25 setembro, 2008

Cromos Raízes e Antenas XLIV


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XLIV.1 - Björk


Cantora, compositora, instrumentista, mulher de olhos e ouvidos abertos para as músicas e o mundo, Björk Guðmundsdóttir - nascida a 21 de Novembro de 1965 em Reykjavík, na Islândia - é uma das mais geniais e fundamentais artistas pop da actualidade. E uma artista que à pop - ou o que lhe queiram chamar, do rock indie às electrónicas - não se confina, abrindo o espaço da sua música à música erudita, ao experimentalismo, à world music. Tem colaborações com nomes como Hector Zazou - cantando um tema tradicional nórdico no álbum «Chansons des Mers Froids»» (1995) -, a cantora esquimó Tanya Tagaq - no álbum «Medúlla» (2004), o seu disco onde a tradição dialoga com a modernidade absoluta -, ou, mais recentemente, com o mestre maliano da kora Toumani Diabaté e os congoleses Konono Nº1 - ambos presentes em «Volta» (2007). Oiça-se «Earth Intruders», deste álbum, e oiça-se assim a world do futuro.


Cromo XLIV.2 - Gaiteiros de Lisboa


Os Gaiteiros de Lisboa (foto de Mário Pires) são o mais importante grupo de música tradicional portuguesa - e da sua renovação - dos últimos vinte anos. Com uma sabedoria funda, feita de muitos anos de estudo e de prática da música, mas com o génio suficiente para da tradição fazer uma outra coisa - viva, actual, sentida, muitas vezes divertida e selvagem, de outras de uma beleza etérea e profunda - os Gaiteiros de Lisboa nasceram em 1991, com um núcleo base formado por Paulo Marinho, Carlos Guerreiro, José Manuel David, Rui Vaz, José Salgueiro (recentemente susbstituído por José Martins) e, na altura, José Mário Branco. Já sem José Mário, o grupo alargou-se a outros músicos, como Pedro Casaes e Pedro Calado. E, ao longo destes anos, mostraram que - entre originais e adaptações de temas tradicionais, com instrumentos «normais» ou por eles construídos - a música portuguesa de raiz pode dar as árvores que se quiser.


Cromo XLIV.3 - «Éthiopiques»


Garimpeiro de discos de vinil antigos, aventureiro apaixonado pela música africana, Francis Falceto - da editora Buda Musique, baseada em Paris - é o responsável por uma das mais maravilhosas colecções que a world music já viu: a série «Éthiopiques», dedicada à reedição em CD de gravações feitas nos anos 60 e 70 por músicos da Etiópia e da Eritreia e o lançamento de alguns álbuns de originais gravados recentemente para a editora. Uma série que já ultrapassou os vinte volumes e que, entre colectâneas e álbuns inteiros dedicados a artistas específicos, deu a conhecer ao mundo artistas como Mahmoud Ahmed, Mulatu Astatke, Alemayehu Eshete, Asnaketch Worku, Tilahun Gessesse, Orchestra Ethiopia, Alemu Aga ou Getachew Mekurya. Para além da série «Éthiopiques», a Buda tem ainda outras colecções relevantes: «AfricaVision», «Ethiosonic», «Zanzibara», «Musique du Monde», «Stars de la World», «Voix du Passé», «Transes Européennes» e «Echos».

Cromo XLIV.4 - Ali Hassan Kuban



Nome pioneiro da fusão da música ocidental - nomeadamente do jazz e do funk, mas também da música cubana - com a música norte-africana, Ali Hassan Kuban (nascido em Gotha, na Núbia, em 1929; falecido em 2001) deu a esta zona do Egipto uma visibilidade musical que nunca alguém tinha conseguido até então. Dono de uma voz de excepção e um homem do seu tempo, embora sempre com um pé firme na tradição da sua região e do seu povo, Hassan Kuban introduziu guitarras eléctricas, teclas, acordeão e uma secção de metais na sua música durante os anos 50. Cantor, clarinetista, tocador de gibra (gaita-de-foles local), Ali Hassan Kuban viu o seu valor ser reconhecido internacionalmente durante os anos 90, quando actuou em festivais como o WOMAD, Midem ou o festival de jazz de Montreal. Álbuns mais relevantes: «From Nubia To Cairo» (1980), «Walk Like A Nubian» (1994) e «Nubian Magic» (1995).

4 comentários:

Anónimo disse...

Voltaste aos "cromos". Boa! :)

Mariana Campaniça

António Pires disse...

Mariana Campaniça:

Pois voltei e é para continuar :) A primeira série termina na caretira nº 50 (vezes quatro e já serão 200 cromos!). E uma segunda série virá a seguir...

Beijos...

Anónimo disse...

Olá António,

Também já estava com saudades!

António Pires disse...

Gustavo:

Até eu :)

Um abraço e volte sempre...