29 março, 2007
«Coimbra» - Uma Colectânea Histórica
Saiu em 2004 mas nunca é tarde para se falar dela: a magnífica colectânea «Coimbra», que mostra como esta canção portuguesa foi interpretada (com este nome ou sob as suas designações em francês e inglês, «Avril au Portugal» ou «April In Portugal») de formas tão diferentes por tanta gente diferente - de Amália Rodrigues a Louis Armstrong (na foto), de Caetano Veloso a Bing Crosby -, interpretações escolhidas entre as cerca de 200 versões da canção encontradas por José Moças, da Tradisom. A crítica que se segue foi publicada originalmente no BLITZ em Junho de 2004.
VÁRIOS
«COIMBRA»
Tradisom
Se a norma que impede as mulheres de cantar fado de Coimbra não tivesse sido quebrada por Amália Rodrigues - assim como quebrou muitas outras normas e regras «estabelecidas» - talvez a canção «Coimbra» fosse apenas um belíssimo tema de Raul Ferrão (música) e José Galhardo (letra) interpretado por alguns fadistas portugueses. Mas não, Amália cantava-a nos seus espectáculos e, certo dia, interpretou-a para a cantora francesa Yvette Giraud, que pegou no tema e para ele pediu uma nova letra, em francês, a Jacques Larue, transformando-a assim em «Avril au Portugal». Depois, toda a gente começou a gravar a canção (em português, francês, inglês, italiano...)... e é de algumas (24) dessas inúmeras versões gravadas ao longo dos últimos cinquenta anos que é feita a colectânea «Coimbra», pensada e organizada por José Miguel Júdice e José Moças. Colectânea abrangente, divertida e universal - dando uma boa ideia de quem se apaixonou por «Coimbra» - aqui estão as versões de Alberto Ribeiro (que a gravou pela primeira vez; para o filme «Capas Negras», em 1947) e de luminárias da música internacional como, entre outros, Louis Armstrong (cuja trompete e voz dão um swing quente e lindíssimo à melodia), Bing Crosby, Amália (que a canta aqui em italiano), Eartha Kit, Caetano Veloso, Chet Atkins, Xavier Cugat, Yvette Giraud, Bert Kaempfert, Perez Prado, Tony Martin e curiosidades como uma steel-band de Trinidad e Tobago ou a versão «camp» de Liberace. Falta só aqui, talvez, a versão de Luís Piçarra que, segundo a «Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa», vendeu mais de um milhão de exemplares do tema (!). (8/10)
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