22 abril, 2009

Música da República Dominicana - A Bachata está em Alta!


As músicas tradicionais da República Dominicana estão a viver um revivalismo saudável. Para descobrir (ou redescobrir) a sua bachata, o seu merengue e o seu son.












Vários - «Bachata Roja - Acoustic Bachata From The Cabaret Era» (iASO/Megamúsica)
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Super Uba - «Tierra Lejana» (iASO/Megamúsica)
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Puerto Plata - «Mujer de Cabaret» (iASO/Megamúsica)
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Desde sempre lugar de cruzamentos de viajantes e imigrantes, escravos e senhores, a República Dominicana (metade da Ilha Hispaniola, sendo a outra metade o Haiti) é a pátria original de dois dos estilos musicais mais importantes das ilhas do Caribe e, por extensão, de toda a América Latina: o merengue e a bachata. Géneros híbridos eles também - o merengue, nascido no Séc. XIX, terá as suas origens na música africana, espanhola e dos índios arahuacos (idos do continente sul-americano ali mesmo ao lado) enquanto a bachata, surgida já no Séc. XX, poderá ser uma mistura feliz de bolero, merengue, son cubano, tango argentino e ranchera mexicana -, contribuíram depois grandemente para o surgimento de outras músicas, tendo-se espalhado por todo o lado (há inúmeros exemplos de merengue feito por grupos africanos ou cubanos, por exemplo, na última metade do Séc. XX).

Mas - e apesar da República Dominicana ter uma grande vedeta musical, o cantor Juan Luis Guerra -, a verdade é que não se fala muito deste país quando se fala da música feita nas Ilhas do Caribe, «afogada» que está entre grandes potências da chamada world music como Cuba, a Jamaica (o reggae foi um dos primeiros fenómenos de popularidade mundial e de globalização de músicas periféricas) e até Trinidad e Tobago (com as suas steel bands). Mas, com a edição destes três discos, todos editados pela iASO Records, talvez se comece a conhecer melhor toda a riqueza musical da República Dominicana. A começar logo pela fabulosa colectânea «Bachata Roja - Acoustic Bachata From The Cabaret Era», que reúne 14 temas de outros tantos intérpretes míticos de bachata dos anos 60 aos 80: entre eles, os cantores Blas Duran, Eladio Romero Santos e Leonardo Paniagua, para além de guitarristas como Augusto Santos ou Edilio Paredes, isto é, nomes que faziam a bachata à base de voz de guitarra acústica antes da sofisticação instrumental dos novos intérpretes deste estilo (como por exemplo, o já referido Juan Luis Guerra), não deixando por isso de ser altamente dançável.

Os outros dois álbuns desta leva - ambos igualmente excelentes! - são, por sua vez, assinados por dois cantores e guitarristas que, não se restringindo à bachata, levam a sua música também a outros géneros, mas também tendo a simplicidade de processos e um som acústico como marca: «Tierra Lejana», de Super Uba aka Ubaldo Cabrera, uma viagem pelo merengue, son, bolero e bachata; e o álbum de estreia (aos 84 anos!) de Puerto Plata aka José Manuel Cobles (na foto), «Mujer de Cabaret», um fabuloso intérprete de vários dos géneros já referidos, mas, essencialmente, do son cubano. E com uma alma tão grande que ele só não terá entrado - e isto sou eu a supor - no «Buena Vista Social Club» porque nasceu no país «errado».

(texto editado originalmente na «Time Out Lisboa»)

2 comentários:

Unknown disse...

adoro dançar bachata! :)

António Pires disse...

Elle:

Eu é mais ouvir... ou passar de vez em quando nas minhas sessões de DJ...