20 fevereiro, 2008

Cromos Raízes e Antenas XXXIX


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XXXIX.1 - Calexico


Influenciados por Ennio Morricone, Ry Cooder, country, fado, surf rock, jazz, música andina e mexicana, os Calexico são um dos mais interessantes exemplos de como várias músicas podem conviver numa música nova e excitante. Formados por Joey Burns na guitarra e voz e John Convertino na bateria e percussões (ambos envolvidos nos Friends of Dean Martinez e, ainda antes, nos Giant Sand), em Tucson, Arizona, Estados Unidos, em 1996, os Calexico tornaram-se - logo ao primeiro álbum, «The Black Light» (1998)- um dos nomes de ponta do alt-country norte-americano, sendo também bastante apreciados por largas franjas dos cultores do rock indie. Ao longo dos anos, os Calexico - actualmente uma banda alargada a seis músicos - têm tocado e gravado com gente como Victoria Williams, Howe Gelb (ex-«patrão» do duo nos Giant Sand), Iron & Wine ou Mariachi Luz de Luna.


Cromo XXXIX.2 - Celia Cruz


Por muitos considerada como a maior cantora cubana do último século, Celia Cruz - Úrsula Hilaria Celia Caridad Cruz Alfonso, nascida a 21 de Outubro de 1925, em Havana, falecida a 16 de Julho de 2003 - dedicou a sua vida à divulgação no exterior do seu país natal de vários géneros musicais cubanos, principalmente a salsa. Com uma carreira de enorme sucesso - no seu historial contam-se 23 discos de ouro -, é difícil imaginar que a sua vida artística começou como cantora de um bar de strip-tease e que teve como primeiro salário... um bolo. O seu primeiro disco, gravado na Venezuela, foi editado em 1948. Mas foi dois anos depois que começou a dar nas vistas, quando integrou a orquestra Sonora Matancera. E, nas décadas que se seguiram, Celia teve frutuosas parcerias com músicos como Tito Puente, Johnny Pacheco ou Ray Barretto, para além de ter pertencido ao mítico super-grupo latino-americano Fania All-Stars.


Cromo XXXIX.3 - Alim Qasimov


Dono de uma voz poderosíssima, extraordinariamente bem timbrada e transmissora de emoções únicas, Alim Qasimov (ou Gasimov) é o intérprete mais conhecido de um género raro e difícil de música, o mugam, um estilo próprio do Azerbaijão e de alguns países vizinhos em que a forma de cantar tem que estar directamente conectada, emocionalmente, com as palavras que se cantam. E, no mugam, tanto o cantor quanto os músicos que o acompanham, podem e devem improvisar a partir dos poemas da base de cada canção. Alim Qasimov nasceu em 1957, em Shamakha, no Azerbaijão, e tem tido uma assinalável carreira de sucesso internacional, nos últimos anos também ao lado da sua filha Fargana Qasimova. Um dueto de Alim com o malogrado Jeff Buckley - gravado no álbum «Live a L'Olympia», de Buckley - é uma maravilhosa porta aberta entre dois mundos.


Cromo XXXIX.4 - Farafina


Nome maior da música do Burkina Faso, os Farafina são um grupo de músicas e danças tradicionais fundado em 1978, na cidade de Bobo Dioulasso, por Mahama Konaté, que fazia parte, tocando balafon, do Ballet Nacional do Alto Volta (o antigo nome do Burkina Faso). Com uma música que partilha afinidades com a de outros países do antigo Império Mandinga, na África Ocidental, os Farafina usam essencialmente instrumentos tradicionais (balafon, djembé, kora, flauta, doum-doum...) para criar uma sonoridade pulsante, dançável, quentíssima. E no seu currículo contam com actuações históricas (Festival de Jazz de Montreux; o concerto de aniversário de Nelson Mandela no Estádio de Wembley, em Londres; Festival Womad...) e colaborações em álbuns de músicos e grupos como os Rolling Stones (em «Steel Wheels»), Jon Hassell (em «Flash of The Spirit») ou Ryuichi Sakamoto (em «Beauty»).

4 comentários:

Anónimo disse...

E se o António Pires me desculpar a ousadia, gostaria de aproveitar para dizer que o texto sobre Alim Qasimov não deveria passar sem referir o extraordinário «love's deep ocean» de 2000.

António Pires disse...

Rui G:

Claro que desculpo e, mais, agradeço!! Desde o início da publicação dos «Cromos» que o texto que os antecede refere o quanto os acrescentos são bem-vindos.

Um abraço...

Unknown disse...

Já agora sobre ele a Bjork acha que ele deve ser o melhor cantor vivo.
Beijo
Cristina

António Pires disse...

Cristina:

Obrigado! :))) E olha que a Bjork é capaz de ter razão! O Alim Qasimov é uma manifestação maravilhosa da natureza, ainda mais do que um ser humano com um dom natural para o canto. Não sei se isto faz sentido, mas acho que vais perceber o que eu quero dizer...

Beijo...