20 novembro, 2006

Cromos Raízes e Antenas V



Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo V.1 - Violeta Parra



Violeta Parra (Violeta del Carmen Parra Sandoval; 14 de Outubro de 1917 – 5 de Fevereiro de 1967) foi uma das mais importantes cantoras e compositoras da «nueva canción» chilena, integrando elementos da música tradicional do seu país (chegou a gravar temas populares, em duo com a sua irmã Hilda, no início de carreira) em canções de forte carga política. Também uma reconhecida pintora (teve uma exposição no Louvre, aquando da sua longa estada em Paris), Violeta juntou à sua arte uma empenhada intervenção na «coisa pública» chilena, aderindo ao Partido Socialista e criando uma comuna artística. Apesar de ter composto a canção cheia de esperança - e um hino de variadíssimas causas um pouco por todo o mundo - «Gracias A La Vida», Violeta Parra suicidou-se em 1967. Discografia aconselhada: «Paroles et Musiques», «Las Ultimas Composiciones», «Cantos Campesinos» e «Decimas Y Centecimas».


Cromo V.2 - Dança Sufi



A dança dos dervixes sufi - uma dança sagrada, circular, que pretende levar ao êxtase - tem a sua origem na Turquia, na ordem sufi dos Mevlevi. Nesta dança, reservada aos homens (apesar de na actualidade haver algumas mulheres que se «atrevem» a praticá-la, nomeadamente as bailarinas que acompanham Mercan Dede), os dançarinos giram sobre si próprios como peões, muitas vezes durante horas, apoiados no pé esquerdo enquanto o pé direito fornece subtis rotações ao resto do corpo. Muitas vezes, o dançarino cai de exaustão (ou êxtase) e inicia um processo de meditação em contacto com o chão, a Terra. Recentemente, a dança sufi serviu de inspiração ao espectáculo (e DVD de sucesso) «Dances of Ecstasy», da coreógrafa Gabrielle Roth.


Cromo V.3 - Goran Bregovic



O compositor e guitarrista Goran Bregovic (nascido a 2 de Março de 1950) é um dos maiores responsáveis pelo conhecimento no exterior da música balcânica, nomeadamente através de bandas-sonoras que compôs («O Tempo dos Ciganos», «Arizona Dream, «Underground») para filmes de Emir Kusturica, com quem depois cortou relações devido à guerra na ex-Jugoslávia. Natural de Sarajevo, Bregovic começou a sua carreira em grupos rock como os Kodeksi e os Bijelo Dugme, antes de se tornar famoso mundialmente através da música que compôs para estes e outros filmes como «Kuduz», «The Serbian Girl», «A Rainha Margot», «Tuvalu», «Toxic Affair» ou o mais recente e polémico «Borat - Cultural Learnings of America...») e de parcerias com gente como Sezen Aksu, Iggy Pop, George Dalaras, Kayah ou Cesária Évora. Ao vivo, Goran Bregovic é acompanhado pela sua Wedding and Funeral Band.


Cromo V.4 - Ladysmith Black Mambazo



O grupo coral masculino sul-africano Ladysmith Black Mambazo teve uma primeira encarnação entre 1960 e 1964, de nome Ezimnyama Ngenkani, antes de se transformar gradualmente - sempre sob a direcção do seu líder Joseph Shabalala - no mais importante colectivo de canto a capella da música zulu. No entanto, numa África do Sul sujeita ao regime racista do «apartheid», só em 1973 o grupo grava o seu primeiro álbum, «Amabutho», que atinge a marca de disco de ouro, tendo sido os primeiros artistas negros a consegui-lo no seu país-natal. Nos anos 80 chegam à fama internacional quando colaboram no álbum «Graceland», de Paul Simon, que produz de seguida três dos mais conhecidos álbuns do grupo: «Shaka Zulu» (1987), «Journey of Dreams» (1988) e «Two Worlds, One Heart» (1990). O seu álbum de 2006, «Long Walk to Freedom», inclui colaborações das Zap Mama, Melissa Etheridge, Emmylou Harris, Lucky Dube e Taj Mahal, entre outros, e o mais recente «My Dream - African Sounds» (2008) é uma colaboração entre os LBM e o coro gospel sul-africano SABC Choir.

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