29 outubro, 2007
WOMEX - Toca Gaiteiro Que Nós Dançaremos!
No meio da dança, dos pulos, dos gritos e das palmas que algumas dezenas de portugueses semeavam na plateia durante o concerto dos Gaiteiros de Lisboa (na foto, de Carlos Mendes Pereira, do Punctum), na WOMEX de Sevilha, alguém disse «não somos mesmo nada imparciais, nós...». Pois, é que é bastante difícil ser imparcial quando, mais do que «objectos» de análise jornalística quem nós temos à nossa frente é um grupo de músicos nossos amigos. E quase todos os portugueses que estavam em Sevilha - jornalistas, músicos, produtores, editores, agentes, etc, etc... - reuniram-se para fazer claque, incluindo, claro, os jornalistas. Mais a mais, uma claque que não envergonhou ninguém porque - e agora é mesmo a objectividade a falar, juro! - os Gaiteiros deram um concerto brilhante, cheio de força, variado e seguríssimo, mesmo que o som tenha estado mais baixo do que aquilo que eles mereciam. Mas mesmo isso não impediu que, a meio do espectáculo, a festa já se tivesse espalhado do palco para os «tugas» e o resto do público. O concerto dos Gaiteiros foi o único oficial de artistas portugueses. Mas, dentro do recinto da Feira puderam ouvir-se pequenos showcases acústicos dos Dazkarieh, do Stockholm Lisboa Project e do fadista e pianista Mário Moita. E, com discos na bagagem, também por lá andavam artistas como Viviane e Hélder Moutinho e membros dos Deolinda, A Naifa, Toques do Caramulo e Blasted Mechanism, entre outros. Para além, claro, de uma larga representação da «indústria» musical portuguesa.
Dos outros concertos e showcases nos cinco espaços da WOMEX deste ano, ficaram na memória, pelas melhores razões, os da cabo-verdiana Mayra Andrade (apesar de, por vezes, ter uns arranjos mais elaborados do que aquilo que seria necessário), do maravilhoso grupo galego Marful (com a sua viagem que parte da Galiza para visitar Portugal, França e América Latina), dos Aman Aman (um projecto paralelo dos L'Ham de Foc que reúne músicos espanhóis e gregos numa leitura lindíssima da música sefardita), os «multinacionais» Badila (com a sua versão aberta e encantatória da música do Paquistão, da Índia e do Irão), os Balkan Beat Box (uma festa pegada de música balcânica, klezmer, reggae, etc, etc...), os Dengue Fever (grupo de norte-americanos e cambojanos que faz uma mistura divertidíssima de rock «sixties» - do surf ao garage e à pop - com música dos filmes de Bollywood e o Festival da Eurovisão), o DJ alemão [dunkelbunt] - imparável nas suas misturas, muitas delas inéditas e pessoais, de música balcânica com reggae, dub, trip-hop ou rap -, os Kasai Allstars (um colorido grupo congolês com uma música irresistível e viciosamente dançável) e os seus «primos» sul-africanos The Dizu Plaatjies Ibuyambo Ensemble (com as caras pintadas e uma música riquíssima e muito variada em timbres, ritmos e harmonias), do nigeriano Seun Kuti (com um espectáculo muito mais bem conseguido do que aqui há uns anos em Sines), das checas Tara Fuki (duas violoncelistas/cantoras que fundem muito bem - excepto quando se aproximam do rock dos... Apocalyptica - música tradicional polaca, música experimental e música erudita), os Toumast (grupo do Niger que leva a música tuaregue ainda mais para o rock do que os Tinariwen e é muito, muito bom ao vivo!); e a reconfirmação da grande qualidade de dois nomes por mim anteriormente vistos este ano - os Bajofondo Tango Club e Vieux Farka Touré.
E a recordar, pelas piores razões - ou não tão boas quanto as dos outros -, os 3canal (grupo de rapso de Trinidad e Tobago, que mistura calipso, rap e reggae mas soa um bocadinho preguiçoso), os albaneses da Fanfara Tirana (uma Fanfare Ciocarlia em versão «limpinha») e os cubanos Maravilla de Florida (com um sucedâneo do Buena Vista Social Club que não acrescenta nada à música de Cuba que já conhecemos), entre outros nomes que mais vale nem recordar (exemplo máximo: o pimba-balcânico-mesmo-pimba dos !DelaDap). Entre os concertos que não vi, mas que tive pena (com três ou quatro concertos a decorrer ao mesmo tempo é impossível ir a todos) contam-se os de Umalali & The Garifuna feat. Andy Palacio, Tanya Tagaq, Siba e a Fuloresta, Lo Cór de la Plana, La Shica, Julie Fowlis e Hazmat Modine. Mas hei-de vê-los um dia.
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12 comentários:
"Agora é mesmo a objectividade a falar, juro!"
ehehehehe... Pois, pois... ;))
Que inveja! Devem ter sido quatro dias fabulosos! Se bem que, ao ler a expressão "pimba-balcânico" tive medo... muito medo... :))
Laura :))
Ms olha que é mesmo, a sério!!! Foram sim, quatro dias muito intensos e bastante proveitosos... E sim, a banda de que falo era assim uma espécie de Ana Malhoa meets uns Taraf de Haidouks em muito pior... :P
Rsrsrsr........Ana kê?!!! Ok, tá bemmmm mas, o que me interessa registar aqui é que os Gaiteiros de Lisboa, sempre que os vejo, são mesmo 1ma festa!!!!!!! Por isso até vislumbro a malta em palco, com o vosso apoio tbm, claro!
E siga a festa!!!!!
pssssssst! vai ao meu blog =)
(hehe)
De entre os que não viste, garanto eu que foram bons: "Siba e a Fuloresta" e "La Shica". E um nome estupendo que eu também vi: o argentino "Melingo".
Sobre Gaiteiros, estamos falados! Foi bonita a festa.
Abraço, companheiro.
Heya AP!
O regresso ok? Nós andámos à nora para meter petroil pois não havia caixa MB que funcionasse!!!
Grandes Bajofondo, grandes grandes!
Fiquei fanático deles ao vivo (não tanto em disco).
Por falar em disco e inquirindo os representantes, fiquei a saber que parece que há possibilidades de edição em Tugal lá para Março.
Março... numa altura em que o tempo é precioso.
Um abraço daqueles!
E foi bom ter-te reencontrado.
Lúcia Lima:
Ana... Malhoa. Sim, essa, a do reggaeton da Brandoa :P
((Kandandus))
Menina-Limão:
Já fui!! O vídeo está lindo e tu danças muito bem... :)))
Luís Fernandes:
Obrigado pelos conselhos :)) E foi bom encontrar-te por lá!! Divertimo-nos sempre bastante :)))
Grande abraço...
João (Xá-das-5)
O regresso foi bom, obrigado! Já tinha visto os Bajofondo em Loulé e gosto sempre deles... Mas olha que eles já têm discos editados em Portugal, pelo menos dois (um de originais e outro de remisturas), através da Universal. Ou estás a falar de um álbum novo?... Foi bom bom o reencontro, sim!
Grande abraço
De facto, os "Gaiteiros" estiveram à altura das suas responsabilidades. Resta saber se haverá continuidade...já sobre o resto do programa, parece-me que - salvo algumas excepções - as notas foram positivas.
Moral da história: É sempre mais fácil escolher quando há boa música.
Rui Mota:
Estiveram sim senhor!! E foi muito bonito mesmo ver a solidariedade dos «tugas» no concerto dos Gaiteiros... E espero que haja continuidade, claro!!! Há tanta boa música em Portugal, tanto do lado da música tradicional «rural», como da urbana (os fados), como de outros géneros e fusões!!!
Um abraço
:))
Engraçado... a edição "oficial" não é do conhecimento deles (Bafon)...
Algo se passa...
Be afraid be very afraid.
João (xá-das-5):
Tanto quanto eu sei, a Universal portuguesa promoveu e editou (ou pelo menos distribuiu) Bajofondo Tango Club e tem uma boa relação com, nomeadamente, o Gustavo Santaolalla, mesmo a outros níveis, que não passam apenas pelos Bajofondo.
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