23 setembro, 2009

A Vingança do Kuduro!


Chega nos próximos dias às lojas um dos melhores e mais importantes álbuns - sim, é uma aviso! - que jamais se fizeram em Portugal: «Dance Mwangolé», do projecto Batida. Mais ou menos a propósito, ou pelo menos de um modo lateral, recupero aqui um texto meu publicado há alguns meses no jornal «i»:

«Na longa lista de aberrações convidadas para os seus programas televisivos - o Vítor Peter, a Pomba Gira, a Natália de Andrade, o Professor Alexandrino... -, Herman José incluiu há alguns anos o duo de kuduro Salsicha & Vaca Louca, ridicularizando os seus ritmos selvagens e os seus requebros opulentos. Poucos anos depois, o kuduro, via Buraka Som Sistema (mas não só),é um fenómeno de sucesso mundial. Angolano na sua origem mas com ligações ao miami bass, ao baile funk brasileiro, ao kwaito sul-africano, ao reggaeton porto-riquenho e ao dancehall jamaicano, o kuduro foi adoptado por vários produtores e músicos dos PALOPs e de Portugal (Dog Murras, DJ Znobia, Makongo ou o cabo-verdiano que junta funaná com kuduro Izé, entre muitos outros) e de fora da esfera lusófona como M.I.A. (a voz principal da oscarizada banda-sonora do filme «Quem Quer Ser Bilionário?»), o DJ e produtor francês Frédéric Galliano ou o norte-americano Diplo. E os Buraka Som Sistema actuam nos principais festivais do mundo (Glastonbury, Roskilde, Coachella...) e têm feito digressões, com tremendo sucesso, no Japão, na Europa, na Austrália e nos Estados Unidos. Os Buraka Som Sistema (uma mistura de portugueses, angolanos e indo-moçambicanos e um espelho perfeito do caldo de culturas em que Lisboa se transformou nos últimos anos) são, aliás, considerados - ao lado de Mariza, uma fadista nascida em Moçambique - os maiores embaixadores actuais da música... portuguesa. Está na altura de reescrever a entrada "kuduro" na "enciclopédia" do Herman. E na de nós todos».

Sem comentários: