27 março, 2013

Lo'Jo, Baloji e DakhaBrakha no FMM de Sines

Venham eles: «Lo’Jo, Asif Ali Khan, Baloji, DakhaBrakha e Akua Naru no FMM Sines As novas confirmações do programa do FMM Sines 2013, todas estreias no festival, chegam de quatro continentes. Da Europa, está confirmado Lo’Jo, um dos grupos “clássicos” das músicas com raízes na tradição, e o quarteto folk ucraniano DakhaBrakha (na foto de Vadym Kulikov). Da Ásia chega o “qawwali” do paquistanês Asif Ali Khan, herdeiro do mestre Nusrat Fateh Ali Khan. Os dois representantes do hip-hop confundem as divisões continentais: Baloji é um congolês que cresceu na Bélgica e Akua Naru uma norte-americana de origens ganesas a viver na Alemanha. Lo’Jo (França) Lo’Jo é um dos grupos mais prestigiados das músicas do mundo. Criado em 1982, em Angers, no departamento de Maine-et-Loire, uma região francesa sem uma música tradicional fortemente característica, criou raízes no mundo inteiro. Liderado pelo poeta e cantor Denis Péan, com Richard Bourreau (violino), Kham Meslien (baixo / contrabaixo), Baptiste Brondy (bateria) e das irmãs berberes Yamina e Nadia Nid El Mourid (voz), comunica numa babel de estilos, estéticas e imaginários. O seu processo criativo tem duas fases: a viagem e o recolhimento. No Sahara (onde ajudou a organizar o primeiro Festival do Desert, em 2001, e a lançar a carreira internacional dos Tinariwen), no Cáucaso, na Austrália, no Nepal, em viagens um pouco por todo o mundo, encontram os sons, os instrumentos, as experiências e os amigos que depois transformam em discos como “Cinéma el Mundo”, gravado numa velha quinta perto de Angers, uma mistura de comuna e utopia musical. Lançado em 2012, este 13.º álbum dos Lo’Jo, produzido por Jean Lamoot, e com a colaboração, entre outros, de Robert Wyatt, estará em destaque na estreia de Lo’Jo em Sines. Estão nomeados na categoria “melhor grupo” dos prémios Songlines 2013. Asif Ali Khan & Party (Paquistão) Nascido em 1973, Asif Ali Khan é um dos principais herdeiros do mestre da música “qawwali”, Nusrat Fateh Ali Khan, de que foi um dos mais notáveis alunos. Conhecido pela sua capacidade de reinvenção de um género de música de transe em que o extático e o meditativo se confundem, Asif é um dos cantores mais respeitados do Paquistão e um dos embaixadores musicais do país. Inscrita na tradição do sufismo, corrente mística do islamismo, a música “qawwali” utiliza a repetição da palavra (em árabe, “qaul”) dos poetas “inspirados” como forma de fazer o ouvinte sair de si e entrar em estado de graça (o efeito “tarab”). Asif Ali Khan, que esteve programado para o FMM Sines 2008 mas acabou por não poder estar presente, estreia-se no festival em 2013, com a sua Party, uma secção vocal e rítmica de nove elementos que faz o que o nome significa: uma grande e hipnótica festa. Baloji (R. D. Congo / Bélgica) Nos últimos anos, Sines tem sido o local certo para ouvir os sons do Congo – Congotronics e para além de Congotronics. Baloji (“feiticeiro” em swahili) é um congolês da diáspora, nascido no Congo em 1978 mas a viver na Bélgica desde os 4 anos. Na Europa, começou por se interessar pelo hip-hop, tendo integrado, ainda adolescente, o coletivo Starflam. Em 2008, lançou o seu primeiro disco a solo, “Hotel Impala”, com influências de soul e afrobeat. Depois da gravação deste disco, decidiu regressar ao Congo para explorar as suas raízes. O objetivo era produzir uma versão “local” de “Hotel Impala”, mas a riqueza musical que descobriu no seu país de origem levou-o a criar um álbum praticamente novo. “Kinshasa Succursale” (2011), uma edição Crammed Discs, tem colaborações de alguns dos melhores músicos de Kinshasa, incluindo Konono n.º 1 e Zaïko Langa Langa, e regista um encontro entre o fulgor poético do hip-hop e a inventividade rítmica do Congo. Baloji virá a Sines com a sua banda, Orchestre de la Katuba. DakhaBrakha (Ucrânia) Etno-caos, etno-minimalismo, psycho-folk… são muitas as categorizações utilizadas para tentar definir os DakhaBrakha (“dar/receber” em ucraniano antigo). As suas raízes estão nas artes performativas: nasceram em 2004 no teatro Dakh de Kiev e apesar de uma carreira autónoma continuam a ser o seu agrupamento musical residente, colaborando em produções teatrais e de dança. A essência da sua música buscam-na no campo. Grande parte do seu repertório resulta de viagens às pequenas aldeias, para gravar as canções tradicionais cantadas pelas avós que depois incorporam nas suas criações. O folclore ucraniano é a base, mas assumem influências africanas, árabes, búlgaras, húngaras e também de rock independente de variadas expressões. Formado por Marko Halanevych, Iryna Kovalenko, Olena Tsibulska e Nina Garenetska, é um quarteto em que todos cantam e todos tocam uma lista alargada de instrumentos, da darbuka ao didgeridoo, do acordeão ao violoncelo. O seu som inscreve-se na corrente da folk europeia que procura um contínuo entre a força ritualista do folclore do mundo rural do passado e a agressividade da música urbana do presente. Têm quatro discos gravados, o último dos quais “The Khmeleva Project" (2012), com o trio instrumental bielorrusso Port Mone. Esta é a primeira vez que atuam no FMM Sines. Akua Naru (EUA) A rapper Akua Naru é uma das novas vozes do hip-hop norte-americano na sua expressão de maior densidade poética e relação com as várias tradições da música negra. Natural de New Haven, Connecticut, e com origens no Gana, iniciou a carreira em Filadélfia, viajou pela África Ocidental e pela China e atuamente vive na Alemanha. Esta abertura de horizontes está presente num hip-hop em que a força sofisticada do suporte instrumental é ponto de honra, na linha de Blitz The Ambassador, que surpreendeu o público de Sines em 2011, e com quem já trabalhou. Tony Allen, Patrice e Elzhi são outros artistas com quem já colaborou. O hip-hop dos anos 90 e figuras como Lauryn Hill e The Roots são inspirações. Vem a Sines com um disco de originais, “The Journey Aflame” (2011) e um disco ao vivo, “Live & Aflame Sessions” (2012). O seu single “World is Listening”, produzido por JR & PH7, chegou a número 1 dos “charts” das rádios universitárias americanas. Encontra-se a trabalhar no lançamento do seu segundo álbum, “Thought’s Attic”. Estreia-se em Portugal no FMM Sines 2013, acompanhada pela banda DIGFLO. Sobre o FMM Sines 2013 O FMM Sines – Festival Músicas do Mundo é o maior evento de “world music” e outras músicas realizado em Portugal. Em 2013, o festival acontece entre os dias 18 e 27 de julho e celebra a sua 15.ª edição. O alinhamento desta edição comemorativa incluirá alguns dos projetos que mais marcaram o FMM ao longo da sua história e artistas que nunca vieram ao festival e que representam o presente e o futuro das músicas com raízes (mas não grilhetas) na tradição. Nesta edição, para além dos nomes divulgados nesta nota, já está confirmada a presença dos seguintes artistas: Bassekou Kouyaté & Ngoni Ba (Mali), Amadou & Mariam (Mali), Hermeto Pascoal (Brasil), Rokia Traoré (Mali), Trilok Gurtu & Tigran Hamasyan (Índia / Arménia) e Rachid Taha (Argélia / França). O FMM Sines 2013 é cofinanciado por fundos FEDER / União Europeia, no âmbito do programa operacional INALENTEJO do QREN 2007-2013. Mais informações www.fmm.com.pt www.facebook.com/fmmsines»

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