14 novembro, 2006

Hélder Moutinho - Um Canto Amaldiçoado



Se há alguém que transporta a alma do fado no masculino (não confundir, nunca!, com fado «macho» ou «marialva» ou «arruaceiro»), esse alguém é Hélder Moutinho. Diferente de Camané - o seu irmão mais conhecido... -, que é de todos os actuais fadistas o que melhor faz a síntese de um fado que é de homens e mulheres, do passado e do futuro, do negro e da luz, Hélder Moutinho parece muitas vezes a reencarnação perfeita e reactualizada de fadistas como Alfredo Marceneiro, Carlos Ramos, Manuel de Almeida e até Max. Todos num só, agora. Uma vez escrevi que «com Hélder Moutinho há groove e malandrice, há uma onda que se apodera dos corpos e apetece dançar-se o fado». Dia 30 de Novembro, no Teatro da Trindade, em Lisboa, no seu novo espectáculo, «Maldito Fado», pode esperar-se isso e muito mais...

«Maldito Fado» é apresentado como «uma viagem sonora tomando o fado como base musical, mas envolvendo-o noutras estéticas, com o atrevimento de trazer novos sons ao seu som e ao seu ser» e onde se percorre «através de clássicos da história do fado aliados a composições originais escritas propositadamente para este espectáculo, todos os temas centrais à linguagem do fado; os castiços e típicos bairros de Lisboa, os amores e desamores que contam as suas histórias, as emoções de saudade e tristeza, a difícil condição do fadista». O espectáculo tem direcção musical e arranjos de Manuel d'Oliveira, guitarrista que lançou recentemente o álbum ao vivo «Amarte», onde continua a juntar ao fado e à música tradicional portuguesa elementos como o flamenco, a música árabe, o jazz e a música erudita - elementos que podem eventualmente lançar alguma luz sobre este espectáculo de Hélder Moutinho. Em «Maldito Fado» podem ouvir-se, para além da voz de Hélder Moutinho e da guitarra clássica de Manuel d'Oliveira, músicos vindos da esfera do fado, sim - Ricardo Parreira (guitarra portuguesa), Diogo Clemente (viola) e o agora usual contrabaixo nas mãos de João Penedo - mas também um acordeão tocado por Pedro Santos e percussões tocadas por Quiné. Mais sobre Hélder Moutinho aqui.

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