10 janeiro, 2007

Cromos Raízes e Antenas IX



Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo IX.1 - Ravi Shankar


Há-de ficar para a história da música - da «world music», sim, mas também de todas as músicas - o momento, gravado no álbum «Concert for Bangladesh» (concerto de solidariedade organizado por George Harrison em 1971), em que o público aplaude Ravi Shankar antes deste dizer: «Muito obrigado, estava só a afinar o instrumento...». Shankar (nascido a 7 de Abril de 1920, em Varanasi, Índia) é o mais respeitado mestre da sitar, principalmente no Ocidente, onde granjeou o respeito e a estima de artistas tão diferentes quanto os Beatles ou Philip Glass. Nascido numa família brâmane, Ravindra (Ravi) Shankar foi director musical da Rádio indiana nos anos 50 e a sua fama chegou ao Ocidente nos anos 60, tendo actuado nos lendários festivais de Monterey e Woodstock. Dono de uma impressionante carreira a solo, Shankar gravou também em duo com compositores renomados como Philip Glass («Passages»).


Cromo IX.2 - Luaka Bop



Fundada em 1988 por David Byrne (a cabeça por trás dos Talking Heads e parceiro de Brian Eno no seminal «My Life In The Bush of Ghosts»), a norte-americana Luaka Bop assumiu-se ao longo dos últimos vinte anos como uma das mais importantes editoras da chamada world music - apesar de este «selo» ser bastante redutor em relação à alargada e abrangente política de contratações desta editora -, lançando álbuns de artistas como as Zap Mama, Tom Zé (que através dela conseguiu uma segunda e riquíssima fase da sua carreira, depois de muitos anos de apagamento), Susana Baca, Silvio Rodriguez, Geggy Tah, Los Amigos Invisibles, Nouvelle Vague, Jim White, Paulo Bragança, A.R. Kane, Djur Djura, Cornershop, Waldemar Bastos, Mimi Soak (ex-Hugo Largo), Los de Abajo, Bloque, King Changô, Os Mutantes, do próprio David Byrne a solo e colectâneas de música brasileira, cubana, peruana, africana, asiática e francesa, entre outros.


Cromo IX.3 - Cesária Évora


A Diva dos Pés Descalços, Cesária Évora (nascida a 27 de Agosto de 1941, no Mindelo, Cabo Verde) é a maior embaixadora da música cabo-verdiana da actualidade. Com um gosto especial pelas mornas, a cantora não deixa por isso de experimentar outros géneros cabo-verdianos como a coladeira ou o funaná e de se atirar a versões pessoalíssimas de outros géneros, como a música cubana. Apesar de ter cantado regularmente nos anos 60 e 70 - tendo chegado a gravar um single com o grupo Conjunto -, Cesária passa depois dez anos sem cantar e só grava o seu primeiro álbum a sério, «Cesária Évora», em 1987. Seguem-se o famoso «La Diva aux Pieds Nus» (1988), «Destino di Belita» (1990), «Mar Azul» (1991) e «Miss Perfumado» (1992), que a instalam definitivamente nas rotas dos festivais da world music. O seu último álbum de originais, «Rogamar», foi editado em 2006 e, em 2008, saiu «Radio Mindelo» (querecuperou gravações suas dos anos 60).

Cromo IX.4 - The Nightlosers


Liderados por um realizador de cinema, Hano Hoffer, os Nightlosers são uma banda romena que se dedica à fusão dos blues eléctricos de Chicago com a música tradicional da Transilvânia. Um excelente exemplo - entre milhares de outros - de uma miscigenação cada vez mais efectiva de músicas locais com sonoridades anglo-saxónicas, os Nightlosers são também os protagonistas do filme ««Euroamerican Nightlosers/The Human Hambone», realizado por Sorin Iliesiu e Mark Morgan, que conta a história dos blues desde África aos Estados Unidos e à... Roménia. O seu álbum de 2000, «Plum Brandy Blues», mostra clássicos como «Hoochie Coochie Man», «Stormy Monday Blues», «Everyday I Have the Blues», «Pretty Thing» ou até «Blue Suede Shoes» (de Elvis Presley) infectados por um violino cigano e um cimbalom.

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