05 novembro, 2007

Gaita Mirandesa - O Património Tem Que Ser Padronizado?


Não sou músico mas sou um amante de música, de várias músicas e de músicas muito diferentes entre si. E, dentro das muitas músicas, estou sempre mais do lado da diversidade do que da padronização, da criação sem barreiras do que do seguidismo rígido de normas, regras ou leis. E isto aplica-se, no meu modo de ouvir e gostar de música, a géneros musicais, a músicos e a instrumentos. Aprecio e amo, claro, muitas músicas de raiz mas também, e por vezes ainda mais, os desvios que depois nascem daí. Para dar alguns exemplos óbvios, no rock gosto mais das guitarras distorcidas, transformadas ou até maltratadas do Jimi Hendrix, dos Jesus and Mary Chain e dos Sonic Youth do que das guitarras limpinhas de milhares de outros. Quer dizer, da diferença de timbres, da invenção de novas sonoridades, da criação de outras harmonias à custa de alterações no modo de tocar guitarra eléctrica ou até da própria guitarra (como nos Sonic Youth, com as guitarras «preparadas» ao jeito dos pianos «preparados» de John Cage).

Vem isto a propósito de um congresso sobre a gaita mirandesa que decorreu este fim-de-semana em Miranda do Douro - o I Congresso Internacional da Gaita-de-Foles -, que trouxe uma notícia boa - o reconhecimento oficial da gaita mirandesa como ícone cultural de Trás-os-Montes - e uma, paralela, que não é, na minha singela opinião, assim tão boa, antes pelo contrário: «a partir de agora passa a haver normas para a construção e timbre deste instrumento tradicional transmontano», refere a agência Lusa, que cita ainda o coordenador do projecto, Jorge Lira, que diz: «Este (a gaita mirandesa) é um património genético que seria lamentável deixá-lo perder pela incapacidade de o normalizar e sermos substituídos na nossa originalidade por instrumentos provenientes de outros locais da Europa, que são respeitáveis, mas que não são nossos».

O argumento de Jorge Lira é bom e parece imbatível, mas a grande questão, aqui, é: porque é que se padroniza a sonoridade de um instrumento que, na sua raiz, na sua origem, tem já em si essa diversidade tímbrica, geradora de melodias diferentes, de sensações diferentes, de música diferente?... É o mesmo que dizer ao Jimi Hendrix (sim, lá onde ele estiver), aos irmãos Reid ou ao Lee Ranaldo e ao Thurston Moore: «vamos lá estar quietinhos, tocar isso muito bem afinadinho e deixar estar as Fenders e as Gibsons tal como elas são, sem essas coisas de tocar com um isqueiro Zippo, levar os amplificadores ao máximo e meter pregos por entre as cordas». E o mais grave é que na questão da gaita mirandesa - ao contrário do que se passa no exemplo dos guitarristas rock - não se parte da norma para o desvio mas dos desvios primordiais e antigos para uma norma. Repito: não sou músico, mas não me agrada nada a ideia de começar a ouvir as gaitas mirandesas todas a soar ao mesmo, tal como soam as gaitas galegas ou as gaitas escocesas. Até percebo que haja uma necessidade de se fazer isso numa primeira fase, para efeitos de aprendizagem, mas com a esperança de que depois cada gaiteiro toque a sua e à sua maneira, gaitas diversas tocadas de maneiras diversas por gaiteiros diversos... E assusta-me um bocado a ideia de ver um dia um grupo de gaiteiros transmontanos em alegre procissão, todos vestidinhos da mesma maneira e a tocar muito afinadinhos gaitas todas iguais. Não sei bem porquê, mas assusta-me.

(Nota: a imagem que encabeça este post foi retirada do site da Associação Gaita-de-Foles)

21 comentários:

un dress disse...

e então a mim...aterroriza-me!!

viva a natural diversidade!
/e sim, a norma é o desvio, óbvio porquÊ...




:) abraÇo.beijO.

...e um cisco de venTo quente

/em diferentes intensidades

e acabadinho de chegar :)

do planaltO!!...............

António Pires disse...

Un-Dress:

Obrigado pelo teu comentário - e mais obrigado ainda não só por vir de quem vem (tu) mas também de ONDE vem, lá do planalto :))

Abraço e Beijo...

Anónimo disse...

olá camarada. De facto, cheira a conversa de "marciano" e de "foxoista".

abraço

ygg

António Pires disse...

Olá Ygg:

Não iria tão longe nos «foxoistas», mas concordo contigo nos «marcianos»: temo que ao querer fugir às referências estrangeiras, se faça exactamente depois o mesmo caminho - e imaginar bandas «marciais» no contexto transmontano assusta-me mesmo...

Grande abraço

cristina disse...

Peço licença para fugir um bocadinho ao propósito do post - sobre o qual acho que não tenho conhecimentos suficientes para ter uma opinião formada...

Mas vinha eu divulgar as Oficinas de São Martinho, em Coimbra no próximo sábado. Numa altura em que os festivais de música e dança tradicional parecem privilegiar os workshops de danças, temos neste sábado oficinas de instrumentos!

site: http://rodobalho.com/oficinasmartinho.html

Peço desculpa pela intromissão, mas achei que podia vir a propósito... Quanto mais não seja, porque a gaita também vai lá estar. :)

António Pires disse...

Oh Cristina, não peças desculpa :)) E obrigado, claro, pela informação!!! Porque é importante divulgar estas iniciativas e porque, como no caso do atelier de gaita, vai estar lá um excelente gaiteiro da nova geração: o Ricardo Coelho!

Volta sempre :)

Edward Soja disse...

Sim, o tema que levantaste, António, é muito importante.

A padronização seja do que for é coisa de ideologia baseada na força, ou mais na força do supra que das forças. Do infra, entenda-se.

Não sei se estiveste este ano em Sendim, mas houve lá a apresentação de uma gravação histórica, recriada, de um gaiteiro que tinha uma gaita diferente. Como não sou músico, não percebo nada de música, mas acho que era uma questão de escalas. O que fazia com que só aquele gaiteiro (anos 50?) fosse único.

Ou seja, e estavam aqueles "badamecos" (Abílio Topa e Mário Correia, claro (provavelmente mais gente) a falar da importância daquilo!
Quer dizer, para onde vai essa importância quando tudo for mecânico, igual, ou como soi dizer-se: insosso, incolor, inodoro e insípido?

A normalização e o nivelamento universais devem ser combatidos a todo o custo. Ou podemos dizer fim à cultura que se renova. E o que se não renova, deteriora-se e acaba na geração seguinte.

Bem, se calhar, esta tentativa de normalização é já um sinal dessa degenerescência. Como o são/foram as políticas governamentais das "Canções nacionais" coisas que tais...

Anónimo disse...

percebo os vosso receios
mas (aproveitando a comparação)

imaginem que o thurston moore tinha a guitarra tão alterada que não soava bem com quase nenhum outro intrumento

só poderia tocar acompanhado de percussões e teria se perdido muita música boa

abraços a todos

biana

António Pires disse...

Eduardo:

Não, não estive em Sendim, para grande pena minha. E concordo contigo: as características únicas, individuais, de alguns instrumentos dão-lhes o «grão» que outros não têm. Não acho que esta tentativa seja um regresso ao Verde Gaio ou à padronização do folclore português feita pelo SNI de péssima memória, mas acho que devemos alertar para os perigos que podem vir da «normalização» e da «padronização»...

Grande abraço


Biana:

Muito obrigado pela participação, mais a mais sendo a primeira voz dissonante neste «debate» - uma dissonância que é bem-vinda, e ainda mais num post como este :) Também percebo os seus argumentos, mas não vejo porque é que um instrumento não pode continuar a ser «orgulhosamente» o rei da festa, bem acolitado por percussões, como é o caso da gaita transmontana. Assim como não vejo problema em integrá-la em naipes mais alargados de instrumentos - já ouvi gaitas mirandesas ao lado de sanfona nos Galandum Galundaina, de trompa nos Gaiteiros de Lisboa, de muitos outros instrumentos na Brigada Victor Jara... E não soava nada mal!!

Um abraço e seja bem-vindo!

Sons Vadios disse...

a gaita galega que conhecemos actualmente passou exactamente pelo mesmo processo, e não creio que com isso se tenha desvirtuado a sua musicalidade ou o carácter da música galega. Pelo contrário, foi benéfico para a qualidade musical (afinação, possibilidade de acompanhar outros instrumentos), caso contrário continuaria a ser um instrumento "limitado", remetido exclusivamente ao papel de solista.

Anónimo disse...

A verdade é que ninguém, nem em Portugal, muito menos lá fora, vai aprender (porque tem uma técnica diferente...) gaita mirandesa se esta não estiver minimamente padronizada.

A gaita mirandesa tem um som espectacular e rústico. É um bocado egoísta queremo-la só para nós. Há que divulgá-la, e transmiti-la a outros países. Porque se o Mário Estanislau ou o Vítor Félix chegam a Saint Chartier a querer divulgar uma gaita que não está padronizada, os franceses e ingleses até se passam... então, para que é que eu quero isso? Para tocar sozinho?
Das duas uma: ou queremos a gaita mirandesa no planalto, ou queremos a gaita mirandesa no mundo, a representar o planalto. Eu perfiro a segunda.

E mais uma coisa: o facto de haver um modelo padrão, não quer dizer que não se possa fazer um ponteiro com um tamanho qualquer. Apenas foge ao padrão... como o Jimi Hendrix... ele tinha um padrão, e desrespeitou-o...

Sinceramente, acho mto postitivo a tentativa de melhorar, divulgar e globalizar a gaita mirandesa. Para as tradições não acabarem, elas têm de evoluir.

António Pires disse...

Olá Sara!

Muito obrigado pela tua intervenção, principalmente porque és uma voz bastante abalizada nesta questão e, que eu saiba, a única cantora portuguesa num grupo musical galego e, ainda por cima, um grupo importantíssimo como são os Luar na Lubre. Mas, desculpa-me, não concordo contigo. Reconheço a qualidade e a riqueza de muita música galega e sou fã de inúmeros artistas e grupos da Galiza (dos teus Luar na Lubre à Mercedes Peón, dos Berroguetto aos Marful, de Uxia aos Matto Congrio, etc, etc...). Assim como admiro variadíssimos gaiteiros galegos e não tenho nada, absolutamente nada!, contra a gaita galega. Mas a sensação que eu tenho, sempre, é que as gaitas galegas, tal como as escocesas entre si ou as uillean pipes irlandesas entre si, têm todas o mesmo som, o mesmo timbre, a mesma «afinação». E o que muda é a mestria técnica, a abordagem ou o «fôlego» de cada gaiteiro. Repito: nada contra! Mas gostava que a gaita mirandesa continuasse a soar de muitas maneiras diferentes nas mãos, pulmões e boca de gaiteiros diferentes. E, mais, prefiro sempre um gaiteiro transmontano mesmo que desafinado - e isto sem nacionalismos, porque o mesmo poderia dizer de um gaiteiro iraniano ou de um gaiteiro grego, por exemplo... - do que um Carlos Nuñez a mostrar todo o seu virtuosismo numa gaita muito afinadinha... Mas isto sou a preferir, claro.

Mais uma vez, muito obrigado pela tua contribuição! Volta sempre!

António Pires disse...

Duarte:

Obrigado por ter entrado na liça! E agora as coisas estão a ficar mais equilibradas neste «prós e contras», o que é muito bom!! Os seus argumentos são óptimos, também!! Mas vou tentar desmontá-los - em defesa da minha ideia - o melhor que puder, sempre em defesa de um debate alargado sobre esta questão:

1 - Diz que ninguém vai aprender gaita mirandesa se não estiver minimamente padronizada. Para já, gosto da palavra «minimamente», o que me leva a crer que a haver uma padronização esta seja, ao menos, mínima. Mas olhe que há muita gente, pelo menos cá, a querer aprender a tocá-la. Lá fora não sei...

2 - A questão da exportação: ainda não tinha pensado nela, mas não creio que seja relevante. Se houver um gaiteiro austríaco ou canadiano ou o que quer que seja que queira aprender a tocar gaita mirandesa, acho que vai querer fazê-lo independentemente de a gaita mirandesa estar ou não «padronizada». Por exemplo, há didgeridoos feitos de várias madeiras (e até de plástico), tamanhos, feitios, timbres, etc, etc, - não há um didgeridoo- padrão - e há tocadores de didgeridoo em todo o mundo!

3 - Eu também gostava que a gaita representasse o planalto mirandês, pelo amor que lhes tenho (à gaita e ao planalto), mas não sei se essa representatividade seria maior e mais evidente com uma gaita padronizada. Quer dizer, prefiro que o vinho português - os muitos vinhos portugueses! - seja conhecido lá fora por ter mil sabores diferentes do que por se chamar Mateus Rosé, se é que me faço entender.

4 - «Para as tradições não acabarem, elas têm de evoluir», diz o Duarte. Concordo plenamente e até falo disso no meu post! Mas o que eu entendo por «evolução» de uma tradição é, repito: há uma base e há, depois, desvios a essa base. Não o contrário, que é o que me parece que se passa aqui.

Mas, apesar de não concordar consigo, acho esta sua intervenção - tal como as da Sara e a do Biana - valiosíssima! Obrigado mais uma vez!

César Prata disse...

Pois é. A coisa é séria. Não sei se erro, mas será o post mais comentado do blog. (Pelo menos até onde chega a minha memória.) E por alguma coisa será...
É claro que concordo com a tua opinião. Também tenho medo das padronizações. A utilização da gaita mirandesa não terá muito a ver com a utilização que há já sessenta e mais anos se fazia da gaita galega, o que implicava uma afinação com outros instrumentos melódicos. (Estou a falar dos conjuntos de gaita e clarinete.)
As conversas que tive com o Abílio Topa, uma pessoa que conhece profundamente do que fala, fizeram-me entender esta questão perfeitamente.
E onde cabem os gaiteiros que ao longo da vida usaram diferentes ponteiras, adaptadas às artroses que o passar dos anos iam formando?
Não se pode padronizar o reumático!

António Pires disse...

Olá César!

Obrigado a ti também por teres entrado na conversa! Não, não é o post mais comentado no blog mas, pelo andar da carruagem - e ainda bem! -, é capaz de vir a ser. Porque, tens razão, é um assunto sério, dos mais sérios que já apareceram no Raízes e Antenas. Porque contém em si questões como a «identidade», a «originalidade», o «respeito», a «memória», o «desvio», o que é e não é tradicional ou o que não é e parece e o que ainda é embora não parecendo... Questões que tratas tão bem na tua música!! E o teu aparte sobre as artroses é fantástico!!

Muito obrigado e um grande abraço

António Pires disse...

Entretanto, através de e-mail, recebi uma mensagem que o seu autor, Jorge Lira, citado no post, pediu para que fosse inserida aqui. Mensagem que muito agradeço, aprecio e que vem lançar alguma luz sobre o assunto, que está longe de estar esgotado:

«Caríssimo:

A questão não está muito bem colocada. Não sou FOXOISTA nem MARCIANO. A questão coloca-se muito simplesmente em: OU fazer isto, OU deixar de haver Gaita Mirandesa. De todo, em termos absolutos e …Tão simples quanto isto. Ainda aprendi (tive sorte) com os velhos gaiteiros, dos quais (dos genuínos, não dos “outros” que começaram a tocar em idade avançada, como é o caso de muitos que hoje se supõe serem genuínos … pois genuínos, de facto, só sobra UM. Depois veio uma nova geração cheia de boas intenções e "inventou" uma gaita dita mirandesa que na essência não o é, de facto (pois não chegou sequer a replicar um instrumento autêntico) – falo de José Preto e Galandum, na sua primeira fase. Depois, veio outra nova geração e inventou - sem comilhas, e também com muito boas intenções - uma nova gaita a que chamou "transmontana", sendo que nunca o foi: nasceu em Lisboa, de parto provocado, miscigenando timbres mirandeses com afinações sanabresas, que nada têm a ver umas com as outras – se fossem de aliste, ainda teriam ... e neste contexto de prolixidade, em volta de uma falsa tradição em reinvenção nós, no presente momento, reciclando a actuação da associação Galandum neste aspecto, fomos mais atrás, fomos pela primeira vez aos instrumentos de há 200 anos (isso mesmo, nem mais) e pudemos reproduzir os mesmos em timbre e afinação. A padronização não é mais do que a recuperação e reposição de uma verdade histórica que morreria a curto prazo, assassinada pela prolixidade e pela boa vontade de muitos, infelizmente, não fundamentada no conhecimento do assunto. Tendo tido o previlégio de contactar com a realidade do que sobrou da gaita mirandesa até aos anos oitenta, só poderia patrocinar um processo que é de salvaguarda e nada mais do que isso. Inferir outras intenções, é pura e simplesmente errado, e a questão da "diversidade" é algo demagógica: de facto, esta está agora mais assegurada do que estava antes do projecto se ter iniciado: pelo menos, instrumentos com mais de 200 anos recuperaram a voz.

Um Abraço e sempre ao dispôr em jlira@jlu.pt.

Mas ao dispor mesmo: aprecio opiniões contrárias às minhas de gente que se interessa pelo assunto, mas como é evidente, tentarei sempre que o que me parece incorrecto nessas opiniões seja esclarecido.

Já agora, sugiro a publicação do presente no seu BLOG.

1 Abraço

JL»

Anónimo disse...

O didgeridoo não é padronizado porque ninguém quer tocar um didgeridoo padronizado... era o que mais faltava. Mas no meio "gaitístico" as pessoas querem modelos minimamente padronizados, para poderem tocar em conjunto. A prova é que as gaitas que iniciaram primeiro essa standardização são as mais divulgadas.

Eu gostava de ter uma gaita mirandesa espalhada pelo mundo, e isso, com os gaiteiros, só é possível tendo-a minimamente padronizada (ah já agora, quando digo minimamanete padronizada, é porque há sempre variações: é uma peça de artesanato, e cada artesão tem a sua técnica e o seu som. Isto para não falar dos diferentes materiais utilizados...).

Os gaiteiros gostam de poder tocar em conjunto... é um facto... portanto, se queremos exportar a gaita mirandesa, temos que dar essa possibilidade.

Aprecio o seu idealismo, e compartilho-o. Mas a minha vontade de partilhar a gaita mirandesa com o mundo supera a parte do ideal que se vai com esta padronização...

Boa noite!

António Pires disse...

O debate está lançado! E, como se pode verificar até aqui, tem sido um debate feito com respeito, com educação e com elevação, o que é sempre de louvar! A partir de agora, e até achar que devo voltar a intervir, retiro-me da conversa mas agradeço que os leitores deste blog continuem a enviar os seus comentários. Todas as opiniões são bem-vindas!

Anónimo disse...

Peço desculpa pela intromissão, no entanto, e caso a celeuma tenha mesmo o ónus que me parece ter (padronização do instrumento), vamos passar a ver a gaita transmontana como uma simples gaita galega com a diferença de ser mais “encorpada”. Na minha simples e humilde opinião, não me parece correcto. Será o mesmo que adaptar o Mirandês ao Português, transformá-lo em algo que não é.
Cumprimentos
Arménio Santa

Sons Vadios disse...

oh António, muito obrigada pelas tuas palavras amigas!
Eu por um lado entendo essa perspectiva de perda de "autenticidade", mas eu creio que a nível musical, esta padronização, é benéfica, fundamentalmente por causa da afinação. Por exemplo, duas pessoas têm uma gaita mirandesa, teoricamente na mesma tonalidade, mas que não afinam entre si (e isto é uma realidade), ora do ponto de vista musical isto é um pouco caótico. Se calhar sou eu que sou exigente, não sei... mas eu acho que esta busca de melhorar a afinação da gaita mirandesa só pode ser benéfica :)
Teríamos de passar estes debates a um espaço físico, de preferência com cafézinho, como (no) antigamente...

António Pires disse...

Sara e Arménio:

E volto a entrar na conversa, só para dizer que agradeço as vossas palavras e - principalmente à Sara, que deve receber isto também por e-mail - que hoje há continuação da «história» num novo post em que se dá voz a Jorge Lira... E, a todos, digo que esta discussão foi muito saudável e aberta. Da discussão nasce a luz, já lá diziam os antigos...