05 março, 2008
Cromos Raízes e Antenas XL
Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)
Cromo XL.1 - Battlefield Band
Uma autêntica instituição da música tradicional escocesa - se se preferir, da chamada música «celta» -, a Battlefield Band nasceu em Glasgow, na primeira metade dos anos 70, e, como bons escoceses que são (apesar de, ao longo das suas variadíssimas formações por lá terem passado músicos de outras origens, nomeadamente irlandeses) o foco principal da sua música centra-se nas gaitas-de-foles. Mas sem desprezar muitos outros instrumentos, do violino ao acordeão, das guitarras ao dulcimer ou aos... sintetizadores. E, apesar de boa parte do seu reportório ser formado por versões de temas antigos e tradicionais, muitos originais foram também sendo compostos pelo grupo ao longo destas três décadas de existência. Neste momento, da banda original só resta Alan Reid (voz, guitarra, teclas), sendo o resto do grupo formado por Mike Katz (gaitas), Alasdair White (violino e flautas) e o irlandês Sean O'Donnell (voz e guitarra).
Cromo XL.2 - Sheila Chandra
No início, com os Moonsoon, ou depois, a solo, a voz da cantora Sheila Chandra sempre teve a capacidade de fazer sonhar e viajar quem a ouvia, sem limites nem fronteiras. Nascida em Londres, Inglaterra, a 14 de Março de 1965, no seio de uma família indiana, Sheila Chandra nunca esqueceu as suas raízes - mesmo quando chegou a ser uma estrela pop durante os anos 80 - e toda a sua música esteve, sempre, umbilicalmente ligada às ragas ancestrais indianas. Com os Moonsoon descobriu a fusão da música do Oriente com as novas tecnologias musicais, a solo atreveu-se também a interpretar o cancioneiro folk das ilhas britânicas e a experimentar o canto gregoriano, o flamenco, a música árabe... E teve sempre uma postura aberta, embora discreta, que a levou a colaborar com Peter Gabriel (a maior parte dos seus discos saiu na Real World) ou, mais recentemente, com o projecto The Imagined Village.
Cromo XL.3 - Crammed Discs
Uma das mais importantes editoras discográficas independentes do mundo, a belga Crammed Discs surgiu em 1981, tendo sido fundada em Bruxelas por Marc Hollander, um homem com uma visão alargada e abrangente da música. E da música experimental ao rock independente, do jazz de fusão às electrónicas, do hip-hop a um leque variado de nomes da world music (da mais tradicional a variadíssimas fusões) tudo - e é quase sempre tudo muito bom! - tem lugar na Crammed e nas suas associadas: a SSR, a CramWorld, a Made To Measure e a Ziriguiboom. Do seu catálogo fazem (ou fizeram) parte nomes como os de Hector Zazou, Tuxedomoon, Minimal Compact, Bel Canto, Bebel Gilberto, Zuco 103, Cibelle, Tartit, Sussan Deyhim, Balkan Beat Box, Shantel, Taraf de Haidouks, Koçani Orkestar, Think of One, DJ Dolores, Konono Nº 1, Juryman, DJ Morpheus, Zap Mama, John Lurie e Carl Craig, entre muitos outros. Uma festa global.
Cromo XL.4 - Phil Ochs
Phil Ochs (de nome completo Philip David Ochs, por vezes também conhecido como John Butler Train) nasceu a 19 de Dezembro de 1940 em El Paso, Texas, Estados Unidos, e morreu a 9 de Abril de 1976. Cantor de protesto - foi, muitas vezes, considerado como o «Bob Dylan nº2» -, Ochs começou a carreira no início dos anos 60 e rapidamente se fez notar pelas suas canções fortes, activas, interventivas, muitas vezes feitas de um humor fino e quase cruel. Editou oito álbuns ao longo da sua curta carreira, discos onde foi semeando pérolas da folk norte-americana como «When I'm Gone», «There But For Fortune», «Ringing of Revolution», «I Ain't Marching Anymore» ou «Power and The Glory». No início dos anos 70, Phil Ochs começou a sofrer de distúrbios de personalidade motivados pela sua doença bipolar e pelo excesso de álcool, razões apontadas oficialmente como a causa do seu suicídio em 1976. Mas o seu legado permanece; intacto.
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6 comentários:
Hi António,
I would appreciate if You can take a stroll to my post about "Saudade", and maybe give a good music example!
Obrigado!
(( abracio ))
Anna-Lys
Anna-Lys:
I'll be there!
((Kram)))
Obrigado!!!! :-D
Love & Rockets on the player ;-)
(( abracio ))
(I linked a small "thanks" on my post)
Grande Phil Ochs...
Antigamente (oh, lá vêm estes saudosistas de tempos de antanho e de coisas que já lá vão!... - dizeis vós) ouvia-se mais variedade na rádio?
Tinha-se acesso a mais coisas?
Respostas possíveis:
Sim
e
Não.
A questão é que as rádios não tinham ainda sido tomadas (como todo os espaços considerados "úteis" pelo mercado) pela formatação e pela tendência do "mais música nova" (ao mesmo tempo que vão passando as velhas lamechices bacocas... contraditório, não é?)...
Porque digo isto?
Pois é, meus amigos. Visitai as lojas de discos.
Eu sou novo e descobri o Phil Ochs... porque me interessam estes cantores, basicamente.
Mas, ao mesmo tempo que me entristece hoje ele não ser conhecido, compreendo os porquês.
Visitai as lojas, e ainda vereis, como eu vi, vinis do Phil Ochs, que, sim, se venderam no nosso país, e que agora morrem no esquecimento, entalados entre outros vinis.
Que diferenças vejo eu nisto? É que hoje, encontrar Phil Ochs numa loja é como procurar uma última cópia ainda perdida ou escondida, como uma raridade.
Que explica isto? Para mim, que os tempos eram outros; que havia mais diversidade na difusão de música na rádio de massas; e que, por conseguinte, havia mais liberdade "publicada" (quero dizer, a liberdade de aceder sem ter de dispender muito esforço a procurar).
Hoje temos a net e milhares de rádios. Mas isso não pode ser conseguido sem haver dispersão de públicos. Dizeis vós: mas isso é também outra provad da liberdade, porque assim ninguém está a levar a "porrada" que nos querem meter pelos ouvidos fora.
Pois,
mas, meus amigos,
ouvir o Phil Ochs faz-nos tanta falta...
E talvez nem chegássemos a postular aquela hipótese...
Mais uma vez,
Grande Phil Ochs!
Eduardo:
Muito obrigado por mais uma importante contribuição no Raízes e Antenas!! As tuas palavras dão que pensar...
Grande abraço
Abraço retribuído, António!
Obrigado pelas palavras!
:)
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