15 maio, 2008
Uma Casa Portuguesa/Focus Nórdico - Quando os Extremos (se) Tocam
O trocadilho do título é um exagero, mas é verdade que por muito improvável que isto possa parecer há pontos de contacto entre a música portuguesa - aqui no mais sul da Europa - e a música que se faz nos países escandinavos. E, sejam artificiais ou verdadeiros (cf. no Stockholm Lisboa Project, a maior ausência deste festival), esses toques dos extremos da Europa têm expressão e visibilidade no mini-festival Uma Casa Portuguesa, que decorre a partir de hoje na Casa da Música, Porto. Hoje, dia 15, com os Realejo (para quando o álbum, senhores e senhora?) e o The Skrey Project, duo de flautistas e saxofonistas Rão Kyao e Karl Seglem (da Noruega), quase almas-gémeas na busca de sonoridades tradicionais dos seus próprios países e de muitos outros - e dos seus eventuais cruzamentos com o jazz. Com eles estarão José Peixoto (guitarra clássica), Ruca Rebordão (percussão), GJermund Silset (Baixo) e Helge Norbakken (bateria e percussão). Amanhã, dia 16, o palco é ocupado pelos Gaiteiros de Lisboa (na foto) - que apresentam o espectáculo «Retrospectiva 1993-2008», comemorativo dos seus quinze anos de actividade como recuperadores não ortodoxos, radicais e geniais da música de raiz tradicional portuguesa... e uma nova formação em que o percussionista José Martins substitui José Salgueiro - e o cantor sueco de origem sami Lars-Ànte Kuhmunen. Sábado, dia 17, é a vez dos cada vez mais apurados Toques do Caramulo e do duo finlandês Anna-Kaisa Liedes (voz) - que há um ano deu um maravilhoso espectáculo no Festival Voz de Mulher - e Timo Vaananen (kantele). Finalmente, no domingo, dia 18, há concertos de Haugaard & Hoirup (Dinamarca) e do nosso Júlio Pereira. Mais informações, aqui.
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6 comentários:
E no sábado, depois dos concertos (que são mais cedo: 19h), há JANTAR DE COZINHA TRADICIONAL PORTUGUESA E NÓRDICA e "JAM SESSION" (aberta a todos os músicos do festival).
Hoje a Casa estava um bocado despida e com o avançar das horas foi ficando cada vez mais desfalcada - foi pena. Os Realejo animaram a plateia e Rao Ryao e o seu amigo nórdico foram mais contemplativos, ainda que com alguns momentos também animados.
Cristina:
Muito obrigado pelo acrescento! Sim, convém mesmo referir que o concerto de sábado começa às sete da tarde e que há um jantar e jam (com os Comvinha Tradicional e com quem se lhes queira juntar) no restaurante Kool.
Hoje os senhores nórdicos trouxeram sonoridades diferentes numa língua que nos estranha, cantando as montanhas e... as renas.
Aos Gaiteiros faltou-lhes criar uma ligação com o público. Pecaram na falta de apresentações, de comentários ou descrições entre as músicas, deixando no ar sempre uma distância desconfortável. Fora isso, a música esteve ao seu nível... Não foi o concerto do ano passado, mas foi bom.
Olá Cristina,
Muito obrigado, mais uma vez, pela intervenção :) Também estive na Casa da Música na sexta-feira e no sábado... Na sexta, o rapaz sueco mostrou uma voz extraordinária - o canto joik dos samis é difícil mas ele domina-o na perfeição - mas achei a banda fraquinha, à excepção do baixista (o teclista então, teve uns momentos Jean-Michel Jarre assustadores). Já os Gaiteiros, gostei muito, mais uma vez (já nem sei quantos concertos deles já vi!!). Gostei que tivessem recuperado alguns temas mais antigos e gostei da integração do José Martins na banda (apesar de abusar dos pratos). Ontem, sábado, a Anna-Kaisa e o Timo deram um concerto lindíssimo - ele é fabuloso no kantele e ela foi, mais uma vez, arrasadora na voz (desde os sons de peixes e aves até ao canto tradicional e passando por aquele momento de «possessão» xamânica arrepiante - e os Toques do Caramulo deram um concerto maravilhoso e divertidíssimo (o Luís Fernandes é um cantor e comunicador único), a banda está hiper-consistente e os momentos de dança na sala foram hilariantes... Ao jantar não fui (estava esgotado!) mas assisti à jam-session onde entraram, para além dos Comvinha, o Luís Fernandes, a Catarina Moura e o cantor sueco... Foi bonito.
Ontem não deu para ir, mas também ouvi dizer bem.
Dos senhores nórdicos de hoje, gostei muito. Violino e guitarra. Boa comunicação. Serenos mas divertidos. Deu para dançar e tudo! =)
Júlio Pereira, nunca tinha visto a vivo... Uma figura forte, animado e expressivo. Ele, o moço da guitarra e a voz da menina aliavam-se lindamente. Mas aqueles teclados/sitetizadores fizeram-me comichão... Não estou habituada a ferrinhos sintetizados... Mas voltando ao senhor e à sua música: grande concerto!
Cristina:
Pois, ontem (domingo) já tinha vindo para Lisboa :(
Obrigado, mais uma vez, pela partilha :))
Um abraço
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