28 fevereiro, 2007

Cromos Raízes e Antenas XIII


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XIII.1 - Salif Keita



O maliano Salif Keita (nascido a 25 de Agosto de 1949, em Djoliba) é na actualidade um dos mais famosos cantores e compositores africanos, com a sua junção única - e por vezes mal-amada - de música mandinga, pop, soul, funk, jazz, etc, etc... Mas a sua origem não fazia adivinhar uma carreira na música: nascido albino - sinal de azar e desgraças iminentes na sua região - e no seio de uma família nobre (Salif descende do fundador do Império Mandinga, Sundiata Keita), as suas ambições musicais foram no início tolhidas pela família, que via a música como uma actividade menor, reservada aos griots. Mas tudo muda quando, em 1967, se instala em Bamako e começa a actuar com grupos como a Rail Band (ao lado de Kante Manfila) e, na continuação, Les Ambassadeurs. Em 1984 muda-se para Paris e a sua carreira internacional cresce, fulgurante. Audições aconselhadas: «Soro», «Destiny of a Noble Outcast» e «M'Bemba».


Cromo XIII.2 - Värttinä



Grupo fundamental da folk escandinava, as finlandesas Värttinä iniciaram a sua carreira em 1983, em Raakkyla, na região da Karelia. Fundado pelas irmãs Sari e Mari Kaasinen (que continua a liderar o grupo), as Värttinä tiveram variadíssimas formações ao longo dos anos (chegaram a incluir um coro de 21 crianças), cantoras entraram e saíram, as portas abriram-se aos homens (actualmente, as Värttinä incluem seis músicos homens na sua formação), mas nunca perderam o contacto com a música tradicional da sua Karelia-natal, apesar de nos últimos anos a sua música se ter aproximado perigosamente da pop, principalmente quando o grupo trocou os temas tradicionais pelas suas próprias canções. Mais recentemente, trabalharam com o famoso compositor indiano A.R. Rahman (o mesmo da banda-sonora de «Quem Quer ser Bilionário») no musical «O Senhor dos Anéis». Audições aconselhadas: os álbuns «Värttinä» e «Oi Dai».


Cromo XIII.3 - Michel Giacometti



Às vezes, há estrangeiros que são mais portugueses do que muitos portugueses. E Michel Giacometti (na foto, durante as gravações com um gaiteiro) é disso um dos maiores e melhores exemplos. O etnomusicólogo corso (nascido em 1929, falecido em 1990) foi o responsável pela recolha de centenas de obras musicais portuguesas achadas nas aldeias de norte a sul do país, pela gravação de cantos, aboios, música de instrumentos em vias de desaparecimento, pela captação escrita e fotográfica de uma realidade e diversidade portuguesa riquíssima. Andarilho do mundo (Córsega, África, Suécia, Paris...), Giacometti fixou-se em Portugal em finais dos anos 50. Material de audição aconselhado: a caixa de CDs «Antologia da Música Regional Portuguesa» (em conjunto com Fernando Lopes-Graça), também conhecida originalmente, aquando da sua edição em vinil, como os «Discos da Serapilheira», e a histórica série televisiva «Povo Que Canta».


Cromo XIII.4 - Culcha Candela



Os Culcha Candela são um grupo multi-racial berlinense que se tem destacado com uma poderosa e irresistível mistura de hip-hop, reggae, música latina e dancehall. Cantando em três línguas - espanhol, alemão e inglês - os Culcha Candela formaram-se em 2002, tendo na sua formação os cantores e MCs Jonny Strange (Uganda), Mr.Reedoo (Alemanha), Larsito (Colômbia), Don Cali (Colômbia), Lafrotino (Colômbia) e Itchyban (Polónia) e o DJ Chino con Estilo (Coreia). Com uma fortíssima componente de intervenção política (vd. o seu DVD «Kein Bock auf Nazis», em que confrontam directamente os movimentos nacionalistas e neo-nazis alemães), os Culcha Candela são senhores de um culto cada vez mais alargado na Alemanha e noutros países europeus. Audições aconselhadas: os álbuns «Union Verdadera» e «Next Generation».

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