18 abril, 2007

Cromos Raízes e Antenas XVII


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XVII.1 - Clannad



Fala-se em Clannad e a maior parte dos puristas da folk arregaça as mangas, saca das pistolas e encontra logo mil palavrões para caracterizar o grupo irlandês (criado em Gweedore, em 1970). E, diga-se, muitas vezes com razão: os últimos muitos anos do grupo assistiram a uma sucessiva e imparável descida dos Clannad até territórios demasiadas vezes escorregadios ou duvidosos. Não que a música de fusão, como ideia, seja má - há inúmeros grupos e artistas de fusão que fazem música belíssima. O problema é quando a fusão é feita numa chinela. Fora disso, a verdade é que o início dos Clannad (liderados pela cantora Máire Brennan e o seu irmão Ciarán), nos anos 70, levou muita gente para a folk. E a sua continuação - com outra mana Brennan, a cantora Enya, também no barco, durante os anos 80, quando a pop e a new age já espreitavam pelo meio da música tradicional irlandesa -, também. Devemos-lhes, ao menos, isso, e já é muito.


Cromo XVII.2 - Frances Densmore



Graças ao fonógrafo de Edison (e de outros, numa longa história que não vem aqui ao caso), desde o final do séc.XIX podemos ter acesso a gravações vindas de épocas e de locais muito diferentes daqueles em que vivemos. E, graças a essa invenção técnica, muitos etnomusicólogos deixaram de tomar notas em cadernos e avançaram determinados para o terreno gravando a música que existia à sua volta. Uma das pioneiras desta busca foi Frances Densmore (nascida em Red Wing, Minnesota, Estados Unidos, a 21 de Maio de 1867, falecida em 1957), que consagrou boa parte da sua vida ao registo da música dos índios norte-americanos, um gosto e uma missão que lhe veio do seu contacto com os índios Sioux durante a infância. Numa altura - o início do séc.XX - em que os índios eram, se já não massacrados, utilizados como atracções de circo e vítimas de uma aculturação forçada, Frances Densmore ajudou a preservar muita da sua cultura original.


Cromo XVII.3 - Taiko



Os tambores Taiko - nos últimos anos bastante difundidos no Ocidente através dos deslumbrantes espectáculos do grupo Kodo - são originários do Japão, onde são utilizados tanto na música tradicional como clássica. Tambores com dupla face, percutidos com grossas baquetas de madeira, têm vários tipos e tamanhos (os maiores obrigam os músicos que os utilizam a um esforço físico tremendo, sendo esta execução considerada quase uma arte marcial) e como principal característica o facto das peles percutidas estarem muito esticadas devido ao clima quente e húmido dos Verões japoneses, altura em que decorrem as principais festividades naquele país. A utilização generalizada dos tambores taiko remonta à Idade Média do Japão, em que era usado como um instrumento que ajudava à marcha e motivação das tropas. Anteriormente, o taiko era percutido para afastar a peste das searas ou chamar a chuva e muita gente acreditava que o espírito dos seus antepassados vivia dentro destes tambores.


Cromo XVII.4 - Lhasa de Sela



A extraordinária cantora canadiana Lhasa de Sela (ou, simplesmente, Lhasa) é o produto quase natural de uma ascendência híbrida e de um início de vida aventuroso. Nascida em 1972, com sangue mexicano e judeu-libanês-americano, em Big Indian, Nova Iorque (Estados Unidos), Lhasa passou os primeiros anos da sua vida em viagem pelos Estados Unidos e pelo México, juntamente com os pais e as suas três irmãs. Aos vinte anos, Lhasa radica-se no Quebeque, Canadá, depois de ter conhecido o seu parceiro de vida e aventuras musicais Yves Desrosiers, com quem viria a gravar o lindíssimo álbum «La Llorona» (1998) - onde a memória das canções que ouviu no México é uma constante, mesmo que mesclada com outros elementos, da música klezmer ao rock. Nos mais recentes «The Living Road» (2003) e «Lhasa» (2009), a música mexicana continua presente mas diluída entre outras influências, como a «chanson» francesa, a folk norte-americana e o rock independente.

7 comentários:

rui rebelo disse...

voto na Llasa

António Pires disse...

Olá Rui,

Eu então acho que votaria na Frances Densmore, apesar de adorar a Lhasa...

(o «universo» coberto pelos «Cromos Raízes e Antenas» é interminável e tenho muito por onde escolher mas, repito, aceito sugestões para cromos!)

Anónimo disse...

Olá António,

Aí vai uma sugestão: os Massilia Sound System, grupo de Marselha donde saiu o Moussu T. Que tal?

Abraço,

Carlos Ramos

menina tóxica disse...

Lhasa de Sela :)))) tão linda a sua música. o que é feito desta menina?

António Pires disse...

Olá Menina Tóxica,

Bem-vinda a este cantinho... E a Lhasa, tanto quanto sei, está a preparar o terceiro álbum no sossego do Quebeque... Também tenho saudades da música dela!

bitsounds disse...

eu tb votava na Lhasa... mas só pq não conheço os outros, apesar disso gosto sempre mais da Lhasa a cantar em Espanhol

António Pires disse...

Olá Zito,

Bem-vindo também! E também gosto muito mais da Lhasa a cantar em espanhol - quer dizer, gosto muito mais do «La Llorona» do que do outro (embora no «The Living Road» ela também cante algumas canções em espanhol). Mas acredito que no terceiro álbum ela vai voltar a surpreender...