31 março, 2011

Manou Gallo, Mercedes Peón, Luísa Maita... - Vozes de Mulher no FMM de Sines 2011


Sempre a somar (e no feminino):

"Cinco cantautoras de África, Europa e América confirmadas no FMM Sines

As novas confirmações do programa do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo 2011, que acontece em Sines em Julho, são no feminino: cinco cantautoras oriundas de África (Manou Gallo, Nomfusi e Nathalie Natiembé), Europa (Mercedes Peón) e América (Luísa Maita; na foto, de João Wainer).

A primeira a subir ao palco do Castelo de Sines, no dia 24 de Julho, é a brasileira LUÍSA MAITA, uma das mais fortes apostas recentes da Cumbancha, editora de referência na área das músicas do mundo. Nascida em São Paulo em 1982, filha de pai sírio e mãe judia, faz música assumidamente urbana tendo o samba e a bossa nova como principais fundações artísticas. O seu álbum de estreia, “Lero-Lero”, foi lançado em 2010 e figurou na lista dos melhores discos do ano de várias publicações, incluindo a revista Veja. A sua presença em Sines é uma estreia em palcos portugueses.

MERCEDES PEÓN, natural da Galiza, é um das artistas mais carismáticas do circuito da “world music”. As suas primeiras influências foram os cantos tradicionais das mulheres da Costa da Morte, com os quais aprendeu e os quais ensinou. Gravou o seu primeiro disco, "Isué", em 2000. Seguiram-se "Ajrú" (2004) e "Sihá" (2007), numa evolução para o registo electroacústico, que culmina em "Sós" (2010), o seu trabalho mais vanguardista, que nos últimos meses tem ocupado o 1.º lugar nos “charts” europeus de “world music”. Compositora, cantora, multi-instrumentista, enche sozinha o palco no Castelo, no dia 27 de Julho.

Também no dia 27 de Julho, actua MANOU GALLO. Natural da Costa do Marfim, apaixonou-se pela música pela via da percussão, tocando desde muito cedo os “tambores falantes”, tipo de percussão usado nos rituais do povo Djiboi. No início da idade adulta, começou a interessar-se pelo baixo, que em 1997 a levaria à Bélgica, para integrar o grupo Zap Mama. Desenvolve uma carreira a solo, como cantora, baixista e percussionista, desde 2001, tendo já gravado três discos: “Dida” (2002), “Manou Gallo” (2006) e “Lowlin” (2009). Na sua música, junta a tradição do seu país a influências de soul, funk e blues. É acompanhada em concerto pela Women Band, constituída por músicos belgas.

NOMFUSI, jovem estrela da música sul-africana, está no Castelo na noite de 28 de Julho. Nascida numa “township” (bairro pobre exclusivamente habitado por não brancos), Nomfusi começou a cantar na igreja, onde foi descoberta e ganhou uma bolsa de estudo para estudar canto e composição na Cidade do Cabo. “Kwazibani”, o nome do seu disco de estreia, lançando em 2009, lembra o nome de sua mãe, morta com sida quando Nomfusi tinha 12 anos. A sua identidade musical situa-se entre o jazz sul-africano, o R&B e o Motown clássico. É acompanhada pela banda The Lucky Charms, formada por músicos das “townships”. Estreia-se em Portugal no FMM.

NATHALIE NATIEMBÉ, natural de Reunião, ilha francesa no Oceano Índico, actua no Castelo na noite de 30 de Julho. Inscrita na tradição do “maloya”, um dos estilos principais da música da ilha, com raízes na cultura dos escravos, Nathalie cria canções com letras em francês e em crioulo, onde também se deixam entrever influências da “chanson” francesa, jazz, blues, reggae e várias músicas africanas. Chega a Sines com três discos gravados: “Margoz” (2001), “Sankèr” (2005), classificado com a nota máxima, Choc, do suplemento musical do Le Monde – e “Karma” (2009). A sua voz, usada a cappella ou acompanhada por um grupo instrumental reduzido, é o seu trunfo principal. É mais uma estreia em Portugal.

A edição de 2011 do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo realiza-se na cidade de Sines em dois fins-de-semana de Julho: 22 a 24 (sexta a domingo) e 27 a 30 (quarta a sábado).

Além dos nomes divulgados nesta nota, estão também já confirmados, entre os 35 concertos previstos, os seguintes artistas: Congotronics vs. Rockers (RD Congo / EUA / Argentina / Suécia), Vishwa Mohan Bhatt & The Divana Ensemble “Desert Slide” (Rajastão – Índia), Ebo Taylor & Afrobeat Academy (Gana), Mário Lúcio (Cabo Verde), Mamer (China), António Zambujo (Portugal), Blitz the Ambassador (Gana / EUA), Ayarkhaan (República da Iacútia – Rússia) e Shunsuke Kimura x Etsuro Ono (Japão).

Mais informações sobre o festival em www.fmm.com.pt e www.facebook.com/fmmsines."

30 março, 2011

Fanfare Ciocarlia vs Boban & Marko Markovic Orchestra - É Para o Chavascal!


Os metaleiros Manowar arriscam-se a perder o Record do Mundo do Guinness pelo seu duvidoso prémio de grupo musical com maior nível decibélico para... a Balkan Brass Battle que vai arrasar Portugal com o seu chavascal (uma bela rima!). Veja-se só o que diz o Crónicas da Terra, para se perceber:

"Balkan Brass Battle no Porto, em Lisboa e no Med de Loulé


A orquestra romena e cigana de metais Fanfare Ciocarlia regressa ao nosso país, nos próximos meses de Maio e Junho. A acompanhá-la estará a também orquestra de metais dos sérvios Boban & Marko Markovic.

Durante duas horas em palco, tanto a Fanfare Ciocarlia como a orquestra sérvia de pai e filho – Boban e Marko Markovic - competem entre si para que o público determine quem é o vencedor da categoria de pesos-pesados de metais balcânicos.

Esta Balkan Brass Battle terá lugar no Porto (Casa da Música, 17 de Maio), em Lisboa (24 de Junho, local a confirmar) e no Festival Med de Loulé (25 de Junho).

A 20 de Maio, a editora alemã especialista em música cigana dos balcãs – Asphalt Tango – edita o primeiro disco desta saudável batalha 'Balkan Brass Battle – Fanfare Ciocarlia vs Boban & Marko Markovic Orchestra'."

29 março, 2011

Um Bombo de Luto É Um Bombo em Luta


Todos os que ficaram consternados com a notícia de que a sede do Tocá Rufar -- um dos mais extraordinários projectos de divulgação e ensino da arte das percussões (portuguesas mas não só), dirigido por Rui Júnior -- tinha ardido, perdendo-se assim milhares de instrumentos musicais, livros e documentação, podem agora ajudar e divulgar esta nota:

"A 1 de Março de 2011, pelas 15h, ardeu o TamborQfala, sede do projecto Tocá Rufar. Em poucos minutos, os registos e espólio de 14 anos de história ficaram feitos em cinzas. A perda é incalculável e deixa a vossa maior orquestra de percussão tradicional portuguesa sem os recursos necessários para dar continuidade ao trabalho educativo, artístico e cultural que a sustentam.

Os que sentirem no coração esta perda, que é de Portugal inteiro, enviem os sinceros donativos para a conta da ADAT - Associação dos Amigos do Tocá Rufar:

NIB 0036 0050 99100254775 90

IBAN PT50 0036 0050 9910 0254 7759 0

Ou pela linha de apoio 760 50 10 90 (0,60 € + IVA por chamada)

Não desistimos, vamos seguir em frente com as nossas actividades, ensaios, espectáculos, da forma que conseguirmos.

O melhor modo de nos ajudarem é também divulgar o sucedido pelo maior número de pessoas possível e gritar bem alto que vamos continuar e lutar para renascer e fazermos sempre cada vez melhor."

28 março, 2011

Kretcheu - Agora com Casa Própria


Uma bela notícia: depois de várias festas e concertos em diferentes locais de Lisboa, a Kretcheu -- agora Associação Cultural Kretcheu --encontrou finalmente um poiso certo. E ainda por cima na Bica, ondde ali perto se pode beber o melhor grogue de Lisboa! Há festa. claro. Aqui seguem o excelente cartaz e o comunicado:

"E porque já andávamos à procura de um espaço só nosso, finalmente encontrámos a nossa "casa" perfeita! Dia 31, Quinta-Feira, contamos com a presença dos nossos amigos para a inauguração e festejarmos juntos já sermos uma Associação Cultural - A ACK. A partir das 22h00, uma grande noite com grandes convidados e a nossa banda residente, Calú Moreira, Nandocas, Vaiss, Toy Vieira e Kau Paris e os convidados Aires Silva, Ana Firmino, Dany Silva, Mário Rui e Sandra Horta, num noite muito especial. A Guest List abriu, agora é só enviar mail com os vossos nomes!
ENTRADA LIVRE
ACK- Rua das Chagas, 33 (Perto do Largo Camões)"

24 março, 2011

Toques do Caramulo - Agora os... "Retoques"


O segundo álbum dos Toques do Caramulo é editado dentro de poucos dias. E aqui segue o press-release de apresentação do disco, cuja parte "Colha, Recolha. Toque, Retoque. Cante, Recante" tive o prazer de escrever. Agora é ouvi-los, em disco ou ao vivo!


Toques do Caramulo
Novo disco "RETOQUES" no início de Abril

Arejamos modinhas com o mesmo espírito criativo de quem, um dia, as inventou. O mesmo desprendimento, a mesma alegria. Só o tempo é outro: no calendário e no compasso. Pela encosta serrana de Águeda acima, a tradição está livre e existe hoje. Por isso, este disco dos Toques não é mais que Retoques.

Single de promoção "É um Ar que Lhe Dá"
http://www.dorfeu.pt/toquesdocaramulo


Colha, Recolha. Toque, Retoque. Cante, Recante.

Quando se fala de canções tradicionais costuma falar-se, muito justamente, de raízes. Mas também se pode dizer que cada canção antiga é um fruto que se pode colher directamente da árvore. Uma laranja pode comer-se assim, é só descascar e pronto. As amoras também – nem casca que se veja têm – mas, se forem a ferver e se juntar açúcar, tornam-se compota. O limão pode dar em chá e a menta também (mas esta também pode dar em pastilha elástica ou em sabor de cigarro). A maçã dá sidra, o medronho a aguardente. E as uvas, essas, podem dar mil vinhos diferentes.

Agora, imagine-se uma videira que cresceu nas encostas da Serra do Caramulo. As suas uvas podem ser de casta Castelão ou Touriga, Alfrocheiro ou Bical, Baga ou Arinto, Fernão Pires ou Tinto Cão, mas sabe-se que, dali, das castas da Bairrada estes genes ficam ainda melhores – e dão novos e excitantes sabores – se misturados com genes estranhos ou estrangeiros: Cabernet Sauvignon ou Pinot-Noir, Chardonnay ou Merlot. Ficam, assim, vinhos tradicionais embora estrangeirados, lá da terra mas com um sabor novo e diferente, a fazer justiça às velhas vinhas mas com o viço próprio de inventivos e revolucionários enxertos.

A música dos Toques do Caramulo também é assim. Em “Retoques”, o seu primeiro álbum de estúdio – que sucede a “Toques do Caramulo... é ao Vivo!” (2007) –, o grupo de Águeda vai de novo buscar as antigas canções que vieram da Serra e por eles foram apre(e)ndidos há muito – no Cancioneiro, na Orquestra Típica, junto de pais e avós – mas com tudo o que também aprenderam de outras músicas a meter-se pela tradição dentro. Não por acaso, o álbum começa com uma homenagem a Américo Fernandes (que foi maestro da Orquestra Típica de Águeda) e termina com uma remistura da “Trigueirinha” onde surge, por entre as electrónicas, a voz de David Fernandes, numa ligação, digamos umbilical, às raízes desta música. Mas também lá estão os perfumes da música africana, do jazz, do flamenco e da folk galega, do klezmer e dos Balcãs, para além da sombra assumida e tutelar de grandes cantautores nacionais como Fausto ou José Afonso, a mostrar que muitas músicas, tal como as boas castas de uvas, podem misturar-se livremente e contribuir para uma música nova. E tal como Luís Fernandes – o responsável da maior parte dos arranjos – e os seus companheiros as imaginam e nos dão, assim, a saborear.

No novo álbum, gravado no estúdio que pertence à d'Orfeu – o gravad'Or –, os Toques do Caramulo tiveram algumas preciosas ajudas: o Coro Infantil da Emtrad' participa em “Olha Para a Água”; Sara Vidal, a magnífica cantora portuguesa do grupo galego Luar na Lubre, dá voz e pandeireta galega a “O Brio das Raparigas”, “Pedrinhas da Fonte” e “Trigueirinha”; João André Lourenço toca cajón em “O Brio das Raparigas”; Abílio Liberal (tuba) em “Laranjinha”; e o arquivo d'O Cancioneiro de Águeda forneceu os samples que se ouvem em “Já Vou Chegando à Serra”, “Pedrinhas da Fonte” e “Trigueirinha Remix”. E, finalmente mas não em último lugar, Rui Oliveira foi o incansável escanção que – com tempo, sabedoria e um amor enorme – reuniu todos os sabores deste vinho novo.

“Retoques” – com selo d'Eurídice, o braço editorial da d'Orfeu – chega às lojas no início de Abril.
António Pires

Digressão 2011

09 Abril ACERT, Tondela
10 Abril FNAC Viseu
14 Abril Contagiarte, Porto
15 Abril FNAC Santa Catarina, Porto
15 Abril FNAC GaiaShopping, Vila Nova de Gaia
16 Abril FNAC Braga
16 Abril FNAC Guimarães
17 Abril FNAC MarShopping, Matosinhos
22 Abril FNAC Coimbra
22 Abril FNAC Leiria
23 Abril FNAC Alfragide
23 Abril FNAC Cascais
24 Abril FNAC Vasco da Gama, Lisboa
24 Abril FNAC Colombo, Lisboa
25 Abril Fórum Romeu Correia - Auditório Fernando Lopes Graça, Almada
09 Julho Festival Maia Folk, Santa Maria - Açores
23 Julho AgitÁgueda, Águeda


Os Toques do Caramulo são:

Luís Fernandes voz, braguesa, acordeão, piano
Aníbal Almeida rabeca
Lara Figueiredo fauta, voz
Francisco Almeida guitarra acústica
Carlos Peninha guitarra eléctrica
Miguel Cardoso contrabaixo
Ricardo Coutinho bateria trad

22 março, 2011

Desert Slide, Mamer, Ayarkhaan e Shunsuke Kimura x Etsuro Ono no FMM Sines 2011


Vishwa Mohan Bhatt & The Divana Ensemble “Desert Slide” (Rajastão - Índia), Mamer (China), Ayarkhaan (República da Yakutia – Rússia; na foto) e Shunsuke Kimura x Etsuro Ono (Japão) são as quatro novas confirmações do programa do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo 2011.

VISHWA MOHAN BHATT & THE DIVANA ENSEMBLE - “DESERT SLIDE” (Rajastão – Índia)

No dia 28 de Julho, o Castelo acolhe o projecto “Desert Slide”, que junta Vishwa Mohan Bhatt, um dos maiores mestres da slide guitar, e o grupo cigano Divana Ensemble.

Primeiro aluno de Ravi Shankar, Vishwa Mohan Bhatt é um dos músicos indianos mais reconhecidos no mundo. Compositor e improvisador de excelência, criou o seu próprio instrumento, a “Mohan Veena”, um cruzamento de vários instrumentos de cordas indianos com a slide guitar norte-americana.

Venceu o Grammy para Melhor Disco de World Music em 1994, com o CD “A Meeting by the River”, em parceria com Ry Cooder.

Encontra-se nomeado para o prémio de melhor colaboração intercultural nos prémios Songlines 2011 pelo seu disco "Sleepless Nights on World Village", com Matt Malley.

Originário, como Vishwa, do Rajastão, o maior e mais desértico estado da Índia, o quinteto cigano The Divana Ensemble inscreve-se na tradição das antigas castas de músicos dos rajás. É composto por Anwar Khan Manganiar (voz), Prithviraj Suresh Mishra (tablas), Gazi Khan Barna (kartâl - percussão), Feiruz Khan Manghaniyar (dholak - percussão) e Ghewar Khan Manghaniyar (kamanchiya – instrumento de arco).

MAMER (China)

Mamer é um dos artistas mais originais e influentes da nova música da China, um trovador na tradição folk.

Nascido e criado na província de Xinjiang, busca inspiração na cultura dos pastores nómadas de etnia cazaque que vivem naquela região do noroeste da China.

O seu álbum de estreia, “Eagle”, editado em 2009 pela Real World, combina elementos tradicionais, folk e rock.

As canções do seu repertório, provenientes no folclore local e originais de Mamer, são cantadas com uma voz grave inconfundível e acompanhadas de forma virtuosa na guitarra, no “dombra” (alaúde dos povos cazaques da Ásia Central) e noutros instrumentos tradicionais.

Mamer, que esteve programado para o FMM 2009, mas não chegou a actuar devido a problemas de vistos, sobe ao palco do Castelo na noite de 23 de Julho.

AYARKHAAN (República da Iacútia – Rússia)

O trio feminino Ayarkhaan recupera a tradição musical da Iacútia (ou Sakha), república asiática da Federação Russa.

Formado em 2002, é composto por Albina Degtyareva, Yuliana Krivoshapkina e Olga Podluzhnaya, cantoras e intérpretes de “khomus”, um tipo de berimbau metálico tocado com a boca, instrumento nacional usado pelos xamãs nos seus rituais.

Utilizam o estilo de canto gutural "d'ieretii", semelhante ao utilizado por coros búlgaros e russos.

Proveniente de uma das mais desoladas e espectaculares paisagens do mundo, entre a estepe e o Árctico, a música de Ayarkhaan inspira-se nos poderes da natureza, figurando, nalguns momentos, o som do vento, dos cavalos, dos pássaros e outros sons naturais.

O concerto de Ayarkhaan no Castelo de Sines realiza-se na noite de 29 de Julho.

SHUNSUKE KIMURA x ETSURO ONO (Japão)

O projecto Shunsuke Kimura x Etsuro Ono explora as qualidades do “Tsugaru Shamisen”, um estilo virtuoso, com forte componente percutiva, de tocar o shamisen, instrumento de três cordas omnipresente na cultura do Japão.

Formado em 2008, o duo é constituído por Shunsuke Kimura (que além de Tsugaru Shamisen, toca flauta “fue” e percussões) e Etsuro Ono (Tsugaru Shamisen e percussão).

Shunsuke Kimura nasceu em 1969 e é um dos mais aclamados compositores e intérpretes de instrumentos tradicionais japoneses. Etsuro Ono, nascido em 1972, estudou “Tsugaru Shamisen” na prefeitura de Aomori, no norte da ilha de Honshu, o coração deste género musical, e tem desenvolvido um trabalho consistente com diversas companhias de teatro.

Premiados pela qualidade da sua inovação na música tradicional, Kimura e Ono levam o Tsugaru Shamisen a extremos de dinamismo e improvisação, em concertos em que a energia libertada transcende em muito os recursos aparentes do instrumento acústico.

Actuam no Castelo de Sines na noite de 28 de Julho.

VÍDEOS DOS GRUPOS

Desert Slide: http://www.youtube.com/watch?v=xIb1M1sp4tI
Mamer: http://www.youtube.com/watch?v=dloDUzRe1Yc
Ayarkhaan: http://www.youtube.com/watch?v=gNoYD0X_b0Q
Kimura x Ono: http://www.youtube.com/watch?v=XKbfjk_dz_4

TAMBÉM JÁ OFICIALMENTE CONFIRMADOS

Congotronics vs. Rockers (RD Congo / EUA / Argentina / Suécia)
Ebo Taylor & Afrobeat Academy (Gana)
Blitz the Ambassador (Gana)
António Zambujo (Portugal)

O FMM

A edição de 2011 do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo realiza-se na cidade de Sines em dois fins-de-semana de Julho: 22 a 24 (sexta a domingo) e 27 a 30 (quarta a sábado).

Mais informações sobre o festival em www.fmm.com.pt e www.facebook.com/fmmsines.

16 março, 2011

Jazz, World e Outras Músicas nos Dias da Música do CCB


É sabido que, desde há séculos, a música clássica ou erudita ou dita séria, sempre namorou descaradamente com as músicas tradicionais e populares. E, espelho dessa tendência - particularmente de como a "nobre" música europeia encontrou a "pobre" música africana e outras músicas, via George Gershwin ou Aaron Copland, nos Estados Unidos dos anos 30 do Séc. XX - os Dias da Música, no CCB, Lisboa, abrem desta vez as portas ao ragtime, ao jazz, aos blues - e este via um "bife branquelas", Martin Simpson, uma das actuais luminárias da folk britânica e colaborador assíduo de June Tabor ou Martin Carthy - ou a músicas mais distantes como as de uma orquestra indonésia de gamelão, o que Claude Debussy certamente agradeceria. Também por lá, em meados de Abril: a Duke Ellington Orchestra, Dixie Gang, Pedro Jóia e Mário Laginha com Bernardo Sassetti.

SÁBADO, 16 DE ABRIL

CONCERTO B6
GRANDE AUDITÓRIO – 24H00
Programa detalhado a anunciar brevemente
The Duke Ellington Orchestra


CONCERTO B9
PEQUENO AUDITÓRIO – 16H00
Ellington, Basie & Lunceford

Duke Ellington:
Daybreak Express (1934)
East St. Louis Toodle-Oo (1927)
The Mooch (arr. Will Hudson) (1928)
Concerto for Cootie (1940)
Ko-Ko (1943)
Jack the Bear (1940)

Count Basie:
9:20 Special (comp. E. Warren, B. Engvick / arr. Buster Harding) (1941)
Jumpin' the Woodside (arr. Fletcher Henderson) (1938)
Corner Pocket (arr. Freddy Green) (1955)
Tickle Toe (comp./arr Lester Young) (1940)
Swinging the Blues (arr. Eddie Durham) (1939)

Jimmie Lunceford:
Stratosphere (arr. Willie Smith, Edwin Wilcox) (1934)
For Dancers Only (comp. Sy Oliver, D. Raye, V. Schoen / arr. Sy Oliver) (1937)
Uptown Blues (comp. R. Eldridge, C. Battle / arr. Jimmie Lunceford) (1939)

[c. 45’ – cada tema c. 3’]
Orquestra Jazz de Matosinhos
Pedro Guedes, direção


CONCERTO B13
14H00 – SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO
Ragtime

Temas de Scott Joplin e R. R. Robinson
Reginald R. Robinson, piano


CONCERTO B15
18H00 – SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

Jazz de Nova Orleães

Original Dixieland One Step (J. Jordan, D. J. LaRocca, G. Crandall, J. R. Robinson) (1917)
Tiger Rag (Da Costa, LaRocca, Edwards, Sbarbaro, Shields) (1917)
After You've Gone (T. Layton, H. Creamer) (1918)
Fidgety Feet (Nick LaRocca, Larry Shields) (1918)
Royal Garden Blues (Clarence Williams, Spencer Williams) (1919)
The Sheik of Araby (Harry B. Smith, Ted Snyder, F. Wheeler) (1921)
Jazz Me Blues (Tom DeLaney) (1921)
Dippermouth Blues (Joseph "King" Oliver) (1923)
Tin Roof Blues (Melrose, Rappolo, Mares, Brunies) (1923)
Five Foot Two (Ray Henderson, Sam M. Lewis, Joe Young) (1925)
Muskrat Ramble (Edward "Kid" Ory, Ray Gilbert) (1926)
I'm Confessin' That I Love You (Al J. Neiburg, Dan Dougherty, Eula W. Reynolds) (1930)
Someday You'll Be Sorry (Louis Armstrong)( (1947)
Bourbon Street Parade (Paul Barbarin) (1949)
[c. 45’ cada tema tem c. 3’]

Dixie Gang
João Viana, cornetim
Matt Lester, saxofone e clarinete
Claus Nymark, trombone
Silas Oliveira, banjo
David Rodrigues, piano
Jacinto Santos, tuba
Rui Alves, bateria


CONCERTO B22
22H00 – SALA ALMADA NEGREIROS
Temas de Duke Ellington, George Gershwin e Johnny Green
Mário Laginha, piano
Bernardo Sassetti, piano


CONCERTO B23
14H00 – SALA SOPHIA DE MELLO BREYNER
Música dos portos nos anos 20 e 30

Variações sobre o Fado menor (Pedro Jóia)
Meditando (Armandinho)
Adiós muchachos (Carlos Gardel)
Fado em mi menor (Armandinho)
Por una cabeza (Carlos Gardel)
Fado Conde de Anadia (Armandinho)
Mano a mano (Carlos Gardel)
Maldito fado (Armandinho)
El dia que me quieras (Carlos Gardel)
Valsa sul-americana (Popular Peruano)

Pedro Jóia, guitarra solo


CONCERTO B31
20H00 – SALA FERNANDO PESSOA
Blues
Martin Simpson, voz e guitarra solo



DOMINGO, 17 DE ABRIL

CONCERTO C7
13H00 – PEQUENO AUDITÓRIO
Gamelão
Música tradicional de Java
Es Lilin, Pelog Bem
Jagung, Ladrang, Slendro
Pathetan, Pelog Barang, Manyura
Liwung, Ladrang, Slendro
Sukubobro, Lancaren, Slendro
Jaranan, Pelog Bem
Semengat, Lancaren, Pelog Barang

Yogistragong
Elizabeth Davis, direção


CONCERTO C16
15H00 – SALA ALMADA NEGREIROS
Ragtime
Temas de Scott Joplin e R. R. Robinson
Reginald R. Robinson, piano


CONCERTO C18
19H00 – SALA ALMADA NEGREIROS
Temas de Duke Ellington, George Gershwin e Johnny Green
Mário Laginha, piano
Bernardo Sassetti, piano


CONCERTO C25
17H00 – SALA FERNANDO PESSOA
Blues
Martin Simpson, voz e guitarra solo

06 março, 2011

Colectânea de Textos no jornal "i" - XXIII


Afinal o que é a música portuguesa?
Publicado em 28 de Janeiro de 2010

Um comentário de um leitor deste jornal, na sua versão online, ao meu último texto fez-me pensar na seguinte questão (e nalgumas outras, paralelas): afinal o que é a música portuguesa? O comentário, justíssimo!, referia-se à ausência dos Buraka Som Sistema (na foto) na lista das mais relevantes exportações da música portuguesa. Nesta coluna, há alguns meses, eu próprio apontava a saudável ironia que é o facto de os artistas musicais residentes em Portugal mais conhecidos, actualmente, no estrangeiro serem Mariza (que nasceu em Moçambique) e os Buraka Som Sistema (em que apenas um elemento é português e com a própria música do grupo a ser um misto de música angolana, jamaicana e norte-americana). E é aqui que está parte da questão. O que é a música portuguesa? É apenas a música feita por portugueses, cantada em português, com raízes portuguesas (urbanas como o fado ou rurais como os corridinhos ou o cante alentejano)? Deveremos fazer a distinção entre "música portuguesa", "música feita por portugueses" (seja de que género for, desde que os músicos sejam nacionais) e "música feita em Portugal" (feita por portugueses e também por estrangeiros residentes em Portugal)? E onde encaixar aqui os inúmeros estrangeiros, residentes nos respectivos países, que cantam ou tocam fado? Isto é: fazem mais "música portuguesa" a fadista catalã Névoa, os Blind Zero ou o Ricardo Rocha, que toca instrumentais em guitarra portuguesa mas que a leva para outros universos musicais?



Outros caminhos do fado
Publicado em 04 de Fevereiro de 2010

Há variadíssimas colecções de discos de fado. Só para citar algumas, há a do jornal "Público" (que conta a história do fado, com notas importantes de Rui Vieira Nery); há uma mais recente da CNM (Companhia Nacional de Música); "The Best of Fado - Um Tesouro Português", da EMI; as lindíssimas caixas "Divas do Fado" e "Fado sempre! Ontem, hoje e amanhã", ambas da Difference; etc. E haverá, no futuro, a mais aguardada de todas: a edição em CD dos velhos discos de fado (e não só) em 78 rpm, coleccionados por Bruce Bastin, e que será editada, ao que presumo, pela Tradisom. Esta de que falo hoje, "Alma Lusitana", é uma edição conjunta FNAC/iPlay: seis CD que fazem uma viagem global e bastante aliciante por várias décadas de fado, tanto pelos seus cantores como pelos intérpretes de guitarra portuguesa - estão aqui os inevitáveis Carlos Paredes e Armandinho, Alfredo Marceneiro, Tristão da Silva e Carlos do Carmo, Amália Rodrigues, Beatriz da Conceição e Hermínia Silva... E que também surpreende pela quantidade de nomes novos e desviantes que inclui. Um dos CDs - e logo o primeiro da série! - intitula-se, exactamente, "Outros Caminhos", e nele aparecem nomes como A Naifa, Donna Maria ou os Atlantihda (na foto), mas também os Cool Hipnoise, Sam The Kid, Ana Deus (Três Tristes Tigres) ou M-Pex. Noutros CDs estão Pedro Jóia e Catarina Moura (Brigada Victor Jara), com a sua participação em "Fados", de Carlos Saura. Todos a mostrar que há muito fado para além das fronteiras do fado.



Tradição é a transmissão do fogo...
Publicado em 11 de Fevereiro de 2010

Há uma fase de Gustav Mahler que está a fazer uma saudável escola entre a comunidade "trad" portuguesa: "A tradição é a transmissão do fogo, não a veneração das cinzas." E isso reflecte-se na música de muitos dos novos grupos e artistas portugueses. De muitos deles já falei aqui - ainda a semana passada foram referidos nesta coluna vários desvios ao fado -, havendo hoje espaço para mais cinco. Nos seus discos de estreia, o álbum "Dentro da Matriz" e o EP "Electrónica cá da Terra", respectivamente, os Omiri (projecto a solo de Vasco Ribeiro Casais, dos Dazkarieh) e os Charanga mergulham de cabeça na tradição e transformam-na em música absolutamente moderna e actual. Os Omiri vão a várias danças tradicionais europeias e injectam-lhes distorção e heavy-metal, mas também... drum'n'bass. Ao drum'n'bass e a outras tipologias electrónicas vão também os Charanga, estes mais empenhados em recriar temas profundamente portugueses. No seu novo álbum, "Senhor Galandum", os veteranos Galandum Galundaina (na foto) não prescindem da música tradicional transmontana, cantada em mirandês e tocada com instrumentos acústicos, mas também surpreendem quando dão a Hugo Correia (Fadomorse) a remistura electrónica de "Nabos (cun alheiras i bino)". A cantora Claud recria e bem, no seu novo álbum "Pensamento", temas de Sérgio Godinho, Jorge Palma e Trovante. E os OliveTreeDance dão três voltas ao malhão - em "Viva o Malhão", do EP "Urbano Roots" - com didgeridoo e percussões trance!

04 março, 2011

Congotronics vs. Rockers no Festival Músicas do Mundo de Sines


Grande notícia, esta, que é fresquinha e boa mesmo!!! Segue o comunicado de imprensa do FMM de Sines e uma crítica ao álbum que deu origem a este projecto ao vivo, publicada originalmente na "Time Out" há algumas semanas.

"10 músicos congoleses vs. 10 músicos da cena alternativa: Konono n.º 1 (na foto), Kasaï Allstars, Deerhoof, Juana Molina, Wildbirds & Peacedrums e Skeletons juntos em palco numa estreia absoluta em Portugal.

O projecto Congotronics vs. Rockers, que reúne no mesmo palco músicos ocidentais da cena alternativa e músicos congoleses da série “Congotronics”, é a primeira confirmação oficial do programa do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo 2011.

O espectáculo realiza-se no Castelo de Sines, na noite de 23 de Julho, e é uma estreia em território português.

A música baseada em instrumentos tradicionais electrificados artesanalmente de bandas como Konono n.º 1 e Kasaï Allstars (conhecidas colectivamente pela série de discos “Congotronics”) tem sido recebida de forma entusiástica pelo público, imprensa e artistas do rock alternativo.

Lançado no final de 2010, o disco duplo “Tradi-Mods vs Rockers: Alternative Takes on Congotronics”, é um tributo prestado por 26 artistas de rock e música electrónica às bandas da República Democrática do Congo.

Ao longo da Primavera e Verão de 2011, num conjunto seleccionado de palcos, entre os quais Sines, o público poderá ver uma versão ao vivo do projecto, através de um grupo composto por 10 músicos congoleses e 10 músicos de rock indie, que se juntam na criação de repertório novo onde os seus universos estéticos se cruzam.

Os 10 músicos da “equipa” Congotronics são provenientes dos grupos Konono n.º 1, conhecido pelas distorções progressivas dos seus “likembes” electrificados, e Kasaï Allstars, que se notabilizou pela reinvenção dos ritmos hipnóticos da música cerimonial congolesa.

Os 10 músicos ocidentais, os “Rockers” do conjunto, são Deerhoof, uma das bandas de referência da cena indie dos EUA, Juana Molina, cantautora argentina, Wildbirds & Peacedrums, duo pop experimental sueco, e Skeletons, outro grupo alternativo norte-americano, representado pelo seu líder, Matt Mehlan.


A edição de 2011 do FMM Sines - Festival Músicas do Mundo realiza-se na cidade de Sines em dois fins-de-semana de Julho: 22 a 24 (sexta a domingo) e 27 a 30 (quarta a sábado).

Mais informações sobre o festival em www.fmm.com.pt e www.facebook.com/fmmsines"


Vários
"Tradi-Mods vs Rockers"
Crammed Discs/Megamúsica

Que as muitas músicas da world music estavam cada vez mais abertas ao rock e vice-versa (Vampire Weekend, Beirut, etc, etc, etc...) já se sabia. Mas nunca como neste "Tradi-Mods vs Rockers – Alternative Takes on Congotronics" se sentiu uma ligação tão profunda entre todos estes “mundos”. Sim, nos últimos anos – e apenas para referir alguns exemplos – apareceu a série “Rhythms del Mundo”, em que grandes nomes do rock se cruzam (mal, muitas vezes) com o “Buena Vista Social Club”, ou um razoável tributo de músicos africanos aos U2. Mas qui – e para poupar palavras – há 26 nomes da música ocidental – dos Deerhof e Andrew Bird aos Animal Collective e Juana Molina -- a fazer maravilhas com o legado dos Kasai Allstars ou Konono Nº1. Uma maravilha! (*****)