Carlos Barretto, o Sexteto de Mário Barreiros, o quarteto do contrabaixista Matt Pavolka e a cantora Jacinta (interpretando canções de José Afonso). Também a cantar José Afonso estarão o grupo luso-brasileiro Couple Coffee e a fadista Cristina Branco. Fado que terá uma noite especial com a presença de Ricardo Parreira e Fernando Alvim, Raquel Tavares, Chico Madureira, Aldina Duarte e Rosa Madeira, e ainda alguns «desvios» através dos Deolinda e do projecto In-Canto (de Luísa Amaro e Miguel Carvalhinho). Uma homenagem a Adriano Correia de Oliveira pela Brigada Vítor Jara e o cantor Manuel Freire, o super-grupo Sons da Fala - que reúne Sérgio Godinho (Portugal), Vitorino Salomé (Portugal), Tito Paris (Cabo Verde), Janita Salomé (Portugal), Luanda Cozetti (Brasil), Juka (São Tomé e Príncipe), André Cabaço (Moçambique), Guto Pires (Guiné Bissau) e Quikkas (Angola) e concertos especiais dos Blasted Mechanism (com o guitarrista António Chaínho e a Kumpa'nia Al-Gazarra como convidados) e a Tora Tora Big Band (reforçada pelas vozes de Milton Gulli, André Cabaço e Kika Santos) são mais alguns dos momentos de grande interesse da Festa. O rock dos Blind Zero, dos Peste & Sida e dos Anti-Clockwise, o rap de Chullage e de Sam The Kid, o projecto KoraSons (liderado pelo guineense Ibrahima Galissá, na kora, e o dinamarquês Mads Hoff, na guitarra), o super-grupo de música tradicional Quatro ao Sul (que reúne Rui Vaz e José Manuel David, dos Gaiteiros de Lisboa, com José Barros, dos Navegante, e Pedro Mestre), o grupo de versões de música de intervenção TriVenção e o Low Budget Research Kitchen (banda de tributo a Frank Zappa) também já estão confirmados no menu musical da Festa do «Avante!» deste ano. Um luxo.

03 agosto, 2007

Galandum Galundaina no Festival Celta de Santulhão



A sétima edição do Festival de Música Tradicional/Celta de Santulhão, que fica perto da vila transmontana de Vimioso, realiza-se no próximo dia 14, com o sub-título «Já Chegaram os Gaiteiros». E com o seguinte programa: 16h00 - Passeio de Burros; 20h00 - Arruada de gaiteiros mirandeses; e, a partir das 22h00, começam os concertos com os Ranchada (Santulhão, Portugal), Galandum Galundaina (na foto; Portugal), De Mar a Mar (Espanha) e Charanga do Zeek i Trasgo (Portugal). Com entrada livre, a organização do Festival Tradicional/Celta é da AMS - Associação de Melhoramentos Santulhana, com apoio de Câmara Municipal de Vimioso e da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino. Mais informações, aqui.

Intercéltico de Sendim - Começa Já Hoje!



Infelizmente não posso ir até lá, mas aqui fica - em jeito de muito fraca consolação - a recuperação da notícia anteriormente publicada neste blog acerca do Intercéltico de Sendim, que começa já hoje: O 8º Festival Intercéltico de Sendim decorre este ano nos dias 3, 4 e 5 de Agosto, no Parque das Eiras, com actuações, no primeiro dia, dos Trasga (grupo da Terra de Miranda, Portugal), dos Tradere (de Castela e Leão) e do excelente grupo irlandês/norte-americano Solas. No dia seguinte actuam os Dazkarieh (Portugal), o basco da trikitixa voadora Kepa Junkera (na foto) e os veteranos e festivos irlandeses Four Men and A Dog. Também no dia 4 há animação de rua com a Banda de Gaitas de Ortigueira e no domingo, a encerrar o Festival, Célio Pires (gaita-de-foles, fraita e sanfona) dá o envolvimento musical a uma missa tradicional mirandesa. Paralelamente, as noites na Taberna dos Celtas serão, como é habitual, animadas com jam-sessions; decorre a exposição fotográfica «A Máscara Ibérica»; a exposição documental «José Afonso - Vinte Anos Depois»; haverá passeios nas arribas do Douro; bancas de artesanato, produtos naturais, discos, livros, intrumentos musicais e bebidas («licor celta e outras poções mágicas») no Parque das Eiras; e haverá ainda apresentações de discos e livros, conferências, debates e workshops. Mais informações aqui.

02 agosto, 2007

Uxía - Um Álbum Luso-Galego-Africano



Quando se fala do grande caldeirão que é a lusofonia - se é que a lusofonia existe, e na minha opinião existe enquanto ideia de irmandade de povos próximos, histórica ou geograficamente, que partilham uma língua ou várias línguas que têm o longínquo galaico-português como raiz comum - muitas vezes esquece-se, exactamente, a Galiza, a Galiza que nos está aqui tão perto. E esquecêmo-lo mais, muito mais, do que muitos dos nossos irmãos galegos. Por isso, não é de estranhar que - depois de várias iniciativas ocorridas na Galiza, nomeadamente os espectáculos «Cantos na Maré» ou a recente homenagem luso-galega-africana a José Afonso - o novo álbum da cantora galega Uxía seja uma celebração desse conceito alargado de «lusofonia» e em que colaboram músicos e cantores como os cabo-verdianos Tito Paris e Jon Luz, a luso-cabo-verdiana Sara Tavares, os açorianos Zeca Medeiros e Paulo Borges, os portugueses Sérgio Godinho, Rui Veloso, Júlio Pereira, Mário Delgado, Filipa Pais, Amélia Muge e João Afonso, o guineense Manecas Costa ou as cantoras galegas Ugía Pedreira (Marful e Nordestin@s) e Guadi Galego (Berrogüetto e Nordestin@s), entre outros. O álbum, que tem edição marcada através da Nordesia para Outubro, é apresentado como o trilhar de «camiños partindo da tradición galega para encontrar sonoridades atlánticas e ritmos africanos... Dende varios puntos da Lusofonía veñen sons e ritmos que se mesturan coa melodiosa voz e o estilo intimista de Uxía, nunha pluralidade de linguaxes oídas nun só idioma». Promete!

01 agosto, 2007

FMM de Sines - «Os Gamíadas» (ou Um Proto-Poema Semi-Épico - Conclusão)



Das Descobertas, Batalhas e Combates na Praia e no Castelo

Qual fero Adamastor, com as suas ameaças
Recebemos anónimas mensagens (do Cristiano)
Mas não perdes pela demora, oh Dragão das Taças
Havemos, oh celta falso, de nos encontrar p'ró ano!


Com Clash, oud, darabuka e sabedoria
Eis agora o enorme mouro, o Rachid Taha
Que gosta muito mais do galo champanhe
Do que da menta da sua terra: o bom chá


Ele há teutões que não batem bem do coco
Ele há helvéticas que põem o povo louco
Ele há bretões que fazem soar a bombarda
Ele há saxões que da folk fazem atoarda
Ele há romanos que dão grande chavascal
E, todos, todos, todos, não se saíram nada mal!


Oh África, África, nossa Terra-Mãe Comum
Ulularam as Tartit, cantou bem a Sangaré
E cantou o cota Ahmed e ainda mais um:
O glorioso K'naan, que ao 50 Cent bate o pé
Ao 50 Cent bate o pé, aos Limp Bizkit também
O jovem K'naan, que foi salvo por sua mãe
E se lerem isto em rap, do rap façam lição
Mas se for em baile mandado, talvez sim, talvez não
Talvez sim, talvez não, talvez cheguemos ao Brasil
Com o bandolim do Hamilton que do Pereira faz mil
Ou talvez ao Harry Manx, blues com sabor a caril
Blues com sabor a caril, que são ali do Canadá
Oh América, América, oh América coisa má
Diz um quarteto de saxofones que é do melhor que há...


Descobrimos das orientais electrónicas os odores
Quando arribámos ao mar bravo do Japão
O que nos salvou foi o indiano dos tambores
Deus das tablas Gurtu, que toca aquilo à mão


Dos odores do reggae houve um cheirinho
Um cheirinho que não era mesmo nada mau
Mas este cheirinho de que todos nós gostámos
Não era do Bitty McLean... Era do manhanhau


E que povos tão estranhos são estes Gogol Bordello
Comunistas! Ciganos! Punks! Até um preto no baixo!
Na refrega, no mosh, nosso Pedro perde óculos e cabelo
Calma, filho, calma: enrola aí um que eu já os acho


No fragor da batalha, com o castelo em chamas
Estalar de fogo, um cheiro a pólvora pelo ar,
Já todos ansiamos pelas nossas pátrias camas
Mas a cama pode esperar! Havemos todos de bailar!


A Festa, A Festa... e Dedicatória Final aos Amigos


O escriba zarolho e seu amigo Gonçalo
Com muitos discos e apenas dois pratos
Puxaram a dança até ao cantar do galo
Passando, enfim, da teoria aos actos


Há muitos milhares de pessoas a dançar
Ao grande som do Bailarico Sofisticado
Festejamos todos juntos o gosto de viajar
E abraçamos os amigos: muito obrigado!


(Cheia está a Lua e já vai nascendo o Sol
Deixa-me dormir agora dentro do teu lençol)


Em Sines, ao lado da do Vasco da Gama
Ergueremos estátua ao Almirante Seixas
Que já o supera em engenho, arte e fama
E a todos deixa sem mágoas nem queixas


Na foto (do grande João Gonçalves): os bailadores ao som do Bailarico Sofisticado, num último adeus ao festival, já o sol tinha nascido sobre a Avenida da Praia Vasco da Gama, em Sines