18 junho, 2007

Pedro Jóia - O Flamenco Cada Vez Mais Fado



Pedro Jóia é um dos melhores guitarristas portugueses, sendo também, e sem dúvida, o maior intérprete de guitarra flamenca nascido em Portugal. Mas os interesses musicais de Pedro Jóia, é sabido, não se restringem ao flamenco, passando por muitas outras músicas como o jazz, a música brasileira e o fado. Agora, na sua guitarra clássica interpreta temas de Armandinho, pioneiro da guitarra portuguesa de Lisboa. Isto, depois de inúmeras e diversificadas aventuras musicais que o levaram a parcerias com o grupo de flamenco português Ciganos d'Ouro ou com o grupo de percussões angolano N'Goma Makamba, com o contrabaixista Carlos Barretto, o percussionista José Salgueiro, os cantores Janita Salomé e José Mário Branco ou - nos últimos três anos, em que residiu no Brasil - com os brasileiros Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Simone ou Roberta Sá. E com os álbuns «Guadiano» (1996), «Sueste» (1999), «Variações sobre Paredes» (em que Jóia revisita as composições de Carlos Paredes aqui transpostas para guitarra clássica; 2001) e «Jacarandá» (2003) na bagagem, Pedro Jóia tem agora pronto a editar o seu quinto álbum, «À Espera de Armandinho», em que interpreta temas compostos para guitarra portuguesa por Armandinho (Armando Augusto Freire), ou por ele fixados na transição do fado do séc. XIX para o séc. XX, quando esta forma musical deixou de ter um carácter «underground» e começou a assumir-se como a música urbana de Lisboa por excelência.

Acerca do novo álbum de Pedro Jóia, que chega por estes dias às lojas, escreve Rui Vieira Nery: «Pedro Jóia enfrentava no presente projecto um desafio de extrema dificuldade, ao decidir transpor para o seu instrumento, a viola de Flamenco, a música eminentemente guitarrística de Armandinho. Era indispensável deixar bem claro para o ouvinte, logo desde o início, que se tratava, com efeito, de um instrumento distinto, a utilizar todos os seus recursos próprios, mas a clareza de articulação, a delicadeza do desenho melódico, a poderosa energia rítmica, o uso característico do rubato – todos eles tão típicos do estilo de execução de Armandinho – teriam de ser preservados a todo o custo, se se pretendia respeitar e pôr em evidência o encanto essencial desta música. Pedro Jóia, contudo, já se tinha debatido com um desafio semelhante ao abordar a música de outro grande virtuoso e compositor da guitarra portuguesa, Carlos Paredes, e tinha conseguido ultrapassar todos esses obstáculos com enorme sucesso. Agora volta a consegui-lo: as melodias de Armando Freire chegam-nos com um lirismo, uma beleza de timbre e uma fluência no fraseado musical que são profundamente comoventes – e isto muito em particular pelo respeito apaixonado pela letra e pelo espírito dos originais que se pressente na abordagem do jovem músico, bem como pela simplicidade e transparência extremas destas novas versões estritamente solísticas, em que um único executante assegura tanto a melodia como o acompanhamento, e tanto a cantilena principal como as ligações ornamentais características entre as frases melódicas».

6 comentários:

Ka_Ka disse...

No ICRL, oportunidade para ouvir Florin Turcanu, um dos melhores peritos romenos sobre Mircea Eliade e autor de «Mircea Eliade - Prizonierul istoriei», uma monumental obra sobre esse mestre do pensamento que viveu em Portugal grande parte da sua vida. A palestra é às 18.30H na Av. Luís Bivar, 61, 4º andar.

António Pires disse...

Kanoff:

Obrigado pela informação! Volte sempre!

Anónimo disse...

Música....

um beijo....



(poesia de novo...mas pouco...tão pouco)





___________________obrigada.



(imf)

António Pires disse...

Piano:

Não há pouca poesia. Ou há ou não há. E, consigo, há sempre muita mesmo no pouco que há. Obrigado eu...

Beijo

Bandida disse...

é na música que o arrepio surge. é da música.


sempre a ler-te com toda a atenção.

e a aprender.


beijo A.

B.
__________________________

António Pires disse...

Bandida:

A aprender também eu estou, sempre, com o arrepio da/na música.

Beijo B.

A.