03 fevereiro, 2007

Chirgilchin - Vozes de Tuva em Dose Reforçada



Os Chirgilchin - cada vez mais na linha da frente das Vozes de Tuva, a juntar aos Yat-Kha, aos Huun-Huur-Tu e à cantora Sainkho Namtchylak - regressam proximamente ao nosso país para quatro concertos durante este mês de Fevereiro: dia 22 no Cinema S. Jorge, em Lisboa, dia 23 no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, dia 24 no Theatro Circo, em Braga, e dia 26 no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra. Os Chirgilchin - que no Verão passado partilharam o palco com Laurie Anderson no Castelo de Montemor-o-Velho - são exímios na ancestral técnica vocal de Tuva, província russa da Sibéria que faz fronteira com a Mongólia, o «throat-singing» (que traduzido à letra significa «canto de garganta» mas que, mais bem explicadinho, pode ser traduzido por «canto difónico», «canto bitonal» ou «canto politónico»: a produção simultânea de duas emissões vocais, com uma nota fundamental vinda das cordas vocais como bordão, uma segunda nota e a melodia produzida pelas suas séries de harmónicos). No caso dos Chirgilchin, este grupo desenvolve cinco variantes diferentes do «throat singing», incluindo a sua mais famosa forma, o khoomei, sempre acompanhadas por instrumentos artesanais da sua região. Estão muito mais próximos da tradição do que os seus conterrâneos Yat-Kha (variante punk) e Sainkho (variante electrónica/experimental) mas são, também por isso, um bom pretexto para conhecer esta arte milenar.

4 comentários:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Ouvi-os em Montemor. dentro das muralhas do castelo, deitada na relva. não vai ser a mesma coisa numa sala fechada... :)

regressaram mais tarde para tocarem com a Laurie Anderson. interessante. mas eu preferi ouvi-los na primeira parte. e quis que a LA se centrasse nas suas spoken words.

António Pires disse...

Olá Maria,

Nunca os ouvi e estou muito curioso, porque de Tuva, ao vivo, só conheço mesmo os «desvios»: os Yat-Kha e a Sainkho. Mas a tua história fez-me lembrar uma experiência parecida, com Sly Dunbar e Robbie Shakespeare, no Sudoeste, em que deitado na relva senti, ao ouvi-los «por baixo», o coração da Terra a pulsar. Imagino que os mil harmónicos das Vozes de Tuva (com os seus infra e ultra-sons e quase todo o espectro audível entre eles) possam ter um efeito semelhante.

Não vi a Laurie Anderson em Montemor mas vi-a no Fórum Picoas (a primeira vez que veio a Portugal, numa «lecture» a descambar para a performance), numa primeira parte do Bob Dylan em Cascais, no Coliseu de Lisboa (espectáculo magnífico!) e em Londres, em 2001, na apresentação de «Life On A String», com Jim Black, Peter Scherer e Skúli Sverrisson: um concerto fabuloso mas triste (muito marcado pelo 11 de Setembro). Quero muito voltar a vê-la...

Anónimo disse...

epá, obrigado António! vi agora este teu post (ando atrasado na leitura...) e se não fosses tu tinha-me escapado.

Vou dar um salto ao s. jorge concerteza!
um abraço,
pedro

António Pires disse...

Olá Pedro,

Sejas bem-vindo a esta casa! Pois, também não conto perder o concerto!

Abraço