29 outubro, 2006

Cromos Raízes e Antenas II


Na ressaca da WOMEX, em Sevilha (notas soltas sobre os concertos do festival ficam prometidas para os próximos dias), este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo II.1 - Master Musicians of Jajouka



Circular, hipnótica, antiga, a música dos Master Musicians of Jajouka, das montanhas do norte de Marrocos, foi tema de análise por parte de escritores - Paul Bowles, Brion Gysin e William S. Burroughs (que deles disse serem uma «banda de rock'n'roll com quatro mil anos de existência») - antes de serem «mostrados» ao ocidente através de Brian Jones, guitarrista dos Rolling Stones, que editou o álbum «Brian Jones Presents The Pipes Of Pan At Jajouka» (1971). A partir daí têm editado regularmente até agora, inclusive um disco - «Master Musicians of Jajouka Featuring Bachir Attar» (2000) - em que experimentam cruzamentos da sua música com as electrónicas de Talvin Singh. Misto de música berbere e música árabe, os Masters Musicians of Jajouka usam como instrumentos primordiais a voz, percussões, flautas, a rhaita (gaita) e o guimbri (baixo acústico rectangular).


Cromo II.2 - Alan Lomax


O musicólogo e etnólogo norte-americano Alan Lomax (nascido a 31 de Janeiro de 1915; falecido a 19 de Julho de 2002) foi um dos mais importantes recolectores de música tradicional do século XX, tendo feito trabalho no terreno principalmente nos Estados Unidos, Ilhas Britânicas, Itália, Espanha e Caraíbas. Filho de John Lomax - que foi um dos pioneiros na recolha de canções tradicionais norte-americanas -, Alan seguiu os passos do pai e gravou milhares de temas musicais e entrevistas com músicos (Jelly Roll Morton, Leadbelly, Woody Guthrie...), tendo começado essa actividade com o registo de cantos de trabalhadores negros dos campos de algodão e de prisioneiros no Texas, Louisiana e Mississippi. Alan é também o autor de uma teoria de análise musical aplicada à música tradicional, «cantometrics», que ele desenvolveu a partir de 1959 em conjunto com o departamento de Antropologia da Universidade de Columbia.


Cromo II.3 - Hedningarna


Precursores de muitos dos projectos que cruzam a música tradicional com linguagens musicais mais recentes, o grupo sueco Hedningarna lançou em 1987 um explosivo cocktail que, ao longo dos anos, tem incluído música tradicional de várias regiões da Escandinávia (o grupo chegou a viver muito da criatividade de duas cantoras finlandesas e um cantor de yoik), rock e electrónicas. Construindo alguns dos seus instrumentos - réplicas de instrumentos antigos como a sanfona, moraharpa, nickelharpa ou gaitas-de-foles - e muitas vezes electrificando-os, os Hedningarna lançaram o seu primeiro álbum, homónimo, dois anos depois, e são considerados, mais que justamente!, o mais importante grupo folk da Escandinávia das últimas duas décadas. Outros álbuns aconselhados: «Kaksi!», «Trä» e «Karelia Visa».


Cromo II.4 - Didgeridoo


Inventado pelos aborígenes australianos, que o usam como instrumento de eleição para fins recreativos mas essencialmente em rituais religiosos, e agora adoptado por milhares de músicos em todo em mundo (nomedamente em inúmeras bandas rock e folk), o didgeridoo é um aerofone feito de madeira (maioritariamente de eucalipto), um tubo oco e comprido (entre um a dois metros de comprimento) que pode amplificar naturalmente a voz, que a transforma e que serve muitas vezes para criar drones (bordões) intermináveis. Há quem diga que é o instrumento de sopro mais antigo que se conhece, mas não há provas da veracidade desta afirmação embora estudos arqueológicos refiram a existência de didgeridoos desde há, pelo menos, mil e quinhentos anos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá camarada,
Já recuperaste do cansaço?

Cuidado ao disponibilizares o email dessa forma. era preferível fazê-lo assim: ant.pires[at]gmail.com

da forma como está, convidas os spammers a bombardearem a tua caixa de correio.

abraços

yggdrasil

António Pires disse...

bom-dia camarada!

ainda não recuperei e acho que vai ser necessária uma semana para o fazer... espero que também recuperes: o set vem aí... e muito obrigado pelo conselho!

um grande abraço

ANNA-LYS disse...

Hedningarna! :-D

ANNA-LYS disse...

Thank you Antonio - Now I am playing Hedningarna at my blogspot :-)

(It wasn't really the wheater, I heard that several people died due to the hurricane in Portugal. I also watched the News and there where many cars as submarines ... and I thought that you surely doesn't like to get stuck in that situation.)