06 outubro, 2006

Amália Rodrigues (23 de Julho de 1920 - 6 de Outubro de 1999)


Amália Rodrigues morreu há sete anos. E, indo ao fundo da nossa memória da cantadeira, nenhuma canção por ela cantada (nem mesmo «Amália», nem mesmo «Estranha Forma de Vida», nem mesmo «Com Que Voz») poderia resumir melhor a sua arte do que esta que aqui deixo. Vénia, respeito e saudade.


«Foi Deus»
(Roberto Gomes)

Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto

Foi Deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto às andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim

Se canto
Não sei o que canto
Misto de ventura
Saudade, ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor

Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à Primavera
Ai!, e deu-me esta voz a mim

1 comentário:

Paulo disse...

«High Priestes of Singing" in the New York Times, 29 de Agosto de 1964:
" Amortalhada de negro, ergue-se Amália Rodrigues, sumo-sacerdotista do culto do amor, dos amores perdidos, atraiçoados, negados. Mergulhada em angústia, levanta a cabeça, fecha os olhos e chora por todos os corações que hão-de vir a ser destroçados.
Foi Miss Rodrigues, mulher de uma poderosa emoção, quem deu a conhecer ao mundo essa música de agridoce melancolia chamada fado"

PS: No meu blogue sempre lembrei Amália. Obrigado por também aqui lhe fazer referência.

Abraço
Paulo