16 outubro, 2007
Cromos Raízes e Antenas XXVIII
Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)
Cromo XXVIII.1 - Miriam Makeba
A sul-africana Miriam Makeba - considerada, sem grandes dúvidas, a mais importante cantora africana das últimas décadas - teve a sua vida marcada por uma extrema coerência em toda a sua carreira, pela visibilidade que deu à música africana e pelo seu empenhamento político. Miriam Makeba (aka Mama Afrika) nasceu nos subúrbios de Joanesburgo, a 4 de Março de 1932, e iniciou a sua carreira nos anos 50 com os Manhattan Brothers e The Skylarks, mas o ano de arranque a sério foi 1959, quando conheceu Hugh Masekela e participou no filme anti-apartheid «Come Back, Africa». Exilou-se no estrangeiro nesse mesmo ano e, a partir daí, foi uma voz activa contra o regime sul-africano. Pela mão do cantor Harry Belafonte, conquistou os Estados Unidos, de onde também sairia devido ao seu casamento com o activista dos Panteras Negras Stokely Carmichael. O racismo existe em todo o lado. Mas a música, felizmente, também. Voltou a viver no país-natal, a convite de Nelson Mandela, até à sua morte, a 10 de Novembro de 2008.
Cromo XXVIII.2 - Transglobal Underground
Saídos da mesma vaga de fundo de que também fazem parte os Asian Dub Foundation ou os Fun-Da-Mental, os Transglobal Underground são um dos exemplos mais felizes de como se podem misturar tantas músicas diferentes (hip-hop, electrónicas, música indiana e africana...). Criados em 1990 por Tim Whelan (aka Alex Kasiek), Hamid Mantu (aka Man Tu) - que se mantêm na banda - e Count Dubulah, pelos Transglobal Underground passaram também a cantora Natacha Atlas (que conta quase sempe com alguns dos seus ex-companheiros nos seus trabalhos a solo), Johnny Kalsi, o rapper Coleridge, TUUP, o percussionista Neil Sparkes (que sairia, juntamente com Dubulah, para formar os Temple of Sound) ou a sitarista Sheema Mukherjee. Ao longo da sua carreira trocaram colaborações e remisturas com os nossos Blasted Mechanism mas também com os Dreadzone, Youth, Banco de Gaia e Pop Will Eat Itself, entre outros. O laboratório global continua agora em pleno funcionamento.
Cromo XXVIII.3 - Chumbawamba
Os Chumbawamba são um exemplo curiosíssimo de como muitas músicas diferentes - do punk absoluto à pop mais límpida, passando por canções tradicionais - podem ser experimentadas em fases diferentes de um percurso musical, mas sempre coerentemente ao serviço de uma causa. Formados numa casa ocupada em Leeds, Inglaterra, em 1984, o grupo sempre se manteve fiel à sua ideologia anarquista (próxima dos seus ideólogos Crass) mesmo quando a sua música se açucarou ou quando assinaram por uma multinacional, a EMI, em 1997, e tiveram um grande sucesso com o single «Tubthumping». Anti-Thatcher no início, anti-censura e anti-fascistas sempre depois, os Chumbawamba envolveram-se (e envolvem-se) frequentamente em manifestações políticas e em concertos em... casas ocupadas. Em 1989 editaram o histórico, belíssimo e inesperado disco «English Rebel Songs 1391-1914», com canções tradicionais (e, surpresa!, de protesto) inglesas.
Cromo XXVIII.4 - Lord Kitchener
Lord Kitchener (nascido a 18 de Abril de 1922, falecido a 11 de Fevereiro de 2000) foi um dos mais conhecidos nomes do calipso e também, apesar de ter renegado essa música nova e considerada «bastarda» no início, da soca. De seu verdadeiro nome Aldwin Roberts, Kitchener nasceu em Arima, Trinidad e Tobago, mas chegou à fama em Inglaterra, nos anos 50, onde era um ídolo musical para os imigrantes das Antilhas. De regresso a casa, nos anos 60, Kitch (como também era conhecido) espalhou o seu talento por centenas de canções compostas ao longo da sua vida. E continua a ser o autor favorito de muitas steel-bands (as bandas que tocam em instrumentos feitos de bidões de gasolina) do seu país-natal. Durante trinta anos, geriu uma discoteca, a Calypso Revue, onde se lançaram as maiores vedetas desta música. Tem uma estátua em sua memória em Port of Spain.
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6 comentários:
olha...não vinha comentar. apenas tirar uma referência, mas assim que entrei turrei com a Miriam Makeba. Bom...é caso para dizer que é com Pata Pata que se matam algumas moscas. :))
beijos
C.:
Muito bem visto!!! :)))
Beijos...
com tanta trapalhada da minha parte, acabei por não ler a crítica a Beirut. fui procurar o texto. gostei dos 9/10. :)
segue-se a crítica ao novo álbum? é inferior, não é? eu acho. e é pena. mas ainda assim é um dos álbuns do ano.
Menina-Limão:
Ainda não ouvi o novo álbum. Tenho-o procurado em lojas de Lisboa e não o encontro em nenhuma - mesmo naquelas que continuam a ter alguns exemplares do «Gulag...» nos escaparates. Se calhar vou ter que o pedir através da Amazon...
que estranho. eu penso procurá-lo em breve. quando os bolsos estiverem mais cheios. parece-me improvável que não o encontre, mas nunca se sabe.
Menina-Limão:
Já comprei o disco, ontem, na FNAC do Chiado. Estou a ouvi-lo, vou na faixa 4 e estou a gostar muito... Mas ainda não sei se vou escrever sobre o álbum...
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