08 janeiro, 2007

Los de Abajo, Forro In The Dark, Karsh Kale - Uma Festa Global


Festa. Festa. Festa. Uma festa global, sem fronteiras, com mensagens políticas incluídas como no caso dos Los de Abajo (na foto) ou de Karsh Kale ou sem mensagem nenhuma, como nos Forro In The Dark: só o prazer de dançar, de fazer música, de misturar ritmos com outros ritmos, géneros com outros géneros, sons com outros sons. Festa é Festa!


LOS DE ABAJO
«LDA V THE LUNATICS»
Real World

Porta-estandarte do movimento zapatista e na linha da frente da fusão de géneros mexicanos com muitas outras músicas, autor do inesquecível «Cybertropic Chilango Power», o grupo mexicano Los de Abajo regressou à ribalta há alguns meses com o fantástico álbum «LDA V The Lunatics», em que conta com a ajuda da dupla de produtores Neil Sparkes e Count Dubulah, isto é, os Temple of Sound (eles que também convocaram a sua antiga companheira nos Tranglobal Underground, Natacha Atlas, para o último tema deste álbum) e com outro convidado especialíssimo: Neville Staples, que foi dos Fun Boy Three, nas versões em espanhol e inglês do hit desta banda inglesa «The Lunatics (Have Taken Over The Asylum)», versões em que também participa o trombonista inglês Dennis «Badbone» Rollins. E o resultado global é uma festa pegada - feita de groove, hip-hop, ska, ritmos latinos de origens variadas (salsa, cumbia, banda ou o mariachi que assombra o ska de «The Lunatics...») e permanentemente dançável, sempre tocada e cantada com um saber e uma alegria enormes. Mas não se pense, por isso, que Los de Abajo perderam o seu empenhamento político: logo a abrir, o tema «Resistencia» (o título diz tudo) inclui uma gravação da Comandante Zapatista Esther. (8/10)


FORRO IN THE DARK
«FORRO IN THE DARK»
Nublu Records/Ponderosa

Aparentemente, o que os Forro In The Dark fazem é tão simples quanto isso: forró, aquele género muitas vezes mal-amado do nordeste brasileiro. Mas, quando se ouve bem este álbum descobrem-se - nos interstícios dos temas de Luiz Gonzaga (muitos) ou de Sivuca (menos), e por entre o acordeão, os ferrinhos, a zabumba, o pífano e... uma guitarra eléctrica - ecozinhos de country, de swing, de pop sixties, de música havaiana, de música russa, de experimentalismo. Mas sempre com um sentido de festa e de dança e de folia inexcedíveis. Conta a lenda que os Forro In The Dark - formados pelos brasileiros Rob Curto e Mauro Refosco e pelo norte-americano Smokey Hormel (o guitarrista), neste álbum acolitados por Seu Jorge (que dá voz a «Suor de Pele Fina») e Jon Birdsong (trompetista dos Brass Monkey) - tocam durante horas e horas seguidas no clube de jazz nova-iorquino Nublu - onde têm residência todas as quartas-feiras -, deixando toda a gente alagada em suor. Ouvindo-se o disco não custa acreditar nesta história. Assim como não custa acreditar que «Bonfires of São João» (álbum editado apenas alguns meses depois deste «Forro In The Dark»), que inclui participações de David Byrne, Bebel Gilberto e Miho Hatori (das Cibo Matto) poderá ainda ser melhor que este. (8/10)


KARSH KALE
«BROKEN ENGLISH»
Six Degrees Records


Músico, produtor, DJ, por vezes cantor, Karsh Kale nasceu em Inglaterra mas cresceu nos Estados Unidos, onde reside. De ascendência indiana, Kale inclui na sua música variadíssimos elementos indianos (desde instrumentos como as tablas, que ele também toca, ou a inevitável sitar, a referências às bandas-sonoras de Bollywood, ao bhangra ou a géneros tradicionais e clássicos indianos), mas na sua música entram muitíssimos outros géneros e ouvir um álbum como «Broken English» é uma surpresa constante. O primeiro tema, «Manifest» - que começou por se chamar «Resistance» (olá Los de Abajo) - é um rap, protagonizado por MC Napoleon, hiper-politizado e fortíssimo; o segundo, «Dancing at Sunset», é uma cançãozona pop iluminada por uma secção de cordas indiana; o terceiro, «Beautiful», é uma balada electrónica com flautas mágicas (bansuris) e a voz de Sophie Mitchalitsianos (dos Sparklehorse) a flutuar por cima. E o resto do álbum, que se ouve sempre em estado de encantamento e surpresa, é umas vezes mais electrónico, outras vezes mais rock (como em «Free Fall», com Trixie Reiss na voz) ou mais ambiental ou mais trip-hop («Innocence and Power», com Dierdre Dubois, dos Ekova), mas sempre com a dose certa de elementos «étnicos» a compor, bem, o ramalhete. (8/10)

2 comentários:

ANNA-LYS disse...

Hello Antonio
Hope everything is fine with you. Looks like a great combination of albums ;-)

*hug*

ANNA-LYS disse...

I meant Lunatic + The Light + Broken English = ;-)