26 maio, 2007

Cromos Raízes e Antenas XX


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XX.1 - Robert Johnson



Mito maior dos blues, o cantor e guitarrista norte-americano Robert Johnson (de nome completo Robert Leroy Johnson, nascido a 8 de Maio de 1911 em Hazlehurst, Mississippi, falecido a 16 de Agosto de 1938), foi um compositor, músico e cantor tocado pela mão de Deus, apesar de, como alegadamente conta a lenda, ele ter vendido a alma ao diabo numa encruzilhada, de modo a poder ser o maior guitarrista do mundo. Lenda faustiana à parte, a verdade é que Robert Johnson fez a ponte entre os blues rurais do delta do Mississippi e outros sons que ia ouvindo na rádio, lançando as sementes daquilo que vinte anos depois da sua morte viria a ser o rock'n'roll. Morto muito jovem (na idade «fatal» dos 27 anos), Johnson deixou apenas 29 canções originais gravadas, mas as suficientes para que se tornasse o ídolo de gente como Bob Dylan, Jimi Hendrix, Phish, Fleetwood Mac, Eric Clapton, Rolling Stones, White Stripes ou os nossos Nobody's Bizness.


Cromo XX.2 - Madredeus



Os Madredeus foram, nos últimos vinte anos, a maior exportação da música portuguesa, numa escala só comparável à da diva Amália Rodrigues, muitos anos antes deles. Criados em 1985 pelo guitarrista Pedro Ayres Magalhães (Heróis do Mar) e o teclista Rodrigo Leão (Sétima Legião), a eles juntaram-se o acordeonista Gabriel Gomes (Sétima Legião), o violoncelista Francisco Ribeiro e a cantora Teresa Salgueiro, que gravaram um ano depois «Os Dias da Madredeus», um álbum que lançava logo as pistas pelas quais a música do grupo se viria a reger depois: uma mistura de fado, música popular portuguesa e os ensinamentos globais da Penguin Cafe Orchestra. Apesar de ao longo dos anos terem tido profundas alterações na formação - numa segunda fase, Leão, Gomes e Ribeiro saíram, entrando o teclista Carlos Maria Trindade, o guitarrista José Peixoto e o baixista Fernando Júdice; e numa terceira, Teresa Salgueiro, Peixoto e Júdice deixaram o grupo, que reencarnou em 2008 como Madredeus & A Banda Cósmica -, os Madredeus contam com centenas de concertos em Portugal e no estrangeiro e com um pico de glória: a música e participação no filme «Lisbon Story», de Wim Wenders.


Cromo XX.3 - Cheikha Rimitti



Antes de Khaled, Cheb Mami ou Rachid Taha terem feito a ligação entre o género argelino rai e as músicas ocidentais, a fabulosa cantora argelina Cheikha Rimitti (de verdadeiro nome Saadia El Ghizania, nascida a 8 de Maio de 1923, em Tessala, falecida a 15 de Maio de 2006, em Paris), cultivou este género, o rai, na sua forma mais pura e excitante mas também, em anos mais recentes, com outras fusões, como quando gravou com Flea, dos Red Hot Chili Peppers. Órfã, a jovem Saadia iniciou a sua carreira musical aos 15 anos, quando se estreou como cantora e dançarina num grupo de música tradicional argelina. Atrevendo-se a cantar temas brejeiros e de uma sexualidade implícita - interditos às mulheres em público -, a sua fama começou a espalhar-se por toda a Argélia durante a segunda guerra mundial. Compositora prolífica - estimando-se o seu espólio em cerca de 200 canções originais -, Cheikha gravou o seu primeiro disco em 1952 e chegou à fama internacional apenas nos anos 80. Ainda a tempo de a conhecermos e amarmos.


Cromo XX.4 - Peter Gabriel



Cantor, músico, compositor e performer único, Peter Gabriel (aqui numa pintura de Neal Hamilton) é uma das mais importantes personagens do longo e belo filme de amor entre o rock e a world music. Começando a sua carreira como vocalista do fundamental grupo de rock progressivo Genesis, em 1967, Gabriel (Peter Brian Gabriel, nascido a 13 de Fevereiro de 1950 em Chobham, no Surrey, Inglaterra) envereda em 1976 por uma carreira a solo que o levaria gradualmente à descoberta de muitas músicas e de muitos músicos que existem por esse mundo fora. O pico dessa descoberta é o álbum «Passion», de 1989 (banda-sonora do filme «A Última Tentação de Cristo») e o seu álbum-irmão «Passion - Sources», compilação de música da Arménia, Egipto, Senegal, Índia, Irão, Marrocos, etc, que o inspirou para o álbum de originais. A criação do festival WOMAD, da editora Real World e da organização de direitos humanos Witness fizeram, e fazem, o resto da sua história.

11 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

Bom dia!!!!!!!!!!!!!!!

:)))))))))

não só de música vive o Homem...também de raízes...de momentos de silêncio e de escolha.


como por exemplo a sua.




beijo.

Cometa 2000 disse...

Lembrei-me que já não ouço Madredeus há muito tempo. Para um domingo de chuva será uma excelente companhia. Obrigado.

Também fiquei com vontade de conhecer Cheikha Rimitti...

António Pires disse...

Isabel:

A música é uma forma de organizar (e, por vezes e ainda bem, de desorganizar) o silêncio... E o silêncio também pode ser música (como em «4'33"», de John Cage, que não é o silêncio puro mas todos os sons que nos rodeiam...). Grandes questões que põe aqui, Isabel... Obrigado e um beijo...

Filipe:

Obrigado pela sua visita ao R&A!! E, sim, os Madredeus são uma boa audição para um dia de chuva. Mas experimente também ouvir o álbum «Existir» num dia de sol... E, sim, vale a pena conhecer a Sra. Cheikha Rimitti!! Volte sempre...

laura disse...

tenho cromos para a troca... quanto tiver tempo junto uns quantos... grande ideia, esta :)
beijo

António Pires disse...

Laura:

Junta! Junta! Olha que já vou em oitenta e com tendência para aumentar!! Tens cromos «carimbados» (coisa de início dos anos 70 e que dava direito a uma bola de futebol de cautchu) para a troca???

laura disse...

antónio: infelizmente, muitas das coisas que havia lá por causa, colecções dos meus irmãos, foram-se perdendo. cromos inclusive... felizmente, consegui guardar uma série de bds do major alvega, roy rogers e coisas desse género... no fundo, sou uma saudosista. tenho a casa cheia de velharias, lol

lacasadelasalmohadas disse...

Antonio, tu blog es fantastico!.
Paso por aqui dia tras dia y siempre descubro cosas nuevas y muy interesantes, Gracias por compartirlas.
Yo siempre pense y pienso que la musica nos da a las personas la posibilidad de ser mejores y mas creativos.
Besos

António Pires disse...

Laura:

Ui!!! :)) Major Alvega e Roy Rogers também li aos quilos (confesso que foi com tristeza e decepção que, já quase adulto, descobri que o Major Alvega só era luso-britânico na versão portuguesa da BD! Não foi o mesmo que perceber que o Pai Natal não existia mas foi... quase).

Elia:

Muchas gracias por la visita y por las palabras!! También visito Mirando al Sur com placer e tengo-lo en mis blogs favoritos!! Y si, la musica hace-nos mejores, siempre. Mi casa es tu casa- vuelve!!

laura disse...

antónio: O Pai Natal não existe? Não percebo o que queres dizer com isso... Como não existe???

António Pires disse...

Laura:

Heeeermmmmm, existe, existe, claro que existe!!! E até já gravou discos e fez filmes!! Que parvoíce a minha (a bater com a palma da mão direita aberta na testa)!!

laura disse...

antónio: Ah, bom! Logo vi que estavas equivocado! ;)