21 abril, 2008

Cromos Raízes e Antenas XLIII


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XLIII.1 - Ryuichi Sakamoto


Saído de um dos mais importantes grupos electro-rock japoneses dos anos 70, a Yellow Magic Orchestra, Ryuichi Sakamoto - nascido a 17 de Janeiro de 1952, em Nakano, Tóquio - rapidamente se destacou como um dos mais marcantes compositores e músicos dos últimos trinta anos, tendo a sua obra para disco, filmes (a sua banda-sonora de «Feliz Natal, Mr.Lawrence», onde também é actor ao lado de David Bowie, é maravilhosa) ou outros suportes passado pelo rock, o experimentalismo, a world music (nele convivem vários elementos tradicionais nipónicos mas também música árabe, indiana, africana ou brasileira), as electrónicas ou a ópera. Ao longo do seu riquíssimo percurso musical já trabalhou com David Byrne, David Sylvian, Thomas Dolby, Iggy Pop, Youssou N'Dour, Brian Wilson, Alva Noto, Arto Lindsay ou Jaques Morelenbaum (com quem gravou canções de António Carlos Jobim). Um génio absoluto.


Cromo XLIII.2 - «Latcho Drom», de Tony Gatlif


Pesquisador incansável e apaixonado da cultura cigana, nomeadamente da sua música, o realizador de cinema argelino, e cigano, Tony Gatlif (de seu verdadeiro nome Michel Dahmani, nascido a 10 de Setembro de 1948, em Argel), concluiu em 1993 um filme absolutamente extraordinário: «Latcho Drom», a (longa) história de uma viagem que traça a diáspora do povo cigano a partir do Rajastão, na Índia, e a sua chegada a países distantes como a Roménia, França, Egipto, Turquia, Hungria, Eslováquia ou Espanha. Uma viagem que é feita, sempre, com a música e a dança como traço fundamental de união e de memória deste povo. «Latcho Drom» (que significa, em romani, «boa viagem») é, talvez, o pico mais alto da carreira de Gatlif - ele também compositor de música - que tem como outros filmes marcantes o igualmente inesquecível «Gadjo Dilo», «Vengo», «Exils» ou o recente «Transylvania».


Cromo XLIII.3 - Susana Baca


A cantora Susana Baca - de seu nome completo Susana Esther Baca de la Colina, nascida a 24 de Maio de 1944, em Chorrillos, Lima - é também uma respitadíssima compositora e estudiosa da influência da música africana no Peru. Paralelamente à sua carreira musical - que já nos deu álbuns fabulosos como «Vestida de Vida, Canto Negro de las Américas!», «Fuego y Agua», «Espíritu Vivo», «Lamento Negro» (com o qual ganhou um Grammy) ou «Travesías» - é também, juntamente com o seu marido Ricardo Pereira, a responsável pelo Instituto Negro Contínuo que, nos arredores de Lima, recorda as heranças culturais que os escravos vindos de África deixaram no seu país. Cantando lunduns, valsas, marineras, zamacuecas ou canções de Gilberto Gil e poemas de Pablo Neruda, a sua voz é sempre enorme e a sua vida um enorme exemplo.


Cromo XLIII.4 - Babatunde Olatunji


Mito maior da música africana - e do que a música africana tem de mais ancestral, as percussões -, Babatunde Olatunji nasceu a 7 de Abril de 1927 em Ajido, Lagos, na Nigéria, e morreu a 6 de Abril de 2003, nos Estados Unidos. E foi nos Estados Unidos que ele teve a parte principal da sua profícua carreira, iniciada nos anos 50 quando fez amizade com um dos maiores génios do jazz, John Coltrane, e com o A&R John Hammond, da Columbia Records, editora para a qual começou a gravar em 1957 (o seu álbum «Drums of Passion» é um clássico). Fundador do Olatunji Center for African Culture, em Harlem, Nova Iorque, e guru de inúmeros bateristas, percussionistas e outros músicos (de Bob Dylan a Santana, de Mickey Hart a Airto Moreira, de Quincy Jones a Stevie Wonder, de Max Roach a Muruga Booker), Olatunji foi também um activista dos direitos civis nos EUA, ao lado de Martin Luther King e, depois, de Malcolm X.

7 comentários:

Anónimo disse...

Lembro-me de ter visto «Latcho drom» há uns anitos (bem largos) na rtp 2, salvo erro num programa da Maria João Seixas (estarei certo do que digo?). Gostei muito e, desde aí, nunca mais o vi. Vou tentar adquirir o dvd (caso exista) e revê-lo, porque uma das razões que me despertou o interesse pelo filme está relacionada com a paixão que nutria (e se mantém) pelos Taraf de Haidouks. Um abraço.

António Pires disse...

Rui G:

Não me lembro dessa emsisão da RTP... Vi o «Latcho Drom» em festivais - e não me cansei de o rever! - mas não faço a mínima ideia se existe em DVD. Também queria!

Quanto aos Taraf de Haidouks, também tenho uma admiração enorme por eles, apenas mitigada pela presença (no palco e fora dele) deles em Loulé, o ano passado. O grande Nicolae faz-lhes muita falta!!

Um abraço...

Anónimo disse...

Já fui consultar os meus arquivos (recortes de jornais e revistas, etc, etc) e posso confirmar: O filme passou na rtp2 no programa «Sempre aos Domingos» (que julgo ter sido apresentado pela Maria João Seixas) do dia 07 de Maio de 1995. Um abraço

António Pires disse...

Rui G:

Obrigado pelo rigor da informação! O mesmo já não posso dizer da minha escrita na primeira resposta: onde raio é que fui buscar a palavra «emsisão» (era «emissão», claro!), se bem que o «acto falhado» até tenha a sua piada!

Um abraço...

Anónimo disse...

nem tinha reparado...

Anónimo disse...

que blz, adorei o trabalho mostrado
nesta qualidade fico felz em esta postando junto com vocês: Toninho Malta "Banda Chamego de Rapariga" Brasil.

António Pires disse...

Toninho Malta:

Muito obrigado! Volte sempre!