02 abril, 2009

Cromos Raízes e Antenas L


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)

Cromo L.1 - Khaled


Outrora conhecido como Cheb Khaled («cheb» significa «jovem» e não é um nome próprio, sendo comum a outros artistas norte-africanos como Cheb Mami ou Cheb i Sabbah), o cantor, compositor e multi-instrumentista argelino Khaled é um dos artistas mais representativos do género tradicional rai, na sua forma modernizada. De nome completo Khaled Hadj Brahim (nascido a 29 de Fevereiro de 1960, em Sidi-El-Houri, Argélia), Khaled mistura na sua música as raízes do rai com muitos outros géneros como o jazz, o funk, a pop, o r'n'b, as electrónicas, onde instrumentos tradicionais como o ney (flauta) ou a darabuka se fundem com sintetizadores, instrumentos eléctricos e uma secção de metais. Khaled - que toca banjo, acordeão, bateria, teclados, guitarra... - começou a sua carreira com apenas catorze anos, no grupo Les Cinq Étoiles e, ainda na Argélia, foi perseguido pelo teor da sua música, considerada demasiado ocidentalizada e com letras impróprias. Fixou-se em França em 1986 e, a partir daí, a sua fama nunca mais parou de crescer. Audição aconselhada: «Khaled» (1992), «1, 2, 3 Soleils» (1999; em parceria com Rachid Taha e Faudel) e «Ya-Rayi» (2004).


Cromo L.2 - Los de Abajo


Exemplo maior entre os maiores de uma música viva, dinâmica, empenhada politicamente e onde muitas músicas se cruzam sem que, por isso, a música final perca um pingo de identidade própria, o grupo Los de Abajo (formado na capital mexicana, Cidade do México, em 1992) é capaz de misturar ska, punk, cumbia, mariachi, son jarocho e muitos outros géneros de uma forma fluida, natural, orgânica. Também activos social e politicamente, ao longo do seu trajecto Los de Abajo defenderam causas como a do EZLN (Ejército Zapatista de Liberación Nacional), dos Jóvenes en Resistencia Alternativa e a dos presos políticos de Atenco. Gostando de caracterizar o seu som como «tropipunk», Los de Abajo já se encontraram criativamente com o catalão Macaco e, mais recentemente, com Neville Staples (Fun Boy Three) e a dupla Neil Sparkes/Count Dubulah (os Temple of Sound), no álbum de remisturas «LDA v The Lunatics» (2006). Outro álbum aconselhado: o histórico «Cybertropic Chilango Power» (2002).


Cromo L.3 - Gigi Shibabaw


Gigi (aka Ejigayehu Shibabaw) é uma cantora e compositora etíope que chegou à fama internacional através da mão de Bill Laswell - Gigi, aliás, viria a casar com este activíssimo produtor e músico - e de outro nome mítico da música, Chris Blackwell, patrão da editora Palm Pictures e o antigo responsável pela fama de muitos grandes artistas de reggae (como Bob Marley), quando liderava a Island Records. E, apesar de ter chegado a gravar anteriormente nos Estados Unidos, Gigi chegou ao sucesso internacional com os álbuns editados pela Palm Pictures: «Gigi» (2001), «Zion Roots» (assinado pelo grupo Abyssinia Infinite; 2003) e «Gold & Wax» (2006), onde à música de raiz - muitas vezes inspirada pelas Genna, celebrações do Natal na Etiópia - se juntam electrónicas, dub, funk, rock ou jazz (em «Gigi», ela foi acompanhada por nomes graúdos do jazz como Herbie Hancock, Wayne Shorter e Pharoah Sanders). Outros artistas com quem já se cruzou: Buckethead, Karsh Kale, Tabla Beat Science, Nils Petter Molvaer, Foday Musa Suso e Jah Wobble.


Cromo L.4 - The Zydepunks


Nova Orleães, é sabido, foi há cerca de cem anos o berço ideal de uma música nova, o jazz, onde muitas outras músicas - africanas e europeias - namoravam entre si: os blues, o gospel, o ragtime, as valsas, o klezmer, etc, etc... E é, agora, o berço de uma banda singular, os Zydepunks - onde também muitas músicas convergem: o zydeco e o cajun originários da Louisina, o punk, a country, a música cigana dos Balcãs, a música «celta» revista pelos Pogues, o klezmer... e cantando em seis línguas diferentes. Criados em 2003, os Zydepunks usam um baixo eléctrico (mas não guitarras) e baseiam o seu som num violino e num acordeão endiabrados, voz e bateria. E - conta a lenda - são capazes de dar concertos absolutamente arrebatadores. Formados por Denise Bonis (violino, voz), Juan Christian Küffner (acordeão, rabeca, voz principal), Joe Lilly (bateria, voz), Scott Potts (baixo, voz) e Eve (acordeão, melódica, voz), os Zydepunks lançaram até agora os álbuns «9th Ward Ramblers», «...And The Streets Will Flow With Whiskey», «Exile Waltz» e «Finisterre».

Nota: A primeira série dos «Cromos Raízes e Antenas» termina aqui. São 50 «carteirinhas» de quatro Cromos cada, o que soma o bonito número de 200 entradas. Os meus agradecimentos a quem sugeriu nomes, fez reparos, emendou gralhas e asneiras... Se tudo correr bem, uma nova série se seguirá...

3 comentários:

laura disse...

Tantos cromos!!!!!!! :)))))) É uma colecção e tanto, sim senhor...

ANNA-LYS disse...

Happy Spring, Antonio ;-)

António Pires disse...

Laura:

Pois são, e já vêm aí mais :)

Beijos...


Anna-Lys:

Happy spring to you too!

((Kram))