04 junho, 2007
Cromos Raízes e Antenas XXI
Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)
Cromo XXI.1 - Orchestra Baobab
O mbalax pode ser o género musical mais conhecido do Senegal (via artistas como Youssou N'Dour), mas antes do mbalax emergir como forma dominante neste país africano, outras músicas e outros músicos protagonizaram a cena musical senegalese. E à cabeça de todos eles estavam os fabulosos músicos da Orchestra Baobab, fundada em Dakar nos idos de 1970 por músicos de várias origens étnicas e nacionais, que deram uma enorme riqueza e variedade estilística ao som do grupo: das harmonias e ritmos de Casamance à música mandinga e à música cubana, tudo movido a percussões, metais e guitarra eléctrica. Com uma vasta discografia em LP gravada nos anos 70 e inícios dos anos 80 - cerca de vinte álbuns -, o grupo desmembra-se em 1985 para reemergir no início do novo milénio, já depois da reedição de sucesso do álbum «Pirate's Choice», e ainda a tempo de editar um fabuloso novo álbum: «Specialist In All Styles».
Cromo XXI.2 - Totó La Momposina
A cantora Totó La Momposina (de seu verdadeiro nome Sonia Bazanta Vides) nasceu na Colômbia, na ilha de Mompóx, distrito de Bolivar, no seio de uma família dedicada à música havia várias gerações. Quando? Não se sabe e não interessa. O que interessa mesmo é que esta senhora madura tem uma voz sublime, potentíssima, de uma riqueza tímbrica inesquecível. E que é ela a responsável máxima pela recuperação da tradição da música de raiz africana - geralmente movida a inúmeros tambores - na Colômbia, associando-a a ritmos indígenas e à música popular latino-americana em geral. O seu percurso internacional tem várias etapas, todas elas memoráveis - como a actuação na gala dos Prémios Nobel, em 1982, quando Gabriel Garcia Marquez recebe o Nobel da Literatura, ou quando edita o álbum «La Candela Viva», em 1992, através da Real World, o mesmo ano em que participa na Expo de Sevilha.
Cromo XXI.3 - Kronos Quartet
Prova insofismável de que a música não tem fronteiras nem deve ter, nunca!, passaportes ou vistos de permanência, o quarteto de cordas norte-americano Kronos Quartet, fundado em 1973 pelo violinista David Harrington, tem passado a sua carreira a interpretar peças de compositores de música erudita, de jazz, de rock e de inúmeros nomes da chamada world music. E também a tocar com muitos deles, em estúdio ou ao vivo. Nas pautas e nas colaborações do Kronos podem conviver, lado a lado, Philip Glass e Ástor Piazzolla, Arvo Pärt e Jimi Hendrix, Steve Reich e Carlos Paredes, Björk e os Taraf de Haidouks, Television e Thelonious Monk, Tom Waits e Asha Bhosle, Modern Jazz Quartet e Rokia Traoré, Amon Tobin e John Zorn... Neste momento, o Kronos é composto pelos violinistas David Harrington e John Sherba, o violetista Hank Dutt e o violoncelista Jeffrey Zeigler.
Cromo XXI.4 - Greentrax Recordings
A Greentrax Recordings é a maior editora de música folk escocesa - desde a mais tradicional a experiências de fusão com outras músicas - e um belíssimo exemplo de como a vontade de uma só pessoa pode mover montanhas (e não, não é piada às Highlands) e fazer a música de um país avançar para o futuro. A Greentrax foi fundada em 1986, em Edimburgo, por Ian Green - daí Green...trax -, um antigo jardineiro e polícia (durante trinta anos). E foi com a reforma que recebeu do seu trabalho na polícia que Green investiu na editora, com os resultados que se conhecem: mais de 200 álbuns, ao longo de vinte anos, de artistas escoceses - compositores, bandas de gaitas-de-foles, jovens grupos que fundem música «celta» com outros géneros (os Salsa Celtica e os MacUmba, por exemplo) - e também de outras zonas do globo como a Irlanda ou os Estados Unidos; sem esquecer inúmeras compilações de sucesso.
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