29 abril, 2008

Do Tejo ao Oriente - E Uma Rota de Retorno...


Há muitos séculos, as naus partiram do Tejo em busca do Oriente - de um Oriente mítico mesmo quando verdadeiro, um Oriente feito de gengibre, canela e pimentas, de mulheres exóticas e de marfins brancos de elefantes mortos. A aventura foi feita de coragem e de aventura mas também de crimes, de doenças, de enganos e desenganos (leia-se a «Peregrinação»; oiça-se o «Por Este Rio Acima»...). Mas lá chegámos: à Índia, ao Ceilão, à China e ao Japão - e que os Da Vinci nos perdoem a pobre rima!

Agora, nos inícios do ano 08 do Séc. XXI, a Fundação Oriente inaugura o seu Museu do Oriente, dia 8 de Maio, ali na Doca de Alcântara, em Lisboa, marés-meias de onde as naus partiram para as terras onde nasce o Sol. E, segundo informam as Crónicas da Terra, «nos quatro primeiros dias (de 8 a 11 de Maio), Mário Laginha apresenta o projecto "Trimurti" concebido especialmente para a inauguração do Museu e que inclui notáveis colaborações do guitarrista vietnamita Nguyen Lê (especialista em psicadelismo hendrixiano), do tocador de tablas indiano Prabhu Edouard e do percussionista japonês de taiko e shakuhachu Joji Hirota». Mas ainda há mais: «Durante este fim-de-semana (de 9 a 11 de Maio) há música hindustani com o recital de sitar de Miguel Leão, músicas e danças tradicionais de Goa com o grupo Ekvât (a 10 e 11 de Maio), danças do deserto indiano do Rajastão com a dançarina Carolina Fonseca (9 a 11 de Maio) e música chinesa em instrumentos ocidentais com o Quarteto Capela formado por António Anjos (violino), Bin Chao (violino), Massimo Mazzeo (viola) e Varoujan Bartikian (violoncelo), também nos dias 9, 10 e 11 de Maio. Durante a semana que se segue (dia 14 de Maio), é possível assistirmos à união entre intérpretes sufis paquistaneses da música qawwali (que tinha em Nusrat Fateh Ali Khan o seu mestre supremo) e o flamenco. Faiz Ali Faiz (na foto), que já actuou nos Sons em Trânsito de Aveiro, partilhará o palco do Museu do Oriente com os espanhóis Duquende e Chicuelo (só é pena que Miguel Poveda não participe também neste espectáculo). A 17 de Maio haverá fado (e só fado, sem pontes de entendimento com a música do oriente) com Ana Moura. Uma semana depois, podemos assistir a outro agradável regresso. O colectivo cigano egípcio Musicians of the Nile que participou no último África Festival actua neste espaço a 24 de Maio. A actividade do Museu do Oriente abranda um pouco durante as três semanas que se seguem, para regressar em força a 21 de Junho com o colectivo da Mongólia Egschiglen, que traz na bagagem o álbum recém editado “Gereg” e que é "Top of the World" da última edição da revista britânica Songlines. Um sexteto que já passou pelo saudoso Cantigas do Maio e que é referência obrigatória para quem é apreciador de ritmos cavalgantes das estepes de Tuva e pelo canto gutural Khomei de projectos como os Huun Huur-Tu». Obrigado, Luís!

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