31 maio, 2010

Colectânea de Textos no jornal «i» (III)


O rock português no retrovisor
por António Pires, Publicado em 26 de Junho de 2009

Durante dezenas de anos, os grupos e artistas portugueses que se dedicaram - e dedicam - ao rock tiveram como principais modelos os grandes nomes estrangeiros do género. O mesmo se passa, obviamente, em muitos outros países de produção musical periférica, mas no nosso caso não é preciso fazer um grande esforço de memória para nos lembrarmos de quem, ao longo de cinquenta anos de história do rock, imitou por cá o Elvis e os Shadows, os Beatles e os Stones, os Sex Pistols e os Clash, os Joy Division e os Echo & The Bunnymen, os Nirvana e os Pearl Jam... É até duvidoso que alguma vez tenha havido um rock português, sendo mais correcto falar-se de um rock cantado em português ou de rock feito em Portugal. Porém, curiosamente, e no espaço de pouquíssimas semanas, três novos grupos nacionais - todos eles muito diferentes entre si e de origens geográficas díspares (Porto, Lisboa e Beja) - editam os seus álbuns de estreia e, espanto!, assumem como influências maiores nomes do rock... feito em Portugal. Os Tornados fazem rock'n'roll, rockabilly, surf-rock, twist e ié-ié alimentados pelo Conjunto Mistério, o Conjunto Académico João Paulo ou o Quarteto 1111. Os Golpes atiram-se descaradamente à música e à estética dos Heróis do Mar (nem lhes falta um tambor que tem escrito "Amor"). E, na sua música, os Virgem Suta (na foto) citam sem vergonha - e ainda bem - os Ornatos Violeta (e Sérgio Godinho e José Afonso e Variações). E isso é bom.



Novos Talentos e uma boa causa
por António Pires, Publicado em 03 de Julho de 2009

Henrique Amaro (o maior divulgador radiofónico de música portuguesa) é o responsável, desde 2007, pela selecção de grupos e artistas nacionais que têm integrado as colectâneas "Novos Talentos FNAC". Já no terceiro volume, o "Novos Talentos FNAC 2009" faz mais uma vez justiça ao seu subtítulo, "O Futuro da Música Portuguesa", e lança, para quem os quiser ouvir, 33 novos nomes, ao mesmo tempo que se associa à AMI - Assistência Médica Internacional, para a qual reverte a totalidade das receitas angariadas. E, apesar de não encontrar momentos fracos nesta colectânea e não havendo espaço para falar de todos, atrevo-me a eleger cinco ou seis que, numa primeira audição, me pareceram os mais originais de todos: Orelha Negra (Sam The Kid, DJ Cruz Fader e elementos dos Cool Hipnoise, entre outros, fazedores de um som que cruza com sabedoria o hip-hop, a soul, o funk, o disco...); The Bombazines (que recuperam duas das melhores vozes nacionais - Marta Ren, ex-Sloppy Joe, e Gon, ex-Zen; na foto); Márcia (uma cantautora magnífica!); GNU (pós-rock, noise, free-jazz, prog-metal, energia punk e tudo isto à tareia); Samuel Úria (poema de homenagem rock-desconstrutivista sobre guitarra); You Can?t Win, Charlie Brown (com uma pop suave, inteligente e incrivelmente apelativa); B Fachada (o melhor letrista da nova geração de compositores nacionais); Oh! Shiva (psicadelismo pesado entre George Harrison/Ravi Shankar, Os Mutantes, Led Zeppelin e Tom Zé). Há futuro.



Os Jogos da Lusofonia (em Música)

Num fim-de-semana em que Lisboa está dominada pelos Jogos da Lusofonia, é bom lembrar que a capital portuguesa e os seus arredores - cadinhos de culturas em que milhões de falantes lusófonos se cruzam e cruzaram - podem oferecer, para além do desporto, muita música em português com sotaques vários e crioulos incluídos. Apenas alguns exemplos, ficando muitos outros de fora: Terrakota, Cool Hipnoise, Lindú Mona, Tama Lá, Djumbai Jazz (fusões de várias culturas); Kussondulola, Mercado Negro, Prince Wadada (reggae africano); Alap (música indiana); Bei Gua (música e danças timorenses); Cyz, Couple Coffee (música brasileira); Lura - na foto -, Sara Tavares, Dany Silva, Tito Paris, Celina Pereira, Bana, Ana Firmino, Kola San Jon (música cabo-verdiana); Anaquiños da Terra (música galega e que ficam aqui referidos apesar da Galiza não entrar em jogo); Chullage, Valete, Nigga Poison, SP & Wilson, Conjunto Ngonguenha (rap de intervenção); Bonga, Waldemar Bastos, Filipe Mukenga (música angolana); Juka (São Tomé e Príncipe); Guto Pires, Manecas Costa, Kimi Djabaté, Braima Galissá, N'Dara Sumano (Guiné-Bissau); Buraka Som Sistema, Makongo (kuduro transformado); André Cabaço, Mariza (Moçambique); Cacique'97 (afro-beat luso-moçambicano); Irmãos Verdades (kizomba angolana). Entre os jogos das bolas, o atletismo e as artes marciais, talvez reste um tempo para se descobrirem algumas destas músicas.

28 maio, 2010

Festim - Segunda Edição Arranca na Próxima Semana


Aproxima-se mais uma edição do Festim, festival de world music com epicentro em Águeda (d'Orfeu) e braços estendidos a vários municípios vizinhos. O último comunicado oficial reza assim:

«Terem Quartet (Rússia), Rare Folk (Espanha), Renato Borghetti (Brasil), Kilema (Madagáscar), Mahala Raï Banda (Roménia), Minyeshu (Etiópia), Serenata Guayanesa (Venezuela)

Todo o mundo no Festim, a partir de 2 Junho!


O Festim - festival intermunicipal de músicas do mundo apresenta, este ano, sete nomes em cartaz, registando-se duas estreias absolutas em Portugal: Terem Quartet e Minyeshu. Do Índico ao Mediterrâneo, do Cáucaso ao Chifre de África, dos Balcãs à América Latina, esta programação em rede aposta no fascínio da diversidade.

A partir de 2 Junho, o mundo em música, nos palcos e plateias do Festim! Cinco municípios vizinhos partilham um cartaz comum: Águeda, Sever do Vouga, Estarreja, Ovar e Albergaria-a-Velha. A iniciativa da d’Orfeu Associação Cultural, além da parceria intermunicipal como factor decisivo, conta ainda com o apoio do Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes.

O festival inicia a 2 de Junho com os russos Terem Quartet e inclui ainda, até 17 de Julho, concertos de Rare Folk (Espanha), Renato Borghetti (Brasil), Kilema (Madagáscar) - que substitui os Narasirato, cuja tournée europeia foi cancelada - , Mahala Raï Banda (Roménia), Minyeshu (Etiópia) e Serenata Guayanesa (Venezuela). Os bilhetes para os concertos de sala estão já à venda. Toda a informação está disponível em www.festim.pt, sítio oficial do festival.

Universidade de Aveiro estuda impactos do Festim

A Universidade de Aveiro vai desenvolver, por ocasião desta 2ª edição do festival intermunicipal, um Estudo de Impactos e caracterização de públicos do Festim. Muito além do objecto artístico, interessa aprofundar um conhecimento sobre a dimensões socioeconómicas do evento e as mais-valias que um festival desta natureza aporta a cada um dos Municípios. Esta parceria da Universidade de Aveiro surge ao segundo ano do quadriénio previsto para o Festim - festival intermunicipal de músicas do mundo, com edições garantidas até 2012.

Programa dos 19 concertos no sítio oficial:
http://www.festim.pt/»

27 maio, 2010

Clube Conguito (António Pires/Rodrigo Madeira) no MED de Loulé


Quando as danças europeias, as fanfarras balcânicas, o klezmer, o bhangra, o kuduro, o baile carioca, o dancehall ou o kwaito do DJ António Pires se encontram com a música africana vintage, a exotica latino-americana, o jazz, a soul, o funk e o hip-hop do DJ Rodrigo Madeira, isso é o... Clube Conguito! A nova dupla de DJs já apurou a fórmula no Chapitô e no Bacalhoeiro, em Lisboa, e estreia-se oficialmente com esta designação na noite de encerramento do festival MED de Loulé, dia 26 de Junho. E, pronto, agora que já dei brilho ao ego, posso avançar com todos os outros nomes já confirmados do MED deste ano, que promete ser novamente um grande festival:

Quarta-feira, 23 de Junho:

* Amparo Sánchez
* Femi Kuti & The Positive Force
* Vieux Farka Touré
* Zeca Medeiros
* Macacos do Chinês

Quinta-feira, 24 de Junho:

* King Khan & The Shrines
* Goran Bregovic and His Wedding & Funeral Band
* Cacique 97
* Mazgani
* Andersen Molière

Sexta-feira, 25 de Junho:

* Orchestra Baobab
* Watcha Clan
* 3 Pianos
* Anaquim
* Galandum Galundaina
* The Legendary Tiger Man

Sábado, 26 de Junho:

* Mercan Dede & The Secret Tribe
* Boom Pam
* Virgem Suta
* René Aubry
* Orelha Negra
* Diabo na Cruz
* Clube Conguito

23 maio, 2010

Colectânea de Textos no jornal «i» (II)


A edição também é uma missão
por António Pires, Publicado em 05 de Junho de 2009

Numa altura de profunda crise da indústria discográfica, são cada vez mais os artistas e grupos musicais que optam pela edição às suas próprias custas. São as chamadas "edições de autor"; uma resposta de muita gente ao crescente desinvestimento em novos nomes por parte de grandes (e pequenas) companhias discográficas. Mas também há aqueles, artistas e músicos, que querem editar a música dos outros. Não que o fenómeno seja novo em Portugal: nos anos 80 surgiram em Portugal, entre outras, a Fundação Atlântica (criada por Pedro Ayres Magalhães, Ricardo Camacho e Miguel Esteves Cardoso), a Dansa do Som (ligada ao mítico Rock Rendez Vous e igualmente dirigida por Mário Guia, que tinha sido baterista d'Os Ekos) e a Ama Romanta (liderada por João Peste, vocalista dos Pop Dell'Arte). Em anos mais recentes - e deixando de parte também outros exemplos - Rui Veloso criou a Maria Records (que editou Os Azeitonas e Jorge Vadio), e já este ano, Pedro Abrunhosa apostou nos Varuna para inaugurarem o catálogo da sua editora Boom Studios. Mas, para o fim, ficam os melhores exemplos desta tendência: com um verdadeiro espírito de missão (não por acaso, ambas as editoras têm também motivações religiosas por trás), a FlorCaveira (do cantor e compositor Tiago Guillul: na foto) e a Amor Fúria (liderada por Manuel Fúria, agora n'Os Golpes) estão a provocar uma pequena revolução na música portuguesa com a sua quantidade - e qualidade! - de boas edições num muito curto espaço de tempo. Graças a Deus.


João Aguardela: uma homenagem
por António Pires, Publicado em 12 de Junho de 2009

Uma turma de Produção e Marketing de Eventos da Restart vai apresentar no dia 3 de Julho, no MusicBox (Lisboa), um espectáculo de homenagem a João Aguardela (na foto, de Alexandre Nobre), cantor, músico e compositor falecido há alguns meses, com apenas 40 anos e no auge da criatividade, fosse n'A Naifa, fosse no Megafone. O espectáculo - que vai incluir bandas e artistas a fazerem versões de temas dos vários grupos de Aguardela, além de DJ, projecções vídeo, um fanzine a ele dedicada ... - chama-se Evento Megafone. O Megafone, para quem não sabe - ou para quem conhecia apenas os trabalhos mais mediáticos de Aguardela nos Sitiados ou depois n'A Naifa - era mais uma, senão a maior, declaração de amor de João Aguardela às raízes da música portuguesa. Aí, geralmente, ele pegava em recolhas feitas nas aldeias por Michel Giacometti e outros e mergulhava-as num caldo de programações electrónicas e outros instrumentos, sempre com uma paixão enorme pela tradição, mas igualmente com os olhos postos no futuro. E, apesar de não ser o único a fazê-lo, nestes ou em moldes semelhantes - exemplos: antes, a Banda do Casaco e a Sétima Legião fizeram-no; mais recentemente, os Chuchurumel e os Omiri também... -, a verdade é que os CDs do Megafone são edições limitadas e que chegaram a menos gente do que aquilo que deviam. É obrigatória uma reedição alargada e cuidada desses discos.



Novo Fado antes do Novo Fado
por António Pires, Publicado em 19 de Junho de 2009

Muito antes d'A Naifa, Deolinda, OqueStrada, Donna Maria, Fado em Si Bemol, M-Pex, Atlantihda e outros projectos que procuram novos caminhos para o fado - um fado rejuvenescido por outras linguagens como o rock, as electrónicas, as influências mais acústicas do jazz ou de outras "músicas do mundo" -, já outros nomes faziam um caminho paralelo, e pioneiro, na busca de novos caminhos para o fado. Nos anos 80 e início dos anos 90, artistas como Anamar, Paulo Bragança (na foto, de Rui Vasco) e o projecto Ovelha Negra desenvolveram uma obra que abria o fado a outras linguagens musicais sem nunca deixarem de fazer uma música profundamente portuguesa, nossa e imediatamente reconhecível como fado, apesar dos desvios. Anamar, nas gravações para a Ama Romanta e em outras posteriores, abriu o fado à modernidade. Paulo Bragança - fadista trágico de corpo e alma - abriu completamente o peito às balas dos puristas. E os Ovelha Negra - projecto de Paulo Pedro Gonçalves (Corpo Diplomático/Heróis do Mar/LX-90/Kick Out The Jams) - puseram Miguel Gameiro (Pólo Norte) e Rita Guerra a cantar fado como nunca se ouviu e a cantar como nunca nenhum deles tinha cantado, e tão bem!, antes ou depois. Se calhar ou, de certeza, apareceram todos antes do tempo. E desaparecerem da vida pública quase a seguir. Os Ovelha Negra lançaram apenas um álbum. Bragança anda em parte incerta. E Anamar, apesar de editar de vez em quando, raramente tem a exposição que merece. Voltem todos, se faz favor.

19 maio, 2010

Colectânea de Textos no jornal «i» (I)

Faz este mês um ano que comecei a colaborar com o jornal «i», sendo o responsável por uma coluna de opinião sobre música portuguesa. Hoje e nos próximos tempos - a conselho de uma mente sábia - publicarei aqui muitos dos textos que, semanalmente, foram por lá nascendo em suporte papel-e-tinta. Não é só world music, tradição e folk, mas como este blog tem andado demasiado órfão sempre é uma maneira de ir ocupando aqui os pixéis disponíveis de uma forma, hermmmm, útil...


A vingança do kuduro
por António Pires, Publicado em 15 de Maio de 2009

Na longa lista de aberrações convidadas para os seus programas televisivos - o Vítor Peter, a Pomba Gira, a Natália de Andrade, o Professor Alexandrino... -, Herman José incluiu há alguns anos o duo de kuduro Salsicha & Vaca Louca, ridicularizando os seus ritmos selvagens e os seus requebros opulentos. Poucos anos depois, o kuduro, via Buraka Som Sistema (na foto, de Hilary Harris), mas não só,é um fenómeno de sucesso mundial. Angolano na sua origem mas com ligações ao miami bass, ao baile funk brasileiro, ao kwaito sul-africano, ao reggaeton porto-riquenho e ao dancehall jamaicano, o kuduro foi adoptado por vários produtores e músicos dos PALOPs e de Portugal (Dog Murras, DJ Znobia, Makongo, Batida ou o cabo-verdiano que junta funaná com kuduro Izé, entre muitos outros) e de fora da esfera lusófona como M.I.A. (a voz principal da oscarizada banda-sonora do filme "Quem Quer Ser Bilionário?"), o DJ e produtor francês Frédéric Galliano ou o norte-americano Diplo. E os Buraka Som Sistema actuam nos principais festivais do mundo (Glastonbury, Roskilde, Coachella...) e têm feito digressões, com tremendo sucesso, no Japão, na Europa, na Austrália e nos Estados Unidos. Os Buraka Som Sistema (uma mistura de portugueses, angolanos e indo-moçambicanos e um espelho perfeito do caldo de culturas em que Lisboa se transformou nos últimos anos) são, aliás, considerados - ao lado de Mariza, uma fadista nascida em Moçambique - os maiores embaixadores actuais da música... portuguesa. Está na altura de reescrever a entrada "kuduro" na "enciclopédia" do Herman.



Um musical para José Cid
por António Pires, Publicado em 22 de Maio de 2009

Aterra-se no aeroporto de Gatwick, chega-se a Londres de comboio e a primeira coisa que se vê é o enorme cartaz de "We Will Rock You", o musical dedicado aos Queen, em cena no Dominion Theatre, ali mesmo ao lado (e que tem no elenco um cantor e actor português, Ricardo Afonso, que, ao que parece, é uma emulação quase perfeita de Freddie Mercury). E, para além dos outros, milhentos, exemplos de musicais dedicados a grandes nomes da música, assistimos desde há alguns anos à febre "Mamma Mia": de repente os ABBA são a coisa melhor do mundo, há peças de teatro, filmes, concursos, karaokes e discos a mitificar as canções do grupo sueco. Agora, a circular na net, corre uma petição a pedir um musical dedicado à vida e obra de José Cid (na foto, de Rita Carmo). Sou suspeito quando falo dele - tive a honra de escrever a biografia do Quarteto 1111, que tinha como líder José Cid -, mas acho que posso dizer, em consciência, que era mais que justo fazer-se esta homenagem. Pelo 1111, pelos Green Windows, pela sua valiosíssima obra a solo, do disco "da palha" a "10 000 Anos depois entre Vénus e Marte" e muitos outros. E também pelos deslizes e apesar dos deslizes... Mas há uma diferença fundamental entre Cid e os outros: o Freddie Mercury já morreu, os ABBA acabaram há muito e sabe-se que nunca voltarão a reunir-se, mas José Cid está vivinho da costa! Logo, o actor principal que proponho para esse musical baseado no José Cid não poderia ser outro senão... o próprio José Cid.



O fado que há nos Joy Division
por António Pires, Publicado em 29 de Maio de 2009

Em alguns círculos mais apertados do fado continua a gritar-se "heresia!" sempre que há alguns desvios mais atrevidos ao género. O último caso deu-se com as canções dos Joy Division e dos Nine Inch Nails interpretadas - de forma excelente, digo eu - por Mísia (na foto, de Youssef Nabil) no álbum "Ruas": porque são cantadas em inglês; porque têm bateria e guitarra eléctrica a acompanhar; porque vêm de um reportório do rock, rock mesmo. Mas estas críticas perdem fulgor quando se pensa que a canção portuguesa de maior sucesso mundial é "Coimbra" - traduzida e adaptada para francês e inglês como "Avril au Portugal" e "April in Portugal", respectivamente, e cantada por Louis Armstrong, Bing Crosby, Eartha Kit ou Liberace - ou que Amália Rodrigues, que cantava frequentemente noutras línguas, gravou um álbum inteiro em inglês, "Amália na Broadway" (onde interpretava temas como "Long Ago and Far Away", "Blue Moon" ou "Summertime"). Mais alguns exemplos: a deliciosa versão de "Hey Jude", dos Beatles, por Carlos Bastos (editada no final dos anos 60, com arranjo para guitarra portuguesa de António Chainho e cantada por Carlos Bastos com uma pronúncia divertidíssima); a arrepiante versão de "Sorrow's Child", de Nick Cave, por Paulo Bragança; ou as "Outras Canções" de Camané, que já incluíram temas de Frank Sinatra ou Divine Comedy.